De repente é dezembro!
Às vésperas de mais um Natal, as fotos relembram a chegada de
Papai Noel ao Largo da Carioca por conta das festividades de Natal em 1954 e,
também, as decorações natalinas de 1969 na Av. Rio Branco e na Av. N.S. de
Copacabana. Hoje em dia acho que já não existem.
Este mês de dezembro temos as famigeradas "caixinhas" e
"livros de ouro": do porteiro, do faxineiro, do lavador de carros, do
frentista, do manobrista do estacionamento, do atendente do bar, do jornaleiro,
do entregador de jornal, do entregador de revista, do carteiro, do lixeiro, do
atendente do vestiário no clube, dos guardadores de carro, do garçon habitual,
do vigia noturno e por aí vai.
Não há 13º salário que consiga pagar todas essas despesas. Além do
trânsito infernal, das lojas entupidas, das compras de última hora, há ainda as
festinhas das empresas e o tenebroso "amigo oculto". De bom, os
almoços e jantares com ex-colegas de colégio e de faculdade, com companheiros
do clube e da praia.
E tudo isto é preparação para a véspera de Natal, quando acontece
o famoso jantar familiar, onde as crianças ficam enlouquecidas esperando os
presentes, a sogra retardando a entrega para que a "galera"
adolescente não vá logo para a "night", um calor infernal pois o
ar-condicionado não dá vazão face à multidão familiar, a comida inteiramente de
acordo com a tradição européia e "perfeitamente adequada" à
temperatura do Rio, e, um caso à parte, os cunhados "malas", que
acabam por estragar toda a noite.
Mas o pior ainda está por vir: o almoço do dia seguinte, com o
"enterro dos ossos" e todo mundo reunido novamente, com cara de
ressaca por conta dos excessos da noite anterior.
Dezembro é uma maravilha!
Na foto com o Papai Noel o helicóptero é um Bell 47, que foi o
primeiro helicóptero fabricado para uso civil. Foi lançado em 1946 e tinha um
motor Lycoming de 200 hp.
Ainda por conta de dezembro, lembra meu amigo Odone, que só
ganhava diploma de pai-herói quem levava seu filhinho para ver Papai Noel no
Maracanã (não sei se o Papai Noel acabou ou foi o Maracanã...). Era assim: antes
do clímax, milhares de puxa-sacos da Xuxa se apresentam numa sequência
abominável de mediocridades. As horas se passam e nada do Papai Noel chegar. As
crianças, a princípio felizes e com grande expectativa, começam a ficar
irritadas e impacientes. Não há mais lugar para sentar. O calor é senegalês, ou
carioquês, como se diz no Senegal. Não há como levar as crianças para fazer
xixi porque senão elas perdem o lugar, então elas começam a se aliviar ali
mesmo. É fácil reconhecer: elas ficam subitamente quietinhas e os olhinhos
ficam virados pra cima e pro lado, como se quisessem disfarçar. E o xixi rola
arquibancada abaixo se juntando a outros afluentes numa cascata de espuma.
Quando Papai Noel chega as crianças já estão chorando e com fome. Você jura
nunca mais cair nesta furada, arrasta os “pentelhos” e os leva pra casa
cansado, mas orgulhoso do seu diploma de Pai-Herói...
Alguém já contou que este Papai Noel descendo do helicóptero
chamava-se Sérgio. A idéia de sua presença percorrendo depois as ruas do Rio de
Janeiro foi de dois homens: Eugênio Severiano de Magalhães Castro, proprietário
de uma importadora de cartões comemorativos e de folhinhas (inclusive a que
trazia Marylin Monroe) por contrato firmado com a gráfica Brow&Bigelow, dos
Estados Unidos, e o Walter Poyares, diretor comercial de O Globo naquela
ocasião. Foram eles também os idealizadores da árvore de Natal, na Cinelândia,
que deu origem àquela da Lagoa que, para gáudio de boa parte dos cariocas, não
foi montada este ano.
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