Foto do acervo do prezado Mauricio Lobo, do Tempore Antiquus, provavelmente da década de 20
do século passado. Como tem tudo a ver com algumas postagens desta semana no “Saudades
do Rio” reproduzo-a aqui com os comentários dele acrescidos de mais algumas
informações.
Em 1903, Oswaldo Cruz assume o cargo de diretor geral da Saúde Pública,
com a proposta de erradicar as três principais doenças pestilenciais do Rio de
Janeiro: a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.
Para isto, entre outras coisas, propõe a construção da sede da Diretoria Geral
de Saúde Pública (DGSP), na Rua do Resende nº 128. O projeto, de estilo
eclético, é do arquiteto Luiz Moraes Júnior, o mesmo que projetou o Pavilhão
Mourisco, em Manguinhos.
As obras foram iniciadas em 19 de novembro de 1905 mas, devido a percalços pelo
caminho, só foi inaugurado em 18 de março de 1914.
Em 1939 o prédio passa para o controle do município do Rio e, apesar de ter
sido tombado somente em 1991, resistiu praticamente ileso até os dias de hoje.
Em 1952, quando o prédio abrigava o Serviço Nacional de Tuberculose,
foi inaugurada placa que assinalava o imóvel com o nome de “Casa de Oswaldo
Cruz”. O velho prédio, cuja construção se deve ao saudoso sanitarista, foi
inteiramente reparado, ao mesmo tempo que o jardim fronteiro ao belo busto de
Oswaldo Cruz foi remodelado, dando maior destaque ao monumento. Obra do mestre
Correia Lima, o busto foi inaugurado em 1918, por iniciativa do então diretor, o
professor Carlos Seidl. Representa o cientista ilustre como numa poltrona, os
dois braços apoiados, tendo nas mão um livro, em atitude de meditação.
No pedestal de granito, numa placa de bronze, lê-se: “A Oswaldo Cruz,
homenagem do pessoal da Diretoria Geral de Saúde Pública – 23-III-1903 – 19-VIII
– 1909”,
A “Casa de Oswaldo Cruz” ficará como um templo da saúde pública, sendo
plano centralizar-se ali a sede da Sociedade Brasileira de Higiene.
Neste endereço também funcionou o Laboratório Noel Nutels, referência
para tratamento de AIDS e vacinação anti-rábica no Rio.
Atualmente pertence ao INCA – Instituto Nacional do Câncer.
PS: a Rua do Resende começa na Rua do Lavradio e termina na Rua Riachuelo. Foi o Vice-Rei Conde de Resende, D. José Luís de Castro quem resolveu estabelecer uma comunicação entre as ruas de Matacavalos e Lavradio, cordeando uma nova rua nos pantanais da chácara de Pedro Dias Paes Leme. Em 1796, ainda não havia nenhuma edificação ao longo desse caminho, então chamado dos Arcos, por ser seguimento da Rua dos Arcos. Em honra do Vice-Rei, a partir de 1798, o Senado da Câmara deu-lhe a denominação de Rua do Resende, que conserva até hoje. D. José Luís de Castro, 2º Conde de Resende, foi o 5º Vice-Rei do Brasil. Tomou posse em 09/07/1790 e governou até 14/10/1801, quando passou o governo a D. Fernando José de Portugal, depois Marquês de Aguiar.
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Bom dia a todos. Lembro bem deste prédio que na época o povo chamava de posto de saúde, onde se podia tomar vacinas e fazer abreugrafias, que eram muito solicitadas pelas empresas quando da admissão do empregado. Na última vez que por lá passei a sua fachada estava toda pichada. Por falar em pichação, o Prefeito de SP está fazendo uma caça aos pichadores.
ResponderExcluirBela história. O prédio e todo o gradil e muro ainda estão lá. O jardim tem árvores e mais árvores, com um jeitão tropical muito agradável. A Rua André Cavalcanti desemboca exatamente em frente à terceira janela e parece que ainda não existia na época da foto.
ResponderExcluirComo já disse aqui o SDR pode estar com frequência menor mas os que não passam por aqui não sabem o que estão perdendo. Além da nitidez das fotos há cada vez mais informações em cada postagem. É certo que com a introdução da moderação nos comentários perdeu-se um certo timing nos diálogos mas continuo aprendendo muito por aqui. Sempre ouvi falar deste Posto de Saúde na rua do Resende 128 mas acho que nunca passei por lá. Que falta está fazendo um Oswaldo Cruz no momento atual da Saúde do RJ. É de estarrecer o que lemos nos jornais com hospitais abandonados, sem médicos, sem remédios, com a população morrendo sem atendimento. Aliás este problema da Saúde é complexo e aparentemente sem solução. Quem pode arcar com os custos dos reajustes dos Planos de Saúde? E dos remédios? Ainda agora fui na farmácia e acho que a maioria não dinheiro para comprar todos os remédios infelizmente.
ResponderExcluirBom dia. No passado havia uma preocupação real por parte das autoridades na questão da saúde pública, tendo em vista a quantidade de hospitais públicos existentes que prestavam um excelente serviço e que nada cobravam. Mas abordar esse tema na atualidade, certamente se adentrará em "terreno delicado". Não é novidade que até a década de 80 os planos de saúde eram quase inexistentes, e por qual motivo? O Estado brasileiro cumpria razoavelmente com as suas obrigações, mantendo hospitais públicos de qualidade. Mas por que não se manteve assim? Simplesmente o fim da ditadura militar, a promulgação da constituição de 1988, a eleição de indivíduos desqualificados para cargos eletivos, foram o "caldo de cultura" para a formação de grandes "Lobbies" no congresso nacional para fomentar interesses de grandes empresas administradoras de planos de saúde. Com isso e com grandes desvios de verbas destinadas à saúde, chegamos a essa triste realidade. Ainda tiveram o descalabro de criar uma CPMF para "suprir as deficiências" da saúde pública, onde o dinheiro todos sabem para onde foi. Hoje em dia, as grandes administradoras de planos de saúde possuem entre seus acionistas um grande número de deputados e senadores.
ResponderExcluirAssino embaixo do comentário do Plínio. Quanto ao tema da foto, hoje é dia de ficar quieta e aprender com a aula.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirSábado mesmo passei aí perto.
Totalmente diferente a rua.
Infelizmente não havia esse sossego como na fotografia.
Uma verdadeira balbúrdia com mesas e cadeiras nas calçadas, mendigos, cachaceiros, pessoas sem da mínima decência no andar da rua, a própria via estando suja, ou seja, a verdadeira sucursal do inferno.
Parafraseando o saudoso Jorge Dória: "Onde foi que erramos?"
Parece que o comentarista Plinio está meio fora do lugar.Elogiar o Oswaldo Cruz neste blog é risco de vida.Quando foi nomeado por Rodrigues Alves para combater a febre amarela e a varíola no Rio de Janeiro a cidade era considerada uma das mais sujas do mundo,especialmente a região do porto e do Morro do Castelo,onde estas doenças proliferavam numa velocidade espantosa.O grande sanitarista foi obrigado a enfrentar campanhas das mais sórdidas e até através de caricaturas e musicas de carnaval era enxovalhado.Quando implementou a vacinação obrigatória aconteceu uma revolta,que todos sabem bem.A ação do Oswaldo Cruz através da saúde pública vistoriou mais de 10 mil prédios,cada um mais deteriorado que outro.Existiam chiqueiros e criação de animais em geral ao bel prazer de uma população sem nenhuma educação e noções de higiene.Mas muita gente,como as viúvas de antanho que aqui comentam,achavam aquilo uma maravilha e que tudo tinha que ser preservado.Felizmente existiu um sanitarista como o homenageado de hoje,que passou poucas e boas,sendo considerado até "inimigo do povo".Se até hoje temos defensores daquela mixórdia,fácil imaginar na época. É que tem gente que detesta a evolução,mas não vive sem ela.E depois ainda reclamam porque sou Do Contra.
ResponderExcluirImpressionante como as ruas e as construções antigamente eram menos "poluídas" para os olhos...
ResponderExcluirConcordo com o Plínio: os comentários instantâneos davam mais dinâmica às postagens. Lembro-me bem de postagens com audiências de mais de 80 comentários. Uma pena o pessoal descambar pra discussão, o que gera a necessidade de moderação...
Bom dia ! Que diferença daquela época, em que quase não havia automóveis, para os dias de hoje, em que são uma praga no Brasil e no mundo. Como uma rua fica muito mais bonita sem automóveis.
ResponderExcluirFoi aí que fui vacinado contra a varíola.
Faz tempo que não passo por essas bandas...
Também estou no bloco dos que acham que a moderação dos comentários inibiu a frequência,mas o gerente tem suas razões. Como sempre procurei ver o lado divertido dos comentários ,nunca considerei despropósito outros assuntos aqui inseridos.Mas nem todos enxergam assim e isso é democrático. Mas para mim o blog perde muito em criatividade.
ResponderExcluirO Lino me fez lembrar dos exames admissionais de 30 anos passados.Um espanto!!!
Concordo em gênero, número, e grau. Perde-se a espontaneidade e sem o tempo real dos comentários, o blog perde muito. Se o comentário for desrespeitoso ou ofensivo, que a gerência o suprima. Censurar previamente um comentário remonta à um tempo que muitos aqui condenam e faz o blog parecer algo previamente "armado" do tipo "eu falo e só fulano e beltrano podem responder. Que todos tenham consciência do que fazem e caso queiram fazer uma critica pessoal, que o façam de "cara limpa". O fato é que com essa "moderação" o blog perdeu a graça.
ExcluirFecho com o Pastor no comentário. Como eu viveria sem falar ou melhor escrever: "esse Pastorzinho de meia tigela" e por aí vai. Contar as historias do meu Tio FOA, falar de Neusa...ah...Neusa, enfim ser autentico sem ser grosseiro. Politicamente correto já basta o do Contra. Cade o Dr.Celsão, JBANdeira, DI LIDO, o dono do Pharol, a Tya, Julio, e outros mais que a falha memória me trai? A volta deles só iria valorizar a turma diminuta mas excelente que habita o Buteco nos dias de hoje. Ontem revendo alguma fotos dos encontros do SEMPRE senti falta deles todos e sobretudo aqueles que estavam presentes na premiação do primeiro campeonato Sherlok Holmes instituído pelo SDR. Era empolgante.
ResponderExcluirA Rua do Resende e algumas outras ao redor não são frequentes em fotos de antigamente.
ResponderExcluirNão lembro de jeito nenhum de algum comentarista dos Fotologs do Rio Antigo ter falado alguma coisa contra a política sanitarista colocada em prática pelo Oswaldo Cruz. E lá se vão uns 9 anos que leio comentários no Saudades do Rio Antigo e vários outros do mesmo segmento.
Não sou dado a réplicas,mas digo ao comentarista Paulo Roberto que Do Contra sou eu e que quando se comenta sobre a demolição do Morro do Castelo e a reforma implementada na região pelo Prefeito Carlos Sampaio,os saudosistas se exacerbam e não foram poucas as ilações feitas em relação aos sanitaristas da época que fizeram estudos relacionados aquele ambiente insalubre que ali existia.O trabalho do Osvaldo Cruz foi realizado bem antes,mas deixou,felizmente,boas sementes,que foram apreveitadas para o bem da cidade.Varios saudosistas em nome da preservação de um amontoado de velharia já detonaram aqui o salto para a modernidade que foi o saneamento daquela área.Já falei aqui e repito:se quiseram voltar aquele tempo é só dar um pulo lá no Pelourinho.Tem gente que gosta.Eu sou Do Contra.
ResponderExcluirBom dia ! Esse tal de senhor Do Contra é mesmo um grande... bem, deixa pra lá....Pelo que ele diz, é seu pensamento que se uma pessoa está ferida, deve-se, logo, matá-la, ao invés de tratá-la para curá-la. O mesmo raciocínio equivocado ele extrapola para o caso do Morro do Castelo. Se lá haviam construções mal cheirosas ou coisa parecida, bastaria removê-las para tornar o ambiente saudável novamente e não ser tão radical a ponto de por abaixo o próprio morro. Isto não passa de raciocínio lus...., bem deixa pra lá, porque pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto, que nem esse senhor Do Contra.
ResponderExcluirTrabalho neste prédio e é com muito orgulho que cruzo os portões e percorro seus corredores até a minha sala no terceiro andar todos os dias. É certo que ele merece uma restauração, mas ainda exala toda a sua imponência e importância da sua missão que cumpre até os dias de hoje. Nutro uma certa "saudade" deste tempo áureo da saúde que, infelizmente, não vivi, mas cumpro com responsabilidade e orgulho a minha atividade pela saúde pública no nosso país, ainda nos dias de hoje.
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