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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

BONDE 13 - IPANEMA

Recordamos hoje o bonde 13, linha Ipanema, que sempre vi com reboque. Era o que eu usava para ir de Copacabana até Ipanema. Seu itinerário era Tabuleiro da Baiana - Senador Dantas - Luís de Vasconcelos - Augusto Severo - Largo da Glória - Catete – Marquês de Abrantes - Praia de Botafogo - Rua da Passagem - General Goes Monteiro - Lauro Sodré - Túnel Novo - Prado Jr. - N. S. de Copacabana - Francisco Sá - Gomes Carneiro – Visconde de Pirajá (até o Bar 20, onde havia um rodo). 

Eu gostava de ir no reboque, pegando o bonde no ponto em frente à Spaghetilandia, restaurante entre as ruas Dias da Rocha e Raimundo Correa. Ía na contra-mão pela Av. N. S. de Copacabana, Francisco Sá e Visconde de Pirajá. Quando ia assistir a algum filme no cinema Astória, passava em Ipanema pelos cinemas Ipanema, Pirajá e Pax. A Visconde tinha poucas árvores e calçamento com paralelepípedos.

Outra ocasião em que pegava o 13 era para ir até ao Tabuleiro da Baiana durante o carnaval. Não faltava um frasco de lança-perfume para atingir os passageiros de algum outro bonde que vinha em sentido contrário. Brincadeira inocente para as crianças.

A maioria das fotos de hoje são do acervo do Helio Ribeiro. Este é um fotograma de um filme de Jean Manzon. O apinhado bonde 13 está na Rua General Goes Monteiro e as casas ao fundo eram da Santa Casa. Foram demolidas para a construção de um posto de gasolina, acho que do Touring. Segundo o Helio, com mais de 1200 bondes circulando diariamente pela cidade, eram poucos os acidentes graves com passageiros nos estribos. Mais comum era um novato sair catando cavaco após saltar do bonde andando. Era comum o "Olha à direita!" gritado pelo condutor quando o bonde ia passar tirando "fino" de algum obstáculo.

Esta foto foi publicada recentemente. Conforme comentou o Joel Almeida, nesta foto de 28/02/1963, vemos o bonde 13 circulando na Rua General Polidoro. Este trajeto alternativo foi adotado quando da implantação dos ônibus elétricos para Copacabana que circulariam pelo Túnel Novo. A linha 13 seria desativada no dia seguinte.

Pois foi no dia 01 de março de 1963, quando estava prevista a extinção da linha de bonde 13, Ipanema, que a turma frequentadora do Bar Zeppelin resolveu fazer a “despedida” do bonde. O 13 trafegava por todo o bairro, indo até quase a fronteira com o Leblon, o Bar 20, vindo desde o Tabuleiro da Baiana.

Vemos o bonde 13 nesta sua última viagem, parado na frente ao Zepellin por membros da Sociedade dos Amigos do Bonde Ipanema, criada no Bar Zeppelin. Faziam parte deste grupo Millor Fernandes, Paulo Mendes Campos, Aracy de Almeida, Lucio Rangel, Otelo Caçador, Luiz Reis (o Cabeleira), Haroldo Barbosa (o Pangaré), Flávio de Aquino, Edelweiss, Liliane, Willy Kelleer e outros.

Pouco depois das 22 horas lá vinha o bonde, balançando pela Rua Visconde de Pirajá quando a viagem foi interrompida e o motorneiro Argemiro Cardoso dos Santos foi convidado para um chope. Veio um fiscal da Light, mas foi subornado com uísque e chope gelado e acabou aderindo à bagunça.

Como o número de ordem do bonde era 1908, o pessoal aproveitou e jogou o número no bicho e deu 908 na cabeça, grupo da águia, belo símbolo para uma lembrança eterna, que ficará sobrevoando o bairro-poesia da Guanabara.

A birra do pessoal da Sociedade dos Amigos do Bonde Ipanema com os novos ônibus elétricos era tanta que fez um memorial:

“Circula chifrudo ônibus elétrico! Mas nenhuma criança de coração puro tomará sua carona, pois levará um bárbaro choque. O Ipanema jamais daria um choque numa criança. E ninguém brincará carnaval no seu estribo, pois nem estribo você tem. E muito menos sensibilidade poética para conduzir uma morena de maiô, com uma rosa na mão, pois gente de maiô é proibida de entrar em você...”

Na foto consegui identificar à direita o Otelo Caçador, de branco a Aracy Almeida, atrás dela o Haroldo Barbosa e de roupa escura, ao lado do fiscal, o Luiz Reis. Seria o Lucio Rangel o de cabeça branca?

Foto encontrada com frequência na Internet, de 1952, com o bonde 13 na Av. N.S. de Copacabana ao lado de um “Camões” e de um Austin A40. Estamos perto do Lido.



 

21 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Meu bonde é o Clouseau.

    Infelizmente a (falta de) resolução de algumas fotos não permite explorar detalhes, tais como algumas propagandas. Na primeira foto, por exemplo, só consigo distinguir a marca ROYAL mas não o produto. Alguma coisa "líquida".

    Araci de Almeida era reconhecível à distância. Muita gente só a viu como jurada do SS.

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  2. Foi uma época de grandes mudanças no trânsito, principalmente no Centro e principalmente na Zona Sul. A circulação simultânea de bondes e ônibus elétricos ainda que por um breve período, causou alguns transtornos no trânsito. A existência de duas garagens diferentes para dois modais diferentes foram um "quebra-cabeças" para os responsáveis pelo trânsito na época.

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  3. 2039 é o número de ordem do bonde que aparece na primeira e na última foto.

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  4. Nessa linha sempre circulavam Bataclans com reboques, mas nos últimos anos circulavam apenas os carros médios, muitos sem reboques, mas desconheço o motivo. Seria falta de passageiros em razão do início da circulação dos "Trolley-buses? Por outro lado e na zona norte o 66 Tijuca era o recordista, chegando a trasportar mais de um milhão de passageiros por ano no início dos anos 60. É interessante ler a matéria de O Globo de 11 de Setembro de 1964 dando conta dos transtornos causados pelas filas no Centro em razão da extinção da linhas 66 e 68 em 09 de Setembro. Não imagino o que o Ten.Cel. Américo Fontenelle imaginou ao referendar essa decisão...

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  5. Sem dúvida, as postagens que incluem bondes e camões me dão muito prazer... nostálgico. Um dia, em Montevidéu, nos anos 90, peguei um camões de lá, ainda em tráfego, embora com a fachada modernizada, só para ver a maneira de dirigir, com o câmbio pré-selecionável (nada a ver com as escolhas do Tite..) e ouvir o motor, inconfundível. (Para este resgate sonoro, o 007 em Viva e Deixe Morrer dá bem para o gasto).
    Não sabia dessa despedida do bonde 13 e agradeço ser meio carioca por fazer sentir essa iniciativa como se minha fosse.

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  6. Me lembro bem quando minha mãe me lava ao Pediatra no Edifício Darke na Senador Dantas. Morávamos na Visconde de Figueiredo 31 e a "condução" era sempre o 66. Descíamos no Largo da Carioca e andávamos um "estirão". Lembro bem que minha mãe "ficava horas" olhando os tecidos da Seda Moderna. Foi um tempo que deixou saudades.

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  7. Muito interessante a história da sociedade de amigos.
    Boia foto com o bonde e o camões lado a lado, ambos "falecidos" na mesma época. Eu era muito pequeno, mas lembro de ter entrado nesses dois tipos de veículo, que chamavam a atenção de qualquer criança.

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  8. Na última foto é possível ver por cima do bonde que tinha uma subestação da Light, que não deve existir mais. A mais próxima é ao lado da Ladeira do Leme.
    Será que era só para os bondes?
    Nem mesmo tem uma agência da Light na N.S. de Copacabana. Deve ter vendido o terreno.

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  9. Bom Dia! Os bondes fizeram parte da minha infância e juventude. FF. Lino, teu comentário das 11.35 do dia 29 é muito parecido com as lembranças que tenho. Para ficar ainda mais parecido só falta o Português que você citou ter vindo de Aveiro.

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  10. Curiosamente no letreiro do bonde, em três fotos está escrito "Túnel do Leme". Este túnel desde sua inauguração era conhecido como "Túnel Novo", em contraposição com o "Túnel Velho".
    E o nome verdadeiro dos dois túneis que ligam Botafogo a Copacabana poucos conhecem:
    Túnel Engenheiro Coelho Cintra (Botafogo-Copacabana) e Túnel Engenheiro Marques Porto (Copacabana-Botafogo).

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  11. O primeiro túne, em seus primeiros anos, também era conhecido como "Túnel Carioca".

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  12. Embora os Camões mais conhecidos fossem os de cor marrom da linha 12 - Estrada de Ferro x General Osório, da empresa Tarumã, havia outras companhias e linhas que os usavam, como a Copanorte (apelidada de Copamorte), que operava a linha 70 - Olaria x Forte de Copacabana.

    OBS.: A linha 12 teve mais de um nome ao longo dos anos.

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  13. O bataclã 2039 foi o único transferido para a Light ao fim da Jardim Botânico. Foi para a seção Méier. Mas como a Light havia emprestado vários bondes para a JB, pode ser que esta apenas estivesse devolvendo o 2039 para sua proprieária original.

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  14. Já os demais das fotos e hoje, a saber o 1811, 1908 e 2568, "morreram" na JB.

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  15. Também era usário do 13. Descia na Francisco Sá e andava até o começo da Raul Pompéia, onde morava a época em frente ao Cine Alvorada.
    E o "Olha à direita" traz logo à lembrança a piada do português que foi olhar e se machucou. Depois disso sempre dizia ao ouvir o aviso "Não olhem que é sacanagem"!

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  16. tenho a impressão que a 1a foto foi colorizada por mim. Vc pode confirmar?

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  17. Esta foto é inédita no SDR. Achei num Facebook.

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