Recebi um lote de fotos
do prezado Ricardo Galeno, a quem o “Saudades do Rio” agradece. São fotos com uma
tal qualidade que merecem ser revistas.
Vemos a “igrejinha”,
Igreja de N.S. de Copacabana, erguida em torno de 1745 e demolida em 1918, para
a construção do Forte de Copacabana.
O nome Copacabana aparece
pela primeira vez no Plan de la Baye et du Port de Rio de Janeiro, de 1730,
impresso em 1751, com acréscimos. Dele consta "Saco Penapan"
(Sacopenapã = caminho dos socós, em tupi), para a orla e "Nossa Senhora de
Copacabana" para a ponta da praia.
Mas em 1767, numa planta feita por Manoel Vieyra Leão, importante
documento do período colonial, Copacabana era já toda a praia.
A devoção a N.S. de
Copacabana vem do Peru onde os espanhóis substituíram o fetiche aborígine numa
ilha de nome Copacabana, por uma Nossa Senhora de Copacabana. Não se sabe quem
trouxe a imagem para o Brasil, nem quando, a não ser que a devoção remonta ao
séc. XVI e que a imagem, mais tarde levada para Copacabana, esteve muito tempo
na Igreja de N.S. de Bonsucesso, no Centro.
Em 1918, a igrejinha foi
demolida. Segundo o jornal A Cidade, "Copacabana vai perder a sua poética
igrejinha porque Marte, como Júpiter tonante, cheio de vontades assim o exige.
Que os reliquiaristas recolham as lendas romanescas do pobre santuário, erguido
muito próximo das ondas e um pouco distante dos homens, quando, outr´ora, no
dobrar dos anos, conservavam n´alma - repleta de suave misticismo - a ilusão
das primeiras crenças" (24/04/1918).
A imagem da padroeira
acabou transferida para a Matriz da Praça Serzedelo Correia, como conta C.B.Gaspar.
O Posto 6 (que nem existe
mais) deu o nome a esta extremidade de Copacabana, mas a região era anteriormente
conhecida como “Praia da Igrejinha”.
A igrejinha foi demolida
no Governo Hermes da Fonseca para a construção do Forte de Copacabana, que
tomou todo o promontório. Com a indenização dada pelo Governo a Cúria construiu
a igreja de N.S. da Paz, em Ipanema.
A vegetação que se nota
na areia era característica das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon,
riquíssimas em siris e tatuís. Dos siris, duas espécies: a dos azuis e outra,
de porte menor, de cor cinza, chamada maria-farinha. Era esta vegetação
rasteira, à primeira vista insignificante, que impedia que a areia, pelo
trabalho do vento, invadisse as poucas casas ali existentes, contam M.Rebelo e
A. Bulhões.
PS: Armando Cavalcanti
fez uma simpática música, nos tempos da Bossa Nova, homenageando a igrejinha e
cantada pelo Wilson Simonal em seu primeiro LP e que pode ser ouvida em https://www.ouvirmusica.com.br/wilson-simonal/1530797/
"A noite já se foi /
O dia já se fez / O sol iluminou / Manhã no Posto 6 / No altar da capelinha / O
sino tilintou / Um toque de clarim / O forte despertou / Queimado pelo sol / No
inverno e no verão / Recolhe o arrastão / O velho pescador / E a moça tão bonita
/ À sombra se deitou / Do guarda-sol multicor / Um milagre assim / Só pode ser
Copacabana / Que consegue ter o seu jardim / Em plena areia à luz do sol".
Parabéns ao iluste Conde di Lido por mais um aniversário. Muita saúde.
ResponderExcluirObrigado, Luiz! Grande abraço!
ExcluirQuando esta igreja das fotos de hoje foi demolida foi construída uma outra igrejinha, na Francisco Otaviano, bem em frente de onde funcionava a TV Rio. Esta foi demolida em 1971. Nesta igrejinha, que já apareceu em fotos por aqui, havia uma grande cruz de madeira trazida do Aterro do Flamengo onde havia sido realizado o Congresso Eucarístico internacional em 1955.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirFeliz aniversário ao ilustre comentarista. Hoje é dia de acompanhar os comentários. Posso dizer com toda a certeza que todos irão afirmar "que não é do meu tempo".
Quanto ao forte, fui algumas raras vezes nos eventos dos carros antigos.
Hoje é dia da bandeira.
Por falar em tatuí, quando criança, nos anos 60, catávamos tatuís em abundância nas areias da praia do Leblon e levávamos para comer em casa. Confesso que não era uma boa iguaria.
ResponderExcluirNa quarta foto, a via em destaque é a atual Francisco Otaviano? Caso seja, uma espécie de transporte primitivo parece virar na esquina da Av. Nsa. de Copacabana.
ResponderExcluirSim, um bonde do ramal Igrejinha, que ía até a Praça General Osório.
ExcluirDI LIDO querido Conde, com 50 anos no lombo e mais 4 paus de aposentadoria o que mais vc.quer?
ResponderExcluirMuitos anos de vida CONDE.
De fato as fotos estão sensacionais retratando uma época que não volta mais. Lembrou-me o Farol do Mucuripe em Fortaleza. Quando criança era visto de diversos pontos, mas o tempo passou e a cidade engoliu o Farol. Só são lembrados na musica de Fagner que é uma beleza.
Parabéns ao emérito Conde di Lido. Que na comemoração de aniversário o caviar e o uísque lhe caiam bem. E que ele seja promovido a Duque em breve. Já está merecendo há muito.
ResponderExcluirUma vez li que a origem da NS de Copacabana seria boliviana, porém também consta que nos tempos coloniais o território peruano era maior.
ResponderExcluirNa Wikipedia há uma versão de que às margens do lago Titicaca, na Bolívia, havia uma cidade formada sobre um antigo local inca de culto. A divindade homenageada era Kopakawana, protetora do casamento e da fertilidade das mulheres.
ResponderExcluirConta a lenda que um pescador da área, de nome Francisco Tito Yupanqui, viu Nossa Senhora e esculpiu uma imagem dela, que ficou conhecida como Nossa Senhora de Copacabana.
No século XVII, comerciantes de prata peruanos e bolivianos trouxeram uma réplica da imagem para o Rio, construindo a capela sobre o rochedo do local chamado Sacopenapã e colocando nela a imagem.
A quantidade de igrejas em Copacabana e no Rio é notável.Nunca entendi a razão,pois sou ateu.Mas aprecio a fé desse povo resiliente.
ResponderExcluirO maior país católico do mundo.
ExcluirE hoje em dia todos ficam espantados com o número de igrejas da Universal; antigamente a Igreja Católica colocava uma igreja em cada esquina da cidade; e mesmo os locais distantes e menos povoados possuíam pelo menos uma ermida ou capelinha.
ExcluirDiante de tantos templos e de um povo tão religioso deveríamos ser mais altruístas, dotados de empatia e menos violentos, não é mesmo?...
Poucas linhas, lindas fotos e uma bela aula de História.
ResponderExcluirFalou do bairro, da igrejinha, do Forte, de música, de governo, dos espanhóis, de Tatuí...
Sempre bom visitar este espaço.
Sobre o jogo de ontem, da eliminação do Flamengo, alguns torcedores culpando o Vitinho, a diretoria, a CBF, a pandemia...
ResponderExcluirMas o São Paulo tem jogado um bom futebol. E Diniz tem acertado no esquema.
Resumindo: após a parada pela pandemia, o Fla não tem sido mais o mesmo. Vários pontos fracos na equipe.
Só para identificarmos um telefone sem fio. Na publicação de ontem informei que o elevador do palácio mourisco de Botafogo estaria hoje na Fiocruz. Nada disso. O Palacio Mourisco da Fiocruz tem um dos primeiros elevadores do rio. Alguém juntou os dois mouros num site sobre a historia dos elevadores no Brasil e saiu essa pérola do eixo Botafogo-Manguinhos.
ResponderExcluirO Bertoni deu as caras hoje na seção de leitores do Globo.
ResponderExcluirO Flamengo suspira aliviado por não ter mais confronto contra o São Paulo em 2020. O time saiu da Libertadores e o jogo do returno será só em 2021...