Temos hoje dois postais sobre como funcionava a Polícia
na primeira década do século passado. Neste primeiro vemos um cidadão na Praia
do Flamengo junto ao novo poste telefônico para chamar a Polícia. Ao fundo vemos
o carro de socorro com os policiais vindo do Morro da Viúva. Muito já se
especulou como funcionava, hoje temos a resposta.
Em 1908, assumindo o comando da Força Policial, o General Antonio Geraldo de Souza Aguiar, devido ao pouco número de policiais na tropa, foram instalados estes aparelhos pela cidade a fim de dar mais segurança à população. Acontecendo uma ocorrência era dado aviso ao quartel mais próximo para a saída de um carro com os policiais.
O telefone era acionado pelo policial de ronda da área ou pelos moradores das vizinhanças do mesmo, que tinham a “chave do cidadão”. Esta chave era fornecida a cidadãos de idoneidade comprovada. A chave ficava presa à caixa para, nos casos de rebate falso, ser apurada a responsabilidade da pessoa que o deu.
As caixas também serviam para controle dos policiais de ronda, pois o oficial do dia da estação mais próxima poderia ligar para eles acionando o “tímpano avisador” e acendendo a lâmpada, ambos vistos no poste.
Nos quartéis havia um aparelho receptor que registrava o sinal dado, bem como a hora em que foi feito.
Este primeiro postal ilustra a capa do livro “O Cotidiano Carioca no Início do Século XX”, Cohen e Gorberg.
Soccorros Policiaes
Chave do Cidadão
331
Força Policial
Rio de Janeiro
Este era o posto policial responsável pelo socorro
à região do Flamengo/Botafogo e adjacências. Ficava onde é hoje a casa do
Comandante da PM, na Av. Oswaldo Cruz. Nota-se
à direita o muro da divisa com a Travessa Acaraí e a escadaria de acesso à caixa
que existe até hoje.
Durante a Exposição de 1908 eram publicados no “Correio da Manhã” os nome dos que estavam de serviço no “Posto de Soccorros Policiaes”, bem como os nomes daqueles que recebiam as “Chaves do Cidadão”.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirOutros tempos...
Hoje, o policial em ronda, geralmente, usa um bastão que tem que ser acionado em pontos específicos do percurso. Em outros lugares, acham o policial pelo zap mesmo...
Em alguns locais específicos a ronda é feita por PM's de folga, no programa Bairro Presente.
Tive a impressão de ter visto uma caixa dessas em algum lugar. Só não lembro em qual circunstâncias. Tenho o livro com essa foto de hoje na capa.
No Palácio do Catete tinha uma.
ExcluirNão sei se a resposta foi enviada. Assim, repito:
ExcluirPode ter sido lá. Obrigado.
Com relação ao comentário do Augusto das 07:47, as "rondas policiais" acontecem 24 horas por dia e são realizadas tanto a pé quanto em veículos pelos Grupos de apoio tático (GAT) de cada batalhão, inclusive o de Choque. Além disso foi criado o RECOM (Rondas Especiais e Controle de Multidões) com sede na Avenida Heitor Beltrão e que é voltado essencialmente para essa finalidade. Quanto ao programa Segurança Presente no qual em passado atuavam policiais "de folga" a realidade mudou. Ocorre que o programa Segurança Presente passou a ficar sob a gestão da "Governança", ou seja da Casa Civil do Governo Estadual. Com isso os policiais que atuavam "na folga" passaram a ter sua lotação permanente na Casa Civil. Em situações excepcionais a Polícia Civil também atua nas chamadas "rondas qualicadas".
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEsse era o Rio de Janeiro civilizado onde as ocorrências policiais eram "quase inocentes" se comparadas com as da atualidade. Vivia-se naquele tempo sob a vigência da "Consolidação das Leis Penais" que em 1940 foi substituída pelo atual Código Penal. Além de um povo muito mais ordeiro civilizado, as leis vigentes eram muito mais severas, admitindo inclusive a prisão de menores.
ResponderExcluirBoa postagem. Detalhes muito pouco conhecidos.
ResponderExcluirÓtima foto do posto policial e o Morro da Viúva desnudo, sem os "biombos" espigões que o cercam.
A organização da segurança pública no passado era meio confusa mas eram parte das Polícias Civil e Militar. Havia "Setores", "Sub-Delegacias", "Inspetorias", etc, e a parte processual ou judiciária, e uma parte do policiamento ostensivo competiam à Polícia Civil, e à Polícia Militar se incumbida do "Choque" e de uma parte do policiamento ostensivo. Nos anos 30 os chamados "Cabeças de tomate" baseados no Morro de Santo Antônio eram subordinados à Polícia Civil, que era chefiada por um Delegado de Polícia. A Chefia de Polícia do antigo Distrito Federal era um "cargo comissionado" que podia (como até hoje) ser exercido por elementos "estranhos ao quadro funcional". Entre 1930 e 1945 foi exercido pelo Capitão do Exército Filinto Muller.
ResponderExcluirDesculpem a desinformação, mas o comandante da PM do Rio de Janeiro, em 2021, tem uma residência oficial só pra ele?
ResponderExcluirNão sei se ainda tem, mas tinha. Havia sempre sentinelas na porta.
ResponderExcluirBom dia a todos. Portagem muito interessante, desconhecia estas caixas, nunca as vi, ou como diz o ditado: "Quem olha o que não conhece, ao ver não reconhece". Já quanto a segurança pública no Rio de Janeiro, todas as medidas públicas de repressão são meramente paliativas, podem até ter uma melhora momentânea, mas não solucionam o problema. Solução para a criminalidade no RJ e no Brasil, passa por, melhora da educação básica buscando uma excelência igualada as melhores do mundo (demora no mínimo 18 anos), geração de empregos formais de qualidade com salários dignos e suficiente para uma vida digna do cidadão (demora uns 10 anos), reforma do código penal civil, com endurecimento das leis, retirada de qualquer tipo de redução de pena, indulto, mordomias em penitenciárias como visita íntima, proibição de visita ao preso no primeiro ano de cumprimento da pena, nenhum tipo de ajuda financeira para preso, prisão perpétua e pena de morte para os crimes bárbaros e hediondos cometidos com crueldade e obrigatoriedade de trabalhar para ajudar a pagar as suas despesas prisionais, cada 5 dias trabalhados efetivamente, desconta 1 no tempo de cumprimento da pena.
ResponderExcluirLino Coelho, eu e todas as pessoas esclarecidas, inclusive as mais renitentes, concordamos com você. Mas falta um único fator: "Vontade política". O Brasil é o maior valhacouto de criminosos que existe "entre Brasília e a constelação da "Alfa-Centauri". Todas as instituições públicas desde o insignificante Município de "Varre e sai" até Brasília são carcomidas pelo cancro da corrupção até o mais oculto "pelo pubiano". Com esse ilustre predicado, sabe quando vai acontecer esse "milagre"? Pois é...
ExcluirComplementando o comentário das 10::57, em 1960;com a criação do Estado da Guanabara, as duas corporações passaram a compor a Secretária de Segurança Pública. O Secretário de Segurança podia ser "estranho aos quadros funcionais". Em 1975 com a criação do Estado do Rio de Janeiro essa estrutura foi mantida até 1983 quando Brizola concedeu "status" de Secretaria Estadual a cada uma das três corporações. Já no Governo Garotinho novamente as duas Polícias foram reunidas em uma única Secretaria de Segurança até 2019, quando Witzel novamente deu status de Secretaria Estadual a cada uma das duas Polícias.
ResponderExcluirO atual está praticamente há um ano e já teve que fazer algumas freadas de arrumação. Os últimos dias foram especialmente frenéticos.
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