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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

POR BANGU


FOTO 1: A fábrica de tecidos Bangu foi inaugurada em 1893 na região da Freguesia de Campo Grande, que foi escolhida por haver grandes mananciais indispensáveis ao funcionamento da fábrica. Foram comprados cerca de 3.600 acres de terra, a saber: Fazenda do Bangu, Fazenda do Retiro, Sítio do Agostinho e Sítio dos Amaraes, pela quantia de 132.137$910 Réis. 

Toda essa região fica à margem da Estrada de Ferro Central do Brasil, distante cerca de 1 hora do Centro. Até aquele momento, existia na região apenas uma rua, que havia sido aberta séculos antes pelos jesuítas.  

A construção da Fábrica ficou à cargo da firma The Morgan Snell and Co., de Londres, pelo preço total de 4.100.00$000 Réis.A implantação da fábrica na região trouxe consigo uma série de transformações na paisagem com a abertura de novos caminhos e a chegada dos trens para o transporte das matérias-primas que chegavam e dos tecidos que saiam. Ao mesmo tempo, alterou o modo de vida da população local com o surgimento de um bairro operário nos arredores da fábrica - toda essa transformação se concretizou na implantação de saneamento, de espaços para lazer (o Bangu Atlético Clube) e da Paróquia Santa Cecília. 

Merece especial atenção o fato da Fábrica Bangu ter fundado uma das primeiras escolas do bairro chamada Escola da Cia. de Progresso Industrial do Brasil que, em 1917, passou a ser administrada pela prefeitura. 

O bairro, e mais especificamente a fábrica Bangu, tornou-se um monumento à história da industrialização brasileira, servindo de cenário para uma série de filmagens que visavam retratar a mudança nas cidades, no caso o Rio de Janeiro, com a chegada das indústrias na transição do século XIX para o XX. 

A chaminé da Fábrica tem 57m de altura, 4,12m de diâmetro na parte inferior e 2,44m na parte superior. A base octagonal mede 7,45m entre as faces paralelas. Em 1922 assume a presidência da Fábrica Bangu o Dr. Manuel Guilherme da Silveira Filho, o famoso Dr. Silveirinha. Em 1990 a fábrica é vendida para o grupo Dona Izabel. Em 1995 a fábrica é tombada.


FOTO 2: A foto de Malta, do Acervo da Light, é de 1908. Foi garimpada pelo Augusto.


FOTO 3: Foto da Brasiliana Fotográfica, garimpada pela Conceição Araujo, mostrando uma vista aérea da fábrica Bangu.


FOTO 4: O relógio da fábrica Bangu. A foto está no ótimo livro "Bangu - 100 anos", de Jairo Severiano.


FOTO 5: O campo de futebol da fábrica Bangu. Não confundir com o Estádio de Moça Bonita. Foto garimpada por L. F. Moniz Figueira.


FOTO 6: Loja aberta em Bangu, nos anos 1950, para venda de tecidos Bangu.


FOTO 7: Algumas das casas construídas para operários da Companhia Progresso Industrial do Brasil - Fábrica Bangu. Guilherme da Silveira, dono da empresa, tinha uma visão social avançada para a época. Defendia os direitos dos operários sem qualquer intenção demagógica, considerando essencial a colaboração entre o capital e o trabalho (mantinha, por exemplo, uma excepcional creche para as crianças filhas dos funcionários).

Sua política habitacional, concretizada através da construção de casas modelares para o proletariado, superiores até hoje a tudo mais que vem sendo feito, aproveitou terrenos da CPIB, onde foram construídas casas em mais de 12 mil lotes. O projeto desenvolveu-se de duas formas: faziam casas, vendendo-as depois de prontas, ou vendiam-se terrenos, a prestações, incluindo em seu preço a chamada "cota de construção", ou seja, o custo do material necessário à obra. Foram construídas milhares de casas, sempre contando com a honestidade dos compradores, perfeitos no cumprimento de suas obrigações. 

O sucesso desse empreendimento deu a Bangu uma característica especial: é o único subúrbio carioca em que a maioria da população reside em casa própria. Fonte: Bangu - 100 anos, de Jairo Severiano. 


FOTO 8: Aqui vemos o Cine Vitória, em Bangu, citado pelo WB em postagem anterior. Ele já aparecera aqui numa das séries do Helio sobre "Poeiras". Esta foto dos anos 70 foi publicada, também, no "site" Museu de Bangu.

Ficava na esquina da Av. Santa Cruz com a Av. Cônego Vasconcelos. 

O filme em cartaz era "Mundo dos Aventureiros", com Candice Bergen, Bekim Fehmiu, Charles Aznavour, Delia Boccard, Ernest Borgnine, Alan Badel, Olívia de Havilland, Leigh Taylor-Young, Rossano Brazzi, Fernando Rey, entre outros. 

Música de Antonio Carlos Jobim e baseado no best-seller "The Adventures", de Harold Robbins.

29 comentários:

  1. Pode-se dizer que o fim da Fábrica Bangu foi um dos fatores fundamentais para a decadência região. Aquela região sem a Fábrica Bangu e sem Castor de Andrade nunca mais foi a mesma e entrou em franca decadência.

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  2. Acho que o nome original dado pelos ingleses era escrito como Bangoo.

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  3. O anônimo do comentário sobre o nome Bangoo sou eu, me esqueci de colocar meu nome.

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  4. Não conheço Bangu mas li sobre o Dr. Silveirinha. Estava sempre nas colunas sociais mas tinha também este olhar social que falta a muitos grandes empresários. Pelo descrito ele realmente se preocupava com os funcionários.

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  5. Meu amigo Renato Garavaglia morou lá. Era técnico de tintas que tinham os tecidos. Conta histórias ótimas sobre a região.

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  6. Bom dia, Dr. D'.

    Nem lembrava de ter "garimpado" a foto 2.

    A fábrica Bangu, segundo os locais, teria sido palco das primeiras partidas não oficiais de futebol do país, antes do tal Charles Miller ter levado as bolas para o estranho estado.

    Minha irmã trabalha em Bangu e já foi várias vezes ao shopping. Eu fui raríssimas vezes no bairro, há quase quarenta anos.

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  7. Bom dia,
    Sobre Moça Bonita e Bangu, leitura rápida e interessante:
    site: https://projetocolabora.com.br/ods11/a-moca-bonita-de-bangu/
    clicar em: #RioéRua - A Moça Bonita de Bangu - #Colabora
    Sobre o concurso Miss Bangu que marcou época:
    D. Candinha Silveira, esposa do Joaquim Guilherme da Silveira, criou nos anos 50 o concurso Miss Elegante Bangu, um evento beneficente em prol da instituição Obra da Pequena Cruzada.
    Primeiramente, eram realizados desfiles em clubes de vários lugares do Brasil. As vencedoras participavam da grande final, realizada nos salões do Hotel Copacabana Palace. A grande campeã ganhava uma viagem a Paris. Em todas as etapas, elas usavam vestidos criados por José Ronaldo com tecidos da Fábrica Bangu.
    A vencedora da primeira edição, realizada em 1952, foi Corina Baldo, mãe do ator Felipe Camargo; ela defendeu o Clube Caiçaras.

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  8. Essa foto do campo de futebol é do início do século XX, há quem diga que o futebol brasileiro de verdade começou aí. O cinema, construído nos anos 20, ficava nessa esquina, posteriormente, no mesmo terreno do campo foi construída a creche das funcionárias da fábrica e, em 1935, a Escola Getúlio Vargas, no auge do Estado Novo.

    A fábrica, que ficou fechada durante um bom tempo, foi transformada num shopping muito bom, que deu uma lufada de recuperação econômica e social ao bairro. A estrutura urbana de Bangu num raio de três km da antiga fábrica é muito boa. São ruas arborizadas, bem asfaltadas e algumas com calçadas de 6 m de largura. Como um bairro de classe média/média -baixa, possui casas simples, porém bem cuidadas. Alguns sub-bairros, como o Parque Leopoldina e o Bairro Jabour, tem um padrão muito bom. De cima da Pedra do Ponto (que subi duas vezes), a 932 m de altura, observa-se como o bairro foi bem planejado, com uma planta do tipo "tabuleiro de xadrez". Muitos moradores acham que essa pedra é o Pico da Pedra Branca, que na verdade fica mais atrás a mais de 1200 m, já em Jacarepaguá, na região do Pau da Fome.
    Como um bairro de extensão territorial muito grande, assim como os outros da ZO, há regiões muito pobres e perigosas, como a área dos presídios, por exemplo. Porém, se considerarmos os locais definidos como favelas eles estão bem distantes do centro do bairro, todos do outro lado da linha férrea, mais próximos da Av Brasil. Nada muito diferente de vários outros bairros do Rio, o Pavão-Pavãozinho, em Copa, e o Salgueiro/Formiga, na Tijuca, ficam praticamente dentro do centro do bairro.

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    1. Há um busto do escocês que teria trazido o futebol para a fábrica. Acho que o sobrenome é Donahue ou algo parecido.

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    2. Jabour, o terceiro menor bairro do Rio, é um enclave de Senador Camará, não de Bangu.

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  9. Sempre é bom aprender sobre locais da zona norte e da zona oeste. Quanto ao Dr. Silveirinha acho que ele tinha uma lancha que se chamava Miss Bangu.

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    1. Era o iate Miss Bangu; Silveirinha tinha uma casa de veraneio em Cabo Frio e ia de iate com seus convidados.
      Quando morei em Cabo Frio (1959 -1962) na época em que meu pai trabalhou na construção da Fábrica Nacional de Álcalis em Arraial do Cabo, a chegada do iate com ele e os convidados, normalmente famosos, era um "acontecimento" na então pequena e acanhada cidade.

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  10. Bom dia Saudosistas. Na juventude ia muito a Bangu, Padre Miguel e Bairro Jabour, Bangu e Padre Miguel ia jogar bola e Bairro Jabour na casa de um amigo de faculdade, na época do Projeto Final, o grupo se reunia na casa dele, na hora do almoço o pai dele sempre fazia um churrasco. Em Padre Miguel joguei muitas vezes no Campo do GREIB, mas a maior recordação que tenho deste campo, foi um par de chuteiras bem novinha (Hércules Olé) que esqueci na cadeira de uma mesa do bar após o jogo, quando voltei não estavam mais lá, perguntei, ninguém viu e nem haviam guardado. Cheguei a conclusão que a chuteira era tão boa, que andava sozinha ou quem sabe acompanhada.

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  11. A última vez que estive em Bangu foi em 2020 em razão de uma consulta médica. Atualmente acompanho essa região pelas ocorrências policiais e pelo "mosquito fofoqueiro" do programa "Balanço Geral". É uma área complicada devido às inúmeras favelas, que como se sabe, são áreas de alto risco. Parodiando o Conde do Lido, "é uma região boa para ser vista do alto, mas nunca ao rés do chão".

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  12. Também estive em Bangu a trabalho em 2020 e não gostei nada do bairro.

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  13. Rosemary, a viúva de Jorginho Carvoeiro, campeão brasileiro pelo Vasco da Gama em 1974, era funcionária da Fábrica Bangu, e morava em uma pequena casa da vila operária da Fábrica. Foi nesse universo que ela se tornou esposa de Manuel dos Santos, o Garrincha. O casal passou a residir na pequena casa em companhia do Pai de Rosemary , funcionário aposentado da Fábrica.

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  14. Você está engando, Joel. Garricha teve 3 esposas, Nair, a primeira, Elza Soares, a segunda e Vanderléia, a última. Não consta essa Rosemary.

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  15. O Garrincha vivia de bar em bar em Bangu nos últimos anos da sua vida. Outro que seguiu também esse caminho foi o Marinho, ex do Bangu de 85 (vice campeão brasileiro) e da seleção. Cheguei a conhecê-lo pessoalmente, meio acabadão, num botequim da região. O cara que ostentava quatro Monzas, o carro da moda na época de sucesso, saiu do botequim numa Fiat Prêmio enferrujada.

    Esses limites fronteiriços dos bairros mudam de acordo com a ordem do discurso, conforme tinha comentado uma vez sobre a Vila da Penha e Vicente de Carvalho. As regiões do Méier, Tijuca e Ilha do Governador também têm muito disso; aliás, quase toda a cidade. Se considerarmos que o Jabour é um enclave de Senador Camará, todas as comunidades do complexo da Coréia também ficam neste bairro. O engraçado é que o César Maia criou o bairro do Gericinó, que tinha como um dos objetivos tirar o estigma do nome "Bangu" aos presídios. Mas não adiantou, continuam chamando de Bangu 1, Bangu 2, etc, e os repórteres às vezes falam "complexo do Gericinó, em Bangu"...

    Em 2017 a Vila Kennedy tornou-se um bairro, daí vem a pergunta: qual favela existe em Bangu, Bangu mesmo? A rigor, nenhuma. Sim, um bairro com 250 mil habitantes sem favela em pleno rj. A não ser que a pessoa oriunda de bairro mais nobre, sobretudo ZS, por desconhecimento ou preconceito, considere toda Bangu uma favela ..kkk

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    1. Troquei o nome, mas a mulher é a mesma.

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    2. A esquerda tem sempre uma narrativa eufemística para argumentar, mas na prática "são favelas perigosas", ainda que alguns as chamem de bairro, comunidade, paraíso terrestre, comunidades, "curral narco-eleitoral", etc. Não se trata de preconceito, e sim da realidade nua e crua.

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  16. Vivemos uma Era onde o que conta são as narrativas e não a realidade dos fatos. O que é, amanhã pode não ser mais, o homem pode ser mulher e parir, ou seja, tudo de acordo com a orientação da hora. No passado "uma mentira contada dez vezes se tornava verdade, hoje em dia basta uma vez. Tempos incertos.

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  17. Fora de foco: (https://www.uol.com.br/carros/noticias/afp/2024/12/23)
    "As montadoras japonesas Honda e Nissan anunciaram nesta segunda-feira (23) as negociações para a fusão das duas empresas, que tentam recuperar o espaço perdido para a Tesla e os fabricantes chineses no mercado de veículos elétricos.
    A operação criará a terceira maior fabricante de automóveis do mundo e permitirá uma expansão do segmento de carros elétricos e veículos. Os dois grupos anunciaram que tentarão estabelecer uma "holding única" nas negociações."
    Em quantidade de unidades vendidas no ano de 2023, as 03 primeiras foram:
    Toyota 10,8 milhões / Volkswagen 8,8 milhões / Hyundai-Kia 7,1 milhões.

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  18. Naquele time do Bangu de 85 também jogou o Cláudio Adão, que se tornou famoso quando jogou no Fla, o jogador que tem no currículo nada menos que 31 trocas de clubes. Se não é um recorde mundial, deve chegar perto...

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  19. Gente fina, o Claudio Adão. Acompanhei o tratamento dele quando veio para o Flamengo e ficou aos cuidados do Dr. Celio Cotecchia.

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    1. Bom jogador, deve ser quase setentão.
      (Genro do Luiz Carlos Barreto.)

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  20. Fora de foco de novo:
    Fiz uma compra no site oficial da Lacoste no último dia 11, paguei no ato via Pix e o prazo de entrega informado era de 04 dias úteis.
    Reclamei por e-mail hoje que ainda não tinha recebido e recebi a seguinte "pérola" de informação:
    " ...GOSTARÍAMOS de informar que o seu pedido foi cancelado devido a uma FALHA sistêmica IMPREVISTA. "
    Então:
    1) GOSTARAM de informar que meu pedido foi cancelado, e
    2) admitiram que convivem com FALHAS sistêmicas PREVISTAS, a que ocasionou o meu problema foi imprevista, mas ...
    A cereja do bolo:
    "Em conformidade com nossa política, o reembolso será processado e ocorrerá no prazo de até 30 dias". (obs,: paguei no ato à vista, certo ?)
    Dureza ...

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    1. O responsável pelo SAC da empresa, se meu subordinado fosse, estaria com o emprego correndo perigo ...

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