A Ponta do Caju. Óleo sobre tela de autoria de
Teixeira da Rocha. Era uma região belíssima, de praias com areias branquinhas e
água cristalina, onde não era rara a visão do fundo da Baía, tendo como
habitantes comuns os camarões, cavalos-marinhos, sardinhas, e até mesmo
baleias”, escreveu o cronista C. J. Dunlop.
Vemos hoje a região da Praia do Caju, perto do Cemitério
de São Francisco Xavier. Segundo C. Gaspar deve o nome aos cajueiros abundantes
nessa ponta da cidade. Além de colônia de pescadores e humilde zona
residencial, foi o primeiro balneário da cidade, frequentado pela família real,
quando D. João VI adquiriu ali uma quinta, equipando-a com cais e capela, para
tratar-se no Caju com banhos de mar. Na época o mar era cristalino, as areias
brancas e a lama medicinal. Mas D. João entrava no mar dentro de um caixote
especial, que ficava semimergulhado na água. Ao longo do século XX mudou muito
por conta das obras do cais do porte e da ponte Rio-Niterói. A Casa de Banhos
de D. João VI foi tombada e hoje é mantida pela COMLURB.
O Caju. Foto da Brasiliana Fotográfica. Esta área foi palco de um grande aterro nos anos 50 e 60, transformando totalmente o aspecto da região. A bela região de outrora foi degradada, sendo substituída por cemitério, Arsenal de Guerra, depósitos, atividades portuárias inclusive envolvendo a lama decantada da City. Posteriormente as ampliações do porto, a indústria da construção naval, a construção da Ponte e a expansão da favela, mudaram completamente a geografia do local.
Foto da Colônia de Pescadores existente no local. O Caju era a "praia" de São Cristóvão, bairro onde ficava o Palácio e a nobreza. As ruas de São Cristóvão terminam no Caju, como Rua Bela, Olímpio de Melo, etc. A construção da Av. Brasil alterou muito o local. Este morro é onde fica a Rua Tavares de Guerra e a Rua General Gurjão, local da Casa São Luiz para velhice. Fundada em 1890, a Casa São Luiz é referência em residencial para a terceira idade, sendo a Casa de Idosos mais antiga do Brasil.
Bom Dia ! No início dos anos 60 trabalhei em um estaleiro de reformas de barcos de pesca que ficava na Quinta do Caju, em uma rua que começava e acabava no mesmo lugar. Acredito ser o local retratado aqui.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirFala-se muito de locais da cidade alterados ao longo do tempo. Fora da área do centro histórico, o Caju acredito ter sido o mais alterado. Claro que toda a área afetada pela abertura da Avenida Brasil pode ser considerada, mas ainda não era tão densamente ocupada.
Fui uma vez em um dos cemitérios do Caju no enterro de uma prima da minha mãe. Nessa ocasião conheci sepulturas famosas, como o mausoléu do Barão e do Visconde do Rio Branco.
Só fui uma vez no Caju.
ResponderExcluirUm amigo meu tinha uma papelaria no Méier e pediu para eu pegar algumas caixas de resmas de papel A4 que ele havia comprado muito barato.
Fui com meu carro e o endereço era uma casa dentro da comunidade.
Expliquei para ele que possivelmente era carga roubada.
Ele nunca mais ele comprou com o cara.
Tenho muita vontade de ir a casa de banho.
O Cajú era um bairro aprazível onde residiam famílias abastadas e bastante conceituadas. Isso pode ser comprovado no livro de Lima Barreto "O triste fim de Policarpo Quaresma. O nível das pessoas era bem diferente. FF: no Domingo passado vândalos e marginais destruíram cerca de 30 ônibus em Copacabana e as imagens são revoltantes. Pois bem, ontem um tumulto semelhante ocorreu no mesmo local e dessa vez a PM e a Guarda Municipal "desceram a lenha" nos desordeiros. A funesta Rede Globo logo desqualificou as as ações alegando "truculência", alegando que existiam "mulheres grávidas e crianças". A situação chegou a esse ponto em razão da mídia "endossar" todo o tipo de ações violentas oriundas moradores de favelas e "afins", bem como instituições como Defensoria Pública, Ongs, partidos políticos de esquerda, e algumas igrejas evangélicas. O verão está chegando e para os moradores do Lido e da região atendida pelas estações do Metrô a situação pode complicar, visto que são os pontos preferidos pelos moradores da Maré, Jacarezinho, Acari, Juramento, "Para Pedro", e de outras "regiões pitorescas".
ResponderExcluirBom dia a todos. No bairro do Caju foram enterrados 2 tios e minha mãe, no cemitério da Ordem do Carmo. Cheguei a fazer estágio de 3 meses na Fronape em 1977, joguei algumas vezes no campo do Mavilis, time que disputava o campeonato do DA. Antes da pandemia fui a um enterro no Caju e na volta tinha a intensão de ir até o mais próximo do mar, porém regressei nas proximidades do Arsenal de Guerra.
ResponderExcluirEm 1883 foi inaugurada a E.F.Rio D'Ouro com o objetivo de levar água dos mananciais existentes na Serra do Tinguá com a promessa de que em seis dias a "Côrte' teria esse abastecimento. A estação inicial era no Caju e lá se manteve até 1922 quando o terminal passou a ser em Francisco Sá. Ao contrário do que se pensa as regiões do Caju, Alegria, Benfica, e São Cristóvão, eram residênciais e as casas eram de ótimo padrão, e sua proprietários eram militares, Diretores de Secretarias, Amanuenses, etc. As inúmeras fotos que existem mostram isso e as praias eram límpidas e próprias para banho. Em outro opúsculo de Lima Barreto "Memórias do Escrivão Isaías Caminha e que é narrado em terceira pessoa, o personagem principal acompanhando o patrão, narra a beleza de uma viagem de bote entre a Praia do Galeão e a Ponta do Caju no ano de 1893. Mas "os tempos eram outros'.
ResponderExcluirLugar totalmente abandonado, cheio de comunidades e cercado por viadutos. Seria um lugar bom de se morar pela proximidade do centro. Trabalhei aí um ano, depois das cinco da tarde torna-se um lugar realmente perigoso. Existe vida comercial e industrial, uma vila militar semi abandonada e tal. Um ex-hospital invadido e por aí vai, enfim tudo que o Rio se tornou está aí.
ResponderExcluirPra quem reclama do esquecimento de vários bairros do Rio, o Caju é um consolo: esse realmente foi completamente esquecido.
ResponderExcluirFF. Interessante conhecer brasileiros que poucos brasileiros conhecem. Vi, agora há pouco uma entrevista da Ana Maria Braga com Ingrid Silva, uma bailarina negra brasileira que bombou em New York. Saiu da comunidade do Arará e ganhou o mundo. Ainda bem que ares de tolerância, inclusão e empatia vem, a cada dia, dominando o mundo, mesmo com a resistência violenta e histriônica de muitos tolos reacionários.
Mesmo resolvendo a segurança e outros serviços públicos o bairro não teria como voltar a ser uma opção residencial, devido ao movimento em torno das indústrias e de cais, além da ponte e da Av. Brasil passando "nas orelhas" dos habitantes.
ExcluirEm 1972,o Detran levou todos os carros dos depósitos do centro,e começou seu famoso deposito do caju...Tenho bastante material garimpado sobre o assunto e em breve vou enviar para o gerente...
ResponderExcluirA chamada casa de banhos de D. João VI, que virou um museu da COMLURB, era mesmo utilizada para este fim? Já ouvi várias versões a respeito, alguns dizem que ele tomava banho na praia mesmo e dentro de um barril. A casa seria apenas para trocar de roupa e para servir refeições, afinal o monarca era bom de garfo. Outros dizem que nem isso, a casa apenas existia por volta de 1808 e sendo contemporânea, teria ficado com a fama. O próprio motivo da recomendação de tomar banho (feridas, sarna adquirida na viagem de Portugal, picada de inseto nas andanças pela Floresta da Tijuca, erisipela, doenças venéreas...) varia de acordo com a versão.
ResponderExcluirAinda existe o estaleiro da Ishibrás nesta região?
A Ishibrás deve ser a atual Sermetal Estaleiros Ltda.
ExcluirA Igreja São Luiz Rei da França, que aparece quase sumida na foto 3, aparentemente não sofreu modificações, apesar das várias construções mais novas ao redor.
ResponderExcluirEmbora de frente para a Rua Tavares Guerra, no site da arquidiocese o endereço informado é o mesmo da Casa São Luiz para a Velhice.
No final dos anos 90 o stand de tiro da Polícia Civil era no Caju. Várias vezes estive lá e naquela época já era complicado. Muita sujeira e muita degradação. Quanto ao comentário das 10:54, assisti parte do programa e achei uma vitória pessoal. Mas são casos esporádicos, não são a regra. Não adianta querer "tapar o sol a peneira e defender o indefensável" com discursos sabidamente vitimistas. O fato é que essas populações precisam de "pão e ensino" e não de qualquer tipo de leniência. Estimular esse tipo de selvageria é extremamente perigoso e ações desse tipo devem ter como contrapartida ações enérgicas.
ResponderExcluirAlém de todas as mazelas que assolaram o Cajú, mais uma tragédia "engrossou essa lista: o desmonte e os incêndios criminosos praticados contra os bondes que estavam no grande depósito que existia ali. Em 1965 com quase todas as linhas erradicadas, incêndios criminosos destruíram toda a frota de bondes que restou. As fotos do depósito e desses incêndios mostram até que ponto chegou a corrupção de Lacerda, já que destruindo toda a frota não haveria qualquer possibilidade para qualquer retorno. O fato é que com exceção dos 12 exemplares vendidos para diversos museus Estadunidenses, não existe um único exemplar remanescente de um sistema que outrora foi admirável.
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