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sábado, 12 de agosto de 2017

DO FUNDO DO BAÚ - ATAQUES



 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estas duas fotos de eficientes ataques da década de 50. Consegui identificar com certeza todos os atacantes do Flamengo e, com um pouco menos de certeza, também os cinco da seleção da Federação Metropolitana de Futebol. Vamos ver se identificamos todos.

O ataque do Flamengo está no campo da Gávea, com a pequena arquibancada mais perto da Lagoa ao fundo. O fotógrafo está de costas para a arquibancada maior, até hoje existente lá.

Nos anos 50 a portaria era em frente à Praça N.S. Auxiliadora, pois não havia a Rua Gilberto Cardoso - a Favela do Pinto ficava colada no terreno do Flamengo. Logo após a entrada, à esquerda ficava o velho ginásio, sob a arquibancada do campo de futebol. Ali assisti a jogos de basquete do espetacular time do Algodão, do Waldir Boccardo, do Godinho, treinado pelo Kanela. No time feminino destacavam-se, já na década de 60, a Norminha, a Angelina, a Luci, a Didi.

Também o vôlei era imperdível, com o Lucio, o Feitosa, o técnico Sami Meliskhi, além do Jonjoca, que foi meu técnico no juvenil. E o time feminino comandado pela Leila, Norma Vaz, Marina, Rosinha O´Shea.

À direita da entrada ficava a Gerência, com o "seu" Nelson e o sub-gerente Jarbas (antigo ponta-esquerda da década de 40). Logo após, o pequeno bar e restaurante, tendo em frente uma quadra de futebol de salão, onde jogávamos com o Antonio Henrique Bria e o "Pelé", que se transformaria no Paulo Cesar "Caju", que anos depois brilharia na seleção nacional.

Junto à favela ficava o Depto.Hípico, com os cavalos de salto. A maior estrela era o "Oiram", cavalo do campeão José Mário Guimarães, que veio a falecer durante um salto. Em frente à portaria, a pista de bocha, comandada pelo Gandini. Do outro lado da quadra de futebol de salão o Depto. Médico, com os Drs. Paulo San Thiago, Madeira e Pelosi, os massagistas Luiz Luz e Luiz Borracha (antigo goleiro). Por ali também ficava o vestiário dos juízes quando havia jogo na Gávea.

O campo de futebol não tinha alambrado. Acompanhávamos os treinos: físicos e técnicos, às terças e quintas, "coletivos" de titulares e reservas, às quartas e sextas. Ficávamos atrás do gol devolvendo as bolas G-18 que caíam na "geral". No final do treino o peito de nossos pés ardia de tantos chutes.

Numas salas do 2º andar do ginásio havia a sede dos escoteiros, chefiada pelo Betim Paes Leme e uma pequena biblioteca juvenil chamada de “José Lins do Rego”. Em 1960, quando de sua inauguração, fui o responsável por ler o discurso de abertura.

Não havia a Rua Mario Ribeiro e o terreno do Flamengo ficava colado no do Jockey. Desse lado ficava o vestiário do futebol, com seu inconfundível cheiro de éter e cânfora, além do ruído das chuteiras no chão de cimento. Para um menino era fantástico ver passar os craques da época, como Dida, Indio, Evaristo, Zagalo, Joel, Dequinha, Rubens, Moacir, Pavão, Tomires, Jadir, Jordan e tantos outros.

Em volta do campo treinava o campeoníssimo do atletismo José Teles da Conceição e o fundista Sebastião Mendes. A memória trouxe nomes que encontrava sempre como Fadel Fadel, Hilton Santos, Helio Mauricio, Ivan Drumond, Aristeu Duarte, delegado Jarbas Barbosa, Batista (gerente da Casa Meira), Martelotti (que tinha um restaurante na Visc. de Pirajá, ali perto do Astória, chamado, salvo engano, de “Velho Pescador”), Miceli (sua filha Luiza Helena foi uma atleta de destaque), Ox Drumond.

Lá perto da Lagoa, a garagem do remo, com o amigo de meu pai, o Buck (que quase me "matou" quando foi meu técnico). Por onde andarão meus colegas Oswaldo Aranha, Alex Molina e Suely Martelotti, da "diretoria mirim"?

Saudades dos jogos dos juvenis, com o time campeão formado, entre outros, por Edmar, Adilson, Norival, Clair, Gerson (que foi, anos depois, campeão do mundo), Beirute, Manoelzinho, Germano (que casou com uma condessa e foi para a Itália).

Esta era a Gávea do Mauricio Farah, funcionário que mais tempo trabalhou no Flamengo. Todo 4 de Julho a Embaixada dos Estados Unidos fechava o clube para uma grande festa para a colônia americana. Só uns privilegiados conseguíamos entrar nesse dia para aproveitar Coca-Cola e sanduíches de graça, além de ver os fogos de artifício ao final.

A sede do Flamengo era pouquíssimo freqüentada nessa época e conhecíamos todo mundo. Explorávamos, em brincadeiras de "polícia-ladrão", todos os espaços sob a arquibancada. Durante os treinos íamos para as modestas cabines de rádio e fingíamos irradiar a partida.

Nos domingos chegávamos cedo, para assistir aos jogos dos juvenis, que começavam às 9 horas. Não havia o conjunto de piscinas, que só foram inauguradas no início dos anos 60. Aproveitávamos o espaço livre para jogar bolinha de gude e soltar pipa.

Havia a "Comissão do Muro", que por anos batalhou para conseguir recursos para construir o muro que cercaria a sede. Depois, nos anos 60, com a retirada da favela, a abertura da Rua Mario Ribeiro (que deslocou o campo de futebol algumas dezenas de metros para longe do Jockey), a abertura da continuação da Av. Borges de Medeiros (com o deslocamento da garagem de remo para o local atual), a construção do complexo de piscinas, das quadras de tênis e do vizinho condomínio Selva de Pedra, tudo mudou. Mais adiante ainda, foi construída a bela sede atual com vista para a Lagoa.

20 comentários:

  1. Isto é que é memória. Você fazia um diário ou estava tudo mesmo na memória?

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  2. Bom dia a todos.

    No máximo os dois da esquerda da foto de baixo. Aliás, nada sobre a segunda foto? Onde foi tirada? Eu tenho minha suspeita, mas vou ficar quieto.

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  3. Não conheço o clube nem conheci a região no passado, mas a descrição rica em detalhes dá uma ideia das transformações. A convivência harmônica entre o Flamengo e a favela da Praia do Pinto tal como descrita seria impossível nos dias de hoje por inúmeras razões. E como faz parte da postagem, vale a pena mencionar: Ontem ao assistir a série "Os dias eram assim", foi mostrado na minissérie um enfoque sobre a remoção dessa favela com uma conotação bastante tendenciosa e provavelmente inverídica. E como Luiz D. descreveu minuciosamente o Flamengo, seu entorno, e sua rotina na época, faço uma pergunta: O clube teve alguma participação ou motivação, ainda que indiretamente, na remoção da favela da Praia do Pinto? Seriam igualmente os interesses do clube comungados com os da administração estadual da época para que a remoção da favela fosse efetivada? Afinal o clube muito teria a ganhar...

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    1. Joel, o único interesse do Flamengo era ter o muro circundando o terreno. Nunca ouvi nada contra a favela. A convivência era sem nenhum problema. Muitos meninos brincavam conosco. Eram outros tempos.

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  4. O ataque do Flamengo me parece uma moleza,com Benitez,Indio,Joel,Rubens e Esquerdinha,confere Chefe?
    Da seleção dois muito conhecidos,o Tele e o Didi.Estou apostando no Pirilo,como meia,mas sem certeza. Os outros dois estou tentando lembrar.Volto depois...

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  5. Voltei para responder ao Augusto:foto tirada nas Laranjeiras.

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  6. No ponta esquerda da seleção vou votar no Nívio e o centro avante poderia chutar o Leônidas da Selva,mas cronologicamente não sei se encaixa.Não tenho nenhuma certeza da formação correta deste ataque,até porque é um pouco anterior as minhas primeiras investidas no futebol.

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  7. Peralta, o implicante12 de agosto de 2017 às 11:43

    Tia Nalu me informou o melhor ataque que viu na vida:Antonio,Genu,Luiz,J.Paulo e Dirceu.

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  8. Observador Esportivo, o verdadeiro12 de agosto de 2017 às 11:46

    1ª foto, na Gávea: Benitez, Indio, Joel, Rubens e Esquerdinha.
    2ª foto, em Laranjeiras: ;Telê e Didi (do Fluminense), Maxwell (do Olaria, era reserva do Ademir; Ranulfo (do América)e Nivio (do Bangu).
    O Dr. esqueceu de falar do Galo (que vivia contando de suas façanhas no Flamengo do início do século), do sempre presente Aristóbulo Mesquita, do Alceu (que foi dirigir o Campo Grande), do "seu" Pereira (sempre de terno branco e acompanhando todos os jogos dos juvenis), do massagista Zezinho, do Vavau Aranha, do Jaime de Almeida (treinador dos aspirantes e pai do Jaime atual técnico), do Modesto Bria (treinador dos juvenis), da minha musa Luci (que jogava vôlei e basquete e namorava o Hilton).

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    1. Observador Esportivo, o verdadeiro12 de agosto de 2017 às 12:17

      O Dr. também esqueceu do famoso Zé do Galo, massagista, do João, porteiro, que ficava ao lado de um cartaz na única portaria, que dava frente para a praça N.S. Auxiliadora, junto com um cartaz em que proibia a entrada no clube do Marinho, pai do Paulo Cesar e do Fred. Havia também a estátua de bronze do presidente Gilberto Cardoso em frente ao Departamento Médico. Num concurso hípico na Gávea assisti ao cavaleiro Elói Dutra, militar e pai de uma certinha do Lalau, ganhar prêmios. Na época da foto do ataque do Flamengo não havia alambrado que foi colocado anos depois para poder haver jogo de profissionais na Gávea.

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    2. Seria Sonia Dutra.Lalau tinha bom gosto.

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  9. Bom dia a todos os Saudosistas do Rio. Esse fundo do baú conta a história do Flamengo por um ilustre Flamenguista. Só reconheci o Tele, Didi, acho que o do centro é o Barbosa, Zizinho e o ponta esquerda eu não reconheci.

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  10. Garcia, Marinho e Pavão, Servílio, Dequinha e Jordan, Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha. Esse foi o time campeão carioca de 1953. Ganhei uma coleção de fotos desses craques quando tinha sete anos e jamais me esqueci dessa formação. Quanto à favela da Praia do Pinto na época, não por acaso, era considerada a que tinha a maior concentração de torcedores do Flamengo. A menção ao local o associava imediatamente ao time da Gávea.

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  11. Os do Flamengo são Benitez, Indio, Joel, Dr Rúbis e Esquerdinha. O ataque da FMF mostra Telê, Didi, X, Ranulfo e Nívio. O X talvez seja o Maxwell, que jogou no Olaria e acho que também no América.

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    1. Observador de Comentários12 de agosto de 2017 às 13:53

      Sr. António Cordeiro, esta resposta já havia sido dada por meu primo às 11:46

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    2. Sr.Antônio Cordeiro,acho bom o sr. chamar o Jorge Curi ou fazer graça em outro lugar.Está perdendo grande chance de ficar calado.

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  12. Uma semana para mandar tudo para o inferno.Um circo de horror.Tirando a segunda feira,quando tivemos a postagem da rua do Ouvidor,inclusive colorizada,o resto foi uma pobreza só,passando de supermercado a camelôs e outras imagens de terror,com o encerramento mostrando estes jogadores que ficam devendo a peladeiros de plantão e de aparência escalofobética.Um grande horror armado pelo administrador do blog que deve estar preocupado com a reforma da previdência e manda para o ar estas imagens arrepiantes e de gosto pra lá de duvidoso me deixando cada vez mais injuriado e convicto que só posso ser Do Contra;

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    1. Do Contra, é o "sinal dos tempos". O Gerente disse com muita propriedade que eram "outros tempos". Mas vou discordar de você em um ponto, pois se a aparência dos "atretas" não era das melhores e parafraseando Elza Soares, mais pareciam egressos do "planeta fome", a civilidade de então era muito superior a dos tempos atuais. A narrativa de Luiz D. é muito elucidativa nesse ponto, pois a convivência geral era pacífica, sem conflitos, sem violência, e sem recalques. Infelizmente perdemos muito em educação, respeito, e civilidade. Onde se imaginaria hoje em dia uma sede de um grande clube sem muros, sem segurança, e dentro de uma favela? Quando garoto, eu jogava futebol com moradores das favelas do Cantagalo e do Pavão-Pavãozinho na "velha" Avenida Atlântica, com moradores da favela da Mangueira na Quinta da Boa Vista, e com moradores do Turano na Praça Afonso Pena. Alguns desses mais tarde foram mortos pela polícia e um deles vim reencontrar preso no xadrez da 18ª DP em 1985. "Sem ressentimentos", pois "os tempos eram outros" e antes que voltem a ser como eram, "muita água vai rolar".

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  13. Lembro de muitas fotos de treinos do Flamengo com a construção da "Selva de Pedra" ao fundo.
    O citado Oswaldo Aranha seria filho ou neto do famoso embaixador e ex-ministro?

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