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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

EDIFÍCIO ÍCARO - COPACABANA

                                            Foto de dezembro de 2020











 Conhecem este edifício que tem uma vista estupenda e uma entrada quase escondida na Rua Francisco Otaviano nº 33, no Posto 6, em Copacabana? Pois com imagens enviadas pelo prezado Carlos Paiva vamos falar um pouco dele.

 Ficava pertinho do Cassino Atlântico. O arquiteto Moacyr Fraga, em 1935, construiu um prédio nos fundos do terreno em questão, aproveitando a vista livre do oceano. O acesso era feito por uma rua lateral de um prédio antigo no alinhamento da rua. Ao lado do prédio antigo havia um Bingo e outro prédio. Foram comprados pela SIG que os demoliu e começou um grande empreendimento. O nosso prédio dos fundos, entretanto, continua lá, espremido entre as novas construções. O empreendimento parou em 2017 ou 2018.

Hoje, além do prédio construído nos anos 30, a rua ainda abriga antigos casarões, que convivem em total desarmonia com espigões, shopping centers e até mesmo um bingo, durante certa época. Do outro lado da rua está o Forte de Copacabana, a ponta do Arpoador e a praia do Diabo, um costão de acesso restrito aos militares. Quando o casal viveu lá, nos anos 50, o local já era bem especial.

O prédio tem história. Foi a primeira construção do lugar, bem ao lado do Forte. Alegando que ele tornava a importante base do exército um alvo fácil para navios inimigos em caso de guerra, os militares quiseram derrubá-lo. Mas, então, já moravam ali altas patentes do primeiro governo Vargas: o brigadeiro Eduardo Gomes, o marechal-do-ar Henrique Fontenelle e seu sobrinho, o polêmico coronel Américo Fontenelle, que depois viria a ser nomeado diretor de trânsito do Rio e, mais tarde, de São Paulo. No domingo, 19 de novembro de 1967, três dias depois de tomar posse na Academia Brasileira de Letras, ato que vinha adiando por superstição, Guimarães Rosa brincava com a neta, Vera. Como fazia todo domingo, ela saiu com a avó para a missa e, na volta, já noite, encontrou Guimarães morto sentado em frente à escrivaninha.

Anúncio dos anos 40 dizia: “Apartamento em andar único, conta com duas grandes salas, quatro espaçosos quartos, banheiro completo e um luxuoso quarto de banho, quarto e banheiro de empregadas. Todas as peças têm belíssima vista para o mar.” Havia também apartamentos menores neste prédio.

No domingo, 19 de novembro de 1967, três dias depois de tomar posse na Academia Brasileira de Letras, ato que vinha adiando por superstição, Guimarães Rosa brincava com a neta, Vera. Como fazia todo domingo, ela saiu com a avó para a missa e, na volta, já noite, encontrou Guimarães morto sentado em frente à escrivaninha.

Ao lado do nº 33, no número 35, funcionou a Oficina Mecânica Meridional, de Gino Bianco (onde hoje estão os restos do Bingo Arpoador). Gino chegou ao Brasil no fim da década de 1920 e se estabeleceu no Rio de Janeiro, onde começou trabalhando como mecânico. A primeira corrida importante na qual Bianco tomou parte foi o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, no Circuito da Gávea, mais conhecido como Trampolim do Diabo. Em 1940, participou da prova de inauguração do Circuito de Interlagos. Ainda durante a década de 1940 ele participou de diversas provas de Subida de Montanha e venceu algumas delas. Gino participou de quatro grandes prêmios de Fórmula 1, sendo seu melhor resultado a 18ª colocação no Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 1952. Nos últimos anos o telefone da oficina era 521-4044.

A Francisco Otaviano abrigava várias oficinas, entre elas a loja de Fiorindo Troisi no nº 45, telefone 279383. Era em frente à oficina do Gino Bianco que ficava estacionado o reboque do Urubu, antigo mecânico do Gino, até que brigaram e Urubu passou a estacionar o reboque defronte ao nº 37, logo ao lado, onde funcionava o Bar e Restaurante Igrejinha de Copacabana. Se quiserem ver o “post” sobre Urubu vá em http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2018/09/reboque-do-urubu.html

Isaias da Silva era o nome do Urubu e Pega Firme era seu fiel cão. O reboque se chama Soneca. Nesta época, para chamar o reboque do Urubu se ligava para o Bar Igrejinha, telefone 27-0485.

11 comentários:

  1. Bom Dia! Vou acompanhar os comentários.

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  2. Olá, Dr. D'.

    A cada dia aprendo algo. Exceto por algumas idas ao Forte, a região sempre foi de passagem para mim e nunca tive a curiosidade de olhar pelos arredores e notar esse edifício.

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  3. A localização é espetacular. E eu acho legal o acesso ficar as escondidas, minorando o risco de assaltos.

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  4. O prédio sofreu uma alteração estética bem visível. Me parece que retiraram as rampas próximas ao elevador.

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  5. bom dia a todos. Hoje é dia de aprender com os comentários.

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  6. O Gino Bianco foi um grande amigo do meu pai. A briga dele com o Urubu foi feia. O seu ex-mecânico estava aliciando os clientes da oficina para fazer consertos. O italiano tinha sangue quente e ficou bravo. O Fiorindo Troisi também foi mecânico do Gino, mas ambos morreram amigos. A loja dele só fazia alinhamento, balanceamento, regulagens, vendia pneus e acessórios. Alguns anos mais tarde montou uma oficina no alto da Rua Saint Roman. O curioso é que o Fiorindo chamava-se Florindo. Um pedaço do L do letreiro caiu e ficou Fiorindo. Todo mundo passou a chamá-lo assim e o apelido pegou.

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  7. maravilha de postagem. somente faltou uma foto das escadas internas onde eu namorava com uma moça...ainda bem que, à altura, não havia câmeras...
    Chamava-se Berenice... será que ela vem aqui no SDR?

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  8. sei que vc não gosta de experiencias pessoais, mas não resisto kkkkkk

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  9. Localização estupenda e acomodações adequadas à bem nascidos e afortunados, sem contar que a vista é fantástica. Apesar da planta bastante atípica, há adequação de instalações sanitárias e aposentos para criadagem. Uma simbiose entre o terreno e o estofo sócio-cultural de seus moradores, faz do Posto Seis um ambiente fértil para novos empreendimentos de alto nivel na faixa de 50 M2 com serviços de apart-hotel e condomínio na faixa de R$ 2000,00.

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  10. Um prédio onde a vista dos fundos é melhor.
    Fizeram "puxadinhos" onde eram as varandas. Ou foram emparedadas.

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  11. Fiorindo Troisi era um admirador dos automóveis suecos SAAB da década de 1950. Nos anos 70, quando fui proprietário de um SAAB 93, descobri através da documentação que o penúltimo proprietário tinha sido o Fiorindo Troisi.

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