Quem gostará
de ver estas fotos é o nosso prezado Rouen, que em 11/04/1951 chegou ao Brasil
vindo de Marseille a bordo do transatlântico “Provence”, que fazia a viagem
inaugural que partiu em 30/03/1951. Depois de chegar na Praça Mauá a família
Rouen foi para o Hotel Ipanema. São poucas as fotos em que aparece o Hotel
Ipanema.
Nas duas
primeiras fotos vemos o hotel na atual Av. Borges de Medeiros no trecho que
passa ao lado do Jardim de Alá. Entre as ruas Ataulfo de Paiva e San Martin
ficava o Hotel Ipanema, que tinha o endereço de Av. Ataulfo de Paiva nº 19. Foi
inaugurado em outubro de 1948 e sobreviveu até meados da década de 70. Seu
proprietário era o português Manoel Leposito.
O anúncio da
inauguração dizia: “É um prédio novo, com apartamentos independentes, para
famílias de 2, 4 e 6 pessoas, diárias de Cr$ 70, com água corrente em todos os
aposentos e todo conforto moderno; colchões de molas, telefone, garage, no
local privilegiado, frente aos jardins de Alah, ao lado das lindas praias
Leblon-Ipanema, com a maior e melhor condução da zona sul do Rio e ótimas
refeições. Preços reduzidíssimos para distintas famílias de veraneio e
temporada. Dista 15 minutos do Centro.”
Naquela época, segundo anúncio publicado no
Correio da Manhã, ficava na esquina da Ataulfo de Paiva com Av. Epitácio Pessoa
nº 3678, o que é uma curiosidade, dado que atualmente o endereço ali é Av.
Borges de Medeiros.
Este hotel,
além de ser a primeira morada da família de nosso Rouen, abrigou muitas
delegações esportivas tanto de times de futebol, como de basquete. Certa vez,
falando sobre ele, o Candeias contou: “Como o hotel servia de concentração dos
jogadores do Botafogo e do Flamengo, João Saldanha, em encontros
"casuais", convenceu Zagalo a transferir-se do Flamengo para o
Botafogo. A torcida do Flamengo gostou muito, porque ninguém entendia como ele
era titular da nossa seleção e o vaiava constantemente durante as partidas.” Esta foto foi enviada pelo Carlos Paiva.
Vemos, ao fundo, o Hotel Ipanema em foto enviada pelo Paulo R. Prieto. A mocinha da foto é a Sonia, prima dele, nos anos 40.
Nesta foto do Jardim de Alá,
em que aparece o torreão da casa dos avós do JRO (publicada ontem), o fotógrafo
deveria estar na porta do Hotel Ipanema. Foto enviada pelo Carlos Paiva.
No trecho do
Jardim de Alá em frente ao Hotel Ipanema ficavam os cavalos, “bodinhos” e
charretes de aluguel que faziam a alegria da criançada, como meu amigo Odone,
já demonstrando sua categoria como cavaleiro.
Minha amiga
Ana Vera já desfilava sua elegância neste carrinho puxado por bode.
Nesta foto, do acervo do Jornal do Brasil, vemos uma charrete em frente ao Hotel Ipanema. O passeio incluía uma volta em todo o Jardim de Alá.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirMeu pai também chegou ao Brasil em 1951, mas em setembro. Já até postei uma foto dele na Praça Mauá nessa época.
Também já postei fotos das charretes e da urbanização do entorno do canal do Jardim de Alah. Devem estar lá no grupo, já que as postagens dos fotologs se perderam.
Curioso o tom enfático do português ao afirmar que havia "água corrente em todos os aposentos". E poderia ser de outra forma? A tradição popular que dava conta que os portugueses "não eram chegados ao asseio" tinha fundamento. Detalhes à parte, uma temporada nesse hotel devia ser extremamente salutar, algo comparável às "estações de água" tão em voga naquele tempo. A degradação da região viria anos mais tarde com a construção da Cruzada São Sebastião. A região nunca mais séria a mesma.
ResponderExcluirÁgua que não eram corrente para lavar partes íntimas, mãos, braços, rosto e pés, escovar dentes, eram fornecidas em jarras e jogadas em bacias. Para beber, moringa ou garrafa de vidro.
ExcluirBanheiros para a higiene completa eram nos corredores, de uso coletivo.
Antes da popularização das suítes em hotéis ainda teve a época de só ter um lavatório dentro do quarto, aí sim, iniciando os tempos da água corrente nas hospedarias.
Habitantes dos países de clima mais frio nunca foram de tomar banhos diários.
Embora muitos estrangeiros em 1951 ainda tinham Copacabana como "sonho de consumo", a hospedagem em Ipanema foi quase com certeza bem mais tranquila.
ExcluirTanto que "puro-sangue" do cavaleiro Odone estava quase cochilando diante do pouco movimento.
Era simpático o Hotel Ipanema, mas naquela época já existia a propaganda enganosa: "Dista 15 minutos do Centro". Do Leblon até o Centro, gasta-se em torno de 40 minutos nos dias de hoje. Na quinta foto aparece atrás da charrete o belo prédio que ainda está de pé, hoje todo gradeado.
ResponderExcluirLeblon com ares de Paquetá.
ResponderExcluirLuiz, esse seu amigo se chama Sergio Odone? Porque trabalhei com um colega com esse nome, na IBM, nos anos 1980.
ResponderExcluirNão, trata-se de médico intensivista de alto padrão.
ExcluirBom dia a todos. Muito ocupado nos últimos dias, sem tempo para acompanhar as postagens diárias.
ResponderExcluirQuando vejo essas fotos de jardins aqui no blog, aparentemente tão bem cuidados, sem mendigos, sem cercas, me dá uma dor no coração. Como foi que a cidade e o país se degradaram tanto ao longo do tempo? E é caminho sem volta. A tendência é sempre piorar.
ResponderExcluirHelio, a tendência é sempre piorar porque o Brasil é um país em empobrecimento. Não adianta colhermos a maior safra de soja de todos os tempos, a maior safra disso e daquilo, porque nosso empobrecimento social salta aos olhos, infelizmente.
ExcluirDegradação com a Cruzada, então as favelas na lagoa eram legais, não tinha problema. A cidade toda atualmente e um grande lixão. Em breve estará totalmente em mãos da milícia ou tráfico.
ResponderExcluirUma curiosidade.
ResponderExcluirAté quando charretes e cavalos frequentaram essa região?
Li sobre a data ontem quando pesquisava notícias do Hotel Ipanema mas não registrei. Deve ter sido até o início dos anos 60, quando a Sociedade Protetora dos Animais exigiu a extinção. Tal como tinha acontecido pouco antes com os cavalos e charretes que havia no Bairro Peixoto.
ExcluirLuiz, obrigado!
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