No último post mostramos o palacete
do banqueiro Custódio de Almeida Magalhães, projetado e construído pelo arquiteto
Thomas Georg Driendl, na Av. Oswaldo Cruz nº 149, Flamengo. Hoje vemos fotos de
Gyorgy Szendrodi e do acervo Time-Life mostrando o palacete após sua venda.
Conforme conta o sumido e prezado Marcio Bouhid, que tinha o fotolog “Lanterna Mágina”, no provedor Terra, este palacete mudou de mãos por volta de 1917. Comprado pelo Comendador Giuseppe Martinelli (o mesmo do edifício Martinelli em SP), o castelinho em estilo alemão foi totalmente reformado e modificado pelo arquiteto Antonio Virzi.
A obra, que começou em 1919, nunca
ficou completamente pronta. Por uma superstição do novo proprietário, que
acreditava que morreria ao concluir a obra, a casa era sempre mantida
inacabada. A riqueza de detalhes, os excessos decorativos e as inúmeras
esculturas encontraram seu fim em 1976, quando o palacete foi demolido. Podemos ver, à esquerda, a escultura inspirada no "Discóbolo de Miron".
O terreno de 36 mil m2, no Morro da Viúva, hoje é a área de lazer do Condomínio
Martinelli. A demolição teve o "nada a opor" de Lúcio Costa, na época
responsável pelo órgão de preservação.
Segundo nosso amigo Gustavo Lemos, sobrinho-neto do banqueiro Custódio de Almeida Magalhães,
falecido em 1917, a casa foi vendida pela viúva do banqueiro, Suzana Hirsck,
para o Comendador Martinelli.
Foi nesta casa que aconteceu o famoso
escândalo Barreto Pinto, que era o deputado casado com a filha do Martinelli.
Ele foi fotografado de cuecas e por causa disso foi o primeiro deputado cassado
da história da República por falta de decoro parlamentar. Segundo
Barreto Pinto ele foi enganado por Davi Nasser e Jean Manzon, pois o repórter
de “O Cruzeiro” garantira que publicaria a foto mostrando-o somente da cintura para
cima.
O palacete foi comprado por Sergio Dourado, que ali fez subir um
prédio de 25 andares, quatro blocos e manteve a capela "do tempo do
Comendador". Nos fundos do palacete, havia um túnel no morro com um
elevador até o alto onde foram construídas quadras de esporte, jardins, fontes
e até uma capela. Este espaço faz parte do edifício de 25
andares e é acessado por moradores e seus convidados.
Consta que o imenso patrimônio do Comendador foi dilapidado por um
herdeiro. Incluía mais de 20 casas em Botafogo, terrenos como o de onde foi
instalado o antigo Hotel Meridien em Copacabana, etc.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirOs anos 70 foram especialmente terríveis para alguns exemplos arquitetônicos da cidade (e do país). Estendeu-se para o começo dos anos 80. Às vezes usava-se como desculpa algumas obras. Mas geralmente era especulação imobiliária mesmo. De algumas nos livramos como o condomínio no lugar do Parque Lage. Mas infelizmente foi exceção.
Em tempo, tem no canal History uma minissérie sobre alguns empreendedores do final do século XIX e começo do XX, entre eles o Martinelli em SP e o Guinle no Rio.
ResponderExcluirBom Dia! Acho que essa serie é reprise.
ExcluirÉ inédita no "Saudades do Rio".
ExcluirEsse palacete fazia parte de "um outro Rio de Janeiro" que não existe mais e a suntuosidade dessas construções é uma prova disso.## David Nasser era uma espécie Roberto Cabrini do passado. ## Naquela época deputados eram cassados por "falta de decôro parlamentar" por serem fotografados em trajes sumários": atualmente deputados e senadores são chefes de organizações criminosas, de tráfico de drogas, de milícias, e possuem imunidade para tal". FF: Torcedores do CRF destruíram ônibus e estações do BRT durante a caravana que acompanhou o ônibus do clube para Porto Alegre. Alguns exibiram como troféus nas redes de televisão partes arrancadas do mobiliário dessas estações usando a linguagem típica de marginais.
ResponderExcluirAtitudes deploráveis desses torcedores, verdadeiros marginais.
ExcluirLembro de ter visto algumas dessas fotos do acervo LIFE, mas não identificava o local.
ResponderExcluirPS: hoje é aniversário de Niterói (448 anos).
Lembro que quando criança, passávamos de carro em frente ao Palacete Martinelli e meu pai falava: "vejam a direita o Palácio mal assombrado!" por conta da arquitetura rebuscada. Eu e meu irmão caçula nos abaixávamos no banco de trás, morrendo de medo. Quando do lançamento do empreendimento imobiliário, em 1977, meu pai acabou adquirindo uma unidade onde morou meu irmão mais velho com a família. A área de lazer é acessada por um túnel cavado na rocha, onde pega-se um elevador até o alto do morro. Neste morro tem uma outra construção antiga imitando um castelinho, onde era a moradia de verão dos Martinelli. Deste morro avista-se a enseada de Botafogo e o Pão de Açúcar. A área de lazer é excelente!
ResponderExcluirBom dia a todos e Saudações Alvinegras. Vou ler os comentários, não me recordo deste imóvel.
ResponderExcluirBelo palacete que demonstra a incrível obra de Virzi no Rio. Diferente, com elementos meio fantasmagóricos como aqueles do Elixir Nogueira, original. Acho que muitos vieram abaixo devido à opinião de Lucio Costa que tinha horror a este tipo de arquitetura.
ResponderExcluirEstive em um aniversário infantil no play desse edifício, e pude subir pelo elevador até o alto do morro, exatamente como descreve o Mauro Marcello acima. Nuca imaginei que existia, achei surpreendente. Existe um caminho que pode ser feito a pé, da entrada do edifício até o alto, mas entrar no túnel e subir pelo elevador é muito mais interessante, e menos cansativo...
ResponderExcluir"... palacete foi comprado por Sergio Dourado..."
ResponderExcluirA respeito do Sergio Dourado: ele (e a empresa) sumiram de repente, acho que no início dos anos 80.
Alguém sabe da história?
Alguns registros interessantes sobre o Comendador Martinelli. Ele teve duas filhas do primeiro casamento: Irma Martinelli Mazoto e Georgina Martinelli Bonomi, mãe da artista plástica Maria Bonomi. Em segundas núpcias com Rina Cataldi, filha da sua lavadeira, teve um filho, Benito Guilherme Mário Martinelli, verdadeiro responsável pela dilapidação de um imenso patrimônio, inclusive do terreno onde seria mais tarde erguido o hotel Meridien. Consta que o inventário do Comendador era tão grande que os autos chegaram a pesar trinta kilos. Antes do seu falecimento a família conseguiu sua interdição e alguns bens foram doados à Igreja Católica. Um exemplo dessas doações é o Edifício Amazonas na r. Fernando Mendes.
ResponderExcluirO comendador morreu em 1946,portanto 30 anos antes da demolição...Eram os herdeiros que moravam na casa?Em 1971 a casa estava em excelente estado ainda,uma pena não terem preservado...
ResponderExcluirUma coisa que sempre me gerou curiosidade é a origem da fortuna de vários ricaços de antigamente. Imagino que muitos amealharam dinheiro como grandes fazendeiros, outros, na indústria, como os Matarazzo. E vários se tornaram banqueiros. Deve ter algum livro que trata desse assunto. Certamente, muitos deram muita sorte ou conseguiram na boa e velha "malandragem"...
ResponderExcluirWagner, um amigo, famoso advogado criminalista, diz que 70% das grandes fortunas têm um pé na delegacia. Ou seja, tem coisa ilícita no meio.
ExcluirIsso é coisa do passado. Nos tempos atuais as grandes fortunas tem origem em sua maioria na política. Desvio de dinheiro público, fraude em licitações, "lobismo", tráfico de influência, e é claro tráfico de drogas. O Brasil é um exemplo disso. Quanto ao "pé na Delegacia", atualmente é mais adequado dizer "com um pé em algum Tribunal e outro em alguma Casa Legislativa"...
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