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sábado, 15 de março de 2025

DO FUNDO DO BAÚ - FESTIVAL DA CANÇÃO

 FESTIVAIS  INTERNACIONAIS  DA  CANÇÃO, por Helio Ribeiro

Começando na metade da década de 1960 e se estendendo por vários anos, virou moda a criação de festivais da canção, tanto os específicos de emissoras de televisão como os de autoria particular. A postagem de hoje se restringe às várias edições do FIC (Festival Internacional da Canção).

O FIC foi idealizado por Augusto Marzagão, um jornalista, executivo e escritor brasileiro, com atuação nas áreas política, televisiva e cultural brasileira e mexicana. Foram sete edições, de 1966 a 1972, sempre no Maracanãzinho. O apresentador oficial era o Hilton Gomes. A primeira edição foi apresentada pela TV Rio e as demais, pela TV Globo. O prêmio era o Galo de Ouro, idealizado por Ziraldo e confeccionado pela H. Stern. O segundo e terceiro classificados ganhavam o Galo de Prata e o Galo de Bronze.

O festival tinha uma fase nacional e uma internacional. A vencedora da fase nacional concorria em pé de igualdade com as músicas internacionais. Ao final eram proclamadas as grandes vencedoras da edição do FIC.

 

PRIMEIRA EDIÇÃO - 1966

Aconteceu entre os dias 22 e 30 de outubro. Para a fase nacional inscreveram-se 1956 músicas, sendo classificadas 36. Essa fase foi vencida pela canção Saveiros, de Dori Caymmi e Nelson Motta, interpretada por Nana Caymmi. Em segundo lugar ficou Cavaleiro, de Geraldo Vandré e Tuca, interpretada por esta, e em terceiro lugar ficou Dia das Rosas, de Luís Bonfá e Maria Helena Toledo, cantada por Maysa. A foto abaixo mostra Nana Caymmi comemorando a vitória.

Para a fase internacional inscreveram-se músicas de 27 países, sendo 14 classificadas, inclusive a brasileira. 

A classificação final foi, do primeiro ao terceiro lugar: Frag den Wind (Alemanha), Saveiros (Brasil) e L’amour toujours l’amour (França).   

 

SEGUNDA EDIÇÃO - 1967

Aconteceu entre os dias 19 e 29 de outubro. Para a fase nacional foram 2700 músicas, sendo classificadas 46. Essa fase foi vencida pela canção Margarida, de Guttemberg Guarabyra, interpretada por ele e pelo grupo Manifesto. Em segundo lugar ficou Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant, interpretada por Milton Nascimento, e em terceiro lugar ficou Carolina, de Chico Buarque, cantada pelas irmãs Cynara e Cybele. A foto abaixo mostra a torcida da arquibancada pela vencedora Margarida.

Para a fase internacional inscreveram-se 40 músicas de 32 países, sendo 14 classificadas, inclusive a brasileira. 

A classificação final foi: Per una donna (Itália); The world goes on (EUA) e Margarida (Brasil).  

 

TERCEIRA EDIÇÃO - 1968

Aconteceu entre os dias 12 de setembro e 06 de outubro e se notabilizou pelos protestos contra o regime militar, tanto nas canções quanto no público presente. A situação política no país era péssima. Já tinha havido a Passeata dos Cem Mil por conta da morte do Edson Luís de Lima Souto, em final de março.

Mais de 6000 músicas foram inscritas, tendo sido escolhidas 40. A fase nacional foi apresentada uma parte em São Paulo, no teatro da PUC, e a outra no Maracanãzinho, onde também ocorreu a fase final.

Vários acontecimentos fizeram dessa edição do FIC a mais célebre. Vejamos quais.

DISCURSO DE CAETANO VELOSO

Na fase paulista, Caetano Veloso foi intensamente vaiado quando cantou com Os Mutantes a música É proibido proibir. Inconformado com as vaias, Caetano fez um discurso que se tornou célebre, do qual constam os trechos abaixo:

“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? […] A mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! […] Se vocês, em política, forem como são em estética, estamos feitos!”

GERALDO VANDRÉ E VAIAS

Para a fase nacional foram classificadas 24 músicas. O anúncio era feito em ordem descendente de classificação. Em terceiro lugar ficou Andança, de Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós, cantada por Beth Carvalho e os Golden Boys. Quando foi anunciado que a segunda classificada era Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, interpretada por ele mesmo, as vaias foram ensurdecedoras, já que o público desejava vê-la como vencedora. Essa música ficou célebre e até hoje é lembrada. As vaias não cessaram quando foi anunciada a vencedora: Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada pelas irmãs Cynara e Cybele. As cantoras mal conseguiam ser ouvidas em meio ao barulho das vaias.  

As fotos abaixo mostram as torcidas pela música Sabiá e pela de Vandré.



ANTOINE

Esse cantor de Luxemburgo levou a plateia ao delírio ao cantar em português Jogo de Futebol, em cima da melodia da música La vie est moche. Alternava a voz com o toque de uma gaita de boca. Uma parte da letra dizia: “Ai, ai, ai, a vida é bela / Quer chova, quer faça sol / Ai, ai, ai domingo eu vou ver / Um bom jogo de futebol. / Flamengo! Flamengo!”. A plateia vibrava e agitava bandeiras rubronegras. Já quase ao final da música ele tirou o paletó e debaixo havia uma camisa do Flamengo, número 10. Aí o estádio quase veio abaixo.

O link de sua apresentação está em  https://www.youtube.com/watch?v=MI8F5csbNU0.

Abaixo segue foto do instante em que ele tira o paletó e mostra a camisa rubronegra.

Para a fase internacional 34 países inscreveram suas músicas.

Sabiá foi a grande vencedora dessa edição do FIC. Em segundo lugar veio This crazy world (Canadá) e em terceiro lugar Maria (EUA).

 

QUARTA EDIÇÃO - 1969

Aconteceu entre os dias 25 de setembro e 06 de outubro. O endurecimento do regime, com o Ato Institucional número 5, inibiu o aparecimento de canções de protesto ou com conotação política. Foi a primeira edição transmitida via satélite, para oito países.

A fase nacional foi vencida pela canção Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, cantada pela Evinha. Em segundo lugar ficou Juliana, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, interpretada por Antônio Adolfo e o conjunto “A Brazuca”, e em terceiro lugar ficou Visão Geral, de César Costa Filho, cantada pelo Quarteto 004 e pelo próprio César Costa Filho. A foto abaixo mostra a torcida da arquibancada pela vencedora Cantiga por Luciana.

A fase internacional foi composta por 19 canções.

A classificação final foi: Cantiga por Luciana (Brasil); Evie (EUA) e Love is all (Inglaterra). 

Houve muitas queixas quanto à vitória da música brasileira. A opinião geral era que Evie sem dúvida foi a melhor música do festival. Até mesmo Paulinho Tapajós, autor de Cantiga por Luciana, tinha essa opinião.

A música inglesa Love is all foi ovacionada delirantemente pela plateia. O cantor Malcolm Roberts, pinta de galã e com voz possante, foi muito assediado. A letra da música é muito fraca mas isso foi compensado pela voz do Malcolm, ex-cantor de ópera.

 

QUINTA EDIÇÃO – 1970

Aconteceu entre os dias 15 e 25 de outubro. Um incêndio ocorrido no Maracanãzinho em março daquele ano quase impediu a realização do festival. Os ensaios ocorreram inicialmente no auditório da Rádio Nacional e depois no ginásio ainda em reformas. O evento foi transmitido em cores para os EUA e Europa.

Para a fase nacional foram selecionadas 41 músicas. O primeiro lugar foi para BR-3, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, defendida por Tony Tornado; segundo lugar para O amor é o meu país, de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, defendida pelo Ivan Lins; o terceiro lugar ficou para Encouraçado, de Sueli Costa e Tite de Lemos, interpretada por Fábio. Na foto abaixo, Tony Tornado comemorando a vitória.

A fase internacional teve participação de 36 países. Vencedoras: primeiro lugar Pedro Nadie (Argentina); segundo lugar The world is mine (Iugoslávia); terceiro lugar BR-3 (Brasil).

 

SEXTA EDIÇÃO – 1971

Essa edição foi realizada entre 25 de setembro e 04 de outubro, mas quase não aconteceu. Os entraves criados pela Censura Federal desestimularam grandes artistas de inscreverem músicas. Para evitar o fracasso, os organizadores resolveram classificar automaticamente as canções de compositores famosos, como Capinam, Baden Powell, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e vários outros. Mesmo assim houve censura de algumas músicas e inúmeros compositores, tanto os do grupo acima como os demais, desistiram de competir.

Apesar dos problemas, para a fase nacional foram selecionadas 50 músicas. O primeiro lugar foi para Kyrie, de Paulinho Soares e Marcelo Silva, defendida pelo Trio Ternura; em segundo lugar Desacato, de Antônio Carlos e Jocafi, que cantaram acompanhados pelo grupo Brasil Ritmo; em terceiro lugar Dia de verão, de Eumir Deodato, interpretada por Sílvia Maria. Na foto abaixo, o Trio Ternura apresentando a canção vencedora.

A fase internacional teve 29 inscritas, inclusive a brasileira, e foi vencida por Y después del amor (México). Em segundo lugar veio Amor no meu pensamento (Paquistão); em terceiro Kyrie (Brasil).

 

SÉTIMA (e última) EDIÇÃO – 1972

Neste ano o Festival já estava em franca decadência. Poucos dos grandes nomes inscreveram suas músicas. Apenas 30 foram classificadas para a seleção final, que começou no dia 16 de setembro e terminou em 01 de outubro.

O júri era presidido por Nara Leão, mas como esta fez críticas à situação política do país em entrevista a um jornal, todo o júri foi destituído e um novo teve de ser escolhido, formado exclusivamente por estrangeiros.

Na fase nacional, o resultado foi: primeiro lugar para Fio Maravilha, de Jorge Bem (na época), cantada por Maria Alcina; segundo lugar para Diálogo, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, cantada por Cláudia Regina e Baden. Prêmio especial para Cabeça, de Walter Franco, cantada pelo próprio.

Na foto, Maria Alcina cantando a música vencedora da fase nacional.

A fase internacional teve 28 músicas classificadas. A final foi com 12 internacionais e 2 brasileiras.

A confusão foi tão grande nessa edição que acabou havendo mais de um vencedor: o júri oficial escolheu Nobody calls me Prophet (EUA); o júri popular deu a vitória a Aeternum (Itália). Velvet mornings (Grécia) e Fio Maravilha (Brasil) receberam menção honrosa. Demis Roussos, quando soube que sua música Velvet mornings havia recebido apenas menção honrosa, abandonou o local, obrigando os locutores a não citarem seu nome durante a proclamação.

 

RESUMO

Em todas as edições, sérios problemas foram observados e nunca corrigidos:

1)      A acústica do Maracanãzinho era péssima. A plateia não conseguia ouvir direito as músicas.

2)  A plateia era muito barulhenta, prejudicando os cantores. Uma cantora confessou que não conseguia escutar o som da orquestra que acompanhava a música, e cantava observando os gestos do maestro.

3)     Em certas músicas parte da plateia vaiava e parte aplaudia, confundindo o cantor, que não sabia se estava ou não agradando, prejudicando seu emocional.

4)     Um cantor se queixou de que no seu país quando a plateia gostava da música, aplaudia; quando não gostava, ficava em silencio. Aqui ou era ovação ou vaia ensurdecedoras.

5)   Nas edições levadas a cabo pela TV Globo houve muitas brigas entre seus representantes e o Augusto Marzagão, idealizador do festival.

6)     Nos bastidores era comum haver brigas, discussões, desorganização, afetando os intérpretes e as pessoas encarregadas de levar a cabo o festival.

7)   Nas últimas edições muitos participantes chegaram à conclusão de que o festival estava mais para um show do que para algo sério, e se esmeraram em agradar à plateia em busca de ovação. Isso afastou os compositores estrangeiros mais sérios.

8)  Em todas as edições a música brasileira era premiada entre as três primeiras, gerando dúvidas sobre a imparcialidade do júri, que se nacional usava bairrismo e se internacional parecia querer agradar à plateia.

 

---------  FIM  DA  POSTAGEM  ---------

 

sexta-feira, 14 de março de 2025

ANDARAHY / ANDARAÍ

O "Andarahy", atualmente "Andaraí", bairro da Zona Norte do Rio, faz limite com a Tijuca, Vila Isabel e Grajaú.  


Foto de Malta mostrando um antigo bonde da linha ANDARAHY. 

Segundo o Helio, na primeira metade do século XX o trajeto era:         Praça da Independência - Constituição - Praça da República (Bombeiros e Casa da Moeda) - Pres. Vargas (lado ímpar) - Praça da Bandeira - Pará - Sen. Furtado - Amapá - General Canabarro - São Francisco Xavier - Barão de Mesquita - Leopoldo.

Os elegantes passageiros acabaram de passar por um parque de diversões na Praça Tiradentes, esquina de R. Pedro I. Segundo o Helio, o parque visto na foto era o Statd Muchen e, do outro lado da rua, o Teatro Carlos Gomes, caso o ano da foto seja superior a 1908. 

O bonde é da antiga Cia. Ferro-Carril de Vila Isabel, nessa época já comprada pela BEG (Brasilianische Elektrizitäts Gesellschaft), e logo depois açambarcada pela Light. O carro-motor é de fabricação alemã, da firma Van der Zypen & Charlier, de Hamburgo, fazendo parte de um lote de 55 bondes adquiridos dela. 

Enquanto pertenciam à BEG, a numeração de ordem deles era de 1 a 50 (acho que 5 ficaram reservados para canibalização). Ao passarem para a Light, foram renumerados de 386 a 435. O reboque é de segunda classe, fato demonstrado pela disposição e quantidade dos bancos. 

Durante alguns anos, os homens só podiam viajar nos bondes de 1ª classe usando terno e gravata. Na verdade, não havia explicitamente uma primeira classe. Só havia a segunda, indicada pelas palavras "Segunda Classe" pintada na parte lateral superior (junto ao telhado) dos bondes.

Quanto à linha Andarahy - Leopoldo, era uma das mais antigas do Rio, como se vê na foto, que deve ser do ano 1907 mais ou menos. Essa linha recebeu o número 70 em 1943. 

Na Rua Leopoldo, boa parte do trecho era em linha única. Por isso, havia um sinal no ponto onde a linha dupla se transformava em única. Quando um bonde entrava na rua e chegava ao ponto de fusão das linhas, o motorneiro observava o sinal. Se estivesse fechado, indicava que havia um outro bonde no trecho único, e portanto o motorneiro ficava parado esperando o outro voltar. No final da rua havia um rodo, contornado pela esquerda, no qual o bonde ficava parado aguardando a hora de reiniciar o trajeto para o centro da cidade. No local desse rodo havia umas torres da Light (acho que era uma sub-estação). 

Na década de 1960, a linha 70 normalmente circulava usando carro-motor médio puxando reboque. Eventualmente, o reboque podia ser dispensado.Na foto é difícil distinguir, mas esse modelo de carro-motor tinha um farol imenso em cima do telhado, tanto na frente quanto atrás (nessa época, todos os bondes eram bidirecionais). Era um modelo muito feio. Para mim, o mais feio que existiu no Rio. Meus conterrâneos não foram felizes nesse projeto. 

Aliás, olhando bem a foto, vemos os dizeres "Light and Power" no canto inferior direito. O Augusto Malta fotografou muitos bondes na época em que a Light incorporou as antigas companhias Vila Isabel e São Cristóvão. Isto ocorreu em 1907, o que reforça a hipótese de ser este o ano da foto.


O "Andarahy Atlético Clube" foi fundado em 1909 e encerrou as atividades em 1973. O campo era na Rua Prefeito Serzedello Correa, atual Rua Barão de São Francisco. 

Seu jogador mais famoso foi o "Dondon", que foi tema de música de Nei Lopes:

"No tempo que Dondon jogava no Andaraí
Nossa vida era mais simples de viver
Não tinha tanto miserê, nem tinha tanto tititi
No tempo que Dondon jogava no Andaraí (no tempo)

Propaganda era reclame e ambulância era dona assistência
Mancada era um baita vexame e pornografia era só saliência
Sutiã chamava-se porta-seios, revista pequena gibi
No tempo que Dondon jogava no AndaraíNo tempo que Dondon jogava no Andaraí
Rock se chamava fox, e tiete era moça fanáticaO que hoje se diz que é xerox, chamava-se então de cópia fotostáticaMotorista era sempre chofer, cachaça era Parati, diga aí
No tempo que Dondon jogava no AndaraíNossa vida era mais simples de viverNão tinha tanto miserê, nem tinha tanto tititi
Vinte e dois era demente, minha casa era meu bangalô
A tama era soco urgente, todo cana duro era investigadorMalandro esticava o cabelo, mulher fazia misamplis, diz aí
No tempo que Dondon jogava no AndaraíNo tempo que Dondon jogava no Andaraí
Hortifrúti era quitanda, jeans era só calça Lee, diz aí
No tempo que Dondon jogava no Andaraí, no tempo que Dondon jogava no AndaraíLoteria era contravenção, moleque pequeno guri, segue por aíNo tempo que Dondon jogava no Andaraí, no tempo que Dondon jogava no Andaraí"



Rua Maxwell, no Andaraí, pouco depois do alargamento ocorrido no final dos anos 60. Nossos comentaristas especializados na Zona Norte poderão indicar o local exato.


Esta seria a Escola Affonso Penna localizada na Rua Amaral?



Nesta foto em que aparece a Escola Affonso Penna achei que o fotógrafo foi muito feliz ao documentar estas seis pessoas esperando a "condução". Que diferença para as vestimentas de hoje em dia.


Acho que esta foto é do acervo de "O Globo". Mostra a Praça Sachet, no Andaraí.


Acervo de Carlos Liborio. Vemos uma casa da Rua Pontes Correia ( Andaraí - 1927 )  Foi demolida. O dono era amigo do pai do Carlos Liborio e chamava-se Armando. 



quarta-feira, 12 de março de 2025

HOJE É DIA DE CADILLAC


Algo errado é culpa do estagiário...


FOTO 1: de Carlos Moscovis. Vemos um Cadillac, ano 1951, e um Volkswagen. A foto, garimpada pela Conceição Araujo, é na Rua Debret, frente ao Ministério da Fazenda, ano 1959, que é o modelo do Chevrolet ao fundo, e placas do Distrito Federal. 


FOTO 2: do acervo do Tumminelli, vemos um Pontiac e um Cadillac na Rua Japeri.


FOTO 3: do acervo do Rouen. Vemos Cadillacs no Porto do Rio em 1950. Temos que nos lembrar que a industria nacional ainda não existia e que nossa ‘produção’ automobilística limitava-se a uma linha de montagem da General Motors e Ford com componentes basicamente importados. 

Para quem queria fugir do comum e adquirir veículos de luxo, a importação era demorada e os carros aguardavam um período logo após o seuue descarregamento do cargueiro. 

Porém os belos automóveis eram liberados, pois a Lei determinava que era um bem pessoal que constava na bagagem de um passageiro vindo do exterior e a Carta Magna dizia em seu artigo 142 que “em tempo de paz, qualquer pessoa poderá com seus bens entrar no território nacional, nele permanecer ou dele sair, respeitados os preceitos da lei”. A lei não distinguia entre bem de luxo e bem necessário, e o resultado é o que vemos acima, uma quantidade enorme principalmente de Cadillacs à espera da liberação no Cais do Porto do Rio de Janeiro. 


FOTO 4: do acervo do Rouen. Na foto, o importador de automóveis, o Sr. Nicolau Antar, verificando os veículos. 

Na década de 60 estas importações foram práticamente barradas com a mudança da legislação.


FOTO 5: Comemoração da conquista da Copa do Mundo, em foto de Jean Manzon. Esta foto já foi publicada e mereceu comentário de Obiscoitomolhado:

Vemos um carro especial, até no nome: Cadillac Fleetwood, Sixty-Special. Pode ser 1948 ou 1949, pois na traseira nada muda. Tem aqueles primeiros rabinhos de peixe inspirados no caça P-38 que lançaram a moda. Ao lado do Cadillac está um Fiat 1100, até 1948, com seu estepe à mostra. E tem o Citroën 11 BL, de 47 a 51. Tem os lotações e ônibus e um rabinho de Cadillac dos anos 50. O resto é Chevrolet, o Fusca dos anos 40-50.


FOTO 6: Cadillac abandonado na Rua Ministro João Alberto, na fronteira Humaitá/Jardim Botânico. Pertencia ao embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado. O episódio foi tema do filme "O que é isso, companheiro?"
 


FOTO 7: Foto do acervo de Maria Francinete Barreto publicada no FB Copacabana Demolida. Ela era modelo da loja Sherazade, que ficava na Av. N.S. de Copacabana. O local parece ser uma das ruas internas do bairro.




segunda-feira, 10 de março de 2025