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terça-feira, 14 de março de 2017

TORRES DA BARRA II





O projeto apresentado no “post” de ontem, de construção de residências, lojas e escritórios na Barra da Tijuca, resultou em um dos grandes “imbroglios” imobiliários do Brasil. Depois de atrasos nas obras, reduções nas dimensões do projeto e pendências judiciais, ergueram-se três torres residenciais: Torre Abraham Lincoln, Torre Ernest Hemingway e Torre Charles de Gaulle.

 

O cronograma original previa a inauguração das primeiras unidades em 1974 e todas as obras estariam concluídas em 1980. Não foi o que aconteceu.



Na década de 80 proliferavam os anúncios do Grupo Desenvolvimento pelos jornais. Afirmavam ter mais de 500 trabalhadores trabalhando na construção das torres, que haviam comprado 12 elevadores Atlas da Indústria Villares, os mais velozes do Brasil, operando à razão de 240 metros/minuto, que assinaram contrato com a Indústria Metalúrgica Grad-Fer para a compra de mais de 100 km de perfis de alumínio anodizado para execução da fachada tipo “curtain-wall”, etc. Ainda segundo anúncios foram plantadas mais de 100 mil árvores com coqueiros, palmeiras imperiais, eucaliptos, flamboyants. Os vidros fumê foram comprados da Santa Marina.

 

E a propaganda seguia firme em grandes anúncios: “Você não precisa pagar uma fortuna para viver de frente para o mar. É um investimento líquido e certo para o futuro. Você vai fazer um negócio tão bom ou melhor do que quem comprou na Avenida Atlântica, na Vieira Souto ou na Delfim Moreira há alguns anos.”

 

Como já escreveu o Decourt, “E de golpe em golpe, os prédios foram se arrastando e as obras só sendo aceleradas quando nova campanha de vendas se iniciava como forma de atrair mais interessados, voltando logo após a paralisia de antes, para girar o golpe mais uma vez. Além disso, o esperto político usou a grande área como moeda de troca com outros, como Sérgio Naya, onde um naco de terreno de um grupo de torres foi dado em troca de uma rádio, ou a venda do trecho além da Av. das Américas para a São Marcos Engenharia ( Organizações Globo ) e Casas da Banha em troca de favores e inserções comerciais. E assim o projeto foi totalmente deturpado: no lugar das torres redondas foram construídos em distribuição totalmente diversa prédios retangulares, que fragmentaram totalmente o horizonte do bairro, algo que Lúcio Costa não desejava quando criou seu Plano-Piloto.”

Em 2004, com tantos problemas de finalização, uma das torres chegou a ser ocupada por favelados. Por isso ou por aquilo, Mucio Athayde acabou por pedir falência, deixando muitos compradores em situação delicada.

 

A região do projeto continuou sendo chamada Athaydeville, até que Lei Municipal de 2003 renomeou seus dois trechos como Bosque Marapendi e Parque Lúcio Costa.



23 comentários:

  1. Bom dia. Sem comentar detalhes desse "imbroglio" nem suas implicações políticas, não posso deixar de compartilhar a opinião de alguns comentaristas sobre a funcionalidade dos projetos de Niemeyer. No padrão de construções do Século XIX e parte do Século XX, o banheiro se situava nos fundos, junto à cozinha, o que causa mal estar e constrangimento. Nesse projeto de "Athaydeville", chega a ser ridícula a disposição dos cômodos, onde a cozinha se situa junto à entrada, não havendo área de serviço ou dependências de empregada, fator comum nas construção da época e ainda observado em poucas construções atuais. Mas o pior de tudo é a entrada do único banheiro. Para acessá-lo seria necessário ir até ao vidro da janela da sala, entrar no único quarto para usar o banheiro, o que causaria muito constrangimento. Tal apartamento, em condições normais, seria ótimo para lazer em fim de semana mas nunca para residência definitiva. Quanto à invasão de favelados e que rendem ótimos dividendo políticos para alguns, se faz mister que tais ações sejam criminalizadas e seus autores sejam passíveis de pesadas penas, é simples.

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  2. Sempre há tolos para serem explorados por espertalhões. E as ditas competentes autoridades da época onde estavam? Omissas, incompetentes ou coniventes? E quantos escândalos gigantescos também estouraram naquela época? Parece que nada mudou.

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  3. Pelo visto na planta,este apartamento nada mais é que um sala e quarto que iria concorrer com os minúsculos imóveis muito comuns em Copa.O Joel mostrou bem alguns de seus defeitos e de fato não caberia bem como moradia.Em parte,pode explicar porque não foi adiante.Sei lá...
    Não conhecia esta aventura e as postagens são muito interessantes.

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  4. Dois empreendimentos que eu considero de primeira linha e que foram construídos nos anos 70 são o "Barramares" e o "Atlântico Sul", construídos na então Avenida Sernambetiba. São imóveis de alto padrão de qualidade, tendo inclusive alguns "Duplex". Nos anos 80 eu tive namoradas que moravam nesses condomínios. Um Luxo!

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    1. Mestre Joel não conheço o projeto para avaliar, acredito que sejam realmente muito bons, porém na minha opinião eu não aprovaria a sua construção, pois acho que na faixa residencial junto a praia os prédios não poderiam ter mais do que 5 andares.
      Na região da Barra onde o meu filho mora, inclusive o seu apartamento, os prédios são de 4 andares, com belas varandas e fachadas, muito bem acabados e cômodos de boas dimensões, sem aqueles clubes de condomínio, e não são tão caros assim, na faixa de 1,5 a 2,0 milhões, com condomínio na faixa de 800 a 1000 reais.

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  5. Bom dia a todos. E ainda se reverência uma pessoa que elabora um projeto desta qualidade, quando na verdade deveria se cassar o seu diploma, levar umas 100 chibatadas em praça pública e ser proibido de exercer a profissão pelo resto da vida. Observem que a área total deste pardieiro é de apenas 32,90M2, menor que a maioria dos barracos de favela, caberiam quase 3 apartamentos destes na sala do meu apartamento. Graças a Deus esta titica não foi a frente, sinto pena daqueles que embarcaram nesta canoa furada e perderam seu dinheiro. Acho que as torres que ainda estão de pé inacabadas, deveriam ser implodidas o mais rápido possível, para não servirem de inspiração para outro arquiteto lambão se inspirar.

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    1. Se a moda de aplicar cem chibatadas em praça publica em casos como esse, faltariam chibata e praça pública no Rio de Janeiro de Janeiro e no Brasil.

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  6. Eu iria ficar muito satisfeito se pudesse ter um imóvel como este lá na Barra.Gosto muito do local e faz a diferença morar onde tem gente bonita e com dinheiro.A Barra tem um astral diferente e talvez por esta razão incomoda a tanta gente.

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  7. Bom dia a todos.

    Cozinha de 4m² só pode ser piada! Isso era uma quitinete modernista. Quem comprasse uma coisa dessas tinha que ser muito "visionário" para dizer décadas depois que morava na Barra, mesmo que nessas condições...

    O valor médio de um apartamento desses comparado a um similar, em termos de metragem, em Copa, Ipanema ou Leblon, deveria ser bem inferior. Hoje deve estar nas alturas...

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    1. Um apartamento de quarto e sala no condomínio "Barra Palace" de frente para o mar, com cerca de 53 M2 e serviços, bem como um no Alfa Barra, também de frente para a praia com 75 M2, varandão, dependências, e garagem, custam em torno de R$ 750.000,00. Se o comprador "chorar", ficam por até R$ 680.000,00.

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  8. Bom dia a todos.
    Gosto não se discute, se respeita.
    Da mesma forma que a maioria aqui parece não gostar da Barra por motivos pessoais que não me interessam, eu, por exemplo, acho deprimente a Zona Norte da cidade e a Baixada Fluminense.
    Com exceção de Vila Isabel, do Andaraí e da Tijuca, o resto nada presta.
    O grande problema da Barra pode se ver que é o mesmo problema do Brasil.
    As empreiteiras sempre mandaram e desmandaram nesse país. Vide o que foi no Governo do PT.
    Concordo com o Plínio: "E as ditas competentes autoridades da época, onde estavam"?
    Veja que foi na época do Governo Militar que tanta gente assim acha que foi um sucesso.
    Outro grande problema da Barra que nunca foi resolvido é em relação ao real dono da Barra. Um briga que se arrasta por décadas se o dono da Barra era um libanês, um chinês, ou um italiano.
    Enfim, a Barra como qualquer lugar, há seus prós e contras em morar lá.

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  9. Persiste no Rio o estigma de “cidade partida”. Tenho amigos que moram na Barra que podem “flanar” com todo o conhecimento de ruas e quadras em Londres ou Orlando e que simplesmente desconhecem Madureira.

    Essa característica “divisionista” é de longa data; sempre se ignorou o que ia além do Centro – no máximo até a região da Tijuca.

    Os subúrbios cresceram inevitavelmente em função das estações das linhas férreas e os investimentos públicos lá chegavam “post factum”, ou seja, depois de adensados. A desordem na estrutura urbana foi, assim, inevitável.

    O êxodo rural e a remoção das favelas da ZS foram cruéis para esses locais e o advento da Barra foi a “pá de cal”, visto que muitos em nível de classe média que lá moravam, como militares de média-alta patente, médicos, engenheiros, etc, “fugiram” para a Barra. E as pessoas de menor renda obviamente têm menos recursos para o cuidado e a manutenção estética de suas casas.

    Vê-se hoje nos subúrbios algumas “ilhas” de bem morar, em bairros como o Méier, a Ilha, alguns locais de Jacarepaguá (incluindo o Valqueire) e até Campo Grande.

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  10. Junto-me ao Plinio na pergunta onde estavam as autoridades competentes? Mamavam também?
    Todos os bairros do Rio têm lá seus problemas e acho estéril esta discussão. Mas que a Barra é meio estranha lá isto é (jogando lenha na fogueira).

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  11. Fora de foco! Não costumo dar palpites nos "embates de cunho religioso" que ocorrem aqui, mas não me contive. O nosso "querido alcaide" manteve as absurdas isenções fiscais para os empresários de ônibus, na ordem de Setenta Milhões. Enquanto isso, quer taxar os aposentados da prefeitura. Essa raça não tem jeito, só napalm resolve! Mas essa farra de isenções para igrejas está perto do fim...

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    1. Não querendo jogar gasolina na discussão, mas a taxação seria somente sobre o que ultrapassasse o teto do INSS. E o TCM já teria autorizado desde o ano passado...

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  12. Tânia seria um revendedor Chevrolet?

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  13. Temos "ótimos locais" à moda das cidades européias. Ontem eu mencionei a "Pisa de Jacarepaguá", Rio das Pedras. É o único local do mundo onde foram erguidas diversas réplicas da famosa "Torre de Pisa". Basta observar uma foto do local. É impressionante a "tecnologia e o know how" da engenharia nordestina...

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  14. O nosso amigo Lino chutou o pau da barraca em relação aos autores do projeto e mandou ver.Lembrei de quando ele comenta as virtudes do seu amigo,o maior treinador de futebol do Brasil,Osvaldo Oliveira,o bom rapaz.....

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    1. Mestre Belletti, quando comprei e reformei o atual apartamento em que moro, a minha mulher resolveu contratar uma arquiteta para fazer um projeto de reforma e decoração do apartamento, logo na apresentação do projeto começou a briga, com as mudanças que ela estava fazendo no lay out. No hall de entrada ela propunha trocar a porta de entrada social, e colocando uma bonita bem larga com 1,20Mt de largura, só que a nova posição ao abrir a porta você daria de frente com a sala de estar, na suíte principal ela me trocava o box de local e me deixava o vaso sanitário quase frontal a porta de acesso ao banheiro, e o granito de cor verde quase preto, o que tornaria o banheiro muito escuro e obrigaria a ter luz acesa sempre, na copa ela colocou nas paredes uma cor cenoura, imagina você almoçando ou jantando todo dia com essa cor berrante agredindo os teus olhos, no lavabo ela sugeriu que as paredes fossem forradas com tensai (uma película de resina) com formato de palha trançada, porém a cor que pintaria esta película seria da cor beterraba, ou seja roxo, lógico que eu troquei tudo e coloquei aquilo que eu queria e achava melhor para o local. O projeto de iluminação das salas de Estar e Jantar, também foi outra guerra, principalmente com as luminárias de iluminação indireta, cuja a posição se fossem colocadas na posição que ela desejava não fariam a iluminação adequadamente da sala. O grande problema dos arquitetos, é que eles projetam aquilo que é moda ou que vem a cabeça deles, e na maioria das vezes não respeitam o gosto do proprietário, sendo que não são eles que irão morar diariamente no imóvel.

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  15. Não compraria. Será que a ideia era transferir o pessoal dos quitinetes de Copacabana para a Barra? Realmente uma planta muito ruim, pois só tem o banheiro da suíte, o que seria constrangedor para um visitante e sem nada que possa lembrar uma área de serviço, ou seja, um espaço para um tanque e para a máquina de lavar, já muito utilizada no final dos anos 60.

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  16. A Barra tinha tudo para ser um bairro novo moderno e espetacular mas os ladrões de sempre desvirtuaram os projetos em proveito propio, como se fez ao longo das décadas de 70,80.90 ...
    Lembram do Sergio Dourado.

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  17. Em tempo: Acabo de voltar da...Barra! Saí de lá às1930h, chegando na minha jurisdição às 21:30h!!! Sabe-se o motivo? Nãooooo! Pois é! E reforcei minha tese: sem charme, sem aconchego, e construções de gosto duvidoso!

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  18. Mayc

    E Julio Bogoricin? São os da moda na época!

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