Vemos a Confeitaria
Colombo, na Rua Gonçalves Dias, no Centro, perto da virada do século XIX para o
século XX. A Colombo era um ponto de encontro das elites. É um exemplo típico
da arquitetura art-nouveau e da “belle époque” carioca. Os gigantescos espelhos
belgas, os mármores italianos e o mobiliário em jacarandá testemunharam mais de
um século de história e trazem aos dias de hoje ares e aromas do século XIX.
Foto dos anos 20 do
século passado. A Colombo, fundada em 1894 pelos portugueses Joaquim Borges de
Medeiros e Manoel José Lebrão - este último criador da célebre frase “O freguês
tem sempre razão” - funcionou como um dos mais tradicionais pontos culturais e
turísticos da cidade.
Na época, a mulher
pouco saía de casa, mas frequentava a Colombo a partir das 14 horas, após as
compras na cidade. Até quatro e meia
da tarde, a Confeitaria estava repleta de senhoras elegantes e de boa família,
que iam tomar chá ou sorvete, e fazer o seu lanche de empadinhas e quindins. Àquela hora,
produzia-se uma verdadeira metamorfose no lugar. As famílias se retiravam como
a um sinal dado. Às cinco horas em
ponto começava a encher e, pouco a pouco, estava cheia outra vez. Chegava o batalhão
da Suzana, logo depois o da Valéria, e outros grupos, era a hora em que as
proxenetas de alto coturno chegavam, e conduziam suas artistas. (Do livro
Contos e Contos, de Jorge Mitidieri).
Esta foto, se me permitem a brincadeira, mostra o salão da Colombo no Centro por ocasião do aniversário, num dia 8 de abril, da comentarista Dra. Evelyn. O menu
incluiu “Crême de Volaille aux perles du Nizam", “Filet de Badèje
Montrouge", "Quartier de Pré-Salé Financière", “Aspic de Jambon
orné", “Dinde truffée aux Marrons", "Salade Margot",
"Argenteuils à la Chantilly", "Bavaroise aux pêches de
Californie", "Parfait Praliné". Fromages. Fruits. Madère.
Chablis. Margaux. Moulin-à-vent. Moët-Chandon Brut et Porto. Café et Liqueurs.
Vemos a
desaparecida Confeitaria Colombo na esquina da Av. N.S. de Copacabana com Rua
Barão de Ipanema. Li em algum lugar que este prédio foi construído pela
Colombo, quando a sociedade comprou uma antiga estação de bondes que existia no
local. Estávamos nos anos 80, com muitos camelôs pelas ruas.
Era o local de chá
preferido de minha avó, fosse no salão térreo, fosse no segundo andar. Depois
do chá ela sempre ia na loja da Colombo que dava para a Barão de Ipanema onde
comprava uma lata de "marmeladinhas" e torradas que vinham num tipo
de “bauzinho” de metal, em duas colunas, uma sobre a outra, acolchoadas com um
papel branco franzido e, também, com um papel branco em tiras, para não se
quebrarem. Estas torradas tinham um gosto todo especial. Faziam sucesso o “açucrinha”
(tabletes de açúcar como aqueles que se dão para os cavalos) e a “coupe rêve
d´amour”. Nesta loja, como um armazém,
os produtos eram embalados em papel cor de rosa e os rolos de barbante ficavam pendurados numa armação de ferro presa no teto,
o que facilitava o trabalho de embrulhar. Era um ambiente bastante chique nos
anos 50.
A Confeitaria
Colombo de Copacabana, situada na esquina da Rua Barão de Ipanema com Avenida
Nossa Senhora de Copacabana, ficou aberta até os anos 90, quando foi fechada e
substituída por uma agencia do Banco do Brasil. Não sei se até hoje, mas até há
alguns anos a arquitetura interior ainda estava intacta e no segundo andar,
onde funcionava o restaurante e salão de chá, o velho piano ainda estava lá,
trazendo à memória dos mais velhos os bons tempos da confeitaria.
O Conde di Lido, que lá ia para impressionar suas inúmeras
namoradas, adorava comer o bolinho chamado “Rivadávia”, bem como o Sacripantina. E
se empanturrava com os empanados de camarão.
Já o Mauro Marcello,
segundo os arquivos do SDR, era um apreciador dos deliciosos waffles com
manteiga e geléia de morango.
Há alguns anos a
Colombo abriu uma filial dentro do Forte de Copacabana. De suas mesas se tem
uma vista estupenda, mas, contam, a comida não é como a dos velhos tempos.
As latas redondas de Leques Gaufrettes para servir com sorvete, faziam sucesso. Na casa do prezado Gustavo Lemos há uma coleção delas.
A Nota Fiscal das despesas do chá de D. Balbina Albuquerque Sousa em 1935.