O
transporte regular aquaviário na Baía de Guanabara foi iniciado em 1853, com a
criação da Companhia de Navegação de Nichteroy, empresa privada que fazia o
transporte de passageiros entre Rio e Niterói utilizando três embarcações. Esta
empresa foi sucedida pela companhia FERRY, criada em 1862, depois substituída
pela Companhia Cantareira e Viação Fluminense, fundada em 1869, com o objetivo
de transportar além de passageiros, cargas e veículos. Em 1946, a Frota Carioca
assumiu o controle acionário da Cantareira e, dois anos depois, a Frota Barreto
passou a controlar a Cantareira e a Frota Carioca. Em maio de 1959, um ciclo de
greves, em função da disputa por maiores subsídios governamentais e aumentos de
tarifas, provocou uma reação violenta da população, que depredou a Estação de
Niterói, o estaleiro e até a residência dos proprietários da empresa. O então
presidente da República Juscelino Kubitsckek desapropriou os bens da Frota
Barreto, passando-os para o controle da União. (in A Revolta das barcas -
Populismo, violência e conflito político, de Edson Nunes, editora Garamond,
julho 2000).
As
fotos de hoje (a primeira de uma viagem “normal” e as outras no dia do acidente
e subsequentes) são sobre a barca “SÉTIMA” e sobre um dos piores acidentes da
história das barcas Rio-Niterói. Em de 26 de outubro de 1915 o naufrágio da “SÉTIMA”
matou 27 estudantes e 1 professor do Colégio Salesiano de Niterói, que faziam
um passeio ao Rio de Janeiro. O professor salvou muitas vítimas, mas ao final
ele mesmo não sobreviveu. O motivo do passeio foi uma solenidade no Palácio São
Joaquim, presidida pelo Cardeal Arcoverde.
O
acidente ocorreu por colisão contra uma pedra perto da ilha de Mocanguê, na
viagem de volta. Havia mais de 300 pessoas a bordo. A “Sétima”, recuperada
tempos depois, voltou ao serviço de tráfego entre Rio e Niterói.
Investigações,
segundo jornais da época, deram conta de que Januário de Souza, o mestre que
conduzia a barca, era indivíduo morigerado, que não se dava ao vício da
embriaguez. Alegou o mestre em sua defesa que, seguindo pelo canal de Mocanguê,
em boa rota, foi intimado pelo destroier “Rio Grande do Norte” a passar ao
largo, vendo-se forçado a passar sobre a ponta do baixio, onde a barca bateu
numa unha de ferro ou casco de qualquer das embarcações ali submersas.
Entretanto,
até onde pude descobrir, o inquérito condenou o mestre Januário por imprudência
e imperícia.
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Que tragédia. Acho que muito contribuiu para este resultado o fato de que a maioria deve ter entrado em pânico e não colocou os coletes salva-vidas. Também o fato de que na época não era costume se aprender a nadar cedo pois havia poucas piscinas e mesmo nadar no mar não era coisa frequente.
ResponderExcluirQuanto ao serviço das barcas pelo que leio é uma lástima. Sempre há reclamações dos usuários, as barcas são velhas e as linhas pela baía poderiam ser em número maior atendendo outros locais que não Niterói.
A leniência e a corrupção sempre acompanharam os serviços públicos no Brasil. José Carreteiro era uma espécie de Jacob Barata no antigo Distrito Federal e "dava as cartas" no monopólio de transporte de passageiros através da baía de Guanabara prestando um péssimo serviço. Sem a ponte Rio Niterói, todo o transporte de passageiros era realizado pelas barcas. A revolta popular foi de tal monta que a situação em Niterói ficou incontrolável e o exército foi chamado a intervir, já que a Polícia Militar se mostrou incapaz de controlar os distúrbios. O belo prédio da estação das barcas foi incendiado e nunca mais foi reconstruído no local, que ficava a cerca de um quilômetro do local. Juscelino fez o que Pezão, Cabral, Crivella, e outros governantes deveriam ter feito, mas outro$ fatore$ o$ impediram...
ResponderExcluirDas vezes que fui a Niteroi por barca ou catamarã om serviço deixa sempre a desejar e nunca foi satisfatório entra ano sai ano é a mesma porcaria.
ResponderExcluirBom dia a todos. Nunca havia ouvido falar ou mesmo ter lido sobre este acidente, conhecia sobre o quebra-quebra da estação em Niteroi. É impressionante como tudo que é administrado pelo governo ou concessão do governo, é mal administrado desde priscas eras. E como sempre os políticos canalhas, corruptos e ladrões tirando proveito da situação em benefício próprio, como sempre o povo sendo prejudicado e roubado. O pior de tudo isso é que ainda hoje, tem gente que defende a intervenção do governo na economia, mantendo empresas estatais ou de economia mista. Cheguei a conclusão, que o que todos acham ser uma virtude do brasileiro, ser um povo pacífico, tolerante é o seu principal defeito, na verdade o brasileiro diz ser pacífico e tolerante, simplesmente para esconder que ele é um povo frouxo.
ResponderExcluirO sistema de barcas na Baía de Guanabara é enquadrado como transporte de massas e deveria ser mantido com a qualidade e eficiência que um sistema desse tipo exige. A ponte só em parte supriu essa necessidade pois os ônibus não têm capacidade para atender a demanda. Somente uma linha de metrô submersa teria condições de atender as necessidades de transporte da população que transita entre a duas cidades. Nas atuais condições econômicas/financeiras do Estado do Rio esse anseio virou utopia.
ResponderExcluirQuanto à referência aos episódios que resultaram nas manifestações contra o aumento das tarifas e as más condições desse transporte em 1959, então na posse do Grupo Carreteiro, lembro do noticiário da época e dos conflitos entre os manifestantes e as forças armadas convocadas para controlar a situação. Tempos depois, morando no Castelo, ouvi de um cidadão que serviu ao Exército, e estava com a tropa naquele local, um relato incrível. Quando começaram as manifestações um sujeito, que liderava os manifestantes gritando palavras de ordem, começou a incitar para que outros avançassem em direção à soldadesca. Foi quando, segundo o tal soldado, este apontou seu fuzil para o alto e, nervoso, disparou. O projétil atingiu um transformador e um emaranhado de fios da rede elétrica que veio ao chão e os fios começaram a "chicotear". Foi o suficiente para espantar os mais exaltados e acalmar o resto da tropa.
Neste blog um cidadão morador de Niterói comentou certa vez que seu avô estava trabalhando como bilheteiro das barcas quando começou o conflito.
Bom dia a todos.
ResponderExcluirEm 1915, ainda era recente o naufrágio do Titanic, ocorrido três anos antes em 1912, aonde apesar das desgraças ocorridas, virou um marco para que legislações marítimas de proteção a vida humana começassem a existir.
É provável de que ainda recente e como todos sabemos de que em "Terra Brasilis" tudo demora a acontecer ou a chegar por aqui, é normal pensar de que nessa época ainda nada existia por aqui em relação a salvaguarda da vida humana.
Realmente é de impressionar o obsoletismo dos meios de transporte pela Baía de Guanabara que contrasta muito bem com os de terra.
Por mais que as barcas tenham melhorado um pouquinho nos últimos tempos, mais ainda está longe de uma navegação de travessia de países de Primeiro Mundo como acontece em cidades como Nova York, Hong Kong, dentre outros lugares espalhados pelo globo.
A esperança foi na época dos chamados catamarãs, administrado pela Empresa Jumbo Ket nos anos 90, ter dado certo, porém, por infelicidade, não dera certo e acabaram com um serviço que poderia estar sendo explorado até hoje ao lado da Concessionária que administra as Barcas.
O que mais me impressiona no texto não é nem da questão do acidente, e sim daquela manifestação ocorrida no ano de 1959.
Interessante pararmos para pensar como nos dias de hoje a sociedade não se indigna com mais nada.
Em outros tempos, funcionários da própria iniciativa privada conseguia fazer greve e se fazer ser ouvido.
Hoje em dia, nada mais disso acontece.
É aí que eu vejo como esse plano perverso de você domesticar o povo brasileiro deu certo. E que não me venham a falar dos militares, pois naquela época ainda não existia a ditadura do Politicamente Correto e das cartilhas ideológicas que foram implantadas em território nacional de uma forma criminosa.
FF. E como o ano já está terminando, no futebol o Corinthians já é o campeão, e de agora em diante só o que interessa são as festividades de Natal, Ano Novo e o Carnaval, marco que registra após a sua passagem o início do novo ano.
ResponderExcluirLogo como todos sabem que sou apaixonado por carnaval, vejo este ano dois enredos que mostram a realidade nua e crua do Brasil e com sambas enredos da mais alta qualidade, que não via a muitos anos.
Beija Flor - "Os filhos abandonados da Pátria que os pariu" Para mim o melhor samba enredo para o carnaval de 2018 e o melhor da B.Flor de todos os tempos.
https://www.youtube.com/watch?v=XGbjekyOkig
SOU EU…
ESPELHO DA LENDÁRIA CRIATURA
UM MOSTRO… CARENTE DE AMOR E DE TERNURA
O ALVO NA MIRA DO DESPREZO E DA SEGREGAÇÃO
DO PAI QUE RENEGOU A CRIAÇÃO
REFÉM DA INTOLERÂNCIA DESSA GENTE
RETALHOS DO MEU PRÓPRIO CRIADOR
JULGADO PELA FORÇA DA AMBIÇÃO
SIGO CARREGANDO A MINHA CRUZ
A PROCURA DE UMA LUZ, A SALVAÇÃO!
ESTENDA A MÃO MEU SENHOR
POIS NÃO ENTENDO TUA FÉ
SE OFERECES COM AMOR
ME ALIMENTO DE AXÉ
ME CHAMAS TANTO DE IRMÃO
E ME ABANDONAS AO LÉU
TROCA UM PEDAÇO DE PÃO
POR UM PEDAÇO DE CÉU
GANÂNCIA VESTE TERNO E GRAVATA
ONDE A ESPERANÇA SUCUMBIU
VEJO A LIBERDADE APRISIONADA
TEU LIVRO EU NÃO SEI LER, BRASIL!
MAS O SAMBA FAZ
ESSA DOR DENTRO DO PEITO IR EMBORA
FEITO UM ARRASTÃO DE ALEGRIA
E EMOÇÃO O PRANTO ROLA
MEU CANTO É RESISTÊNCIA
NO ECOAR DE UM TAMBOR
VÊM VER BRILHAR MAIS UM MENINO
QUE VOCÊ ABANDONOU
OH PÁTRIA AMADA,
POR ONDE ANDARÁS?
SEUS FILHOS JÁ NÃO AGUENTAM MAIS!
VOCÊ QUE NÃO SOUBE CUIDAR
VOCÊ QUE NEGOU O AMOR
VEM APRENDER NA BEIJA-FLOR
Paraíso do Tuiuti: Meu Deus, meu Deus, está eXtinta a escravidão
https://www.youtube.com/watch?v=FnQ2i701Afc
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o seu valor?
Pobre artigo de mercado Senhor,
eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandiga, cambinda, haussá
Fui um Rei Egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se plantava gente
Ê Calunga, ê! Ê Calunga!
Preto velho me contou, preto velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro nem feitor
Amparo do Rosário ao negro benedito
Um grito feito pele do tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor...
E assim quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel
Meu Deus! Meu Deus! Seu eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro Liberte o cativeiro social
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Do episódio com alunos do Salesiano nunca ouvira falar.Uma grande tragédia sem dúvida e o mestre acabou sendo condenado...Com relação aos episódios da greve de 59,aqui mesmo no SDR o assunto já foi dissecado.Concordo com o Lino.O governo é mesmo um Midas ao contrário.Tudo que bota a mão vira m....
ResponderExcluirEsqueceram de incluir no projeto da ponte ligação ferroviária.Será que ainda é possível?
ResponderExcluirEm nações inteligentes e sérias, onde há um povo de verdade e não esse arremedo barato aqui do Brasil e em especial no RJ, há várias pontes de longa distância coberto por um sistema ferroviário ou então, como o próprio Docastelo já afirmara aqui mais cedo, um sistema metroviário no caso, em um túnel por debaixo d'água, ligando Rio a Niterói. Ou então, até mesmo, um sistema de túnel rodoviário.
ExcluirComo aqui nada é de verdade mas sim produto do efeito Canabis Sativa, uma verdadeira ilusão, isso nunca acontecerá.
A ponte 21 de abril sobre o Tejo em Lisboa conta com sistema metroviário e é mais antiga que a nossa.
ExcluirUm túnel sob o leito marinho não sairia mais caro? Se for possível incluir o metrô deve ser mais barato construir outra ponte.
No Brasil a tônica é o despreparo. Basta ver a saída da ponte no Rio de janeiro, você entra na faixa de alta velocidade, a mais à esquerda. Isto porque o projeto foi encomendado aos Ingleses. É uma vergonha.
Wolf, uma das vantagens de se ocupar certas posições profissionais neste país são as eventuais possibilidades de se conhecer obras ou locais que o cidadão dito comum dificilmente conhecerá. Foi desta forma que fui convidado a visitar o interior da Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio/Niterói. Na ocasião fiquei surpreso com o espaço interno que, segundo os técnicos, foi concebido para receber uma composição ferroviária. Naturalmente perguntei porque nunca foi utilizado e a resposta não me convenceu. Fã que sou do transporte ferroviário tive que ouvir inseguras justificativas de que as vibrações provocadas por esse tipo de transporte afetariam a estrutura da obra. Ainda questionei que se fazia parte do projeto original seus criadores teriam errado nas expectativas futuras? Fiquei sem respostas mas como convidado seria deselegante insistir. Até porque estava ali como Procurador Federal e não como um técnico especializado.
ExcluirPenso que se tratou de mais um episódio em que o transporte por trilhos foi descartado por razões não apenas técnicas mas, sobretudo, políticas. Considerando que nas décadas a partir do regime militar poucas foram as iniciativas de se implementar um programa sério dessa modalidade de transporte (a ENGEFER foi uma delas), e um ligeiro devaneio do Zé Sarney com sua incipiente ferrovia Norte/Sul, que levava (ou ainda leva) do nada para lugar nenhum, nada mais foi realizado. Sem contar o fechamento da fábrica de locomotivas em Magé. A montagem na ponte em foco não teria a menor chance.
De barca a Tia Nalu entende muito.No futebol e muito mais na política.
ResponderExcluirNunca ouvi falar desse acidente!
ResponderExcluirA história do Rio, mesmo triste, não para de me surpreender!
Bom dia!
ResponderExcluirPara variar, chegando atrasado, mas gostaria de aproveitar o gancho do Anonymus, seguido pelo Wolfang e pelo Docastelo, me uno ao coro que clama pelo transporte ferroviário.
Ainda no governo Dilma, com seu PAC, houve a concorrência para duplicação da BR116 entre Porto Alegre e Rio Grande. Atualmente esta obra está paralisada em virtude dos processos contra as empreiteiras por superfaturamento de obras públicas, que todos conhecem de cor.
Ocorre que durante o início desta duplicação, por ser local muito utilizado por mim, fiz-me a seguinte indagação: -Por que não construir uma ferrovia no local desta estrada? Não havia necessidade de se fazer nenhuma desapropriação pois o espaço já era público em toda a sua extensão. O trânsito de carga relacionada ao porto de Rio Grande é intenso neste trecho. Canoas, cidade contígua a Porto Alegre já é servida por rede ferroviária.
O custo de implantação de uma ferrovia é mais elevado que o de uma rodovia, porém, o custo da carga transportada é bem menor. Esta redução de custos no transporte beneficiaria toda a cadeia produtiva regional bem como o deslocamento das pessoas.
A linha férrea poderia ser bancada integralmente pela iniciativa privada sem utilização de um centavo que fosse de dinheiro público.
Finalizando, depois de muita reflexão, cheguei às mesmas conclusões que os colegas comentaristas citados acima. Estamos à mercê de um grande grupo de pessoas que não pensa na coisa pública como tal e não decide com racionalidade e a favor da coletividade.
Tenham todos uma excelente quinta-feira!
Ass: Silvio
ResponderExcluirLeia a notícia completa no Jornal do Brasil — http://memoria.bn.br/DocReader/030015_03/32158
ResponderExcluirEu sou de Niterói, tenho 44 anos e embora não tenha estudado no Colégio Salesianos, eu soube desse acidente terrível. Inclusive uma rua perto do Salesianos, ganhou o nome de Professor Otacílio, em homenagem aquele que salvou muitos alunos.
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