REVISTAS
ANTIGAS, por Helio Ribeiro.
Este
Fundo do Baú descreve algumas das revistas que circularam no Brasil em décadas
passadas e tiveram alguma influência na minha vida ou eram figurinhas fáceis na
minha casa, nas fases de criança e adolescência. Para cada uma há um pequeno
texto, com observações pessoais minhas. Os dados e as fotos foram obtidos da
Internet.
Infelizmente
não encontrei absolutamente nada sobre uma revista chamada Cabala, que continha
horóscopos e artigos esotéricos e que era presença constante lá em casa.
1) REVISTA DO RÁDIO
Fundada
em abril de 1948, circulou até 1970, quando mudou o nome para Revista do Rádio
e TV. Inicialmente mensal, tornou-se semanal já em 1950. Continha cerca de 50
páginas e era destinada exclusivamente a notícias sobre o mundo artístico da
radiodifusão. Foram publicadas mais de 1000 edições. Seu carro chefe era a
seção Mexericos da Candinha, um personagem fictício que só fazia fofocas.
Lá
em casa era presença constante. Uma vez um fotógrafo ambulante convenceu minha
mãe e ela pagou para tirar uma foto de meu irmão e de mim com um exemplar da
revista nas mãos, simulando leitura
Na
foto da edição abaixo, Emilinha Borba e Cauby Peixoto.
2)
RADIOLÂNDIA
Fundada
em 1953 por Roberto Marinho, era uma rival da Revista do Rádio. Publicada
semanalmente, era dirigida por Henrique Pongetti. Não consegui muitas
informações sobre a revista, porém me lembro perfeitamente dela.
Na
foto abaixo, edição de 12/04/1958 (por coincidência data do meu aniversário de
11 anos), vemos o cantor Francisco Carlos. Quem se lembra dele?
3)
GRANDE HOTEL
Uma
das principais revistas de fotonovelas, foi fundada em 1947, porém só no seu
número 210, em 31 de julho de 1951, publicou sua primeira fotonovela. Era
presença constante lá em casa, comprada por uma tia. Eu devorava todas as
novelas, prestando atenção também nas placas dos carros, já que as novelas eram
italianas. Foi essa leitura que desenvolveu em mim o sonho bobo de amor
romântico.
Outras
revistas famosas de fotonovelas eram Capricho, Sétimo Céu (também tinha lá em
casa), Ilusão e Contigo.
Entre
atrizes brasileiras de fotonovelas se contam Elisângela e Susana Vieira.
4)
DETETIVE
Revista de casos policiais verídicos. Era a minha preferida e provavelmente responsável por eu ser amante de casos reais. Não gosto de ficção. Hoje em dia, na NET, só assisto ao canal ID Discovery, que pode ser considerado uma versão moderna da revista: só casos reais de crimes. Não confundir com a revista "Detective Comics", que ignoro se circulou no Brasil.
Nâo consegui na Internet maiores informações sobre a revista. Abaixo segue a capa da edição de primeiro de janeiro de 1960.
5) X-9
Fundada
em 1941 por Roberto Marinho, circulou até a década de 1970. Continha histórias
de terror, suspense e contos policiais. Tinha uma seção de páginas amarelas, em
que os casos policiais eram reais. Essa seção se chamava "Suplemento
amarelo do crime". O restante da revista era ficção. Eu também a lia,
porém com preferência pelas páginas amarelas.
6) REALIDADE
Lançada
em abril de 1966, até fins de 1968 apreentava grandes reportagens com temas do
momento, muitas vezes polêmicos. A pressão da Igreja Católica e de outros
setores da sociedade, e logo a seguir a censura governamental e dissidências
internas, fizeram com que até 1973 ela perdesse o tom de denúncia. De outubro
desse ano em diante houve uma mudança radical na linha editorial e a paginação
também mudou, aproximando-se do estilo da revista VEJA. Em março de 1976 saiu
de circulação.
Era
uma das minhas preferidas, para tomar conhecimento do que estava acontecendo.
7)
SELEÇÕES DO READER'S DIGEST
Idealizada
por Wiliam Roy DeWitte Wallace em 1919, foi recusada por várias editoras. Em
1922 DeWitte e a noiva conseguiram dinheiro suficiente para publicar o primeiro
número, no mês de fevereiro. Foi um sucesso. Na década de 1930 chegou a um
milhão de assinantes. Foi lançada no Brasil em 1942. Atualmente é publicada em
35 idiomas de 120 países.
Desde
cerca dos 12 anos de idade eu era fissurado pela revista. Onde a encontrava,
começava a lê-la. Em 1961, aos 14 anos, minha mãe me deu uma assinatura dela
por dois anos. Foi a glória. Em 1963 ela não conseguiu manter a assinatura.
Fiquei triste.
Seleções
teve grande importância na minha vida, em algo que não era o forte dela; e foi
um estrondoso fracasso naquilo que talvez ela se esforçasse em passar para seus
leitores, provocando em mim efeito contrário ao que provavelmente ela desejava.
Explico:
em algumas edições apareciam na contracapa fotos de capas da revista em vários
países, com respectivos idiomas. Isso acirrou em mim a curiosidade e interesse
por outras línguas, que já existiam antes e persistem até hoje. Foi assim que
em 1962, ao completar 15 anos de idade, pedi a minha tia como presente um curso
Linguaphone de alemão, anunciado na revista.
Já
quanto a absorver o "american way of life" ou a política americana,
na época em plena Guerra Fria, o fracasso foi enorme. Quanto mais eu lia
artigos criticando os russos, mais eu os admirava. E vibrava quando eles
lançavam satélites mais avançados que os americanos.
Durante
minha passagem pelo CPOR, em 1966, o coronel-comandante lia uma catilinária
anticomunista, que me entrava por um ouvido e saía pelo outro. Só fui começar a
ter bronca dos russos na época da Primavera de Praga, em 1968. E mais ainda
quando li sobre a Revolução de 1918 e todos os massacres que se seguiram a ela
durante décadas, inclusive a Holocausto ucraniano.
Só
o que admiro nos russos é a resistência deles à invasão nazista de 1941. Fora
isso, hoje sinto pelos americanos e russos o mesmo que pelo Brasil: nojo.