Hoje republicamos duas fotos
do desaparecido Rafael Netto, o velho Rafa. Esta primeira, de dezembro de 2005,
mostrava como estava o “Mistura Fina”, na Av. Borges de Medeiros nº 3207,
quase esquina com Rua Carlos Esmeraldino (que poucos conhecem), na Lagoa.
Apesar de todos os apelos, protestos e "abraços" simbólicos, pouco a pouco as últimas casas e outros terrenos da Lagoa iam dando lugar a mais edifícios. Nesta esquina com tapumes da Av. Borges de Medeiros, entre a Hípica e a sede náutica do Vasco, existia até pouco tempo antes da foto um posto de gasolina. Em breve, mais um edifício seria erguido no local.
Seria apenas mais uma construção na orla da Lagoa se não fosse por seu vizinho
famoso, o restaurante e casa de shows “Mistura Fina”, por onde já passaram
grandes nomes da música nacional e internacional. Há muito tempo o imóvel do "Mistura Fina" estava na mira das construtoras e sua demolição já fora anunciada várias vezes. Para
evitar esta demolição associações de moradores e fãs do jazz chegaram a propor seu tombamento, devido ao valor cultural da casa. Mas a
Prefeitura não se sensibilizou.
Nesta casa onde funcionava o “Mistura Fina”, anteriormente moraram Elza Soares e Garrincha e, em outra época, funcionou o restaurante “Les Templiers”, um dos mais chiques e caros da cidade, que também tinha um piano-bar onde se alternavam Luizinho Eça e Eduardo Prates. Chamava-se “O Teclado”.
Esta segunda foto feita pelo Rafa, de abril de
2007, confirma o que era previsto há vários anos: chegou ao fim a história do
famoso Mistura Fina da Lagoa, palco de referência do jazz e MPB na cidade.
Já em 2005 o posto de gasolina a seu lado havia sido desalojado e dizia-se que a construtora estava aguardando a desapropriação do “Mistura Fina” para então lançar um empreendimento no local. Foi o que acabou acontecendo pouco mais de um ano depois. O “Mistura Fina” fechou definitivamente as portas na Lagoa no início de abril de 2007. De nada adiantou a mobilização de artistas e apreciadores da música que defenderam bastante tempo a permanência do Mistura na Lagoa, contra a especulação imobiliária.
Vemos que o prédio já está sendo demolido, enquanto o terreno do lado, na esquina, já ostenta o nome do novo prédio, o Lago Maggiore.
Esta foto do “site” da empresa mostra o “Mistura Fina” então em pleno funcionamento. Ficou nesta casa da Lagoa por 15 anos. Tinha também filiais em outros bairros, como Ipanema, Barra e Lapa. O dono era o Pedro Paulo Machado. No primeiro andar havia “jam sessions”, bar e restaurante (com uma ótima feijoada aos sábados). No segundo andar uma sala de “shows” onde grandes artistas se apresentavam como Luizinho Eça, Carlos Lyra, Mauro Senise, Nana Caymmi, Rosa Maria, Ron Carter, Dionne Warwick, Leny Andrade, Wagner Tiso, Ivan Lins, Claudete Soares e tantos outros.
Hoje, no local, há também um prédio de apartamentos.
Ao lado do Mistura Fina havia um Posto de gasolina? mais a frente, na mão da Borges de Medeiros, tem o Posto Pônei, em frente a Hípica. Realmente, não me recordo deste outro Posto. O Mistura Fina foi um ícone da zona sul, seja para assistir pequenos shows, como para degustar sua gastronomia, que era de ótimo padrão. Lembro de ter lá assistido Trio Irakitan e Cauby Peixoto, dentre outros. Deixou saudades.
ResponderExcluirMauro, era um posto enorme, ótimo para quem saía do Rebouças e ia em direção à Gávea. Se não me engano era Shell.
ExcluirA muito tempo atrás o grande amor da minha vida prestava seus serviços como segurança,eu ficava no carro esperando a hora dele largarrr,COMO EU TENHO SAUDADES DESSA ÉPOCA,EPOCA QUE EU FUI TÃO FELIZ MEU DEUS QUE SAUDADES MEU DEUS CHEGA DOII
ExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirÁrea fora da minha jurisdição. Acompanharei os comentários.
Não sei quem instituiu, mas ouvi que hoje é o dia do blog. Então, parabenizo o gerente pela data.
Em tempo: o clima está tão estranho nos últimos dias que não raro tem chuva e sol ao mesmo tempo...
Rua Carlos Esmeraldino foi uma grande surpresa para mim pois jamais ouvira falar desta rua na Lagoa. Muito boa esta postagem que embora mais recente do que o habitual lembra do tempo em que este trecho da Borges de Medeiros era só de casas. O Negrão de Lima morou numa delas bem pertinho de onde ficava o Mistura Fina.
ResponderExcluirComo já disseram por aqui é o progresso, é o progresso, é uma merda.
Não pertence meu tempo de juventude. Eu era um jovem durango kid da zona norte do Rio e portanto nunca fui ao Mistura. Provavelmente seria local frequentado pelo DI LIDO e sua turma.
ResponderExcluirFui poucas vezes ao Mistura da Lagoa. Vi Stanley Jordan por lá. Nunca fui ao de Ipanema. Piano bar não serve hoje, era local para conversa, flerte, paquera, encontros civilizados, ou não, mas que não passavam da travessura. Hoje a musica bate estaca e o rap não combinam com essas antiqualhas. Bons tempos. Em bree teremos pianobar em holograma a domicílio. do jeito que os NFTs estão.
ResponderExcluirEstou localizando, baixando e me preparando para gravar um CD com as músicas de que mais gostei dos Festivais Internacionais da Canção do Rio de Janeiro, entre 1966 e 1971. É impressionante a queda vertiginosa que a qualidade das composições sofreu ao longo do tempo, até chegarmos hoje a letras como "Abaixa a calcinha / Bate a palminha / Mexe a bundinha", que fazem sucesso e a fortuna de tantos MC's e DJ's, além de funkeiros.
ResponderExcluirAcho que em nenhum outro país do mundo se chegou a essa cloaca maxima, não só em termos musicais como no resto todo.
E pensar que naqueles festivais tivemos obras-primas como "Travessia", "Disparada", "Cantiga para Luciana", "Universo do seu corpo", "Alegria, alegria", "Domingo no parque", "Ponteio", "Sabiá", "Viola enluarada", "Baby" e tantas outras.
E no FIC, em minha opinião, as músicas mais bonitas foram Love Is All, com Malcom Roberts e Le Bruit de Vagues, com Romuald
ExcluirFaltou "Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré. Essa música foi determinante para que Geraldo Vandré "desse às de Vila Diogo". Algumas músicas realmente eram de "protesto", outras nem tanto mas de boa qualidade. Alguns artistas tinham uma sensibilidade ímpar mas "perderam o foco". De fato havia um certo zêlo e por conseguinte exagero por parte da Censura, principalmente após a "Passeata dos cem mil". Coincidentemente o FIC de 1968 foi o mais "polêmico". Havia naquele tempo uma certa provocação em algumas músicas de Chico Buarque. Era um período profícuo em termos de criatividade e talento. Mas o "top hit" em 1970 foi "Eu te amo meu Brasil", com os Incríveis, um hit popular mas que "acertou em cheio". Sofrível mas bem superior ao da mesma época "Sorria", de Evaldo Braga.
ResponderExcluirHelio, eu também imaginava que a nossa música teve uma caída absurda da qualidade; porém, se você pesquisar o que se ouvia nesta época verificará que o "mainstream" era outro. Na verdade o povo sempre gostou mesmo é de "Fuscão Preto", "Pare de Tomar a Pílula" e outras pérolas. Coisas medonhas de Amado Batista e duplas sertanejas chinfrins já permeavam o gosto popular.
ResponderExcluirEssas músicas excelentes que você citou, as quais, junto com outras homéricas que eu selecionei, compõem o meu "playlist"; foram canções que aprendi a gostar, ainda bem. Na época ainda havia espaço e público para essas músicas, hoje não dão muito ibope.
Lembro-me de uma menina que namorei em meados dos anos setenta, cuja família, oriunda do interior de São Paulo, que me fez conhecer nomes como "Trio Parada Dura", "Milionário e José Rico", etc. Chitãozinho e Xororó estavam começando. Tocavam aquelas músicas exaustivamente; tentava engolir, mas o meu constrangimento e expressões de náuseas eram evidentes.
As anittas, ludmilas, luans, sertanojos e outras porcarias de hoje é a massificação do tal mainstream do brasileiro médio. Basta comparar o número de visualizações no Youtube dessas "músicas" versus coisas que prestem; a diferença é abissal.
O consolo é que ainda existe muita gente boa na MPB, é só dar uma garimpada...
Wagner, sua frase "Na época ainda havia espaço e público para essas músicas, hoje não dão muito ibope" retrata a horrenda realidade atual. Vendo no You Tube as filmagens dos FIC's, é assombroso constatar a presença maciça de jovens nas arquibancadas lotadas do Maracanãzinho. Será que hoje isso aconteceria? Será que aquele tipo de música atrairia a juventude de hoje, acostumada a sertanejos, funks e raps? Será que letras elaboradas como aquelas seriam compreendidas por quem ouve diuturnamente "Abaixa a calcinha / Mexe a bundinha / Bate a palminha"?
ExcluirEu sou um emérito gravador de CD's. Já gravei 64, com músicas de todo tipo, nacionais e internacionais. Adivinha quantos funks, raps e sertanejos gravei? Se respondeu zero, acertou. E sambas? Se respondeu "muito poucos", também acertou.
ExcluirSó de músicas italianas divulgadas até 1970 eu gravei 4 CD's, num total de 88 canções; e mais dois CD's com 43 músicas francesas do mesmo período. Além de dezenas de músicas alemãs e de muitos outros idiomas. Dos idiomas falados em toda a Europa, não escapou um. Tenho músicas gravadas em lituano estoniano, finlandês, albanês, búlgaro, húngaro, romeno, islandês e todos os outros idiomas europeus. Três CD's específicos desse tipo, total de 65 canções. Fora algumas avulsas desses idiomas, misturadas em outros CD's.
No mês passado gravei 2 CD's só de músicas antigas brasileiras, variando de 1914 a 1978, com grande predominância das canções da década de 1950. Como exceções, uma de 1985 e outra de 1986. Total de 52 músicas.
Sou eclético musicalmente, mas vomito ao ouvir funk e rap, sofro enjoo com jazz e com certos tipos de samba. Aplaudo tangos, mambos, rumbas, cha-cha-cha e calipsos. Também gosto das músicas mexicanas estilo mariachis.
Aprecio músicas tradicionais alemãs. Tenho dezenas delas gravadas em CD e em fita cassette, além de LP's.
Acho que este texto ficou meio chato para vocês. Fiquei empolgado. Gosto muito de música. Desculpem. Mas aproveitem para externar seus gostos musicais.
Boa noite a todos. Nunca fui ao Mistura Fina na época do seu funcionamento, fui até convidado para acompanhar uma pessoa para assistir a uma noite de jazz, mas isso seria um grande problema e recusei o convite. O problema das casas com música ao vivo se deve ao fato que o RJ é uma cidade pobre, sua população não tem dinheiro para frequentar tais locais, visto que o custo de uma noite numa casa com música ao vivo com música e músicos consagrados, é muito alto para a maioria esmagadora dos Cariocas. A juventude de hoje gosta de um gênero de música bem semelhante ao seu nível intelectual, logo para não fazer discriminação, digamos que estes gêneros musicais de outrora estão desatualizados para eles.
ResponderExcluirPraticamente abandonei os CDs com o Spotify, onde é muito mais fácil fazer uma playlist. Por cerca de 20 reais por mês se tem acesso a todas as músicas. Gosto muito da bossa nova, dos sambas-canção dos anos 50, das clássicas populares americanas dos anos 40 aos 70, das francesas e tenho mais de 150 italianas. Os boleros em espanhol tb são bons. Tb portuguesas e as africanas em língua portuguesa. Ouço todo dia pelo menos uma hora.
ResponderExcluirTambém apresentou-se no segundo andar, em 1994, o consagrado cantor Carlos Candeias, em um domingo de maio...
ResponderExcluirConsagradíssimo.
ResponderExcluirFalha imperdoável no texto.
Poderia falar horas a fio sobre o Mistura Fina da Lagoa... shows, feijoadas, cozidos, quadros do Roberto Cruz, carteirinha de sócio-atleta (rsrsrs)... mas são só lembranças. E muitas saudades, claro!
ResponderExcluirHoje eu escutei um cd duplo de Claudete Soares gravado ao vivo no Mistura Fina, só não lembro o ano.
ResponderExcluirEstava de férias no Rio e fui ao show com meu namorado que morava no Rio. Foi muito bom!
Agora lembrei de procurar o Mistura Fina no Google e vi que não existe mais. Uma pena...
Que bom fala bem do mistura fina trabalhei lar de chefe. De cozinha muitos anos quem não lembra do barel então sou eu mesmo muita gente boa trabalhou no mistura fina saudade
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