O “Saudades
do Rio” constantemente é acionado por pesquisadores e temos o maior prazer em ajudá-los
no que for possível. Por exemplo, o tema de hoje foi solicitado pelo J.P.B.Lopes.
Esta semana recebemos também pedido de A. Assumpção sobre foto de Hans Mann.
Outro dia do P. Tinoco sobre a sede do Flamengo, M. Groot sobre os aeroportos
do Rio, L. Viola sobre o posto de gasolina da Catacumba, E. Mello sobre os
pracinhas, A. Aram sobre bondes e por aí vai.
Para atender
ao Lopes me valho de fotos do prezadíssimo Rouen, no seu “Arqueologia do Rio”.
Em 01 de
junho de 1928 foi inaugurado o Itajubá Hotel, na Rua Alvaro Alvim 13/27, Bairro
Serrador. O “Bairro Serrador” foi ideia de Francisco Serrador que, no local do
Convento da Ajuda, construiu, naqueles terrenos baldios, o que é hoje a
Cinelandia.
Assim
escreveu o “Correio da Manhã”, no dia da inauguração do Itajubá Hotel: “A obra
tendente a transformar o Rio de Janeiro num centro de turismo, aproveitando-se
para isso as admiráveis condições de nossa cidade, banhada por uma baía
maravilhosa e com aspectos naturais de um pitoresco inédito e deslumbrante,
está tendo o concurso espontâneo dos capitais particulares. Tem salões
magníficos, 200 quartos, sala de banho, salões para festas, salas ricamente
decoradas e mobiliadas para banquetes e para jantar, instalações magníficas de
cozinha e de copa, bar, barbeiro, etc.”
O Itajubá Hotel
mantinha uma famosa orquestra que acompanhava cantores como Francisco Alves,
Sylvio Salema, Demetrio Ribeiro Sobrinho, Esmeraldino Reis.
Recebia
figuras notáveis da política, dos esportes e das artes e, segundo o Menezes, muitos
cearenses que vinham ao Rio (junto com os hotéis OK e o Ambassador). No final
da década de 20 do século passado o campeão italiano, Bologna Football Club,
ficou hospedado neste hotel antes da partida contra o “scratch” carioca. O “Correio
da Manhã” dá conta de que os fascistas do Rio adquiriram grande quantidade de
ingressos para o jogo nas Laranjeiras, em 25/07/1929. Pelos italianos os
destaques eram Della Valle, Baldi, Genovesi, Pitto, Schiafo, Banchero, Magnozzi
e Gasperi. Entre os cariocas tínhamos Joel, Pennaforte, Floriano, Rinner, Nilo,
Waldemar, Fausto, Paschoal, Arthur. Pouco tempo depois também se hospedaram
neste hotel os jogadores do F.C. Torino para jogo em São Januário.
Uma etiqueta de mala do Itajubá Hotel.
No blogspot literaturaeriodenaeiro encontrei esta foto: o Edifício
Itajubá, com doze pavimentos, atrás da carreira de prédios da Cinelândia, em
foto da revista “O Cruzeiro”, de 1928. Na época o mais alto do grupo de
arranha-céus do “Bairro Serrador.”
Não percam o "Restaurant á Carta" e a "Orchestra ás Refeições". Certamente encontrarão o Professor Pintáfona por lá.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirPassei por esse hotel inúmeras vezes nas minhas andanças pelo centro. A localização era privilegiada, bem perto do STF e do senado, assim como outros hotéis da região.
Bom dia Augusto, mesmo atrasado acrescentei uma informação à sua dúvida de ontem.
ExcluirMais uma postagem retratando um Rio de Janeiro "de outro planeta", bem diferente do Rio que nós conhecemos. Um Rio civilizado que podia dispor de instalações hoteleiras dotadas de funcionalidade modernas e e visando uma crescente vocação para o turismo. Mas fica uma dúvida: seria esse hotel dotado de "suítes"? ## O texto do Correio da Manhã mencionando os "fascistas cariocas" seria impensável hoje em dia, já que imputar a alguém uma conduta criminosa constituí crime contra a honra, que no caso específico é o de "Calúnia" (artigo 138 do C.P). Mas como o fascismo na época não era considerado crime, nada demais.
ResponderExcluirMuitas recordações do Itajubá. Meu cursinho pré vestibular ficava no edifício da esquina oposta e a ruela é tão estreita que da janela da sala a impressão era de se estar dentro dos quartos do hotel (deviam ser os mais baratos).
ResponderExcluirAcabo de ver no Google Mãos. O bicho tá lá
ResponderExcluirBom Dia! Para marcar presença e acompanhar os comentários.
ResponderExcluirAmanhã teremos novas fotos do Itajubá enviadas pela tia Milu, a quem o SDR agradece.
ResponderExcluirDe acordo com o site de hotéis booking.com, a diária para um casal sai a 180 reais. E recebeu uma boa quantidade de elogios, com média de 8,8 pontos.
ResponderExcluirApesar da rua apertada hoje em dia para fotos da fachada realmente podemos conferir que o cartão tem a cópia do prédio a partir de uma foto espelhada.
O arranha "céo" deve ter durado pouquíssimo tempo como o maior do Rio.
Diária de casal a 180 Reais é um valor bem razoável. Resta saber se o nível da "hospedagem" é bom ou o hotel está servindo para "programas fugazes". É bom atentar para o fato de que "casais" atualmente podem ser de "dois homens", "duas mulheres", dois travestis, ou "outro tipo de combinação". Saudades dos tempos da Delegacia de Costumes e do Delegado Deraldo Padilha...
Excluirkkkkkkkk
Excluirainda está na ativa? Deve estar, pois que há uma etiqueta com número de fax, que é coisa moderna, década de 1990.
ResponderExcluirJá li que até a 2a. Guerra Mundial ser chamado de ditador era até considerado um elogio. No Brasil, além dos integralistas, fascistas e nazistas foram mais que tolerados, até que veio o golpe do Estado Novo e o Getúlio não quis nenhum concorrente, de qualquer partido, todos fechados por ele.
ResponderExcluirTanto que o embaixador alemão teve que sair do Brasil ao protestar contra o fechamento do Partido Nazista (mesmo aqui era só para os nascidos na Alemanha), no início de 1938.
E hoje existem os neo nazistas e fascistas assumidos na rede. Somente os não assumidos é que processariam alguém.