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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

RUA GUSTAVO SAMPAIO - LEME

Vemos a Rua Gustavo Sampaio com poucas casas, mas já com um bonde ao fundo. A estação de bondes do Leme foi inaugurada em abril de 1900, recebendo o bonde que vinha da Praça Coronel Malvino Reis (atual Serzedelo Correia). A sociedade musical “Flor de Botafogo”, para honrar o acontecimento, tocou, no local, as melhores peças do seu repertório. À noite, conta Dunlop, houve iluminação elétrica, um grande baile popular ao ar livre e vistosos fogos de artifício para comemorar a chegada do bonde ao terminal do Leme.

Neste postal da coleção do amigo Klemar Wanderley vemos a Rua Gustavo Sampaio, antiga Rua Bernardo de Vasconcelos, aberta em 1881 por Duvivier & Cia., de acordo com o loteamento oferecido em 1874 por Alexandre Wagner. A Duvivier e Cia. não era nada mais nada menos que um dos braços da Cia. de Construções Civis dona de grande parte do Leme e Postos II, III e VI, de propriedade de Otto Simon, Alexandre Wagner e Theodoro Duvivier. Inicialmente com o nome de Rua Bernardo de Vasconcelos, cedeu parte de sua extensão para constituir o início da Av. N. S. de Copacabana e outra parte para constituir a atual Rua Gustavo Sampaio. O postal deve ser da primeira década do século XX.

Esta simpática fotografia mostra a Rua Gustavo Sampaio, no Leme, nos anos 10 do século XX, quando ali passava o bonde elétrico. A transversal em primeiro plano talvez seja a Rua Antonio Vieira. Curiosamente, nessa época, muitos palacetes davam frente para a Gustavo Sampaio e não para a Avenida Atlântica. A explicação seria que a Avenida Atlântica não existia e as pessoas evitavam o mar. Quando finalmente foi aberta foi espremida entre as casas e a areia e por isso acabou ficando tão estreita, enquanto que Ipanema e Leblon já foram urbanizados com avenidas litorâneas largas.

Naquela época, quem estivesse no centro da cidade, pegava o bonde na Galeria Cruzeiro e seguia pela Rua São José, Largo da Carioca, Senador Dantas, Passeio, Largo e Rua da Lapa, Glória, Catete, até o Largo do Machado, onde havia a estação de bondes da Companhia Jardim Botânico. Às vezes havia uma pequena parada para engatar um reboque e seguia-se pela Marquês de Abrantes, Praia de Botafogo, Rua da Passagem e Lauro Sodré. Atingia-se o túnel Novo, então um só, e saía-se na Rua Salvador Correa e virava-se na Gustavo Sampaio até fazer a volta na Praça Almirante Julio Noronha.

Conta o Andre Decourt que Copacabana foi um dos primeiros bairros de arrabalde, junto com Ipanema, a ganhar iluminação elétrica nas ruas, juntamente com os seus vizinhos mais populosos Botafogo e Flamengo, todos incluídos no "III Distrito de Iluminação Pública". Nessa foto vemos já um poste com luminária de arco voltaico mais atrás e, em primeiro plano, um poste francês a gás, ainda com seu lampião. Pouco tempo depois os postes ganharam no seu topo algo parecido com um sifão, ficando assim em alguns lugares por quase 10 anos. 

A rua também se mostra pavimentada, com macadame (reparem a textura) e esse pavimento foi colocado nas vias principais do bairro entre 1910 e 1912. Já a quantidade de construções era normal, pois a Gustavo Sampaio era uma das ruas mais ocupadas, a partir de 1906, pela proximidade direta com o Centro e a a infraestrutura do Bar da Brahma e alguns hotéis restaurantes e estalagens. No resto do bairro essa ocupação era ainda mais dispersa.

Outro indicador para datar a foto é que nos anos 20 já apareceria algum automóvel e nesta foto não há nenhum. Desde 1906 o sistema de esgotos de Copacabana e boa parte de Ipanema já estava sendo implantado. A elevatória da City na Rua Raul Pompéia começou a operar por volta de 1909/1910, e outras elevatórias menores foram sendo implantadas no bairro, funcionando muito bem até a especulação dos anos 50, quando este sistema entrou em colapso por falta de investimentos e ampliações. Água já havia desde o século XIX em bicas públicas e em 1904 os imóveis já recebiam nas vias principais água encanada, que ia sendo fornecida conforme as ruas iam sendo ocupadas e urbanizadas.

 

 

13 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Minha mãe trabalhou no Leme, assim que chegou ao Brasil, como babá de duas crianças, acho que até na Gustavo Sampaio, mas a memória dela não permite uma confirmação.

    O Leme era bairro de passagem, exceto quando fui no teatro que havia na Princesa Isabel, na saída do Túnel Novo. No momento esqueci o nome dele. Seria o Villa-Lobos?

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    1. Eu era assinante de O Globo e fui a dezenas de peças teatrais pelo Clube do Assinante, entre finais dos 1990 e início dos 2000, algumas no Teatro Princesa Isabel, que ficava nesse local.

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    2. Era o Villa Lobos mesmo. O que pegou fogo há anos.

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    3. Tens razão, Augusto!
      A peça era A Rosa Tatuada, com Louise Cardoso e Mariana Ximenes, no Teatro Villa Lobos, na Av. Princesa Isabel.

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  2. FF: é esperado um público em torno de um milhão de pessoas no velório de Maradona, na Casa Rosada, isso em tempos de pandemia...

    Tivemos algo parecido algumas vezes por aqui, acho que a mais recente em 1994, no enterro do Senna. Será que veremos algo parecido quando chegar o momento do Pelé, por exemplo? Não estou agourando ele...

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    1. Interessante, argentinos e napolitanos podem até achar o Maradona "santo protetor" do futebol deles, mas alguns brasileiros, que nem o consideravam o melhor da história do futebol da Argentina, esperaram ele morrer e agora fazem mil elogios.
      Observação: os mais antigos diziam que Di Stéfano era melhor e os mais novos preferem Messi.

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    2. Pra mim, Maradona teve conquistas espetaculares em clubes e pela seleção argentina. Isso já o definiria não só melhor jogador argentino como um dos 5 melhores do mundo.

      Em qualquer seleção de todos os tempos, Maradona jogaria com a 10, e Pelé com a 10+.

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  3. Nas fotos 1 e 2, nota-se ao fundo que os morros estão em posição espelhada. Uma das duas está invertida, mas não conheço o bairro o suficiente para saber qual.

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  4. Na foto 1 o fotógrafo apontou para o Leme e na 2 está virado para Copacabana, não?
    Se entendi essa curva de trilhos, o bonde do Leme, rumo à atual Serzedelo Correia, saía da Gustavo Sampaio entrava na antiga Salvador Correia (atual Av. Princesa Isabel), depois virava na Viveiros de Castro, Barata Ribeiro e assim por diante?

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  5. Parece que a foto 1 está na posição correta. A 2 está espelhada.

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  6. Na minha opinião a primeira foto é em direção Leme e a segunda em direção a Copacabana. Ao fundo o Morro Dois irmãos. Não haveria espelhamento.

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  7. Nunca poderíamos imaginar que esse local fosse transformado no que é hoje. Um adensamento populacional absurdo e os morros que desapareceram do visual.Com a palavra o Sr.Do contra.

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