O Café Níce foi fundado em 1928 e sobreviveu na Av. Rio Branco até 1954. Reunia a boemia carioca e era ponto de encontro de músicos, jornalistas e personagens do mundo do futebol.
Por
sua localização no centro da cidade e pela época em que funcionou era
praticamente obrigatório o uso de terno por seus frequentadores. Ficava na
esquina da Av. Rio Branco com Rua Bethencourt Silva, exatamente na Av. Rio
Branco nº 174.
No
Café Nice muita música era composta e vendida. Era comum encontrar ali Noel
Rosa, Pixinguinha, Villa-Lobos, Orestes Barbosa, David Nasser, Jorge Veiga,
Blecaute, Moreira da Silva, Sivuca, Araci de Almeida, Ataulfo Alves, Nelson
Gonçalves, Orlando Silva, Francisco Alves, Mário Lago. . Durante muitos anos
manteve uma orquestra de moças, dirigida pela violinista Maria Luíza Goudron.
Mas a
frequência do Café Nice também incluía bicheiros, bookmakers, até
contrabandistas, segundo Danilo Gomes. Era um bom local para lavagem de dinheiro,
comprando músicas para despistar a polícia. J. Piedade era conhecido como o
maior vendedor de músicas do Café Nice.
Essa estória de "vender música" é antiga. "Havia rumores" de que algumas músicas de Noel Rosa também assinadas por um certo "Kid Pepe", um lutador de boxe, tiveram essa "parceria" obtida de forma suspeita, seja através da compra, seja através de ameaças. Compor música no passado era uma atividade que muitas vezes era plagiada por "espertos", já que muitas músicas não eram registradas. Um bizarro exemplo disso é a música "Meu limão meu limoeiro", música popular muito antiga e que foi registrada por Carlos Imperial, um dos maiores ícones da canalhice e do mau-caratismo. Quanto ao Café Nice, havia uma casa com esse nome nos anos 80 na Avenida Rio Branco na Cinelândia.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirEssa numeração está certa? Salvo engano, essa rua Bettencourt Silva fica atualmente entre o Avenida Central e o prédio da Caixa, servindo de acesso à estação Carioca do metrô.
Em tempo: pela numeração e pelos frequentadores ficaria perto da Praça Mauá e da rádio Nacional, o que faria sentido... Posso ter mesmo confundido as ruas.
ResponderExcluirO primordial Café Nice (Av. Rio Branco, 174) ficou famoso pela quantidade de obras memorialistas que foram escritas sobre os episódios de encontros ali ocorridos entre seus peculiares e então famosos frequentadores, rendendo também uma composição musical. Existe até um livro incompleto, de autoria do compositor Wilson Batista. Todavia, houve quem afirmasse que sua posição privilegiada no centro da cidade, e proximidade com as sedes das Rádios e gravadoras, foi primordial para a regular frequência dessa fauna musical. Um desses observadores foi o radialista/redator/ animador Renato Murce, autor do livro "Bastidores do Rádio - fragmentos do rádio de ontem e de hoje" (Ed. Imago, 1976) que mencionou em sua obra a importância da Taberna da Glória nos equivalentes encontros dos compositores e intérpretes, que varavam a madrugada em total boemia. Outra importante obra sobre o tema que merece citação é "Memórias do Café Nice", de Nestor de Holanda.
ResponderExcluirPara mim, foto inédita. Uma beleza de Bar. Vendo no Google, o número 74 ficava na Av. Rio Branco, perto da esquina com a Rua da Alfândega. Conheci um Café Nice, nos anos 90, que ficava no subsolo na última quadra da Av. Rio Branco, na calçada da esquerda, logo após a esquina com a Rua Santa Luzia. Não devia ter relação alguma com esse.
ResponderExcluirBom dia a todos. Não é do meu tempo, vamos acompanhar os comentários.
ResponderExcluirLinda postagem, não conhecia a história do Café Nice, pelo que li era Av. Rio Branco nº 174
ResponderExcluirLi um pouco sobre, inclusive o café é citado na música 'Rio Antigo' de Chico Anysio e Nonato Buzar, no Youtube há uma gravação dos 2 cantando mas a da Alcione é melhor.
Sinceramente, vale a pena escutar: https://www.youtube.com/watch?v=2q5zgzxqol8
'Quero um bate-papo na esquina
Eu quero o Rio antigo
Com crianças na calçada
Brincando sem perigo
Sem metrô e sem frescão
O ontem no amanhã
Eu que pego o bonde 12 de Ipanema
Pra ver o Oscarito e o Grande Otelo no cinema
Domingo no Rian
Me deixa eu querer mais, mais paz
Um pregão de garrafeiro
Zizinho no gramado
Eu quero um samba sincopado
Taioba, bagageiro
E o desafinado que o Jobim sacou
Quero o programa de calouros
Com Ary Barroso
O Lamartine me ensinando
Um lá, lá, lá, lá, lá, gostoso
Quero o Café Nice
De onde o samba vem
Quero a Cinelândia estreando "E o Vento Levou"
Um velho samba do Ataulfo
Que ninguém jamais gravou
PRK 30 que valia 100
Como nos velhos tempos
Um carnaval com serpentinas
Eu quero a Copa Roca de Brasil e Argentina
Os Anjos do Inferno, 4 Ases e Um Coringa
Eu quero, eu quero porque é bom
É que pego no meu rádio uma novela
Depois eu vou à Lapa, faço um lanche no Capela
Mais tarde eu e ela, pros lados do Hotel Leblon
Um som de fossa da Dolores
Uma valsa do Orestes, zum-zum-zum dos Cafajestes
Um bife lá no Lamas
Cidade sem Aterro, como Deus criou
Quero o chá dançante lá no clube
Com Waldir Calmon
Trio de Ouro com a Dalva
Estrela Dalva do Brasil
Quero o Sérgio Porto
E o seu bom humor
Eu quero ver o show do Walter Pinto
Com mulheres mil
O Rio aceso em lampiões
E violões que quem não viu
Não pode entender
O que é paz e amor'
Que letra maravilhosa!! Retrata bem o Rio da época, o Rio de que sinto falta. Nunca ouvi essa musica. Há quase 1 mês baixei do You Tube 52 músicas brasileiras antigas e gravei dois CD's com elas. Tem Ivon Curi, Núbia Lafayette, João Dias, Wilma Bentivegna, Vanja Orico, Trio Nagô, Dalva de Oliveira, Sylvia Telles, Dalva de Andrade, Dóris Monteiro, Dorival Caymmi e outros.
ExcluirA letra é genial e retrata o verdadeiro Rio. A melhor de todas as gravações é a de Alcione.## Nunca achei Ivon Curi um bom cantor. Era humorista, homem-show, mas nunca cantor. Era casado com uma portuguesa de nome Ivone e diziam que foi um casamento arranjado. Lafayette era bom no teclado, Dalva de Oliveira era uma das melhores vozes femininas (quando sóbria).
ExcluirPrezado Hélio, deixei o link da música no comentário, escute, tenho certeza que vai gostar, a voz da Alcione jovem é sensacional!
ExcluirPrezado Mário Fonseca ==> realmente, o Ivon Curi não era bom cantor. Baixei dele "Farinhada","Menino de Braçanã" e "João Bobo", a título de recordação. Quanto ao nome Lafayette que escrevi, não era o tecladista e sim a cantora Núbia Lafayette, cantando "Kalu".
ExcluirERRO DE DATILOGRAFIA: o número correto é 174, não saiu o 1 no texto. Já corrigi. Mas pela descrição da esquina com Bethancourt Silva já podia se ver que estava errado. Agradeço a atenção dos comentaristas que rapidamente notaram o engano.
ResponderExcluirO livro do Danilo Gomes, "Antigos Cafés do Rio de Janeiro", também é muito interessante.
ResponderExcluirMuito boa essa foto.
ResponderExcluirBela marquise, de muito estilo.
Conforme comentei uma vez o Google Maps ignora a existência da Rua Bethancourt Silva.
Às vezes tenho dúvidas se certas músicas do Roberto e Erasmo Carlos são realmente de autoria deles.
ResponderExcluirParticularmente, acho que se trata de plágio os 20 segundos iniciais das músicas _Pele de Couro_, do Ruy Mauriti, e _Longer Boats_, do Cat Stevens.
ResponderExcluirPrezado Hélio, na condição de particularmente interessado nos aspectos da denominada propriedade imaterial, onde se enquadra o Direito Autoral, entendo que caberiam alguns esclarecimentos. A utilização do termo "plágio" é usual porém não tem amparo na legislação pertinente. A expressão correta é contrafação. Com relação aos aspectos de reprodução de trechos de obras intelectuais a legislação, e a correspondente jurisprudência, fala na reprodução ilícita "do todo ou em parte", sem mencionar o fator tempo ou o número de compassos, neste caso nas composições musicais. Assim, para confirmar, ou não, o conteúdo do pedido inicial da competente Ação Ordinária será necessária a designação de perito judicial pelo juízo, e dos assessores técnicos pelas partes, estes responsáveis pela formulação dos quesitos.
ExcluirCom relação às suas suspeitas da utilização de "plágios" nas composições da dupla Roberto e Erasmo Carlos isso ficou demonstrado quando da condenação a que foram sujeitos em processo movido em anos recentes. O mundo do "show business" está farto de conhecer os hábitos dessa dupla. Inclusive era comum ouvir que eles tinham o hábito de se autocopiarem. Mas não são e nunca serão os únicos. Atuei como perito informal em processo movido pela cantora evangélica Tita contra o maestro Tom Jobim com relação à música Anos Dourados (a composição, não a letra do Chico Buarque) e meu parecer foi confirmado em juízo, com a consequente condenação. O processo foi arquivado com a morte do compositor. Outro famoso caso foi do cantor/compositor brasileiro Morris Albert (Maurício Alberto) com a composição "Fellings". Faltaria espaço para citar apenas os mais conhecidos.
Boa Tarde! Só para marcar presença
ResponderExcluirO Samba-canção Rio Antigo mostra tudo que Rio tinha e perdeu. Os autores estavam inspirados quando o compuseram. Não sei qual foi a proporção de cada um e a sensibilidade de Mário Lago foi muito além da panfletagem partidária.
ResponderExcluirAo "Unknown" das 09:38h ==> escutei a música indicada e listada no seu comentário. As imagens que acompanham o desenrolar da canção constituem um belo caso à parte.
ResponderExcluirBoa noite. Passei para ler os comentários já que não conheci este Café Nice (o original), e encontro a letra da musica Rio Antigo, para mim uma das mais bonitas letras de música que falam do Rio. E aproveito a oportunidade para sugerir ao gerente do nossa bar, que o Dr. Luiz D' faça desta música o Hino ou a Canção Símbolo do Saudades do Rio.
ResponderExcluirTem todo o meu apoio.
ExcluirFiquei na dúvida quanta se a foto é mesma do Café Nice...me parece que já vi em algum grupo de Rio antigo com outro nome...
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