O prédio do hospital foi construído entre 1919 e 1924 por Leonídio Gomes a partir de um projeto de Pedro Campofiorito. Interessante notar que a curvatura desta construção acompanha parte do formato do diâmetro da praça. O período dessas obras coincidiu com a Primeira Grande Guerra, época que colocou a Cruz Vermelha no cenário mundial.
Além do pátio externo, cuja entrada era pela Rua Henrique Valadares, e onde
ficavam as ambulâncias, um grande galpão e oficinas, havia uma espécie de pátio
interno no miolo da construção.
Havia enfermarias de
vários tamanhos, desde de dois leitos até algumas enormes, com mais de dez. É
uma pena ver, numa cidade tão necessitada de hospitais, o fechamento de um
hospital como este há mais de 40 anos.
A Praça da Cruz Vermelha
surgiu no local onde ficava o Morro do Senado que foi desmontado entre 1880 a
1906. Com o produto do desmonte do Morro do Senado foi possível realizar o
grande aterro na área do porto e construir as avenidas Rodrigues Alves e
Francisco Bicalho.
A Cruz Vermelha Brasileira
("In pace et in bello caritas") foi fundada em 4 de dezembro de 1908
e seu hospital no Rio prestou bons serviços até o seu fechamento na década de
1970, embora o prédio continue lá, com funções não hospitalares, até hoje.
Teve em seus quadros
grandes médicos como Vivaldo Lima Sobrinho, Afonso Teixeira, Moacyr Renault
Leite, Arnaldo Bonfim, Newton Paes Barreto, Luiz Paulo Tovar, Orlandino
Fonseca, Jamil Haddad, Almir Pereira e tantos outros.
No térreo do hospital
funcionavam os ambulatórios de várias especialidades médicas (durante muitos anos o Serviço do Professor Joviano
Resende, os "Oculistas Associados", referência nacional, ali
funcionou) e o setor de Radiologia, do Dr. Thiers.
Nos andares superiores
ficavam as enfermarias, algumas enormes (o hospital tinha centenas de leitos). No
andar mais alto ficava o Centro Cirúrgico.
A Diretoria responsável
pelo fechamento do Hospital, segundo jornais da época, em anos posteriores
enfrentou vários processos na Justiça, por fraude e desvio de dinheiro de
campanhas humanitárias. Não sei como terminou esta história, se houve
inocentados ou condenados, mas há reportagens da revista Época muito comprometedoras.
Nos anos 40, como parte
do esforço durante a Segunda Grande Guerra, a Cruz Vermelha organizou um Curso
de Socorro Médico de Urgência para formar enfermeiras. Era presidente nesta
época o General Tourinho, sendo diretor da Escola o Dr. Artur de Alcantara, e o
secretário geral, Dr. Carlos Eugenio Guimarães. As más línguas diziam que era
um curso “espera-marido”. Afinal, no Hospital da Cruz Vermelha, havia vários jovens
médicos solteiros.
Bom Dia! Lá pelo final dos anos 40, foi recomendado a retirada das amídalas.Não tenho certeza se foi neste ou no H P S.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirPor muitos anos a praça foi caminho para mim, vindo do Rio Comprido para o Castelo ou Praça XV. O prédio sempre foi imponente, mesmo o tendo visto bem degradado.
Meu pediatra era médico daí, também. Chamava-se Rômulo Ramos Ribeiro. Minha prima dava curso de enfermagem (ou algo parecido) nesse hospital, por volta dos anos 1980, e já falava da existência de corrupção lá dentro.
ResponderExcluirVocê não sabe como terminaram os processos de desvio de dinheiro? Só há duas alternativas: ou foram arquivados ou todos foram inocentados. Principalmente se o Gilmar já fazia parte do STF.
ResponderExcluirEram muitos hospitais públicos.Qualquer um era atendido e não tinha plano de saúde: era tudo de graça.
ResponderExcluirConsidero A Cruz Vermelha uma das mais lindas construções da cidade do Rio de Janeiro. Por volta de 1970, sofri uma grave torção de tornozelo e fui atendido pelo grande ortopedista e ex craque do Botafogo, Paulo Tovar, citado no relato acima, que era amigo de meu pai. Já nesta época, notava-se a decadência das instalações do hospital. Quando foi implementado o profissionalismo no futebol brasileiro, Tovar optou por permanecer sendo um jogador amador, vez que amava o Botafogo. Era de família de classe média, moradores do bairro da Urca e tinha como principal objetivo seguir a carreira médica. No final dos anos 70, o reencontrei no Weekend Club, em Teresópolis, ele já com 50 e tantos anos e ainda era um exímio esportista. Era bom no voleibol e ainda era um excelente jogador no futebol de campo. Seu irmão, Rodrigo Tovar, também frequentava o Clube e também havia sido jogador do Botafogo. Mas segundo meu pai era um zagueiro viril e de pouca técnica.
ResponderExcluirNesta época citada por você, Mauro Marcello, eu fazia parte da equipe do Tovar. Às quartas-feiras, das 7 às 19 horas. Ele fazia ambulatório pela manhã, operava depois do almoço e no fim da tarde descia para um consultório que ele montou dentro do hospital, no térreo. Bons tempos.
ExcluirFaltou você citar o tênis, onde ele também se destacou.
Infelizmente teve uma complicação quando fez cirurgia cardíaca o que causou perda da acuidade visual.
Grande amigo.
É verdade Luiz, eu tinha por volta de 13 anos mas lembro que fui atendido no seu consultório no térreo. Bem lembrado, também o via jogando tênis no Weekend Clube. Tem caras que são craques em todos os esportes que praticam e o Tovar era um desses. Na minha rede, na praia, também tem um cara assim.
ExcluirConheci bem o prédio no inicio dos anos 50 ( 51... 52) quando criança e precisei de atendimento ortopédico. Aliás, um excelente atendimento. A Radiologia do Dr. Thiers era um modelo de técnica e bom atendimento
ResponderExcluirEra um caminho obrigatório para as lojas de material odontológico da rua Sete de Setembro, Rua da Ajuda, e da rua da Carioca. E uma vez por mês para a feira da rua do Lavradio.
ResponderExcluirComeçou a atender depois da gripe "espanhola" e acabou bem antes do coronavírus.
ResponderExcluirGostaria de ver a planta baixa desse prédio. Até os corredores devem ser fora do comum, saindo da mesmice.
Em tempo: e como estamos precisando de hospitais e profissionais da área de medicina.
No último dia 4 o SDR fez a postagem do Banco Boavista na Av. Pres. Vargas e ontem veio a falecer o fundador da Atlântica Boavista Seguros, o Antônio Carlos Braga, grande incentivador dos esportes em geral, mas principalmente do vôlei incluindo a formação do time que conseguiu impedir o êxodo de muitos jogadores e que depois fariam parte da Geração de Prata.
ResponderExcluirBoa tarde a todos. Como muitos já comentaram, também foi atendido na ortopedia do H. da Cruz Vermelha, quando fraturei pela primeira vez o tornozelo jogando bola, tinha só 11 para 12 anos na época. Mas o entorno da Cruz Vermelha tem muitas histórias, a Carlos de Carvalho era chamada de rua do pecado, a Ubaldino do Amaral nos anos 60 aos domingos tinha uma pelada que se tornou famosa, a única pelada de rua que tinha torcida dos dois times assistindo, a estátua da Joana D'Arc serviu de pegadinha para muitos colegas que estudaram no Colégio Souza Aguiar. Quanto ao problema de saúde que o Rio de Janeiro enfrenta, é fácil de ser explicado, porém para resolvê-lo é preciso coragem. A explicação e simples, saúde é a pasta tanto do governo federal, estadual e municipal que tem a maior verba do orçamento, e com a maior facilidade para realização de contratos superfaturados e obtenção de propina. Já a interrupção desta cadeia de corrupção, precisa de coragem do gestor e "cadeia" punição para os corruptos.
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