Hoje são apresentadas 6 fotos da Fábrica Confiança, todas do fotógrafo A. Ribeiro e do acervo de meu amigo Klerman Wanderley Lopes. O texto abaixo foi conseguido no "site" História dos Bairros - Vila Isabel.
A “Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial” (“Fábrica
de Tecidos Confiança”), com sede na Rua Souza Franco nº 1, no bairro de Vila
Isabel, foi fundada em assembleia no dia 22 de abril de 1885, embora estivesse
funcionando desde 1878. Em
1885, a fábrica funcionava com 400 teares; em 1894 foi
acrescentada uma quantidade considerável de novos teares; em 1905, a Fábrica
Confiança tornou-se a maior fábrica do Brasil, trabalhando com 1.600 teares.
Era uma fábrica invejável, completa, ocupando grande área na Rua
Maxwell. Foram construídas moradias para diretores e operários, além de escola
e garantia de emprego aos estudantes, no término dos cursos. A fábrica
construiu duas chaminés, a primeira em 1878 que, infelizmente, rachou e teve
que ser demolida. A segunda não menos apreciada, foi construída em 1894 e, com
sua forma arredondada, permanece até hoje como monumento histórico do bairro.
Seus três apitos inspiraram o compositor Noel Rosa, a escrever os
versos de famosa melodia (“Quando o apito da fábrica de tecidos, vem ferir os
meus ouvidos, eu me lembro de você ...”).
No período 1927/1929, em consequência da recessão na Bolsa de Nova
York, as vendas caíram e muitos operários foram demitidos, tendo sido decretada
a falência da fábrica. Em 1933, a família Menezes adquiriu a Fábrica, retomando
as suas atividades, e tornando-a novamente, numa das mais importantes do país.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Fábrica Confiança foi a única fornecedora
de tecidos para a confecção dos uniformes das Forças Armadas do Brasil. Nessa
época, seus lucros eram fartos e divididos entre empresa e empregados. A guerra
acabou e o faturamento da empresa voltou ao normal.
Entretanto, após vários anos, com o falecimento de Antonio Lacerda
de Menezes, diretor-presidente da fábrica, novo período de decadência surgiu,
causando grande apreensão entre operários e patrões, a tal ponto que a fábrica
foi vendida em 1964 ao grupo paulista J.J. Abdala que, contudo, não conseguiu
reerguê-la. Com tristeza, operários, diretores e moradores viram a Fábrica
Confiança cerrar suas portas, definitivamente.
Aquele patrimônio, que abrigou tanta gente, durou apenas 85 anos,
deixando em Vila Isabel uma enorme saudade. As casas, que serviram de moradias
para os operários e diretores, permanecem como na época de suas construções,
formando hoje a "Vila Operária Confiança".
PS1: qual seria a explicação para todos estes postais saírem em
coleção sobre a Exposição Nacional de 1908? Seriam propaganda distribuídos na
Expo?
PS2: o lago que aparece na foto 5 seria uma montagem?
Quando se instalou o Boulevard aí?
ResponderExcluirO apito da fábrica que inspirou Noel Rosa não era a América Fabril que ficava na Barão de Mesquita?
Bom Dia! Ainda cheguei a ver aqui no Rio várias tecelagens em funcionamento. Tijuca,Andaraí, Grajaú, Del Castillo, Deodoro,Bangu. Todas falecidas. Será que nas demais cidades o "fenômeno" também aconteceu ?. Faltam 61 dias.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirFui algumas vezes, já como supermercado. Mas depois da era Boulevard. Não lembro agora se já era Extra. Acho que não.
A expo 1908 tinha pavilhão da Bangu. Curioso o fato dessas fábricas, como a do Jardim botânico , ao lado do parque Lage e do Horto, serem mini municípios, com residências, escolas, ambulatórios. A Bangu também. Evitavam deslocamento de operários , que trabalhavam mais. Parece que a indústria de tecidos nessa época tinha grande força e funcionava dentro da cidade.
ResponderExcluirAcho que antes de ser Extra foi um Supermercado da Rede Disco
ResponderExcluirO lago não é uma montagem, era um açude. Meus tios eram proibidos por minha avó de se aproximarem do açude, já muitas crianças morreram ali afogadas. Atualmente funciona ali um "pool" de agências de automóveis. A quarta foto mostra a esquina da Maxwell antes da duplicação ocorrida em 1969. À direita está a esquina da Pisa de Almeida e à esquerda está a esquina de Agostinho Menezes. O imóvel em primeiro plano e todos subsequentes até a esquina da Silva Teles foram demolidos por ocasião da reforma. Todo o pavilhão da fábrica que aparece à direita foi demolido e em seu lugar está o estacionamento principal do Supermercado Extra.
ResponderExcluirO Mengão em tempos idos( década de 60) treinava no campo de futebol dessa fábrica. O ataque do Mengo: Espanhol, Airton, Dida e Joel davam as cartas.
ResponderExcluirPara quem aprecia MPB a associação dessa unidade fabril com a composição de Noel Rosa é imediata. Tive oportunidade de acompanhar visitantes de outros estados nessa região apenas para conhecer o local que teria inspirado o profícuo mas efêmero compositor. Entretanto, era visível a decepção quando o interessado fã era informado do equívoco de Noel que ao mencionar essa fábrica como o local de trabalho de sua amada Fia desconhecia que o verdadeiro endereço era de uma fábrica de botões na mesma região. Outro dado interessante sobre essa indústria era sua equipe de futebol, Confiança Atlético Club, que se tornou campeã da Associação Carioca de Foot Ball (ACF) no ano de sua fundação (1915).
ResponderExcluirBom dia a todos. Para mim a mais bela construção de Vila Isabel, quando reabriu como Supermercado Paes Mendonça, as obras que realizaram deixou o prédio muito bonito, mas acho que enterraram alguma cabeça de boi no local, pois nada consegue ir a frente neste local, hoje a falta de manutenção e alterações internas de lay out deixaram o prédio desarrumado. Joguei muitas vezes no campo do Confiança , antes de virar quadra do Salgueiro, no final, o campo já estava todo careca e as instalações mal tratadas.
ResponderExcluirO brasileiro infelizmente nasceu para ser pobre, vejo alguns empreendimentos que no Brasil, não vão prá frente de jeito nenhum, que na mão de outras pessoas estariam dando muito lucro, gerando empregos e arrecadando impostos. Opa, falar em lucro de empresário no Brasil é crime, empresário não pode ter lucro. Vejo esta fábrica, a estação da Leopoldina, os armazéns do Cais do Porto e se pensar um pouco mais, virão a memória dezenas de outros locais, que se fossem administrados por quem gosta de ter lucro e ganhar dinheiro, estariam gerando empregos, renda para centenas de pessoas, famílias e arrecadando impostos.
Com relação ao comentário das 8:56 e sobre a fábrica mencionada por Noel Rosa em seu "samba-canção" Três apitos, trata-se da América Fabril, uma fábrica de porte semelhante ao da Confiança. A sede dessa antiga fábrica ficava na Rua Barão de Mesquita e atualmente lá funciona a sede de uma entidade de funcionários do BB. As instalações da fábrica ocupavam parte das Ruas Barão de São Francisco, Maxwell, e Duquesa de Bragança, onde existe uma vila operária. O conjunto de prédios conhecido como "Tijolinho" e que ocupa alguns quarteirões das ruas mencionadas foram construídos nos terrenos da América Fabril.
ResponderExcluirÉ uma construção exuberante. Que bom que ainda está de pé, mesmo tendo sofrido algumas pequenas modificações em seu entorno. Passando outro dia em frente das casas dos operários, reparei que não estão em boas condições.
ResponderExcluirFui muitas vezes fazer compras do mês nesse prédio, quando era o supermercado Boulevard, na década de 1980. Além do supermercado, o térreo também tinha muitas lojas comerciais e no mezanino funcionava a Rio Decor.
ResponderExcluirAnos depois virou supermercado Extra, mas aí já havia o Guanabara próximo, com preços muito menores.
O lugar onde o Joel diz ter sido um açude virou um galpão com famosa feira de automóveis usados.
Até 1990 no local onde funciona o Supermercado Guanabara era a garagem da Viação Cometa. Quanto ao Rio Decor, há boas lojas de móveis, mas se tiverem que comprar, só à vista e com "pronta entrega". A razão disso é que todos os boxes pertencem a um grupo que os aluga sem qualquer contrato formal tácito ou escrito. Quando o locador quer retomar o imóvel por qualquer razão, avisa ao locatário para que desocupe o imóvel em 24 horas e se não for atendido, homens armados "providenciam a desocupação". Isso me foi relatado pelo vendedor de uma loja quando eu estava prestes a comprar um "conjunto de sala" pagando em três vezes "no cartão". Não é preciso dizer que desisti da compra.
ExcluirUm local também com um perigoso açude era atrás da fábrica América Fabril, na rua Barão de Mesquita. Minha esposa morava ali perto e conta que várias crianças morreram afogadas ali. Ela assistiu ao resgate do corpo de uma delas pelos bombeiros, na década de 1970.
ResponderExcluirMinha sogra proibia terminantemente que ela e o irmão entrassem no açude.
Depois a área foi aterrada e ocupada por alguma empresa. Acho que pela Caixa Econômica.
O Joel lembrou bem: na rua Duquesa de Bragança ainda estão de pé as casas da vila operária da América Fabril. A área ocupada pela fábrica abriga um grande conjunto residencial, tambem citado pelo Joel e conhecido como "tijolinho" porque todos os prédios têm as paredes externas feitas ou decoradas com tijolinhos.
ResponderExcluirNo terreno também há a ASBAC (Associação dos Servidores do Banco Central), com parquinho para crianças, uma academia e um salão de festas, além de uma área arborizada muito bonita.
Em 1958 eu estava no curso de admissão ao ginásio e passava em frente á fábrica da Covilhã, na rua Garibaldi. Nessa época parece que já não funcionava mais.
ResponderExcluirEste blog, em 20 de maio de 2020, listou muitas fábricas de tecidos situadas na Tijuca. Vale a pena conferir.
Pois é Hélio, isso mostra o quanto a economia do Rio de Janeiro encolheu, mais de uma dezena só de industrias textil, se pegarmos os demais ramos industriais que saíram do Rio a partir do governo Brizola, são mais de 5.000 CNPJ que foram cancelados, considerando somente 10 empregos por cada um deles, perdemos 50.000 empregos diretos, não saberia quantificar quantos indiretos e quanto de renda perdemos na cidade. Como já frisei algum tempo atrás, o Rio de Janeiro cresce como um rabo de cavalo.
ExcluirSim Adelino,você tem razão.A decadência que assola o Rio de Janeiro desde 1983 se deve a presenças deletérias na política do Estado.Mas há quem as defenda.
ExcluirQuando o apito da fabrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos eu me lembro de Noel Rosa. É que a Vila não quer abafar ninguém só quer mostrar que faz samba também...
ResponderExcluirO shopping construído onde era a fábrica Bangu deu um "levante" no local. Legal que mantiveram as palmeiras imperiais, o prédio da antiga creche dos filhos dos operários e a icônica chaminé. A arquitetura externa foi bem preservada, nem a construção da Leroy Merlin no estacionamento descaraterizou o visual. Antes do shopping, na época que estava em semi-abandono, serviu de cenário para o filme "Olga", reproduzindo imagens de uma Alemanha da década de trinta.
ResponderExcluirInteressante que as ruas no entorno possuem nomes alusivos à fábrica: Rua do Açude, dos Tintureiros, da Fiação, etc.
O shoppingb Nova América também é numa antiga fábrica de tecidos. Mas para andar lá dentro tem de levar um fio de Ariadne, porque é facílimo se perder. Uma vez estacionei o carro e na volta não o achava. Fiquei desesperado e já estava pensando em dar queixa de roubo. Aí pedi informação num guichê de pagamento do estacionamento e descobri que há dois prédios de estacionamento e o carro estava no outro diferente daquele em que procurei. Por isso evito ir lá, embora não seja muito longe de casa.
ResponderExcluirUma noite minha enteada estava sentada numa pracinha que existe no fim dessa rua da vila de empregados da fábrica Confiança. Aí, deu falta do celular. Furtaram-no. Ela ficou desesperada e voltou para casa chorando.
ResponderExcluirMas ela namorava um rapaz do morro dos Macacos. Comunicou a ele, que prometeu achar quem havia furtado o aparelho.
Não deu outra. No dia seguinte alguém ligou pedindo desculpas e dizendo que o celular estava debaixo de um carro naquela praça. Era para ela ir lá imediatamente. Dito e feito. Achou o aparelho.
Justiça que funciona.