Antes das viagens aéreas se consolidarem a forma de realizar grandes viagens era através dos navios. Consultando jornais antigos é possível encontrar os itinerários, horários e, algumas vezes, a lista de passageiros.
As imagens de hoje, em sua maioria, foram publicadas no ótimo "Tempore Antiquus", do M. Lobo.
FOTO 1: Imagem da Cia. de Navegação Atlantico Sul, de autoria de Albert Sebille, mostrando o navio Gallia, do ano de 1912.
FOTO 2: Detalhe da imagem anterior mostrando o Gallia no Rio de Janeiro.
FOTO 3: A linha de volta ao mundo da “Chargeurs Réunis” foi inaugurada em 2 de agosto de 1905 mas, que por ser deficitária, foi suprimida em 1911.
Esta volta no mundo durava 5 meses e seu intinerário era o seguinte:
Anvers, Dunkerque, Avonmouth, Port-Saïd, Djibouti, Colombo, Singapura, Hong-Kong, Shangai, Tsing-Tao, Taku-Bar, Moji, Kobé, Yokohama, Honolulu, San Francisco, Guyamas, Santa-Rosalia, Valparaiso, Gronel, Punta Arenas, Montevideo, RIO DE JANEIRO, Liverpool, Le Havre.
O navio representado no pôster de divulgação era um dos 4 navios irmãos construídos especialmente para a linha e todos tinham nomes de ilhas: Ceylan e Malte (construídos na Inglaterra); Corse e Ouessant (construídos na França). Transportavam 60 passageiros na primeira classe e 72 na segunda.
Imagem de 1905.
FOTO 4: O navio ancorado é o Cap Arcona, de bandeira alemã. O Rio era sua escala, pois seu porto final era Buenos Aires. Navio mais luxuoso da linha America do Sul.
Durante a guerra foi utilizado pela Marinha Alemã em apoio aos portos do Baltico. Em 1945, portanto no fim da guerra, estava lotado de refugiados de Danzig, que fugiam das tropas russas. Faltando 5 dias para o fim da guerra foi bombardeado por aviões da RAF, a força aérea inglesa, afundando com milhares de pessoas.
Como os aliados eram os vencedores, claro que isso não foi crime de guerra, mas essa é outra historia.
FOTO 5: Numa época onde os navios de passageiros vinham constantemente ao Brasil, via porta de entrada pelo Rio, então Distrito federal, podemos ver o belo navio Anna C, da italiana Linea C.
O Anna C foi o primeiro verdadeiro navio de passageiros da empresa. Construído em 1930 sob o nome de Southern Prince, foi adquirido pela Linea C em 1947 e fazia a rota Italia-América do Sul. Foi reformado varias vezes e ficou prestando serviço de passageiros até 1971 quando sofreu um grande incêndio. Foi vendido como ferro velho.
Na foto podemos ver o Anna C atracado no Rio. Foi o navio em que meus pais viajaram para uma viagem que não pôde ser realizada após o casamento, acontecido durante a 2º Grande Guerra. Tenho muitas fotos e o diário de viagem feito por meu pai. Entre outras coisas consta o relato das gozações dos uruguaios que conquistaram a Copa do Mundo de 1950 no dia da festa em que o navio cruzou o equador.
FOTO 6: SS Uruguay. Nascido como SS California em 1928, como parte de uma frota que operaria pelo Canal do Panamá pela empresa Panama Paciffic Line, aliás como seus irmãos o SS Brazil e o SS Argentina, antes batizados de SS Virginia e SS Pennsylvania respectivamente.
A linha de muito sucesso na integração entre as costas Leste e Oeste do EUA sofreu um grande baque com a Grande Depressão, passando toda a primeira metade dos anos 30 deficitária sendo o golpe final a retirada das subsídios do governo americano.
Passados para a US Maritime Commission, para entrarem na reserva de barcos do governo americano, numa época economicamente muito complicada, os navios passaram um ano aguardando seu destino, até que, numa manobra diplomática de aproximação com a “outra” América, o Presidente Roosevelt declarou o início e a extrema necessidade da criação de uma “Good Neighbor Fleet”, essencial para essa nova posição dos EUA.
Os navios foram então repassados para a Moore McCormack, sofrendo obras de modernização relativamente extensas como a ampliação do sistema de ar condicionado, criação de novos deques, troca dos motores, rearranjo das cabines da primeira classe, troca dos escaleres, modernização nas lavanderias, melhores condições de acomodação para a tripulação e uma maior resistência à invasão de água. Essas reformas se estenderam aos seus irmão criando uma padronização na frota.
Na nossa imagem vemos o SS Uruguay em 1939 no porto do Rio em uma de suas primeiras viagens, que chegaram em um ano transportar mais de 20.000 passageiros na frota toda, um número bem expressivo.
Requisitado na Guerra o SS Uruguay não fez missões tão complexas como o SS Brazil, mas escapou ileso dos torpedos dos U-Boat’s.
Desativado em 1954, o SS Uruguay foi desmontado só 10 anos depois em 1964, sendo o fim do mais luxuoso dos 3 irmãos construídos em 1928.
FOTO 10: Montei muita coisa da Revell, principalmente aviões, mas um único navio. O S.S. Brasil.
FOTO 11: Estupendamente colorizada
pelo Nickolas Nogueira, a partir de uma fotografia de jornal, vemos o
transatlântico francês “Normandie”.
Pouco antes da 2ª Guerra Mundial este navio veio ao Rio. Era decorado em
“art-déco”.
Apreendido em Nova York
para ser transformado em um navio-hospital, foi consumido por um incêndio nas
docas.
Conta o Nickolas: “Os
incêndios do Normandie e do Queen Elizabeth (são os navios que mais admiro) são
suspeitos demais. Mas creio que é mais provável o do Normandie ter sido uma
fatalidade.
Navios têm uma tendência
à flamabilidade e com o Normandie não era diferente, ainda mais naquela época,
onde os sistemas anti-incêndio não eram tão sofisticados. Mas, mesmo assim,
para o incêndio ter tomado tão grandes proporções, só havendo material
extremamente inflamável (como combustível, por exemplo) espalhado por todo o
navio.
Quanto ao combate do fogo
em si, não sou especialista, mas creio que apagar fogo num espaço confinado,
sem um sistema de ventilação que dê vazão a grande quantidade de fumaça e onde
a maior parte das superfícies conduzem calor, onde mal se pode tocar e pisar,
deve ser uma tarefa bem arriscada, no entanto, como por estar ancorado no pier,
em plena NY, deveria ter havido um esforço humano maior para salvá-lo.
Posso estar cometendo uma
injustiça com os que tentaram salvá-lo, mas é apenas uma especulação pessoal. O
que também descarto é a participação dos aliados, pois já estavam investindo
muitos recursos nele, seja para transformá-lo num navio de transporte ou
porta-aviões, e após o incêndio, assisti num vídeo, o enorme esforço (em plena
guerra) que fizeram para deixá-lo flutuando novamente, para que pudesse ser
levado para o desmanche.”
Acho que só os muitos ricos poderiam viajar para a Europa ou Estados Unidos de navio.
ResponderExcluirUns 15 dias para ir, outros 15 para voltar, e para justificar todos esse tempo pelo menos uns 30 dias por lá.
Ficar 60 dias no exterior, afastado do trabalho, devia ser caríssimo e muito difícil.
Hoje com os aviões dá para fazer uma boa viagem em 20 dias.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirMeus pais (e quase toda a família) vieram para o Brasil de navio. A minha experiência é no máximo com as barcas e os aerobarcos para Niterói. Durante as travessias às vezes cruzávamos com barcos maiores na baía. Mais recentemente nas idas à Praça Mauá vejo os transatlânticos atracados.
À época, somente profissionais liberais bem sucedidos e empresários podiam desfrutar destas longas viagens de navio. O restante, sem chances.
ResponderExcluirInclui, aí, políticos, remanescentes da nobreza, latifundiários, e mais outros que sempre deram as cartas no Brasil.
ExcluirLuiz já postou aqui sobre viagens de meu avô, quase sempre no navio Avon. Entre 1910 e 1930 viajou muito. Achei seu nome em lista de passageiros e nos jornais que informavam das viagens. 15 dias de viagem era barra, sem telefone. Realmente o avião mudou tudo. E na 1ª Guerra os navios mudaram de função. Nunca viajei nesses "condomínios flutuantes", nem tenho muita curiosidade a respeito. Nesse caso o comandante é decisivo como aconteceu na Italia. O avião voa por instrumentos, o navio depende de outros fatores
ResponderExcluirAo ler o texto da foto 4, confundi a principio o Cap Arcona com o Wilhelm Gustloff, que foi torpedeado por um submarino russo em 30 de janeiro de 1945 transportando soldados e civis refugiados, saindo do porto de Gdynia, vizinha a Gdansk (antiga Danzig). Dos mais de 10 mil passageiros a bordo, cerca de 9 mil morreram. A temperatura externa era menos 18 graus centígrados.
ResponderExcluirAté hoje é considerada a maior quantidade de vítimas de naufrágio.
Tudo indica que esses cruzeiros de antanho eram um luxo só.
ResponderExcluirMas também existiam as viagens "de linha" que incluíam a terceira classe para os imigrantes de poucos recursos e depois para aqueles que queriam retornar à terrinha ou visitar os parentes por lá.
Algumas celebridades eram citadas quando embarcavam em viagens à Europa, costume que aconteceu também no vai e vem de Zeppelin e durante um bom tempo nos aviões, com direito a acenos de adeus no alto da escada de embarque. No desembarque também acontecia cerimônia de "flashs" para os famosos.
Uma vez a empresa que eu trabalhei homenageou vários funcionários com mais de quinze anos de casa com um cruzeiro. Vários colegas de setor foram nesse cruzeiro e tivemos que cubrir os horários deles por quase uma semana, mas foi merecido. Pena que quando eu fiz, com outros, não teve...
ResponderExcluirHoje é dia do artista de circo porque em 1915 nascia George Savalla Gomes, o Carequinha.
Hoje é dia de Nelson Mandela porque ele nasceu nesta data, em 1918.
Hoje é dia do combatente brasileiro e do trovador.
Em 1841 Dom Pedro II era coroado.
Em 1952 nascia Baby Consuelo.
Em 1954 nascia Wagner Montes.
Em 1971 Pelé se despedia da seleção brasileira.
Em 1980 a TV Tupi saía do ar.
Boa noite Saudosista. A turma já está se preparando para dormir, as 5;30h já estarão acordados invadindo meu quarto aos gritos acorda vovô. Meus Pais também vieram para o Brasil de navio na terceira classe, não sei em que navio vieram, em busca de conquistar uma vida melhor, lutaram e conseguiram, mas seus maiores orgulhos, que sempre falavam para amigos e familiares é que depois de muita luta e trabalho, tinham como maior realização terem criado dois filhos e os formarem. Outros tempos, outros valores.
ResponderExcluirMinha mãe veio há 70 anos em um navio argentino, Salta. Meu pai, eu não lembro.
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