Na
primeira foto vemos o Bar Zeppelin, que ficava na Rua Visconde de Pirajá nº
499, em Ipanema, onde funcionou de 1937 a 1968. Tinha mesas de madeira,
forradas com toalhas brancas, cadeiras de palhinha e paredes chapiscadas de
verde. O dono, o austríaco Oskar Geidel, escolheu o nome do bar em homenagem ao
Graf Zeppelin. Oskar foi trapezista do Circo Sarrazani e garçon do Clube
Caiçaras.
O
bar foi depredado por uma turma comandada por João Saldanha, quando o Brasil
declarou guerra à Alemanha, em 1942. Oskar reconstruiu o bar e manteve o nome.
Era famoso o seu chope geladíssimo e, também, o pato com maçã.
Pois
foi no dia 01 de março de 1963, quando estava prevista a extinção da linha de
bonde 13, Ipanema, que a turma frequentadora do Bar Zeppelin resolveu fazer a “despedida”
do bonde.
O
13 trafegava por todo o bairro, indo até quase a fronteira com o Leblon, o Bar
Vinte, vindo desde o Tabuleiro da Baiana.
Vemos,
na segunda e na terceira foto, o bonde 13 nesta sua última viagem, parado na
frente ao Zepellin por membros da Sociedade dos Amigos do Bonde Ipanema, criada
no Bar Zeppelin. Faziam parte deste grupo Millor Fernandes, Paulo Mendes
Campos, Aracy de Almeida, Lucio Rangel, Otelo Caçador, Luiz Reis (o Cabeleira),
Haroldo Barbosa (o Pangaré), Flávio de Aquino, Edelweiss, Liliane, Willy
Keller e outros.
Pouco
depois das 22 horas lá vinha o bonde, balançando pela Rua Visconde de Pirajá quando
a viagem foi interrompida e o motorneiro Argemiro Cardoso dos Santos foi
convidado para um chope. Veio um fiscal da Light, mas foi subornado com uísque
e chope gelado e acabou aderindo à bagunça.
Como
o número de ordem do bonde era 1908, o pessoal aproveitou e jogou o número no
bicho e deu 908 na cabeça, grupo da águia, belo símbolo para uma lembrança
eterna, que ficará sobrevoando o bairro-poesia da Guanabara.
A
birra do pessoal da Sociedade dos Amigos do Bonde Ipanema com os novos ônibus
elétricos era tanta que fez um memorial:
“Circula
chifrudo ônibus elétrico! Mas nenhuma criança de coração puro tomará sua
carona, pois levará um bárbaro choque. O Ipanema jamais daria um choque numa
criança. E ninguém brincará carnaval no seu estribo, pois nem estribo você tem.
E muito menos sensibilidade poética para conduzir uma morena de maiô, com uma
rosa na mão, pois gente de maiô é proibida de entrar em você...”
Na
segunda foto consegui identificar à direita o Otelo Caçador, de branco a Aracy Almeida,
atrás dela o Haroldo Barbosa e de roupa escura, ao lado do fiscal, o Luiz Reis.
Seria o Lucio Rangel o de cabeça branca?
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Não conheci o Zeppelin, somente sua fama e algumas de suas histórias. Na foto de pronto reconheci o Haroldo Barbosa e o Luiz Reis, pois com este pessoalmente estive anos depois nos pianos/bares do Leblon. Nem a Araci identifiquei. O cidadão de cabeça branca parece com o Lúcio Rangel, cujo livro "Sambistas e Chorões" faz parte do meu acervo sobre MPB. O curioso é que alguns dessa mesma turma frequentavam o Bar Villariño, no Castelo. http://blogln.ning.com/profiles/blogs/centen-rio-de-l-cio-rangel
ResponderExcluirNunca fui ao Zeppelin mas nessa época tomava uns chopes no Castelinho e no Veloso. O bonde 13 era o ideal para ir ao cinema no Astória, perto do bar 20. Não lembro a razão mas sempre dava preferência para ir no reboque do bonde. Era mais vazio acho eu. Acompanhei durante muito tempo os comentários do Pangaré (Haroldo Barbosa) no Globo. Ele tinha uma coluna grande sobre turfe que era publicada 3 vezes por semana. Hoje em dia não há notícia alguma sobre turfe no Globo exceto na semana do GP Brasil.
ResponderExcluirPlínio, até recentemente (relativamente falando) havia no Globo Esporte as "barbadinhas" com o Ernani Pires Ferreira.
ExcluirO interesse ainda existe, já que um canal de TV com corridas sobrevive na NET.
Este canal é patrocinado pelo Jockey e a empresa que administra as apostas.
ExcluirVárias agências de apostas usam esse sinal da NET ou da própria parabólica, onde não tem sinal da NET.
ExcluirO antigo comentarista do Voando deveria ser garoto,mas não duvido da presença neste bar.E pelo menos hoje não temos montagens...**Só reconheci o Haroldo Barbosa,mais ninguém.Nem mesmo o Caçador que mantinha aquela página no Globo das segundas feiras.*** O Mistura Fina estálá,como de costume.
ResponderExcluirEsse período de transição entre o final da operação do sistema de bondes e o início das operações com os ônibus elétricos foi meio confuso. Em primeiro de Março os bondes de Copacabana e Ipanema deixaram de circular, mas no Leblon e Jardim Botânico eles continuaram a circular até o final de Maio. A pressa em erradicar foi maior do que a capacidade operacional do novo sistema. Esse período tem aspectos interessantes.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirZepelim para mim é dirigível...
Para a minha geração, Araci de Almeida era "só" uma jurada do Silvio Santos.
Aracy de Almeida, a "Dama da Central", uma notória sambista que partilhou alguns momentos de convivência com Noel Rosa. De linguajar chulo e arrevesado, foi apelidada por Chacrinha de "A Dama da Central" devido aos seu linguajar exótico.## Disse bem Romário quando afirmou que "Pelé calado é um poeta"...
ResponderExcluirTem gente neste blog que também deveria fazer companhia a Pelé...
ExcluirPela idade nunca entrei no Zepellin mas a visão do bar me instigava. Vi agora no Google Maps que no local está sendo erguido um prédio. Acho que tempos depois foi a loja Mr. Wonderful, do Luiz de Freitas. Bar (da barra onde se apóiam os pés) é algo charmoso. Domingo fui ao Venga da Av. Atlantica com Francisco Sá e fiquei no bar, pois estava cheio;gostei, apesar do barulho. Peguei o Antonino na Epitácio Pessoa (circa 1980) com pianista e crooner. Hoje tem Bar Lagoa (que não é bar), Meza bar (gosto) e que mais? Vida que segue. Nunca fui ao Bip Bip (uma falha, me parece). Pelo jeito a Gamboa é o quente. Na área das construções recomendo a Villa Aymoré, que não é bar, mas local de "co-working". interessante, na Gloria.
ResponderExcluirO "pela idade" é que sou da safra de 1958. Em 1968 o máximo de gandaia era a Carreta, no quarteirão seguinte.
ResponderExcluirBoa tarde !
ResponderExcluirFui uma única vez (que me lembre) ao Zeppelin, que já se encontrava bem caído. Deve ter sido às vesperas de fechar...
Para felicidade geral de muitos comentaristas do pedaço o ex-governador Sergio Cabral não será mais transferido de presídio.A decisão foi dele: Gilmar Mendes.
ResponderExcluirA erradicação dos bondes foi um grande erro, estamos pagando o preço até hoje.
ResponderExcluirOs comentários de ontem e hoje estão igual a pagamento do Estado:demorando a sair.
ResponderExcluirMuito trabalho!
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