Vemos
o Colégio Cruzeiro, situado atualmente na Rua Carlos Carvalho, nas vizinhanças
da Cruz Vermelha.
Com
o nome de Deutsche Schule (Escola Alemã), começou a funcionar na Rua dos
Inválidos. Em 30 de novembro de 1939, a transformação da Deutsche Schule em
Colégio Humboldt foi uma consequência da situação mundial.
Uma
Lei do Estado Novo, nos anos 40, fechou alguns colégios (como o Aldridge) ou
exigiu a troca dos nomes alemães (bares como o Adolf que virou Bar Luiz e o
Berlim, que virou Bar Lagoa). Logo após, sociedade mantenedora e escola foram
nacionalizadas, passando um período sob intervenção do Governo Federal.
Segundo
o “site” do Colégio, o estabelecimento fechado em agosto de 1942, já em março
de 1943 reabria com 240 alunos. Em fevereiro de 1943, o Colégio realizava os primeiros
exames de admissão ao ginásio sob inspeção do Governo Federal e, em 1946, já
sob a denominação Ginásio Cruzeiro, os primeiros alunos obtinham o certificado
de conclusão do curso ginasial.
Em
1947 finalmente chegamos ao Colégio Cruzeiro e, a partir de dezembro de 1949,
os alunos obtêm o certificado de conclusão da 3ª série do Curso Científico,
habilitados, assim, para estudos superiores nas Universidades. Em 1948, o
ensino da Língua Alemã tinha sido reintroduzido como curso livre.
Na
segunda foto, de 1958, vemos uma festa junina dos alunos do Colégio Cruzeiro.
Na foto estão se preparando para cantar o "Baião de São Pedro". Estaria o comentarista
WHM entre eles?
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Muito interessante a história. E da troca dos nomes, sempre ouvi falar que o Bar Adolf trocara para Luiz devido aos alunos do Pedro II que reagiram a um dos torpedeamentos de navios brasileiros. Quanto à foto dos alunos do Cruzeiro, WHM não saiu na foto porque ele era o fotógrafo. Já era bem grandinho para estar com bigodinho feito de rolha queimada...
ResponderExcluirComo consequência à declaração de guerra do Brasil às forças do Eixo, em pleno cenário da Segunda Guerra, não apenas as instituições de ensino, bares e restaurantes de nomes alemães foram pressionados a mudar suas identificações. A tradicional loja de brinquedos, "À Feira de Leipzig", na rua Rodrigo Silva, c/ Sete de Setembro, passou a se chamar "À Feira dos Brinquedos". E os italianos, em especial os jornaleiros, também foram hostilizados, com depredações de algumas bancas de jornais. Minha curiosidade fica por conta de eventuais retaliações a membros da colônia japonesa. Como o Rio nunca foi uma cidade onde a presença japonesa fosse marcante, ao contrário de outras regiões do país, não me lembro de ter lido algo a respeito.
ResponderExcluirQuanto ao tradicional Colégio Cruzeiro salvo engano o filho de um regular comentarista também estudou nessa instituição.
Em tempo: No episódio da invasão do Bar Adolf (depois Luiz) pelos estudantes que pretendiam iniciar um quebra-quebra, consta que quem estava presente e evitou os danos foi o compositor Ari Barroso. Segundo relatos, Ari, que já era famoso por suas composições, iniciou um discurso inflamado condenando a iniciativa. Com sua oratória conseguiu aplacar os ânimos, com aplausos no final. Por ter frequentado locais similares, inclusive alguns favoritos do compositor, posso dizer que conheço a "fauna" típica que habita essas paragens e fico a imaginar o episódio como se lá estivesse. Isso me dá certeza que no fundo o foco maior da preocupação do Ari não era condenar as ameaças xenofóbicas e sim manter incólume o local onde ele sabia que voltaria outras vezes.
ExcluirConheci o Ari Barroso quando, por acaso, acompanhei meu "velho" que tinha ido visitar o Ari, internado num hospital. Já nem me lembro qual, era pequeno. Só lembro da resposta do Ari para o "velho", quando este perguntou como ele estava: "Bati na trave, desta vez. Vamos ver na próxima."
ExcluirEnsino por excelência e pronto! Não há outro caminho para a evolução e crescimento do ser humano. O Colégio Cruzeiro é uma dessas instituições modelares e que são ícones na educação. Faltou dizer que existe uma filial na Barra da Tijuca e as mensalidades são "salgadas": Mais de R$ 3.000,00. Se não me engano existe um anexo do Colégio na Rua do Senado, onde a quantidade de ônibus do colégio tira a paciência de qualquer mortal.
ResponderExcluirMantendo essa atitude de "adequar" a nomenclatura, seria interessante suprimir nomes que lembrassem locais onde a selvageria e atraso andam lado a lado. A conferir.
ResponderExcluirEntra governo e sai governo e não dão jeito na Educação primária. A única pública de primeiro grau decente é o Pedro II, que é federal.
ResponderExcluirConcordo, Wagner. Hoje mesmo no programa do Boechat era lida a notícia que quase 50% dos alunos de 8 anos das escolas públicas não conseguem ler ou fazer cálculos simples de matemática. Constata-se que Educação Primária definitivamente não é prioridade dos governos brasileiros.
ExcluirAqui em Vix alguns estabelecimentos também tiveram que mudar o nome,conforme relatos.Em relação aos bares citados já ouvira falar das mudanças e do sufoco durante o período da Segunda Guerra.Lembrei que até clubes de futebol,Palmeiras e Cruzeiro em especial,deixaram de ser Palestra Itália.Outros tempos.
ResponderExcluirBom dia a todos. Sou suspeito em falar desta instituição de ensino, visto que meu filho estudou 14 anos nesta escola desde o Jardim II até o 3º ano do 2º grau. Funcionou até 1993 na R. São Clemente em Botafogo a unidade (pré escolar) do Cruzeirinho , que no ano seguinte veio a se juntar a sede na R. Carlos de Carvalho, já a nova unidade de Jacarepagua (fica ao lado do Retiro dos Artistas) foi inaugurada em 1999. Nesta escola o aluno além do bom ensino ministrado, o aluno aprende a ter disciplina, respeito as regras, formar amizades. As suas festas juninas são espetaculares, na época do meu filho elas ainda eram no mesmo dia, tanto os alunos do Jardim até a 4ª série e a tarde da 5ª ao 3º ano do 2º grau. Nestas festas a organização alemã já começava no convite, onde o lay-out da posição das barraquinhas no pátio da escola estavam identificadas, o programa de apresentação das turmas com o respectivo horário, que eram cumpridos rigorosamente. Pelo pátio os funcionários estavam a todo o momento retirando copos, garrafas, pratos e talheres, no chão não se via um guardanapo se quer. Os banheiros sempre totalmente limpo, com sabão e papel nas toalheiras, como se a festa ainda fosse começar. Nós chegávamos sempre pela manhã e só saíamos quando a festa terminava, depois de um sem números de chopes, salsichões e outras guloseimas, compra de inúmeras rifas. Participamos todos os anos desta festa enquanto meu filho lá estudou, sendo que ele ainda participou mais alguns anos depois juntos com amigos da sua turma, na quadrilha dos ex-alunos que era chamada de turmas 400 e 500. Tenho um álbum em casa com fotografias da festa junina de todos os anos que ele lá estudou.
ResponderExcluirBom Dia! Chamou minha atenção a caligrafia no quadro-negro. Bem diferente dos garranchos dos Professores de hoje.Até o quadro não é mais Afro-Descendente.
ResponderExcluirNomes que por razões óbvias deveriam ser suprimidos seriam em primeiro lugar a Cidade de Deus, por razões que dispensam maiores comentários; a "Vila do João", visto ser um insulto ao presidente Figueiredo ter seu nome associado a um antro de criminosos; a Avenida Dom Hélder Camara deveria voltar a se chamar Suburbana; o túnel Zuzu Angel deveria voltar a se chamar "Dois Irmãos". Deveria também ser proibida na redação oficial a palavra "comunidade" para se referir às favelas, já que comunidade pressupõe a existência de locais onde a civilidade e a ordem imperam.
ResponderExcluirQuanto ao Zuzu Angel e Dom Hélder Câmara concordo, deveriam voltar ao nome original, mesmo porque ninguém os usa.
ExcluirQuanto a "favela" é um bonito nome, são arbustos de fava. Se ainda fosse um nome feio concordaria com "comunidade".
Bom dia ! Será que a foto é mesmo de 1958 ? Pergunto, porque nenhum dos rostos, que aparecem na mesma, me são familiares...
ResponderExcluirO aspecto atual do colégio é diferente, apesar de parecido, pois recebeu reformas (acho que mais de uma) após esta foto.
Até hoje são promovidas festas, todos os anos, para os ex-alunos, o que é muito bom, pois é uma ótima oportunidade para revermos quem estudou conosco ou foi aluno contemporâneo.
O Colégio Cruzeiro possui um coral muito bom que já se apresentou aqui, em Juiz de Fora. O descobri, por mero acaso, na última hora e fui lá correndo, para assistir à sua apresentação. Conversando com os seus componentes, após o espetáculo, comentei que a apresentação praticamente não havia sido anunciada pelo Pró-Música, onde teve lugar o evento. Não notei que a diretora da referida casa de espetáculos se encontrava entre nós e que, depois de meu comentário, saiu de fininho...
Já no que diz respeito à proibição de nomes alemães, durante a 2ª Grande Guerra Mundial, fui vítima da referida proibição, porque, como minha mãe era alemã (nascida em Berlim) naturalmente me ensinou a língua germânica em primeiro lugar, e sempre se comunicava comigo nesse idioma.
Foi proibido, então também, que se falasse alemão no meio da rua, o que representou uma série de situações constrangedoras para meus pais, pois eu, criança pequena ainda, só falava aquela língua, como já dito, e, assim, ou falava muito baixinho para ninguém ouvir, ou tinha que ficar calado, o que para uma criança daquela idade, era impossível de entender.
Depois da guerra também continuou proibido o curriculo alemão nas escolas, o que fez com que os descendentes de imigrantes alemães fôssem deixando de falar a língua mater, de sorte que nos dias atuais, ninguém mais da colônia alemã aqui de Juiz de Fora, saiba a língua de seus antepassados. Constatei isso, quando passei a integrar o grupo folclórico de danças alemãs aqui de JF e, quando apareciam alemães por aqui, por ocasião da festa que é feita todos os anos, como foi o caso da instalação da fábrica da Mercedes Benz, eu tinha que fazer as vezes de intérprete. Sôbre esse assunto, não sei se já a contei aqui, houve uma passagem interessante. Um engenheiro da Mercedes se encantou com a organizadora da festa, descendente de alemães, e começaram a conversar e depois a namorar. Só que ela não falava mais o alemão e ele não falava Português. Servi de intérprete para os dois, que, mais tarde se casaram e foram morar na Alemanha durante alguns anos (hoje estão de volta ao Brasil e moram lá para os lados do nosso amigo Belletti, o que é um grande espanto ou não). E, minha falecida espôsa e eu fomos padrinhos desse casamento.
Muller,sexta passada estive com um amigo que tem Surerus de sobrenome e tem grandes raízes em Juiz de Fora.Falou-me um pouco da cidade,que conheço só de passagem, e rememorou alguns moradores de origem alemã.
ExcluirInteressante, WHM.
ResponderExcluirA foto tinha a legenda de 1958.
Perdão, Dr.D., a foto pode mesmo ser de 1958. É que saí da escola em 1959, no 3ºCientífico. As crianças da foto devem ter lá os seus 8, 10 ou 12 anos (ou coisa parecida) e, portanto, muito mais novos do que eu, na época. Como, no colégio, geralmente só nos interessamos pelos mais velhos, porque até nos servem de exemplos e porque estão lá há mais tempo, nem tomamos conhecimento dos mais novos, principalmente dos MUITO mais novos. Lhe peço escusas pela dúvida !
ResponderExcluirNessa madrugada, do alto do meu "pince-nez", teci algumas considerações sobre este blog e expliquei o porque de não mais comentar usando o meu verdadeiro nome, assaz conhecido desde os tempos do "Voando para o Rio" e "Foi um Rio que passou em minha vida" entre outros. Mas quando vi o post de hoje, acabei me emocionando. Essa emoção se deve ao tema educação, artigo em extinção no Brasil. Áureos tempos em que perfilhados, alunos em postura circunspecta cantavam o hino nacional. Sabemos que o tempo é como uma mulher bonita, a qual deixamos passar a oportunidade de um "particular". Mas sonhar não custa.
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirJá vi os comentários, inclusive alguns (como sempre) fora do tom razoável de civilidade.
Respondendo ao Docastelo, acho que aconteceram perseguições à colônia japonesa estabelecida no país, incluindo campos de concentração (apesar de não terem sido chamados assim).
Havia um campo de concentração em Guaratinguetá-SP. Era como a "concentração" do futebol. Reunia alemães, italianos e japoneses suspeitos de colaboração com o eixo. Após desativação transformou-se na escola de sargentos da aeronáutica. Não sei se aproveitaram as construções do campo, mas é bem provável que sim. Havia outros pelo país.
ExcluirA informação sobre a reutilização do campo de confinamento como unidade militar tem algum sentido. Suspeitava que esse tipo de segregação ocorresse no interior por questões de segurança. Após um período de deslumbramento pelo governo Vargas com os nazifascistas a caça às bruxas que se seguiu foi implacável. Com a facilidade de ter em mãos as referências (identidades, endereços etc.)dos indivíduos não deve ter sido difícil localiza-los. Há um documentário no canal History sobre a chamada "5ª Coluna" no Brasil mas, salvo equívoco, não menciona os japoneses.
ExcluirCampo de concentração no Brasil existiram e não foram poucos. Iniciativa de Vargas para "fazer média" com os aliados. Hoje em dia existem em profusão em face da violência nas cidades. As esquerdas agradecem. "Bonum est".
ExcluirSempre repito a máxima de Nelson Rodrigues que afirma que a "unanimidade é burra" e isso se aplica a "este sítio". Seria por demais que todos concordassem em tudo e não haveria a menor graça. É fato que a grande maioria aqui possui vasto conhecimento, seja cultural, seja vivencial. Apesar de possuir uma "cultura de almanaque", segundo alguns, me sinto lisonjeado em compartilhar esse espaço com praticamente todos vocês, lendo seus comentários e aprendendo com a maioria, ainda que alguns comentários sejam (como sempre)contemplativos porque apenas "observam" ou tenham "sabor" de água de salsicha.
ResponderExcluirVi a segunda foto lembrei que Tia Nalu sempre diz que lugar de quadrilha é em Brasilia.
ResponderExcluirSó para complementar, aqui vai um trecho da Wikipédia a respeito do colégio em tópico...
ResponderExcluirA origem do Colégio Cruzeiro está ligada à colônia alemã no Rio de Janeiro. Cerca de mil imigrantes por ano, a partir de 1840, chegavam à cidade. As dificuldades por eles encontradas levaram à fundação, em 23 de fevereiro de 1844, da Deuscher Hilfsverein (Sociedade Beneficente Alemã). Em 18 de agosto de 1862, 75 dos 78 sócios da Sociedade Beneficente Alemã reunidos em assembléia resolveram fundar sua própria escola.[2]
Em 1 de setembro de 1862, a Deutsche Schule (Escola Alemã) entrava em funcionamento em imóvel alugado na Rua dos Inválidos, 64-B. Atendia a 32 alunos, e os responsáveis eram Friedrich von Hagen e a Sra. Dörfler. O número de alunos cresceu rapidamente, chegando a 222 em 1919 e 451 em 1926. Em 1925, o colégio precisou ampliar as suas instalações, com mais dois andares de salas e um auditório. Em 1924, a escola se transformou em Oberrealschule (equivalente ao segundo ciclo do Secundário). A partir de 1931, levava os três primeiros alunos ao Abitur (Exame de Madureza).
Mais informações a respeito em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%A9gio_Cruzeiro
Boa noite a todos.
ResponderExcluirQuem tem ascendência de alemães, japoneses, e italianos, sabe muito bem o que foi isso nessa época, mesmo até aqueles que nem nascido eram no tempo da guerra como eu.
De certo pais e avós contaram isso por diversas vezes.
Muitos não sabem, porém o Brasil possuiu Campos de Concentração no interior de alguns Estados da Federação, e acho de que o RJ se inclui nisso também.
Os EUA foi outra nação que teve Campos de Concentração com oriundos das nações do Eixo e descendentes.
Sobre as perseguições e Campos de Concentração do qual os japoneses integraram, sugiro o livro lançado ainda na década de 90 chamado Shindô Himei.
Ouve também dois filmes interessantes feitos por um diretor que era filho de um Ministro da época do FHC. Um dos filmes falava da perseguição japonesa baseado na obra Shindô Himei, e a outra acredito que falava sobre os alemães.
Não me lembro do nome do diretor, nem dos filmes, e nem do pai dele que foi Ministro do FHC.