Dois meses antes da
inauguração de Brasília (21 de abril de 1960), uma caravana partindo dos quatro
cantos do país rumo a capital foi idealizada para fazer a ligação “transbrasiliana”
por meio de um cruzeiro de estradas criado pelo então Presidente da República,
Juscelino Kubitscheck.
A ideia da caravana foi
do major José Edson Perpétuo, primo e ajudante de ordens de Juscelino
Kubitschek.
O convite foi feito a
todos os fabricantes instalados no país, que prontamente atenderam ao chamado e
se uniram na organização, cedendo veículos, motoristas e mecânicos.
Aventureiros, jornalistas, engenheiros e operários também pegaram carona na
expedição. De ônibus FNM a Romi-Isetta, uma amostra da indústria nacional
Havia de tudo o que
fabricávamos na época: Jeep e Rural Willys, DKW, Kombi, Fusca, Simca Chambord,
Toyota Land Cruiser, caminhões Mercedes, Chevrolet, International e até ônibus
Caio com chassi FNM.
Vemos a Caravana
Leste em frente ao Palácio do Catete no Rio de Janeiro prontos para a largada.
Aparecem na foto: Rural Willys, três Simca Chambord, Toyota Land Cruiser, Kombi
e Vw Sedan sob a bandeira com as cores verde-amarelo.
Os participantes da Caravana da Integração Nacional formaram quatro colunas, uma de cada ponto cardeal do país.
COLUNA SUL – A Coluna Sul
percorreu 2,3 mil quilômetros saindo de Porto Alegre.
COLUNA OESTE – A Coluna
Oeste partiu de Cuiabá e rodou 1,1 mil quilômetros até Brasília.
COLUNA LESTE – A Leste
largou no Rio de Janeiro, sob o olhar de JK, na porta do Palácio do Catete, e
percorreu 1,2 mil quilômetros até Brasília.
COLUNA NORTE – Foi a mais
complicada, a mais difícil e a mais longa. Com muitos problemas para os 60
veículos que compunham a longa travessia. Ela durou 10 dias e percorreu os 2,2
mil quilômetros de uma Belém-Brasília ainda em construção.
A coluna Leste teve
largada oficial no Rio de Janeiro, sob o olhar de Juscelino na porta do Palácio
do Catete, então sede do governo federal, para um percurso de 1,2 mil
quilômetros.
Foram três dias de asfalto, mas a maioria dos
integrantes já estava rodando desde São Paulo. “A bandeira saía do Rio de
Janeiro em automóveis brasileiros, com pneumáticos brasileiros, petróleo
brasileiro para trefegar por estradas asfaltadas com asfalto brasileiro”,
comemorou JK na época.
Seguiram por Petrópolis,
Três Rios, Juiz de Fora, Santos Dumont, Barbacena e Belo Horizonte. A partir
daí por Sete Lagoas e Três Marias, João Pinheira, Cristalândia e até Brasília.
O feito histórico marcou época não só pelo ineditismo de uma ação tão complexa e grandiosa, mas por usar uma frota com apenas veículos nacionais na estrada. Foram 137 no total.
Fruto de um movimento pela implementação do transporte rodoviário no País capitaneado pelo setor de indústrias, a caravana chegou ao Planalto Central em 2 de fevereiro de 1960, antes da inauguração de Brasília.
A caravana foi uma viagem
de contornos épicos, que teve a participação de 287 expedicionários em 137
carros, caminhões e ônibus que saíram dos quatro cantos do País. Uniu todos os
fabricantes de automóveis do Brasil. Eles cederam veículos, motoristas e
mecânicos para a jornada. Aventureiros, jornalistas, engenheiros, operários e
políticos também participaram da expedição.
A ideia era, como diz o
nome, a integração: o governo JK havia criado a noção de um País integrado pela
construção de estradas, pela ampliação de aeroportos e por uma marcha para o
interior. Na chegada dos viajantes, apesar da chuva, os candangos compareceram
em peso à festa, que contou com missa na Catedral e churrasco oferecido pela
Presidência da República.
Havia de tudo que se fabricava na época: Rural e Jeep Willys, DKW, Kombi, Fusca, Simca Chambord, Toyota Land Cruiser, caminhões Mercedes, Chevrolet, International, ônibus Caio com chassi FNM e até 25 Romi-Isettas.
A Coluna Leste teve largada oficial no Rio - na porta do Palácio do Catete - para um percurso de 1.200km, em três dias de asfalto. Na foto estão na Rua Silveira Martins. A maioria de seus integrantes, porém, já vinha rodando desde São Paulo.
E foi a turma dos paulistas que trouxe os veículos mais pitorescos: nada menos que 25 Romi-Isetta enfrentaram a estrada. Pequenas em tamanho e potência, as briosas maquininhas fizeram enorme sucesso.
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A caravana do Norte, que
saiu da Praça da Catedral, em Belém, foi a que mais rodou e, disparado, foi
a que enfrentou mais problemas: percorreu os 2,2 mil quilômetros de uma
Belém-Brasília ainda em construção. Foi uma sequência de atoleiros e
contratempos numa via sem a menor infraestrutura durante dez dias de chuvas
ininterruptas.
As dificuldades
enfrentadas eram tantas – em caminhos muitas vezes abertos às pressas – que por
onde passaram com seus caminhões, jipes e ônibus, os expedicionários eram
recebidos como heróis. Carros de passeio não fizeram parte do comboio da Coluna
Norte que, diante de tantas dificuldades, recebeu o título de “Operação
Tartaruga.”
Em Brasília foi construído o “Marco da Caravana da Integração Nacional”. O monumento foi instalado no canteiro da Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral, entre as vias N1 e S1.
É uma cruz de metal com altura de 5 metros, com os pontos cardeais, que identificam o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste de um cruzeiro chamado Brasil A estrutura foi idealizada para simbolizar a expansão da malha rodoviária e a implantação da indústria automobilística em Brasília.
No desfile feito na
Esplanada dos Ministérios, o presidente da República esteve dentro de um
Romi-Isetta (consta que este automóvel faz parte de uma coleção de veículos
históricos de um proprietário de Ribeirão Preto – SP).
Em Brasília, Juscelino desfilou na caravana dentro de um Romi-Isetta.
Esta jornada com as estradas daquela época foi realmente um feito extraordinário.
ResponderExcluirA construção de Brasília tem prós e contras em diversos aspectos. Mas o início dos anos 60 quando eu entrava na adolescência tudo parecia possível.
A esperança da nova capital, as promessas de JK, a Bossa-Nova, a Ipanema dourada, o sucesso nos esportes com o Brasil campeão mundial com Pelé e Garrincha, com Eder Jofre, com Bruno Hermanny, com Maria Ester no tênis.
No Rio a perspectiva do IV Centenário e o governo do Lacerda no saudoso Estado da Guanabara. Depois Jânio, Jango, o golpe dos militares e as coisas se complicaram com os AIs, as passeatas, a repressão.
Foi uma década de encanto e desencanto.
Um dos méritos do futuro é redescobrir o passado. Fato inédito para mim. Certamente os jornais da época divulgaram. Ainda acho Brasília um erro político. Podia ser criado um posto político no planalto central, já previsto desde a Constituição de 1891. O Rio ficou esvaziado. Na área dos transportes, será que as ferrovias não funcionariam melhor hj? Bom dia! Madruguei aqui. Partiu Pilates agora.
ResponderExcluirEm minha opinião, uma caravana que poderia ser chamada de "Show de Horrores". Carros péssimos trafegando por estradas péssimas (se hoje é ruim, imaginem naquela época) e tendo como destino final um lugar péssimo. Um verdadeiro rally Paris Dakkar tupiniquim. JK idealizou e concluiu a construção da capital federal no interior usando um falso argumento de que, no meio do mapa do Brasil estaríamos protegidos de ataques marítimos de supostos países inimigos. Assim, retirando a capital do Rio de Janeiro, ficaríamos entrincheirados no interior. Papo prá boi dormir, o pensamento era sair do foco da população que começava a entender os malfeitos de políticos de caráter duvidoso e corruptos, retirando-os do alcance da alça de mira do povo brasileiro. Estando em Brasília, automaticamente, ficariam imunes as cobranças da população mais esclarecida, que habitava o eixo Rio-São Paulo. Até hoje estamos pagando o preço desta distância, deixando os políticos muito a vontade. Imaginem como seria a saída de políticos, tanto do Monroe quanto de Palácio Tiradentes ao final de uma votação sobre um tema importante? a porrada ia cantar sem dó nem piedade.
ResponderExcluirMinas tinha (e ainda tem) a maior malha rodoviária do país. Ele estendeu o poder dos empreiteiros em nível nacional. O desmantelamento da malha ferroviária foi uma consequência.
ExcluirFora outros aspectos econômicos envolvidos na obra da nova capital.
Até hoje você é execrado se criticar os feitos de JK.
Mauro, assino embaixo.
ExcluirSobre Brasília e o esvaziamento do Rio, vou pedir licença para repetir meu comentário do post do último dia 10.
"E, por falar em Brasília, a derrocada do Rio de Janeiro começou com a tresloucada construção de Brasília (infelizmente não existe na língua portuguesa adjetivo à altura do absurdo) e a transferência da capital para o meio do nada, para uma cidade que nasceu artificialmente com o único objetivo de isolar e proteger a casta político-burocrata da vida real do país (e de enriquecer os amigos do poder durante a construção).
A partir daí, sucessivos governos nos três níveis: federal, estadual e municipal (com raríssimas exceções) de quem não gostava e não tinha qualquer compromisso com o Rio (muito pelo contrário), fizeram o resto."
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirJá tinha visto fotos do evento, em especial da Romi-Isetta, mas não tinha visto algo com tantos detalhes. Vários trechos do texto estão repetidos mas nada que prejudique a compreensão dele.
Particularmente achei estranho usar um mapa atual para ilustrar as distâncias percorridas. Mas é a minha opinião.
ExcluirFF: falando em Ipanema, a manhã de hoje na praia está agitada com a visita de um turista inusitado.
ResponderExcluirMais um marco na destruição do Rio de Janeiro para o objetivo de blindar políticos da crítica cotidiana à vista de todos.
ResponderExcluirNa última foto, um Oldsmobile 1958, placa Governo Federal, assiste o desfile, certamente feliz em não participar da jornada. Ao fundo um Vauxhall 1950.
Conheci Brasília em julho de 1961 em uma excursão organizada pelo Colégio Santo Inácio. Fomos em dois ônibus, um Mercedes-Benz recém-adquirido (era o de nº 3, dirigido pelo Ari) e um outro, que não sei a marca, mas parecia aqueles ônibus que aparecem em filmes da época de escolas americanas (era o de nº 1, dirigido pelo Aníbal).
ResponderExcluirFoi uma viagem acidentada, pois o de nº 1 enguiçou várias vezes. Saímos do Rio bem cedo e chegamos em Belo Horizonte bem tarde. No dia seguinte a mesma coisa até chegarmos a Brasília.
Achei os palácios bonitos, mas havia muita poeira por toda a cidade, muita coisa sendo construída e grandes espaços desertos. A poeira era avermelhada. Bonito mesmo era o por-do-sol.
Foi uma viagem muito cansativa.
Tive, depois, outras viagens a Brasília muito interessantes. Depois conto.
Fiz a viagem Belém x Brasilia em 1968. Estrada de terra, quatro dias dentro do ônibus. Uma odisseia, muita coisa pra contar. Tema paralelo ao da postagem. Correndo o risco de ser criticado com entusiasmo por alguns comentaristas xiitas, vou narrar o que aconteceu. Relatos longos e detalhados. Porém vou sair agora. Lá pelo meio da tarde estarei de volta. Se alguém se opuser a esses relatos, aproveite para se manifestar até eu voltar à tarde. Para eu não perder tempo escrevendo milhares de palavras à toa.
ResponderExcluirEscreve, Hélio. Gostamos de seus causos.
ExcluirDe acordo. Escreve, Helio.
ExcluirNão vejo nenhum problema.
ExcluirE se o dono da casa gosta de ouvir os "causos" das visitas os outros não têm que reclamar.
Manda brasa, Helio.
ExcluirBoa tarde Saudosistas. Para os Anônimos que não queiram ler os comentários do Mestre Hélio, recomendo assistir ao jogo do Real Madrid X Pachuca.
ExcluirConte Sr. Helio! Estou juntando seus "causos" para fazer uma biografia não autorizada. Rs!
ExcluirTrinta minutos de jogo parelho e no primeiro ataque efetivo o Real abre o placar. Depois foi pro forma, com 3X0 no final.
ExcluirSobre as premiações de ontem, Prêmio Marta para a própria, fair play para o jogador que ajudou em vários resgates no RS e torcedor do ano para o garoto vascaíno com doença rara.
Esse Land Cruiser da Toyota não é o mesmo Bandeirante?
ResponderExcluirTodas as Constituições da República previam a mudança da Capital Federal para o local onde foi construído o atual DF.
ResponderExcluirAinda não li em lugar nenhum se constituintes cariocas e fluminenses reclamaram, principalmente em 1948.
Vai ver ninguém acreditava na execução do plano e quando viram o "leite derramando" começou o choro tardio, liderado por Lacerda.
Aparentemente grande parte do restante do Brasil achou bom.
Paulo, em minha opinião a previsão nas Constituições não fazia benéfica e/ou necessária e/ou compulsória a mudança da capital, o "choro" ter sido tardio não o desqualifica e o restante ( tudo menos o Rio?) do Brasil ter "achado" a mudança - aparentemente - boa, não a torna boa.
ExcluirNo Youtube já vi essa caravana. Pelo menos a equipe da Belém- Brasília.
ResponderExcluirTinha um ônibus Mercedes também, um modelo de traseira arredondada no alto.
Acho que o Gilberto Mestrinho era o chefe da caravana do Norte.
ResponderExcluirDesconhecia essa saga, imagino o perrengue que foi.
ResponderExcluirAcho que a mudança da capital, apesar dos pesares, foi benéfica para o Brasil, na medida que reduziu um pouco as diferenças regionais. Ademais , com a explosão do agro no serrado hoje a proximidade com Brasília de alguma forma contribuiu.
Acho que JK é um pouco injustiçado nas críticas do sucateamento das ferrovias, a malha ferroviária atingiu o apogeu no final da década de 20, e a partir daí só foi reduzindo. Washington Luiz já havia abandonado os investimentos nesse modal, inclusive lançou a célebre frase "governar é abrir estradas". Certamente não eram estradas de ferro.
Outra questão interessante sobre ferrovias no Brasil e que é pouco falada é sobre a topografia do nosso território. Dos países de grande extensão territorial se eu não estou enganado o Brasil deu a "sorte" de possuir as suas maiores cidades e grandes centros de produção numa região bastante acidentada. Rio e São Paulo não estão distantes apenas por 450 km, mas também por 750 m de altitude. Brasília está a mais de 1000 metros. Para irmos ao sul do país temos que passar por uma montanha russa. Isso tudo demanda túneis, pontes e muitas desapropriações. As velhas ferrovias que já existiam (sei de muitos que no passado vieram de Minas, SP e Sul de trem) não suportariam grandes cargas, seria necessário praticamente reconstrui-las, redimensionando estruturas e métricas. Para isso, numa época que se queria fazer o tal "50 anos em 5", JK não iria priorizar investimentos nesse modal, com um país ávido por uma integração rápida e com outras urgentes prioridades.
O Saudades do Rio está de parabéns por ainda encontrar assuntos que são desconhecidos de quase todos nós. É um prazer vir aprender por aqui.
ResponderExcluirMas o JK também já foi criticado por quem não é do RJ.
ResponderExcluirVi também um vídeo antigo do ex-goleiro João Leite, o que dava Bíblia de presente antes de cada jogo, há 30 anos deputado estadual em Minas, disse, para reforçar a versão atleticana sobre as 5 expulsões em jogo de 1981 contra o Flamengo, que o juiz José Roberto Wright nunca deveria ser escalado pela CBF para aquela partida, porque ele era carioca, mesmo fazendo parte da Federação Gaúcha na época e, aí "viajando na maionese", diz que o Juscelino errou ao não levar também, do Rio para Brasília, a confederação dos esportes (CBD em 1960), o que segundo o entrevistado evitaria os favorecimentos aos times daqui.
O então futuro político de BH, como muitos brasileiros, não tinha a menor ideia de que a CBD, como a CBF agora, era uma instituição particular e coloca a sede onde achar melhor.
Mais fácil convencer a turma paulista, com muito dinheiro, a levar a confederação para São Paulo.
Sem entrar em juízo de valor, como habitual, mas o assunto merece algumas considerações. Há muito, existe uma concordância mundial que a capital de um país traz muitos transtornos para as atividades diárias de uma grande metrópole. Por isso essa mudança estava prevista em todas as constituições. Nos USA essa filosofia é flagrante com a mudança de Nova York para Washington DC, além disso, nenhum dos estados tem sua capital na principal cidade, para ilustrar temos a Califórnia onde ficam 3 das maiores cidades do país e nenhuma delas é a capital. Outros países optaram por adotarem mais de uma capital, dividindo as atividades políticas administrativas e economicas. Talvez no nosso caso o problema tenha sido a localização e se seria mesmo necessária a construção de uma nova cidade.
ResponderExcluirEm tempo, particularmente eu gostava da capital aqui.
ExcluirAnônimo, há um projeto muito antigo na Argentina de levar a capital do país para Viedma, na parte norte da Patagônia, estando mais ou menos no centro do país. Esse assunto volta e meia vem à baila por lá. Comenta-se que eles se inspiram no sucesso que ocorreu no Brasil. Mas, do jeito que os nossos hermanos estão dilacerados tão cedo essa ideia seguirá adiante.
ExcluirJá comentei aqui mais de uma vez o que penso sobre Juscelino Kubitschek, sua funesta administração, e suas consequências. Mais um personagem deplorável que infelizmente é reverenciado por alguns e pela História. O pior de tudo isso é que não foi oferecido na época ao novo Estado da Guanabara nenhuma contrapartida como compensação pela perda da condição de Capital Federal.
ResponderExcluirE complementando o comentário anterior, digo se faz necessário ao atual Estado do Rio de Janeiro e para os demais Estados da União que seja implementado um novo "Pacto Federativo", com o recálculo do percentual de arrecadação que retorna aos Estados. São Paulo, por exemplo, tem como retorno de sua estupenda arrecadação apenas 9% de tudo que arrecada. O fortalecimento dos entes federativos é a principal questão a ser debatida, evitando distorções e uma eterna dependência da União, o que tem sido desastroso para os Estados.
ResponderExcluirUma nação com as dimensões do Brasil possui realidades e características diferentes, e a autonomia dos Estados impediria que todas as decisões sejam concentradas na União, e uma autonomia financeira dos entes federativos é fundamental. Os Estados do sul e o sudeste concentram 78% do PIB nacional, e com o atual Pacto Federativo os abundantes recursos do sul e do sudeste acabam reforçando o caixa de Estados que pouco ou nada produzem. Um exemplo dessa distorção é o Estado do Maranhão, o mais pobre do Brasil, onde quase 70% da geração de renda é proveniente de indivíduos que vivem às custas do Estado através de "auxílios do governo", ou seja, párias. Isso só acontece em razão da fragilidade de Pacto Federativo perverso que alimenta imensos currais eleitorais em detrimento de Estados prósperos e produtivos.
ResponderExcluirEu sou favorável ao SPexit.
ResponderExcluirTemos que nos separar de todos esses estados falidos, o RJ entre eles.
Fora a beleza vista de cima o que o RJ tem? Nada.
O petróleo longe da costa deveria ser nacional.
Viva SP!
O Rio tem o 2° Pib do Brasil e não está falido. Vocês já tentaram taram em 1932 e não conseguiram.
ExcluirEstou iniciando a narração dos fatos ocorridos durante minha viagem terrestre de Belém a Brasília, em 1968. Como foram inúmeros os acontecimentos, vou quebrar em vários relatos separadamente.
ResponderExcluir1) PRÉ-ODISSEIA ==> entre fins de março de 1967 e o dia 12 de fevereiro de 1968 trabalhei numa grande obra de saneamento (a maior da Amazônia na época) em Belém do Pará. Minha ida foi de avião, mas não lembro nem em que companhia e nem o tipo de aeronave. Creio que foi um DC-4 ou DC-6. Embarquei às 7 horas da manhã no Santos Dumont. A primeira etapa foi até Brasília, onde fiquei durante algum tempo no aeroporto, não lembro se por conta de escala ou conexão. A segunda etapa foi passando por Fortaleza, Teresina, São Luís e Belém.
ResponderExcluirNa parada em Brasília só comi um pacote de biscoito, temendo ficar enjoado se ingerisse maior quantidade de alimentos. Não adiantou nada: quando o voo estava chegando em Teresina fiquei tonto e vomitei com entusiasmo dentro do saco a isso destinado.
A pista do aeroporto de Teresina, se não me engano, era de terra. A instalação de passageiros era um barracão de madeira. Resolvi tomar um cafezinho. A atendente tinha uma bacia cheia d’água no balcão. Quando um cliente acabava de tomar o café, ela pegava a xícara, chacoalhava-a dentro da bacia com água e a punha novamente para servir o próximo cafezinho.
O estacionamento do aeroporto era um quadrado de terra, cercado por arame farpado, onde cabiam muito poucos carros. Havia ali um Jeep Willys e dois automóveis. Suas placas eram de Nossa Senhora dos Remédios, União e Olho d’Água Grande, renomeada em 1973 para Domingos Mourão. Não me perguntem porque me lembro das placas, pois é segredo.
Cheguei em Belém por volta das 20:30h. Hospedei-me num hotel no centro da cidade (rua 28 de Setembro) e no dia seguinte já comecei no batente, no bairro de Perpétuo Socorro, ou Telégrafo Sem Fio, como querem alguns. Pegava o lotação linha 209, Perpétuo Socorro, de cores alumínio e faixa horizontal carmim. Posteriormente fui morar numa casa de família, mas isso foge da narração.
E ali passei um dos melhores tempos da minha vida, até o citado dia 12 de fevereiro de 1968. Cheguei com 20 anos incompletos, voltei com 21 idem.
As placas devem ter sido fotografadas para sua coleção.
ResponderExcluirBateu na trave.
ExcluirEstá frio.
Excluir2) INICIANDO A VOLTA tive de voltar de Belém antes do fim da obra em virtude de segunda chamada do Exército, eis que havia cursado o CPOR no ano de 1966 e teria de cumprir estágio na tropa. Ignorei a primeira chamada mas achei prudente não ignorar a segunda. A companhia queria me mandar de volta por avião e eu queria retornar por ônibus. Meu tio também estava lotado lá nessa época e tinha acesso aos mandantes da companhia, e assim conseguiu que eu fosse autorizado a voltar de ônibus.
ResponderExcluirPor isso, no dia 13 de fevereiro de 1968, uma terça-feira, lá estava eu prestes a embarcar num ônibus da empresa Rápido Marajó. Era uma carroceria Ciferal, com janelas deslizantes inclinadas, cor marrom. Não havia rodoviária em Belém, pois era praticamente inexistente a malha rodoviária do Estado, já que a comunicação entre os municípios era feita por embarcações. Assim, o embarque nos ônibus era realizado na calçada do Mercado São Brás, atualmente atração turística da cidade. Fica no início da avenida Almirante Barroso, antigamente denominada Tito Franco, e por esse nome conhecida pelo pessoal da cidade, inclusive por mim.
Essa avenida corresponde à Avenida Brasil aqui no Rio, pois é a que dá acesso às rodovias destinadas ao Maranhão, ao sul do Pará e ao atual Estado do Tocantins, na época ainda Goiás. Nessa avenida ficam até hoje os estádios dos três times de futebol de Belém: o Remo, o Paysandu e o Tuna Lusa Comercial.
Por algum mistério ignoto, a numeração das poltronas era totalmente aleatória dentro do ônibus. A numeração era por tachas metálicas pregadas no braço de cada poltrona. A minha era a de número 16, e tive de olhar poltrona a poltrona até localizar a minha, situada em cima da roda traseira, do lado do motorista, na janela. Posição perfeita para o que eu queria.
Aí já começava a odisseia dessa viagem.
3) PRIMEIRO DIA, parte 1 ==> o horário de partida era 6 horas da manhã. Como estava em vigor o horário de verão, na verdade eram ainda 5 horas e estava escuro como noite. O ônibus partiu, entrou na citada avenida Almirante Barroso (ou Tito Franco). Havia dois motoristas: um branco, meio gorducho, e um com nítidos traços indígenas. Ambos ficavam isolados dentro de uma cabine, separada do compartimento dos passageiros. Poucos minutos após a partida, um passageiro se levantou, abriu a porta dos motoristas e avisou que lá atrás um pessoal havia feito sinal para o ônibus. O motorista (nessa hora era o branco) deu a volta no veículo e retornou, até localizar o pessoal que havia feito sinal: era uma família, composta pelo marido, esposa e um filho de uns 10 anos de idade. Eles disseram que o ônibus estava com o letreiro apagado e quando eles viram que era o de Brasília não deu tempo de sinalizar com antecedência. Embarcaram e se sentaram numa poltrona do lado oposto ao meu, um pouco mais atrás. Quando o marido puxou a janela deslizante, ela saiu dos trilhos e caiu no colo dele. Ele a colocou no chão, junto à lateral do ônibus, e o restante da viagem foi feita sem ela, com consequências que veremos mais adiante.
ResponderExcluir4) PRIMEIRO DIA, parte 2 ==> para ser preciso, o trajeto Belém x Brasília percorre várias estradas: a BR-316, que vai em direção leste demandando o Maranhão, a BR-010, que sai da BR-316 em Santa Maria do Pará e vai em direção sul até Estreito, na divisa MA X TO (na época GO), a BR-226, até Paraíso do Tocantins (na época Paraíso do Norte de Goiás), a BR-153, até Anápolis, e a BR-060, em direção nordeste, até Brasília.
ResponderExcluirQuando o ônibus chegou em Santa Maria do Pará, por volta das 10h da manhã, parou na beira da estrada, junto a uma guarita do Departamento Nacional de Endemias Rurais. Todos os passageiros tiveram de abrir suas janelas e desembarcar. O pessoal do Endemias Rurais entrou no ônibus com fumigadores e mandou ver. Saía uma fumaça branca e densa por todas as janelas. Parecia que o ônibus estava pegando fogo. Das janelas para cima não se via a carroceria. Quando a fumaça cessou, embarcamos novamente e a viagem prosseguiu, já agora pela BR-010, em direção sul, demandando o Estado do Maranhão.
4) PRIMEIRO DIA, parte 3 a BR-316 era asfaltada, mas dali em diante era terra. Havia muitos pontilhões no trecho de terra, feitos de madeira. Só passava um veículo por vez. Aliás, não se via nenhum tráfego na estrada. Era muito raro passar alguém em sentido contrário.
ResponderExcluirSe bem me lembro, a viagem foi interrompida para almoço em Paragominas, onde fiz um lanche rápido.
No trecho dentro do Maranhão havia algumas subidas e descidas. O motorista colocava o ônibus em banguela e ele saía despinguelado ladeira abaixo. Para vocês terem noção, os pneus assoviavam nas descidas, tal a velocidade. O ônibus ia derrapando lentamente de um lado para outro, na pista de terra. Chose de loc, como dizia o Jô Soares.
Por volta das 18 horas chegamos a Imperatriz, no Maranhão, a segunda cidade mais importante do Estado e que tive a honra de rever em 2019. Na época a estrada passava fora da cidade, não dava para ver as construções. Atualmente passa dentro da cidade. O motorista me fez uma surpresa: disse que o ônibus não rodava durante a noite. Tínhamos de procurar alojamento para comer e dormir. O ônibus seguiu para Imperatriz, para ser lavado. Na manhã seguinte a viagem continuaria. Ainda bem que eu tinha dinheiro para essa emergência.
Caramba, se era assim em 1968 imagine em 1960 quando saiu a caravana do título.
ResponderExcluirE não falo da sua memória para não ser repetitivo. Impressionante.
Pelo Google Maps este trecho hoje é de quase 600km de estrada e percorrido em cerca de 10 horas. Na época o seu ônibus fez em 12 horas.
ResponderExcluir5) SEGUNDO DIA, parte 1 ==> era o dia 14 de fevereiro. De manhãzinha lá estávamos nós, passageiros, aguardando na beira da estrada o retorno do ônibus. Quando ele se aproximou, pareceu-me que havia alguém sentado justamente na minha poltrona. Quando embarquei, não deu outra: um senhor de seus 60 anos, vestido de terno branco mal ajambrado, chapéu também branco, parecendo um daqueles coronéis do Nordeste, estava sentado na minha poltrona. Argumentei que ela era minha, mas ele não cedeu. Como ele não aceitava sair, fui até a cabine dos motoristas, abri-a, chamei o motorista reserva e coloquei o caso para ele. O ônibus já estava em movimento. O motorista veio e pediu a passagem do coronel (vou chamá-lo assim). O número da poltrona era totalmente diferente de 16, a minha. Lembram que no início narrei a confusão que era a numeração das poltronas no ônibus? Pois é: o coronel disse que não achou a poltrona dele e resolveu sentar na minha. Mesmo com o motorista argumentando, ele não cedeu. Aí o motorista perguntou se eu não poderia me sentar em outra poltrona. Muito a contragosto, e como queria ficar na janela, fui para outra poltrona. Qual? Justamente aquela cuja janela havia caído logo no início da viagem, pois era a única vaga. Fiquei me corroendo de raiva do coronel e planejando vingança.
ResponderExcluirChegando na localidade de Estreito (desde 1982 alçado à categoria de município), divisa do Maranhão com o então Goiás, o ônibus cruzou o rio Tocantins na bela ponte Presidente Juscelino Kubitschek, de 533 metros de extensão, e foi em direção a Araguaína, que revisitei em 2019. É a principal cidade do atual Tocantins.
Parando para lanche, o coronel desceu e eu também, para urinar. Pretendia urinar antes dele e voltar ao ônibus e retomar meu lugar. Não havia toalete. Era um barracão quadrado de madeira, com uns 3 metros de lado e um buraco no chão de terra. Os homens se distribuíam ao redor do buraco, botavam o bilau para fora e miravam dentro dele. Aguardei vaga na roda. Quando voltei ao ônibus, o coronel já havia retornado e sentado novamente na minha poltrona. Tremi de raiva.
5) SEGUNDO DIA, parte 2 ==> durante o dia, começou a chover. E eu na janela sem janela (dá para entender?). Apesar de eu puxar as cortinas, a chuva entrava dentro do ônibus e a água escorria para o centro, que era mais baixo que as fileiras de poltronas. Com o passar do tempo, esse centro virou uma piscina, com a água indo e voltando, em ondas, conforme o movimento do ônibus.
ResponderExcluirNum determinado momento o limpador de para-brisa direito deu defeito. Nessa hora o motorista reserva era o indígena. Ele não conversou: com o ônibus em movimento, ele abriu a janela lateral direita da cabine dos motoristas, pôs a perna direita para fora, passou o corpo, apoiou o pé na parte lateral do para-choque, passou a perna esquerda, segurou no espelho retrovisor externo com a mão esquerda e com a direita mexeu pra lá e pra cá no limpador de para-brisa, apoiando-se no para-choque. O limpador voltou a funcionar e ele fez o caminho de volta, entrando novamente no ônibus, sem que esse diminuísse a marcha. Chose de loc, novamente.
No fim do dia o ônibus chegou a Paraíso do Norte de Goiás (atual Paraíso do Tocantins, que também revisitei em 2019). Parou para dormirmos e foi lá para a cidade, também afastada da estrada.
Em tempo: quando estive lá em 2019, fiquei hospedado no PIOR hotel em que já estive em toda a minha vida. Chama-se Entre Rios. Olha que sou guerreiro e não estranho nada. Mas aquele hotel realmente era tétrico. Diária a 80 reais. No dia seguinte mudei-me para o Serranos Park Hotel. Muitíssimo melhor, por 90 reais. Comentei com a recepcionista do Serranos sobre a porcaria que era o Entre Rios e ela disse que a dona dele alegava que era o melhor hotel da cidade. Putzgrila!!
6) TERCEIRO DIA ==> quinta-feira, dia 15 de fevereiro. Acordei cedinho e fui esperar o ônibus. Pretendia ser o primeiro a embarcar e retomar meu assento, antes que o coronel entrasse. Dito e feito. Sentei-me e lá veio ele criar caso comigo. Agora foi minha vez de não ceder. Ele se queixou com o motorista, mas não abri mão. A poltrona ao lado da minha estava vaga. Então o coronel resolveu se sentar nela. Mas fiquei pensando: se eu sair daqui, numa parada do ônibus, esse danado vai ocupar novamente meu lugar. Porém, pouco depois de retomada a viagem o coronel puxou papo comigo e começamos a conversar. O ônibus fez uma parada, se não me engano em Gurupi. Desci e comprei um pacote de biscoitos. Na volta ao ônibus, ofereci ao coronel, que retribuiu me oferecendo alguns que ele havia comprado. Perguntei se ele queria se sentar na janela e ele disse que não. Dali em diante foi tudo na paz.
ResponderExcluirA próxima parada para pernoite foi em Uruaçu.
7) ÚLTIMO DIA ==> sexta-feira, dia 16 de fevereiro. A viagem transcorreu em calma, eu na janela e o coronel ao lado. Chegamos em Anápolis por volta das 11:30h. Se bem me lembro, de Uruaçu em diante a estrada era asfaltada. O coronel desceu. Poucos passageiros iriam continuar para Brasília. O motorista disse que tinham de trocar de ônibus porque em Brasília não entravam ônibus sujos e o nosso estava coberto de lama. A bagagem podia ficar dentro porque eles a transfeririam para o novo ônibus.
ResponderExcluirSaí perambulando pela cidade. Lá pelas 14 horas voltei à rodoviária. Chegou um ônibus novinho em folha, com as poltronas brancas ainda envoltas em plástico. Fomos para Brasília, onde entramos por volta das 16:30 horas.
Hospedei-me num hotel tipo pensão, uma casa de dois andares, na Asa Norte Comercial. Depois de instalado, resolvi descer para procurar um restaurante. De repente, ouvi chamarem meu nome. Surpreso, vi que era meu tio (marido de minha tia), que trabalhava no Ministério das Minas e Energia. Conversamos e ele me indicou um restaurante de comida baiana, ali perto. Era a primeira vez que eu iria provar essa culinária. Fui até lá. Não lembro qual o prato que pedi.
Fiquei muito bem impressionado com Brasília (na época): horizonte amplo, vias largas, silêncio. Voltei lá em 1973 (duas vezes, minha tia solteira estava lotada ali), em 1977 (a serviço do IBGE) e em 2004 (conexão de voo vindo de São Luís).
8) RETORNO AO RIO ==> no sábado, dia 17 de fevereiro, peguei um ônibus da então existente companhia Brasília Imperial, com destino ao Rio. Dentro de Minas Gerais ele quebrou. Tivemos de descer e aguardar a chegada de outro ônibus da mesma companhia, que então nos trouxe até aqui.
ResponderExcluirEm 1980 voltei a Belém com minha primeira esposa, vindo de Manaus. Fiquei uns dois dias na cidade.
Em 2003 retornei lá, aproveitando o feriado de Zumbi. Cheguei numa quarta-feira à noite e retornei na segunda-feira de manhã. Tentei rever a casa onde morei, na travessa Estrela, bairro da Pedreira. Não consegui reconhecê-la. Relembrei aquele tempo, fiquei muito abatido, lágrimas nos olhos.
Fim do relato.
Que aventura. Acho as viagens de ônibus muito cansativas. Certa vez voltei de ônibus de Goiânia ao Rio, via Brasília e Minas Gerais. De carro fui muitas vezes a Goiânia, mas via São Paulo.
ResponderExcluirNessa minha viagem de 2019, fui pela Gol até São Luís, fiz conexão com a Azul até Imperatriz, e daí fui descendo de ônibus, permanecendo por em média dois dias em Araguaína, Paraíso do Tocantins e Goiânia. Dessa capital peguei um ônibus da Real Expresso para o Rio. Que porcaria!! A partida foi às 12:30h. Quando anoiteceu, o vaso da toalete entupiu. Com o passar das horas e do uso, a urina começou a se acumular no chão da toalete. Chegou um momento em que não dava mais para entrar nela. Para urinar tínhamos de aguardar a próxima parada do ônibus. E ele veio assim até aqui o Rio, sem nenhuma ação dos motoristas para resolverem aquela porqueira.
ExcluirBoa noite a todos!
ResponderExcluirÓtima postagem! Novidade pra mim!
JK teve seus momentos bons e ruins, como qualquer presidente. Dizem que era o mais "carioca" de todos.
O Rio pode ter perdido muito com a transferência, mas convenhamos que sempre se beneficiou, desde a chegada da Família Real. Sempre esteve na vanguarda e recebeu todas as benesses por ter sido capital por várias décadas.
As histórias do Hélio são um show a parte. Estou na formatura da minha sobrinha-afilhada, mas não pude deixar de ler seus "causos". Imaginei que o final seria um embate entre o Hélio e o "coronel", mas ficou tudo na paz.
Pois é, eu mesmo estranhei a atitude dele. Ainda bem que não ficamos nos digladiando a viagem toda.
ExcluirO Rio já se beneficiou desde a mudança da capital no século XVIII. Se o Rio reclama, imagina Salvador... Lá poderia ter sido o destino final da família real.
ExcluirO dia de inauguração de Brasília teve um significado grande para minha família. Enquanto assistíamos na TV às festividades, o telefone tocou: era uma das minhas tias-avós, comunicando o assassinato do irmão mais velho, Miguel Morelli, que morava num sítio no Itaim, São Paulo. As mandantes foram sua esposa e a sua filha mais velha. Ele foi morto a machadadas, quando dormia na cama. Era tenente da Força Pública de SP.
ResponderExcluirO motivo era o namoro e gravidez da tal filha, com um pai de santo negro e bem mais velho. Miguel não era flor que se cheirasse. Minha mãe, meu tio e uma das minhas tias sofreram muito nas mãos dele, quando eram crianças, no interior de Minas Gerais. Minha avó (irmã de MIguel) ficara viúva com cerca de 28 anos de idade. O marido morrera com uma doença nos pulmões, adquirida no seu trabalho nas minas de ouro de Morro Velho e Passagem de Mariana.
Miguel comprava pão doce, chegava em casa e perguntava às crianças (aqueles parentes acima citados) se elas queriam comê-lo. Elas diziam que sim e ele respondia:
- Então rezem para seu pai viver de novo.
Em 1957 visitamos o sítio dele. Muito arrumado, muito bonito. Não tinha nem luz elétrica, era carbureto.
Não senti nenhuma pena com a morte dele.
Quando se faz mau uso dos dons mediúnicos, e em especial se vale deles para satisfazer a própria lascívia, as consequências são fatais e com grande sofrimento. A Lei de causa e efeito nesses casos é implacável.
ExcluirTenho conhecimento de inúmeros casos concretos. Quando um "Pai de santo" se envolve sexualmente com uma "Filha de santo", o fim de ambos é trágico. Em um desses casos, o "Pai de santo" faleceu em razão de um câncer agressivo e a mulher se suicidou após seguidos revezes financeiros.
ExcluirHelio, acho que você guarda as placas "de cabeça"; por algum "gatilho" de memória, viu/guardou.
ResponderExcluirSe não for isso, só anotando.
Que saga, hein Hélio! ótimos causos sempre e não se furte de contá-los sempre.
ResponderExcluirAs histórias do Helio são ótimas. Que venham outras.
ResponderExcluirAndar de ônibus atualmente é bom e barato. De dois em dois meses ou de três em três para São Paulo visitar a namorada e os ônibus do Consórcio 1001/Cometa/Viação Catarinense/ Expresso do Sul são super confortáveis, alguns deles de dois andares com piso de tábua corrida e muito limpos. Conversando com um motorista, este relatou que os ônibus são automáticos, dotados de limitador de velocidade, que não permite ultrapassar 90 km/h, ou seja, uma viagem segura. Disse ainda que chegando a São Paulo, caso o motorista seja de lá, vai prá casa descansar e se é do Rio de Janeiro, vai para um hotel da companhia e no dia seguinte segue dirigindo de volta para o Rio de Janeiro. Deste modo, não existem motoristas cansados que trabalham além da conta e isto é fundamental evitando acidentes. Pego sempre o que sai às 9:00 da manhã, parando invariavelmente no Graal de Queluz perto das 12:00 hs com 30/40 minutos para almoço. A viagem dura de 6 horas e meia a 7 horas. Quando chego no Terminal Tietê, acesso o metrô que fica dentro da rodoviária, ou seja, uma logística fácil e barata, vez que sou isento da tarifa por conta da idade. É só apresentar a identidade que o funcionário libera a catraca. O metrô de São Paulo é outro mundo comparado com o daqui, cobrindo praticamente toda a cidade. Embarco na linha azul até Santa Cruz, aproximadamente 8 estações, desço 4 lances de escadas rolantes e daí acesso a linha lilás, mais moderna e com composições mais novas, percorrendo mais 3 estações até meu destino final Moema. Mas não me arriscaria em viagens de ônibus até a região norte/nordeste. Deve ser complicado. Meu namoro é golfe, o taco tá aqui mas o buraco é la na casa do c.......lho.
ResponderExcluirViajei muitas vezes de ônibus para Salvador em meados dos anos 70 em ônibus da Itapemirim e da Penha, e sempre embarcando na Novo Rio às 13 horas, com chegada em Salvador 24 horas depois. Uma das vezes em que voltei de Salvador em um ônibus da Itapemirim, Dorival Caymmi que também viajava no ônibus, brindou os passageiros com uma noite de seresta. Positivamente eram outros tempos.
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirDiante do comentário do Mauro, se o projeto do trem bala realmente é sério e se continuarem com a ideia de ter a estação só em Sta. Cruz, vai faltar passageiro, principalmente depois que deixar de ser novidade.
ResponderExcluirNem sei se lá em SP a estação final vai ficar em um local razoável. Fora as intermediárias que aumentam o tempo de viagem.
A viagem de ônibus pode continuar como boa opção depois do avião, que é caro.
Essa da estação em Santa Cruz é uma piada - como aliás todo o "pseudoprojeto" do trem bala.
ResponderExcluirUma das vantagens do transporte ferroviário é justamente a localização mais favorável das estações em relação aos aeroportos; nesse caso, inverte-se a situação ....
Não é sério.
Fora de foco:
ResponderExcluir- globo.com:
" PF abrirá apuração sobre fake news que afetou cotação do dólar".
Agora ficou claro: o que afetou a cotação da moeda americana não foi o cenário fiscal, nem a desconfiança com o pacote de corte de gastos, nem o descumprimento da meta de inflação (pelo terceiro ano seguido), mas sim "fake news".
Então tá.
O "mercado" não é para principiantes.
ExcluirExatamente, Augusto. O mercado só irá "acalmar" quando desvincular o aumento dos aposentados ao salário mínimo, que também não poderá subir acima do PIB. Eles são patriotas e amam o Brasil e os brasileiros.
ExcluirE ainda têm aqueles que estão preocupadíssimos, pois vai ficar mais difícil fazer a viagem de fim de ano ao exterior.
No feriado de 7 de setembro de 1973 fomos a Teófilo Otoni numa viagem noturna pela Viação São Geraldo. No meio do trajeto percebemos que o motorista estava cochilando ao volante. Meu padrasto e minha tia foram lá para a frente se revezando para conversar com ele para evitar que ele dormisse.
ResponderExcluirA São Geraldo teve tantos desastres que passou a ser chamada de "santinho matador".
Fui várias vezes de ônibus a Sampa. Gostava da Única. Também fui e voltei uma vez de trem, em agosto de 1979.
ResponderExcluirNa primeira metade dos anos 70 fiz algumas viagens a São Paulo pela Viação Cometa, ônibus com carroceria em alumínio (acho que da CIFERAL) pintada de azul/creme.
ResponderExcluirÉ Mário, os ônibus da Cometa eram emblemáticos, tendo o mesmo layout durante décadas. Azul\creme e na altura do vidro traseiro, havia um cometa estampado. Hoje eles são na cor azul marinho.
ExcluirHoje em dia o risco de ser assaltado dentro de um ônibus é um fator a desistimular este tipo de transporte. O Brasil está muito difícil. Em outro tópico falado acima o que dizer desta chantagem feita pelo Congresso quanto a votar o que deve ser votado? Ninguém pensa nos interesses do povo mas somente nos próprios interesses. É o Judiciário que não quer abrir mão de seus privilégios, é o "mercado" que só quer ganhar cada vez mais, são as corporações que querem manter suas regalias, são os ministros que colocam as esposas em tribunais de contas, são os militares que não querem perder seus benefícios. Acredito que com esta polarização e com este jeito de ser egoísta (os pobres que se explodam) não alcançaremos nunca um mínimo de consenso para implantar algo de interesse do país. A saída para os que puderem é o aeroporto.
ResponderExcluirQuanto ao Rio como é possível viver do jeito que está? Basta observar como se comportam os que aqui vivem no trânsito para se ter uma ideia da inviabilidade da vida por aqui.
Nota - O gerente está autorizado a apagar este comentário que está fora das normas vigentes mas precisei desabafar.
Anônimo, mandou bem. Fora isso tudo ainda têm os sabotadores, dentro dessa lógica de polarização que você citou, que estão fazendo um esforço hercúleo pra "minar" o executivo.
ExcluirAnônimo (que estranho chamar um ser humano assim), você está redondamente enganado. Nenhum ônibus que faz o trajeto Rio-São Paulo foi assaltado. Os ônibus que são assaltados são os que vêm de Bangu, Campo Grande e Baixada em direção ao Centro da cidade. O anúncio do assalto acontece sempre na Av. Brasil.
ExcluirAnônimo o povo ao invés de ficar dando suporte a esta polaridade política, xingando os partidários opostos ao seu partido, deveria olhar um pouquinho mais adiante e observar o que pode mudar essa situação. Procure ver as propostas do partido NOVO e veja se estas propostas estão de acordo com o que você pensa que poderá mudar o Pais num futuro próximo. Se agarrar em Pai dos Pobres e Mito, não vão te levar a lugar nenhum.
ExcluirTendo em vista o comentário do Mário das 10:20, mais uma vez a P.F se envolvendo em investigações que podem minar uma credibilidade que uma unânime. Não é preciso ser economista para saber que o mercado financeiro é implacável e não falha. Sempre que o dólar sobe, as taxa de juros praticadas pelos bancos também se elevam, bem como a cotação do dólar, em um claro sinal que o risco é maior. Essa regra funciona no Brasil, na China, na Europa, nos EUA, e em toda parte do planeta. O mercado financeiro não tem ideologia ou partido político. Como diria o Arnaldo César Coelho, "a regra é clara": não se deve gastar mais do que arrecada, sob pena de arcar com um grande prejuízo. Se um trabalhador recebe dez mil reais por mês e sua despesa mensal é de quinze mil reais, ele precisa contrair um empréstimo em um banco para cobrir a despesa. Se isso ocorre permanentemente e essa realidade se perpetua sem que a dívida seja paga, as taxas cobradas pelo banco aumentam, já que há um risco para a instituição financeira, e a cotação do dólar também sobe. Essa é em linhas gerais, a realidade da situação econômica do Brasil, apesar milhares de indivíduos com a visão toldada por uma perniciosa ideologia política ou pela própria ignorância, se recusem a enxergar a realidade dos fatos.
ResponderExcluirNão acredito que existam "néscios" neste Blog, e é um pensamento comum a todos que se o número de Ministérios for reduzido pra vinte, se forem extintos os "penduricalhos do judiciário" e da classe política, e os vencimentos dos "ilustres políticos e magistrados" se restringissem ao limite do teto constitucional, que é a "módica quantia " de R$ 44.000,00, entre outras coisas, e se fosse desvinculadas do salário mínimo a correção das aposentadorias do INSS, o mercado financeiro responderia rapidamente com a queda das taxas de juros e da cotação do dolar.
ResponderExcluir"Desistimular" foi desestimulante.
ResponderExcluirUi! O homem falou tudo e você está preocupado com uma letrinha? Faça-me o favor!
ExcluirO dilema da viagem Rio-São Paulo de ônibus é a parada no Graal. Um misto quente e uma coca pequena por vinte e cinco reais...
ResponderExcluirSempre é possível levar um - como se dizia antigamente - farnel:
Excluirgarrafa térmica com suco ou café com leite, sanduiches de queijo/presunto no pão de forma envoltos em guardanapo de pano levemente umedecido para evitar o ressecamento e um ou dois ovos cozidos.
Quando ainda crianças eu e minha irmã viajávamos de ônibus ou de carro com meus pais, era o lanche padrão que minha mãe preparava.
Velhos bons tempos, saudades.
Eu sempre levo algo para comer e compro uma Coca lá. Realmente, os preços são salgadíssimos. Mas existe um contrato da cia. de ônibus com a rede Graal.
ExcluirEngraçado que nas vezes em que eu fui e o ônibus parou em Resende eu ia no McDonalds fora da rodoviária mesmo. Tempos de vale refeição da firma... Uma vez peguei um que foi direto sem parada e a 1001 "ofereceu" refrigerantes em lata e pacotes de salgadinho. Não lembro se teve sanduíches. Como geralmente voltava de madrugada para chegar no Rio de manhã, comia antes de embarcar no Tietê e na parada estava dormindo.
ExcluirAugusto, você foi há muito tempo atrás, não? atualmente, creio não não mais exista isso. Tem um horário que oferecem o trajeto Rio-SP "sem parada". Nunca quis viajar nesta situação, vez que na parada é importante esticar as pernas e a utilização de um banheiro de verdade.
ExcluirMais de vinte anos.
ExcluirEsse sambarilove de hoje não é pro meu bico. Hoje não tem efeméride e o campeonato acabou. Eu tô num mato sem cachorro, mas tô na pista pra enrolar.
ResponderExcluirEram tempos de se ouvir a musica de Juca Chaves, "Presidente Bossa Nova" nas rádios. Tempos de esperança desse povo Brasileiro. Mais um tiro na água.
ResponderExcluirA maior viagem de ônibus que fiz foi em janeiro de 1971, do Rio para Campo Grande, no Mato Grosso (agora do Sul).
ResponderExcluirForam 24 horas de viagem em um ônibus semi-leito, saindo no meio da tarde de um dia e chegando no meio da tarde do dia seguinte, eu e mais dois grandes amigos; o avô de um deles era então o comandante da 9ª Região Militar com sede em Campo Grande.
Passamos umas ótimas duas semanas na cidade.
Na volta "pegamos carona" em um avião do Correio Aéreo Nacional (CAN) que vinha de Santa Cruz de La Sierra, fazia escala em Campo Grande e de lá direto para o Rio.
A viagem aconteceu há 53 anos e parece que "foi ontem" ....
ExcluirUm dos amigos levou um então moderníssimo gravador ? Philips ? Mitsubishi ? com várias fitas cassete gravadas por ele direto dos programas de rádio e que funcionava com pilhas grandes que acabavam rapidinho.
O ônibus parou já em mato Grosso em uma barreira do exército, com todos os passageiros tendo que se identificar.
Certos fatos ocorridos em viagens nos deixam lembrança duradoura. No dia 2 de março de 1973, uma sexta-feira antes do Carnaval, peguei um ônibus Mercedes-Benz monobloco da então existente Viação Mato Grosso, com destino a Campo Grande. Saímos da rodoviária Novo Rio às 10 horas da manhã. Já noite fechada ele parou para janta num restaurante de beira de estrada na cidade de Ourinhos, São Paulo.
ResponderExcluirDesci e quando entrei no restaurante o sistema de som estava tocando Roberto Carlos. Eram músicas do seu recém-lançado LP, no fim do ano de 1972. Nunca fui fã dele, embora reconheça haver algumas músicas bonitas no seu repertório. Mas me apaixonei por uma das canções tocadas. Mais tarde vim a saber seu nome: “À Distância”. Até hoje considero esta uma das duas mais lindas músicas dele. A outra é “Do Fundo do meu Coração”, do LP de 1986.
Nunca esqueci aquele momento em que ouvi a música.
Nesta mesma ocasião, no fim da noite de domingo, dia 04 de março, peguei um ônibus da Viação Baleia em direção a Cuiabá. Chovia torrencialmente em Campo Grande. O ônibus partiu à meia-noite, percorrendo ruas inundadas. A previsão de tempo de viagem, que normalmente seria de 15 horas, estava em 19 horas, porque havia vários trechos da estrada que estavam em obras de asfaltamento e o percurso era feito em desvios de terra.
ResponderExcluirLá fui eu. No meio da manhã seguinte o ônibus parou em alguma cidade, cujo nome não recordo, mas acho que era Coxim. Embarcou um ceguinho, com um guia, e sentou-se na poltrona ao lado da minha. De vez em quando ele se virava para mim e eu percebia que ele estava apurando o olfato. Talvez percebendo pelo odor que eu não era mulher, ele fazia cara feia. Fez isso algumas vezes. Eu tinha vontade de rir.
Mas eles não foram até Cuiabá. Acho que desembarcaram em Rondonópolis.
Ainda na mesma viagem, já em Cuiabá, pensei em estender até Porto Velho. Mas a época era de chuva naquela parte do Brasil e a BR-364, que liga Cuiabá a Porto Velho, estava um lamaçal só. Fui até a rodoviária me assuntar. Informaram-me que a viagem de ônibus estava levando muito tempo acima do previsto. Por acaso tinha acabado de chegar um deles, da Viação Motta. Era um ônibus lindíssimo, de cores verde escuro e dourado, para-brisas rayban, antenas de rádio, bela carroceria (talvez Nielsen ou Marcopolo), todo enlameado.
ResponderExcluirDesisti de ir a Porto Velho. Nunca mais tive oportunidade para isso.
Até sonhei com uma viagem partindo de Belém, parando em Altamira, Santarém, Itaituba, Sinop, Cuiabá, Ji-Paraná, Porto Velho, talvez com extensão a Rio Branco. Ficou no sonho. Não tenho confiança suficiente na minha saúde para me lançar nesse interiorzão do país.
ResponderExcluirUma alternativa seria: Rio, Governador Valadares, Feira de Santana, Jequié, Vitória da Conquista, Guanambi, Manga, Januária, Montes Claros, Uberlândia, São José do Rio Preto, Araçatuba, Bauru, São Paulo, Rio.
Também mero sonho.