Carlos P.L. de Paiva,
habitual colaborador do “Saudades do Rio” me enviou estas fotos sobre um
treinamento de defesa contra ataques aéreos no Rio durante a 2ª Grande Guerra.
Fui buscar informações e
encontrei o artigo “Brasil, 1942 Estado e Sociedade contra o Reich”, de Jorge
Ferreira, do qual retirei algumas informações:
Um dos órgãos criados na
época foi o Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, em maio de 1942. Em setembro
de 1943, o órgão foi renomeado, ficando conhecido como Serviço de Defesa Civil.
No Correio da Manhã, havia
instruções claras e precisas a serem tomadas em caso de ataque aéreo. No caso
de ouvir alerta sonoro, todos deveriam saber que se tratava de aproximação de
aviões inimigos. Se estivesse em casa, o cidadão tinha que apagar todas as
luzes e se refugiar em abrigo antiaéreo existente na moradia. O abrigo privado
poderia ser em porões e adegas adaptados para resistir a bombas. Outra opção
era construir um destes no quintal ou jardim. Também poderia se proteger entre
duas paredes da casa, resguardado por uma mesa. Se não houvesse essas opções, a
ordem era ir a um abrigo público.
No caso de ataques com
bombas explosivas ou incendiárias, estando em casa deveria fazer o mesmo.34 Se
tivesse que sair de casa, o procedimento indicado era pegar seus documentos,
dinheiro, cheques e joias. Também providenciar uma “lanterna elétrica de bolso”
e uma cesta de alimentos anteriormente preparados, como pão, biscoito e conservas,
garrafas de água e, para as crianças, leite. Se possuísse, deveria munir-se de
máscara contra gases venenosos. Ao deixar a residência, certificar-se de que
apagou o fogão, desligou as chaves da energia elétrica e do gás e fechou as
portas e janelas. As cortinas deveriam estar cerradas. O próximo passo seria ir
ao abrigo de sua casa ou a um abrigo público mais próximo.
Sobretudo, ressaltou a
diretoria, “não perder a calma, pois que, de nada lhe servindo assustar-se,
concorrerá para criar o ‘pânico’ que deve, acima de tudo, ser evitado.
Lembre-se que o ‘pânico’ causa sempre maiores danos que as bombas lançadas
pelos aviões inimigos”. No caso de estar na rua, a diretoria orientava para
sair do logradouro público imediatamente, mas sem correr, portando-se com
calma. Se não desse tempo de chegar à casa, dirigir-se a um abrigo público ou
uma trincheira-abrigo. Também não sendo possível, recomendava-se proteger-se em
corredores de prédios ou em passagens subterrâneas. Se estivesse em ônibus ou
automóvel, a orientação era sair dos veículos e proceder da mesma maneira. No
caso de estar em cinemas ou teatro, levantar-se e sair da sala calmamente. Se
não encontrasse um abrigo público, entrar em um prédio e esconder-se em
qualquer depressão que encontrasse no chão.
Nos refúgios públicos,
certas normas de comportamento eram exigidas, como não formar grupos nos
corredores, não se aproximar das portas, não fumar, não acender luzes (elétrica
ou a combustível). Se uma bomba explosiva atingisse o edifício onde se localizava
o abrigo, o cidadão deveria manter a calma, a serenidade e a disciplina.
Outros procedimentos
ainda eram pedidos, como esperar o final do sinal de alerta para sair do
refúgio e nunca perder a calma. Por fim, a diretoria pedia atitudes de
altruísmo à população, ajudando os idosos, gestantes, crianças, deficientes
físicos e pessoas adoentadas.
No dia 26 de outubro, foi
realizado o primeiro treinamento de defesa passiva, com blecaute na capital
federal. A população foi avisada com antecedência e instruída sobre como se
portar no exercício. Às nove da noite, os sinos das igrejas começaram a badalar
e as sirenes entraram em ação. Era a advertência de que bombardeios inimigos se
aproximavam do município do Rio de Janeiro. A seguir, a parte da cidade reservada
para o treino escureceu com o corte da energia elétrica. Passageiros dos ônibus
e bondes, bem como os que estavam em seus automóveis, foram conduzidos por
policiais, escoteiros e jovens alistados no Serviço de Defesa Passiva a locais
próprios. Por alto-falantes, as pessoas abrigadas sobre marquises dos edifícios
ouviam as instruções.
PS: o artigo do Prof. Jorge Ferreira é
muito interessante e vale ser lido. Cheguei a ele digitando no Google segunda
guerra ataques aéreos rio de janeiro e encontrei o artigo em
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