A primeira foto, de autoria do JBAN, nos permite falar da Confeitaria Imperial,
tradicional loja situada na Rua Voluntários da Pátria nº 339, esquina da Rua Real
Grandeza, telefone 26-0722, fundada por volta de 1920 e, também, de sua vizinha,
a Padaria Bragança, do outro lado da rua, na Rua Voluntários da Pátria nº 318.
A segunda foto mostra a Confeitaria Imperial e o painel com seu lema.
Já a terceira foto, conseguida na Internet, tinha a legenda a informação de que era a Confeitaria Imperial. Fiquei em dúvida, pois o prédio parece diferente.
Os primeiros sócios da Imperial, Albino Silva, Clarêncio e Manoel, eram
portugueses. A casa teve seu apogeu entre os anos 1930 e 1970, frequentada pela
chamada alta sociedade, políticos e artistas em geral. E “concorria” com a
lendária Padaria Bragança (1922-1978) – que fazia umas deliciosas rosquinhas
amanteigadas –, bem defronte, na esquina do outro lado da rua.
Ambas testemunharam as mudanças ocorridas em Botafogo e na cidade ao
longo do século XX. A Confeitaria e Padaria Imperial está na esquina do lado
direito da foto. Seu “slogan”, que pode ser visto na foto 2, é "A quem
serve, prudência; a quem é servido, paciência"). Há alguns anos a Imperial
foi vendida e novos donos tentam manter seu sucesso. Antigamente, o
"seu" Penedo era o responsável pela contas fiadas, prática quase desaparecida
nos dias de hoje.
Na esquina demolida da Real Grandeza havia a Padaria Bragança, na Rua
Voluntários da Pátria nº 318, que fabricava uma saudosa rosquinha amanteigada. Também
era famoso o pão doce de côco desta padaria. Tinha cobertura de côco ralado e
açúcar, com massa interna de panetone, bem fofa. Devia ser servido frio ou até
gelado, como “entremet” de um daqueles lanches de domingo, com chocolate
quente, chá, creme fresco e queijo prato.
Beatrice Portinari, desaparecida comentarista do “Saudades do Rio”, já
contou que, inspirado na Padaria
Bragança, em 1932, Nássara compôs para um cliente do Programa Casé o que pode
ser considerado o primeiro “jingle” da publicidade brasileira. Tudo aconteceu
quando Casé foi buscar a esposa Graziela na escola em que trabalhava como
professora, na Rua México. Na volta para casa decidiram descer do bonde para
comprar pão numa padaria da esquina das ruas Voluntários da Pátria e Real
Grandeza. À noite, ao comer o pão, Ademar ficou maravilhado. Um dos melhores
que já havia experimentado. Passando no outro dia pelo local, decidiu descer e
conversar com o proprietário (o JB dava como proprietário desta Padaria o Sr. Albino
Costa – é muita coincidência os donos das
duas padarias se chamarem Albino. Seriam a mesma pessoa?). Alegava que um
estabelecimento que fazia um pão tão bom quanto aquele, não poderia se furtar a
anunciá-lo no rádio. Como o português se mostrava incrédulo, Casé ainda
argumentou que o pão dali já estava fazendo fama e que, apesar de ser em
Botafogo, o pão já era conhecido em Copacabana. O proprietário não quis fechar
o negócio, dizendo que nunca ouvira falar de padaria anunciando em rádio e que
não valia a pena. Como Casé estava decidido a dobrar o cliente fez a seguinte
proposta: "O preço é o seguinte: vou colocar o anúncio no ar. Se o senhor
gostar, paga, senão fica de graça", finalizou Ademar. Nássara, ao ouvir a
história se inspirou na nacionalidade do cliente e fez três quadrinhas em ritmo
de fado, que foram ao ar na voz de Luís Barbosa (imitando o sotaque português),
acompanhado por um coro. O refrão era repetido três vezes, intercalado com as
duas quadras. O proprietário ficou exultante com a propaganda e no dia
seguinte, fechou um contrato de um ano de publicidade com Casé.
“Jingle” da Padaria Bragança:
(refrão)"Oh, padeiro desta rua
tenha sempre na lembrança.
não me traga outro pão
que não seja o pão Bragança."
O Programa Casé era um estrondoso sucesso no rádio, apresentado três vezes
por semana. Às terças e quintas das 20h à meia-noite. Aos domingos ia do meio-dia
à meia-noite.
Na década de 40, durante vários dias foi publicado no JB, um anúncio que
dizia: “Passo freguezia de pão vendendo 500 cruzeiros diários por Cr$ 10.000. Tratar
com Geraldo Carrilho na Padaria Bragança”. Em 5 de março de 1953 um ônibus da linha
Castelo-Leblon, da Viação Relâmpago, colidiu com um auto da representação diplomática
da África do Sul, causando afundamento de crânio do motorista do auto e, após a
colisão, invadiu a Padaria Bragança derrubando duas portas e fazendo grande
avaria.
Quanto ao ônibus, é da linha 594 e ía para o Leme. Esta pintura da Empresa
Amigos Unidos era bem parecida com a da São Silvestre, tirando o vermelho.
Depois mudou, trocou o azul por marrom, e atualmente é azul e branco, salvo engano.
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