A
tranquila e pacata Praia Vermelha já foi palco de tempos turbulentos. Ainda
segundo o Prof. Doyle, no período que se seguiu à Revolução de 1964 verificaram-se
situações absurdas, quando numerosos professores, por simples denúncia de
pessoas interessadas em prejudicá-los, foram cassados e expulsos da
Universidade.
Apesar
de toda a repressão havia alunos com coragem e eloquência para lutarem contra o
arbítrio (dentre meus colegas destacava-se neste aspecto o David Capistrano
Filho).
O
incidente mais grave na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha ocorreu em
22/09/1966. O então Reitor da Universidade, Pedro Calmon, se reuniu para
almoçar com os alunos no bandejão da FNM (restaurante na esquina oposta à Faculdade,
na ruazinha sem saída onde ficava a entrada lateral). Participaram os
professores Paulo da Silva Lacaz, Clementino Fraga Filho e Bruno Alipio Lobo (tive
aulas com todos).
Não
houve entendimento entre os estudantes e as autoridades. Então o prédio foi
cercado pela Polícia Militar e, na madrugada, vendo que a Faculdade estava
ocupada por poucos alunos de Medicina, alunos de outras escolas e alguns
desconhecidos, os professores, depois de várias tentativas de conciliação, se
retiraram.
O
Governo, então, apagou as luzes daquela parte do bairro e as tropas de choque
da PM arrebentaram as portas dos fundos da Faculdade e a invadiram. Os
estudantes que não conseguiram fugir refugiaram-se no terceiro andar. Os
brutamontes da polícia, depois de dominá-los, fizeram um “corredor polonês” e
os alunos foram obrigados a descer as escadas sob pancadas de cassetetes e desrespeito
às moças.
Esta
foi uma das poucas ocasiões em que a polícia entrou na FNM. Outra ocasião foi
em 1968, mas desta feita a polícia tentou, mas foi repelida pelos estudantes,
entre os quais o nosso prezado Conde di Lido.
As
fotos mostram aquele fatídico dia 22 de setembro e, numa foto do dia seguinte,
o eterno porteiro “Seu” Magalhães, tentando evitar a entrada de um policial.
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Toda forma de "arbítrio injustificado" é deplorável. Acho que disciplina e ordem são fundamentais em qualquer setor da vida quando se deseja que ela seja pautada pela probidade e pelo equilíbrio. Qual seria a razão desse protesto de 22.09.66? Haveria algum motivo concreto para esse cerco ao prédio além da desobediência?
ResponderExcluirMais um detalhe: A foto se situa entre 74 e 76, pouco antes da demolição. A Brasília azul não desmente...
ExcluirJoel, acho que todas as fotos de Giorgy Szendrodi, que tanto fotografou o Rio, foram feitas entre 1971 e 1972.
ExcluirA Brasília da foto é de 1974. Pergunte ao Dieckmann.
ExcluirAqui tem uma ideia do que ocorreu nessa data (a data oficial é 23.09.66, já que a invasão se deu entre 2:00 e 3:00 da madrugada: http://movebr.wikidot.com/especiais:set-2007:massacre-praia-vermelha:tatiana-rezende:m
ExcluirBoa tarde ! E, afinal, onde é que você viu uma Brasília, Joel ?
ExcluirAs duas fotos do prédio são belíssimas. Se não me engano a primeira é do Szendrodi. A segunda deve ser logo após a inauguração.
ResponderExcluirQuanto aos protestos mostravam que a juventude não era alienada como a de hoje. Certos ou errados os estudantes participavam. Isto na minha opinião era saudável.
Uma coisa é certa e o Plínio tem razão: A juventude era bem mais culta e "antenada" em valores moralmente sólidos. Converso com muitos jovens e a maioria deles nada conhece sobre nosso presente e passado, e certamente não faz a menor ideia de como será o futuro. Desconhecem o que são ideologias políticas, economia, "atualidades", antiguidade, pré-história, antropologia, literatura, poesia, e muitas outras coisas nas quais um jovem atual deveria ser versado. Esse quadro se deve à política educacional iniciada deliberadamente à partir da "Nova República" por motivos que todos sabem. Escolas públicas de péssima qualidade, onde a maioria dos alunos consiste de "caucasianos" oriundos de favelas, muitos deles filhos de traficantes, onde é "normal" a agressão a professores e ao invés da cerimônia de hasteamento da bandeira, temos o funk de Annita, Ludmilla, e outras beldades, embalando os seus "nobres devaneios". É Isso que vocês querem para o Brasil? "Ordem e Progresso" inclui essas práticas "africanas? Ordem em seu sentido estrito tem um significado mais profundo, e todos aqui sabem qual é. As fotos são belíssimas mas tanto elas quanto esse passado fazem parte de uma realidade distante. Acho que se vivêssemos em um país sério, a polícia militar atualmente deveria atuar nas escolas públicas mantendo a ordem e tratando "estudante marginal" nos "rigores da lei", leis duras que se não forem implementadas urgentemente, serão o fim do Brasil como nação civilizada.
ResponderExcluirA primeira foto é belíssima. Muito interessante o registro de uma época complicada.Muitos exageros e injustiças eram cometidos de forma aleatória.
ResponderExcluirJoel,
ResponderExcluirO jornal O Globo traz hoje uma matéria que relata estudantes armados em sala e aula, com percentual e tudo.
Abro o suplemento 'Ela' e me deparo com a realidade:
- Editor chefe: Bruno Astuto. Folheio a revista, procuro a Martha Medeiros, o Geraldo Carneiro, Marcelo Balbio, O Ela acontece mostrando publicações literárias, o Luiz Horta, a Ana Cristina Reis e outros que amenizavam as duras notícias do corpo do jornal.
Não os encontro, mas, lá no final, encontro Adriana Kastrup. Quem será? Adentro o Google, pesquiso e acho:
-Taróloga online.
Dentro do truste em que se transformou a nossa mídia o que podemos esperar? Apenas o esvaziamento de mentes, de um povo que não amparado por uma educação de qualidade está sendo manipulado como nunca para a polarização e agressividade.
"Pão e circo". Pão de péssima qualidade e o circo pior ainda. Sempre os mesmos atores de mais de cinquenta anos.
Enfim, "Nada de novo no front".
E ainda há quem sinta saudades daquele regime...
ResponderExcluirEu sou um dos milhões de brasileiros que desejam sim uma intervenção militar, sem que isso signifique uma ditadura. Todos aqui "neste sítio" conhecem bem o tema, alguns até bem demais, por isso não vou me alongar. "Ainda que eu não concorde com seus ideais, defenderei até a morte o seu direito de professa-los".
ExcluirOs protestos e até ataques contra a "Redentora" anteriores a 1968 foram atitudes isoladas.
ResponderExcluirSe os ocupantes já tinham concordado em sair o "corredor polonês" foi arbitrariedade. O Estado tem que dar o exemplo dentro da lei e não incentivar a barbárie.
Na foto colorida só vejo uma Veraneio, que não tenho certeza se é azulada ou acinzentada.
No último ano do AI-5 e meu primeiro em faculdade, onde eu estudava alguns alunos fixaram um manifesto da Convergência Socialista num quadro de aviso. Um professor que era major do Exército, ficou possesso com aquilo, justamente no momento que eu estava ali lendo aquilo. Chamou logo um diretor que era da ala moderada do MDB, que não se alterou e até acalmou o professor militar dizendo que aquilo era coisa normal da juventude e tudo ficou como estava. Na hora achei interessante a vitória da democracia sobre o "cara dura", mas com o tempo entendi que a censura naquele momento só serviria para que os radicais do diretório se fizessem de vítima.
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