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sábado, 9 de novembro de 2024
FILMES
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
CINEMA COLONIAL
Neste postal, circulado
em 1908, vê-se o luxuoso Grande Hotel, construído em 1896, no local onde
funcionou a partir de 1941 o Cinema Colonial e, desde 1964, a Sala Cecília
Meireles.
Ao centro, o monumental
Lampadário da Lapa, inaugurado em 1905. À direita, o prédio do Grande Hotel
Bragança. No alto, à direita, veem-se a Igreja e o Convento de Santa Teresa.
Observar as roupas pesadas de homens e mulheres além do uso de guarda-chuvas
para se protegerem do sol.
Nesta foto do Acervo do
Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, podemos observar, de outro ângulo, o
Grande Hotel, local do futuro Cinema Colonial.
O prédio que vemos na
foto foi construído em 1896 e nele instalou-se o Hotel Freitas. Com a mudança
do arrendatário, mudou o nome para Grande Hotel. Desprestigiado, mais tarde,
com a transformação da vida noturna da Lapa, esteve ameaçado de demolição em 1939.
No ano seguinte foi adaptado para cinema e para teatro.
A inauguração do Cine-Teatro Colonial constituiu
acontecimento muito comentado nos jornais da época. Por ocasião da visita da
imprensa que precedeu sua estreia, relatava o Correio da Manhã: “Os visitantes
estiveram na vasta plateia e nos balcões, com capacidade para 2000 pessoas
sentadas em ótimas poltronas que permitem ao espectador uma perfeita
visibilidade onde quer que se coloque, em virtude de apresentarem declive
suficiente para tal ... na cabine das máquinas, os aparelhos de som e projeção
tipo “Miraphonic” da Western Electric são os mais perfeitos do mundo... As
amplas dependências do Cinema Colonial possuem ar refrigerado sistema
“Kooler-Aire” que injeta 90.000 metros cúbicos de ar lavado e refrigerado em
serpentinas de água gelada ...”. A iluminação era toda indireta e a tela
inteiramente de porcelana, o que constituía uma inovação na época.
Fontes: Alice Gonzaga e
CTAC.
O Cinema Colonial ficava
no Largo da Lapa nº 47, no Centro. Funcionou de 1941 a 1961, com 1578 lugares.
Foi desapropriado em 18/12/1964 e transformado na Sala Cecília Meireles.
Em cartaz, na época, “O
Patriota”, realização do cinema francês, com Harry Baur, cujo verdadeiro nome
era Henri-Marie Baur. Foi um grande ator que fez muito bem a transição do
cinema mudo para o cinema falado.
Segundo A. C. Gomes de
Mattos o enredo de O Patriota, que tinha como tema central o
conflito entre a lealdade e o dever. Segundo os que puderam ver esta
refilmagem, o trabalho de Harry Baur como o tsar louco Paulo I foi muito bom. O
diretor foi Maurice Tourneur.
Como podemos ver nos
letreiros, após a exibição do filme houve um show luso-brasileiro com a
participação de Beatriz Costa, Alda Garrido, Os Anjos do Inferno, Jararaca e
Ratinho, Jorge Murad e Jurema Magalhães.
Cartaz de propaganda do filme "O Patriota", com Harry Baur e Pierre Renoir.
Nesta foto do acervo da “Última
Hora” vemos o abrigo/parada de bonde da Lapa tendo ao fundo o “Cinema Colonial”.
Provavelmente em breve faremos uma postagem sobre o abrigo/parada de bondes da
Lapa.
Esta belíssima foto do “Arquivo
Nacional” mostra o prédio na época logo após o encerramento das atividades como
cinema, ou seja, nos anos 60.
Outra foto dos anos 60,
com o cinema já fechado.
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
ABRIGO DE BONDES
Ontem o "Saudades do Rio" recebeu o seguinte comentário:
Assim como ontem na postagem da Rua do Passeio, hoje também não apareceu nem uma nesga da parada de bondes com torre de relógio e birosca, que em outras fotos antigas aparece em frente ao Hotel Serrador e Cine Odeon.
Pois vamos então vê-la hoje novamente.
FOTO 1: Detalhe da foto abaixo destacando a parada de bondes.
FOTO 2: Em cartaz no "Odeon" o filme "Investida de Bárbaros" (The Charge of Feather River, de 1953). E deve ser mesmo em 54-55 porque tem um Oldsmobile escondidinho no estacionamento dos senadores. Em primeiro plano, um Chevrolet 1940, táxi, no meio da praça, um Chevrolet 1947, de bandas brancas e um Mercury 1947. Certamente todos sabem que o autor deste comentário é Obiscoitomolhado. Mas o que significa aquele "3" no cartaz?
FOTO 3: Vemos foto de Kurt Klagsbrunn mostrando um flagrante da vida do Rio nos anos 40. Época em que ainda era possível sentar calmamente nos bancos da praça para engraxar os sapatos e trocar dois dedos de prosa com os amigos após o almoço. Ao fundo, em sua imponência, o Palácio Monroe. À direita, o abrigo de bondes diante do Odeon. O belo automóvel branco será identificado em breve.
FOTO 4: Vemos, numa época em que ainda fazia frio no Rio, a parada de bondes ao fundo e, na esquina da Senador Dantas, a Sorveteria Americana, citada pelo Obiscoitomolhado ontem.
FOTO 6: Hoje vemos duas fotos da demolição da parada de bondes. O público assistia de perto a demolição, numa atitude temerária.
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
CINE PALÁCIO
O Cine Palácio, na Rua do Passeio nº 38, onde hoje funciona o Teatro Riachuelo, tem uma história que remonta ao início do século XX.
O Cine Palácio foi o primeiro cinema do Rio de Janeiro a exibir um filme sonoro na década de 1920, em 1929, com o filme Melodia da Broadway. O prédio que abrigava o cinema foi projetado por Adolfo Morales de Los Ríos e foi construído para ser o Cassino Nacional Brasileiro. Antes de ser cinema, o local foi um teatro de variedades em 1901.
FOTO 1: No início do século XX
ali funcionou o Cinema Majestic e, a partir de 1920, o Palace Theatre. Em 1929
o nome se aportuguesou para Palace Teatro, com 1900 lugares. Somente em 1943
passou a se chamar Cine Palácio. Com este nome funcionou até 1979 quando,
seguindo a moda daquela época, se dividiu em Cine Palácio 1 (com 1060 lugares)
e Cine Palácio 2. (com 380 lugares).
O filme em cartaz, "Acorrentada", é de 1934 e a trama foca em uma mulher apaixonada por seu chefe que embarca em um cruzeiro e acaba conhecendo um novo alguém. Estrelavam Clark Gable, Joan Crawford e Otto Kruger.
FOTO 2: O filme "Fräulein" é de 1958 e é um filme de
guerra, de drama romântico americano, dirigido por Henry Koster,
estrelado por Dana Wynter e Mel Ferrer como duas pessoas apanhadas na Segunda
Guerra Mundial e nas consequências.
FOTO 3: Nesta foto, como na anterior, vemos a faixa de propaganda de Amando da Fonseca, do PTB que, em 1958, viria ser eleito com 10.995 votos (o 5º mais votado, superado por Sandra Cavalcanti da UDN, com
mais de 14 mil votos, Raul Brunini, também da UDN, com 11.623 votos, Lutero
Vargas, PTB, filho mais velho do presidente Getúlio Vargas, e a também udenista Lígia Lessa Bastos, com 11 mil votos),
Como se pode ler na Internet, Amando da Fonseca era conhecido como "o político da bica d´água".
FOTO 4: Esta foto é de 1956 e, na ocasião, ocorria uma greve dos cinemas, devido ao preço dos ingressos.
O Cine Palácio funcionou até 2008 e então o prédio ficado abandonado. Em 2004 o cinema foi autuado pela Vigilância Sanitária por conta da qualidade do ar condicionado. Neste mesmo ano o grupo Severiano Ribeiro recuperou a fachada centenária que, por trinta anos, tinha ficado coberta por placas de alumínio.
Em 2008 a fachada foi
tombada provisoriamente pelo Prefeito Cesar Maia, para garantir sua
preservação, uma vez que o cinema havia sido vendido e os novos proprietários,
donos do Hotel Ambassador, planejavam transformar o espaço em um Centro de
Convenções.
FOTO 5: O Cine Palácio era um dos locais onse se realizavam grandes festivais de cinema no Rio de Janeiro.
A foto mostra a entrada do Palácio quando do “Grande Prêmio INC” aos
melhores de 1970 foi entregue, em 1971, a Ademar
Gonzaga, representado na solenidade por sua filha Alice Gonzaga, a autora do
fenomenal “Palácios e Poeiras”, sobre a história dos cinemas do Rio.
Na mesma ocasião foi
entregue o “Prêmio Coruja de Ouro” aos melhores do cinema brasileiros em 1970,
que foram Itala Nandi (atriz), José Lewgoy (ator), Davi Neves (diretor), Mara
Rúbia (atriz coadjuvante), Nelson Xavier (ator coadjuvante) e Carlos Diegues
(melhor roteiro). Houve um show com Paulinho da Viola, Evinha, Odete Lara,
Marcos Valem, Taiguara e outros. Foi exibido o filme “Em Família”, com Paulo
Porto. Os apresentadores da cerimônia foram Hilton Gomes e Fernanda Montenegro.
O último telefone do Cine
Palácio foi 2461-2461.
Em 2008 a Sergio Castro Imóveis publicou anúncio de que o Cine Palácio havia sido vendido. A partir daí e com o tombamento do imóvel o local ficou praticamente abandonado.
A seguir, com imagens do Google Maps, vamos ver o que aconteceu até 2016, quando um dos espaços mais tradicionais do país, tombado pelo patrimônio histórico, o antigo Cine Palácio foi devolvido à cidade do Rio de Janeiro no dia 12 de agosto de 2016.
Transformou-se no Teatro Riachuelo Rio, um espaço plural de expressão e arte, unindo música, teatro, literatura, debates, dança, entre outros, com o objetivo de atrair os mais diversos públicos.
FOTO 6: No final da primeira década deste século o Cine Palácio tinha este aspecto.
FOTO 7: Aspecto da fachada em 2014 com as obras em andamento.
FOTO 8: A obra em sua fase final de recuperação, para se transformar em teatro.
FOTO 9: Aspecto atual. Este recurso do Google Maps de vermos o mesmo local através dos anos é simplesmente sensacional.
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
RUA DO PASSEIO
A Rua do Passeio começa
na Praça Mahatma Gandhi e termina no Largo da Lapa. A antiga denominação era
Rua Dr. Joaquim Nabuco. Segundo Paulo Berger, nos meados do século XVIII
chamou-se aquele caminho de Ilharga da Ajuda e no vice-reinado de Luís de
Vasconcelos (1775-1790), o qual mandou aterrar a lagoa do Boqueirão e construiu
o Passeio Público, obra de Mestre Valentim, começou a ser conhecido como “caminho
para o Passeio Público ou do Boqueirão”.
O Passeio Público foi
inaugurado em 1783. A denominação de “Rua do Passeio Público” foi alterada por
proposta do vereador José Carlos do Patrocínio, em sessão da Câmara Municipal
de 28/01/1892, passando a se chamar Rua Dr. Joaquim Nabuco. Finalmente, pelo
Dec. 1165 de 31/10/1917, que aprovou a nomenclatura dos logradouros públicos,
ficou estabelecida a denominação de Rua do Passeio.
FOTO 2: Esta fotografia mostra a
região da Rua do Passeio, com o Passeio Público à esquerda. Ao fundo vê-se um
bonde já com tração elétrica, dividindo espaço com um solitário automóvel e
dois veículos puxados por burros. Bem ao fundo da foto, com esforço, são vistos
os Arcos da Lapa. À direita, o início da construção do bairro Serrador.
FOTO 3: Em frente ao cinema Palácio cariocas bem vestidos têm à disposição um filme em Cinemascope, som magnífico, estereofônico, x faixas direcionais e de alta fidelidade. O filme era estrelado por Clifton Webb.
FOTO 4: Vemos o grande movimentos dos bondes nas vizinhanças do prédio da Escola de Música. Fotos do terminal de bondes que havia à esquerda já foram publicadas.
FOTO 5: O bonde "Laranjeiras", nº de ordem 611, na Rua do Passeio em 1936. O prédio da Mesbla estava no término da construção. O Edifício Mesbla seria residencial e comercial.
Em cartaz no Cinema Palácio o filme "Vingança de Mulher" (Dressed to thrill), com a sueca Tutta Rolf e o galã Clive Brook. Sobre o filme: “Rendendo um culto admirável ao amor de uma mulher, este filme luxuoso e moderníssimo, marca a estreia de Tutta Rolf, num romance lindíssimo de sacrifício e renúncia de um coração amantíssimo de mulher que um dia jurou vingança ao homem a quem dedicara toda a sua afeição, toda a grandeza sem limites, do seu sincero amor.”
FOTO 6: Vemos a Rua do Passeio em
1941. Provavelmente a foto foi tirada a partir do Hotel Serrador. À direita
vemos o Cine-Teatro Palácio (onde, em "alta", se pode ler que estava em cartaz o filme "No mundo da
lua") e o prédio da Mesbla. A Rua do Passeio tinha mão-dupla (o automóvel
que se dirige para a Lapa é um Citroën) e uma guarita para guarda de trânsito (coisa do tempo em que havia ordenamento no trânsito carioca). Na época não havia grades em torno do Passeio Público. Os trilhos dos bondes
foram retirados em 1939.
Em “`Passado Perdido”, Cagney é o industrial Steve Bradford, agora na meia-idade, que volta à sua cidade natal para encontrar o filho ilegítimo, que havia deixado em um orfanato vinte anos atrás. Logo ele entra em conflito com a diretora atual da instituição (Barbara Stanwyck), que quer impedí-lo de burlar as leis de adoção e possivelmente arruinar a vida do seu filho agora adulto.
Segundo Obiscoitomolhado o Land-Rover série I passa impávido pelo Volvo PV444, um carro muito bem apreciado no Brasil e nos Estados Unidos. Mais atrás, um Mercury 1952, espera a água baixar. O ano de 1952 foi um salto no design da Ford e toda a linha se beneficiou do novo estilo. Esse Hard-top Mercury Monterey frequentou a minha lista de mais desejados.
Atrás do 10 está um De
Soto 46-48, um Austin estacionado e um carro escuro difícil de identificar. Aí
é a calçada do Plaza, onde eu via os filmes de Tarzan, do tempo do Gordon
Scott.”
FOTO 9: O Cinema Alhambra na Rua do Passeio.