A
primeira foto é uma vista da Faculdade ainda nos primeiros tempos, com apenas
dois andares.
A
segunda foto mostra uma flâmula da Associação Atlética da Faculdade Nacional de
Medicina. Até a década de 60 estava na moda ter flâmulas dos mais diversos
tipos. Os jovens as pregavam nas paredes de seus quartos.
A
seguir temos uma flâmula da Comissão de Trote. A Nacional de Medicina tinha um
dos trotes mais pesados. Os calouros eram vítimas de balões cheios de água, tinham
as cabeças raspadas (escapavam os casados e as moças), eram levados para a
Praia Vermelha para o “bife à milanesa” (molhados tinham que rolar na areia),
tinham os sapatos retirados e misturados com os de centenas de outros calouros,
eram pintados, obrigados a desfilar sem camisa unidos por uma corda através das
presilhas das calças e por aí vai. Só eram “libertados” após o dia 13 de Maio.
Às vezes recebiam uma “Declaração de Veteranos”:
“AOS
ÍNFIMOS CRANIOTABELÉTICOS CALOUROS”: Nós conclástones veteranos, da
onissapientíssima e literata turma da veneranda Faculdade Nacional de Medicina
da Universidade do Brasil, declaramos:
1) A partir de seu ingresso nesta casa,
o calouro será submetido a severa tricotomia e periódicos exames
bamboleiéticos, sem distinção de raça e cores (pele, política e religião),
segundo o ártico 2º§ 3º - Hipiatria Muar).
2) Submeter-se-ão ao trote na Hebdômane
Muur, no qual os custilogospóricos e máximos veteranos, com seus poderes
balsamino-adstringosporéticos os despojarão de seu periquécio coprolítico,
vícios psicoputrefalalgicos e oligofrenia bulufática.
3) Com este tratamento estarão
detoxicados de substâncias oncofogênicas dos miolos e eternamente agradecidos
aos satrapáticos macróbios.
4) Serão libertados do jugo e
incorporados à “plêiade dos excelsos” no dia 13 de Maio.
“Os
Máximos Veteranos Broncáticos”.
Vemos
ainda uma mania dos anos 60, aquele plástico descolado com água e preso aos
fichários pretos que todo estudante portava.
Por
fim, a carteirinha de identificação do aluno e a famosa boina da FNM.
Continua
amanhã.
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Para ter todas estas lembranças o Dr. D´ era um colecionador há décadas. Sempre fui contra este tipo de trote que humilha, violento e sem razão. Por que não organizar doações de sangue ou algo útil ou mais brincalhão? Acho mais legal a declaração dos veteranos, isto sim uma brincadeira.
ResponderExcluirA vista da faculdade é muito bonita numa avenida Pasteur quase deserta.
Bom dia a todos. Mais um texto contando a história desta Faculdade. Os artigos como as flâmulas, o boné a carteirinha, são realmente um belo fundo do baú, já a foto aérea é um espetáculo, mostra a beleza da construção e ladeada a outras belas construções.
ResponderExcluirConcordo com o Plinio. Este tipo de trote é inaceitável. Isto me lembra uma história:
ResponderExcluirA1: aluno, da nossa turma, em 2ª época de Bioquímica, matéria do 1º ano, atleta, praticante de artes marciais, mais de 1,80m, pavio curto.
A2: aluno da nossa turma, apelidado de "Cri-Cri".
Local: saguão da Faculdade de Medicina.
Data: Janeiro de 1968, 8 horas da manhã, pleno verão, férias.
A1 busca informação sobre data da 2ª época quando, pelo reflexo do quadro de avisos, vê A2 com uma tesoura na mão, gritando com voz esganiçada “calouro, calouro, vou raspar tua cabeça”.
A1 avisa que já é aluno e era melhor A2 não se aproximar (com a questão dos excedente nossa turma era gigantesca, muitos de nós não nos conhecíamos).
A2, em dúvida (ou com receio?) chama “seu” Magalhães, o porteiro, para saber se conhece A1 mas “seu” Magalhães fica em dúvida.
Instala-se o confronto. No final o "Cri-Cri" ficou em dúvida, resolveu não se arriscar, mas ameaçou com um "se você for calouro...".
Pergunto: o que leva um cara desperdiçar um dia de férias, em pleno verão, para ir aguardar calouros para raspar a cabeça deles?
Caro Luiz, talvez eu tenha a resposta para sua pergunta: se o Cri-Cri for quem eu penso (seu primeiro nome começa com D), ele fazia curso de monitoria nas férias.
ExcluirAcho que poucas turmas sofreram tanto trote quanto a minha, a tal ponto que foi criada uma comissão anti trote e ficou combinado que não faríamos nenhum tipo de trote humilhante.
Cerca de 2 anos após seu relato passei por situação similar, porém oposta: também fazia curso de monitoria e certo dia, nas férias passando pelo saguão, observei uma menina sentada na escada chorando. Como havia um colega junto a ela, perguntei o motivo do choro e ele disse que ela tinha ido se matricular mas estava desistindo com medo do trote. Como não podia aceitar um absurdo daquele, me imbuí do espírito de super herói protetor, levei um tempão para convencê-la e me comprometi a protegê-la e lá foi o bonitão aqui protetor fazendo companhia até a secretaria. Ao chegar lá já fomos recebidos por um grupo grande às gargalhadas. Tratava-se da turma do 6o ano que tinha ido pegar o diploma e não resistiu à chance de dar um trote até no último dia na faculdade.
O próprio.
ExcluirEsse tipo de trote acabava resultando em morte. No tempo em que Luiz D. frequentou a faculdade, devia ser estressante o clima entre os estudantes. Não devia ser um dia a dia fácil...
ResponderExcluirSem dúvida. Muitos faltavam às aulas para evitar o trote.
ExcluirA carteirinha verde, me parece ser do mesmo padrão que aquela das demais unidades da Universidade do Brasil.
ResponderExcluirLembrando que a Universidade do Brasil, por um período se chamou UFRJ, retornando posteriormente a UB .
Bela coleção de com itens super interessantes. Penso só ter guardado o Diploma de Burro, equivalente a flâmula mais abaixo e uma carteira do
ResponderExcluirdiretório .Muito bonita a primeira foto. Quanto ao trote era no geral um espanto...
Boa tarde a todos.
ResponderExcluirSempre odiei trotes ou então as chamadas safadezas que muito aconteciam não somente nas Universidades, mas nas Escolas, Cursos, locais de trabalho, e principalmente na vida militar.
Esta ultima era pior pois geralmente levava a pessoa a morte.
Essa prática é absolutamente irritante que chega a dar nojo das pessoas que praticam tal absurdo.
Pelo menos, nisso o país evoluiu, principalmente nas Universidades Particulares que a partir de 1997, 1 ano após a morte do calouro na USP, resolveu abolir todo e qualquer tipo de trote das Universidades Particulares.
Infelizmente na Pública, como os professores são todos servidores públicos protegidos pela lei, não podem ser punidos, fazem vista grossa para esse tipo de coisa.
Seja na vida militar ou na vida civil, trote ou brincadeiras de mal gosto, é algo que deveria ser banido para todo o sempre.
Boa noite a todos.
ResponderExcluirAinda tenho minha carteira de quando entrei na UFF. E lá se vão quase 28 anos. Ainda devo ter algumas blusas extraoficiais da engenharia, vendidas em um pota-malas de um carro parado no campus.
Escapei por pouco do trote na primeira semana, mas o rapaz que estava do meu lado não teve a mesma sorte. Mas para mim já bastou o do ensino médio, com direito a cabeça raspada.
Nos semestres seguintes não me envolvi nos trotes, mas dava umas bicadas nas cervejas nas confraternizações.
hoje 14 de dezembro 2017 creio eu , fazem 45 anos de nossa colacao de grau no teatro Municipal.
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