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sábado, 4 de março de 2023

CARROS ANTIGOS DOS D´ E DE AMIGOS



Um "Mercury" (?) na garagem de Petrópolis no verão de 1947.


 Um Plymouth na garagem de Copacabana no final de 1948.


Meu primeiro carro, a "Baratinha 7", em colorização do Conde di Lido. A "Baratinha 7",  patrocinada pela multinacional D´ & D', era "descapotável" e tinha uma célula de sobrevivência minúscula (cansei de ralar o joelho ao entrar ou sair do "cockpit"). Acionada por pedais tipo "vai e vem", otimizada pela técnica do duplo pistão (patenteada pelo célebre Prof. Pintáfona), baseava-se no sistema FNP (força nas pernas), que exigia uma tração diferente da dos pedais dos velocípedes, que usavam o RQV (roda que vai). Sua lubrificação era com óleo Veedol Top Power-40 (similar ao Ludaol G-23 e à Hemo-Kola P-21). A buzina era acionada por meio da tecnologia AOBCF (aperte o botão com força). A elegante entrada de ar lateral foi criada pelo famoso estilista Tutu Le Minelli e as rodas, que às vezes caíam vítimas de muitas trombadas,  eram guarnecidas por pneus Michelin, gentilmente cedidos por M. Rouen, diretor técnico de competições do "Rally das Pracinhas". 

Esta competição tinha grande cobertura jornalística, sob comando do Celso Itiberê Serqueira. No GP do Bairro Peixoto, como testemunham o avô do nosso Decourt e a jovem Tininha Coutinho, bateu o recorde de velocidade, graças à tração integral que repartia o torque em tempo real de 100:0 para 55 na frente e 45 na traseira. O modelo 302, visto na foto, era um clone, em escala menor, do Dodge 51, o que deixava o nosso JBAN, desde aquela época, babando verde (o que preocupava, sobremaneira sua babá Creusa). C

omo recurso de segurança, o destaque era o sistema de freios PNC+ (pés no chão +), que integrava os controles de estabilidade/ tração, corrigindo qualquer derrapagem. Eram famosas as disputas com o Conde di Lido que, pilotando um carro da Scuderie do Xá da Pérsia, assistido por mecânicos da Abissínia, era imbatível no circuito da Praça do Lido e adjacências. 

No GP da Praça Eugenio Jardim, onde anos mais tarde brilharia a Tia Lu (a única que concluiu a prova em marcha-a-ré), o grande adversário era o Rockrj, o rei do Corte do Cantagalo. Desde sempre preocupada com os cães e gatos da Eugenio Jardim, ameaçados pelos pilotos, a jovem Aninha F. encarava dias de viagem para vir dos ermos da Tijuca até Copacabana, para protegê-los. 

Por outro lado, a jovem Eve Lynn sempre perdia as provas pois se dirigia à Praça da Cruz Vermelha, por engano. O infante AG, mesmo tranqüilizado pelo "seu" Arnaldo, assustava-se com o barulho dos motores, desenvolvendo a partir daí sua fobia a automóveis, diferentemente do infante Zé Rodrigo que, por conta de sua admiração por estes bólidos, iniciou nesta época sua coleção de carrinhos que, hoje, conta com 7.482 modelos. 

Até hoje o Rafael Netto nega que estas corridas tenham se realizado pois, como consta no livro do Jô e na Super-Interessante, isto somente se daria após a década de 70. 

Fotos dessas competições estão sendo pesquisadas pelo Derani no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e serão publicadas brevemente no Caderno de Automóveis d' O Globo, pelo Jason Waldvogel. Em dias de muita chuva, com todos os circuitos (Praça Eugenio Jardim, Praça Edmundo Bittencourt, Praça Serzedelo Correia e Praça do Lido) com instalações impraticáveis e interditadas, o condutor da "Baratinha 7" encontrava restrições dos fiscais de pista (a babá e a arrumadeira), que davam bandeira preta caso o piloto ameaçasse dirigir dentro de casa. 

Isto, é claro, até que o recurso à máxima instância, ao Bernie Ecclestone daquela época, fosse interposto: "VOVÔ, posso andar com a Baratinha dentro de casa?"



Um Dodge na garagem de Copacabana por volta de 1953.


O Kaiser, que ficou na família por dez anos, em foto de 1951, no Jardim de Alá. Esta foi uma das primeiras colorizações do Conde di Lido, que ainda tateava na técnica.

Anos 70, na série "Se este Aero-Willys falasse...". O local é o posto de observação da "corrida de submarinos" da Lagoa.


O Mercedes da namorada de meu irmão no Alto da Boa Vista.


Agora, homenageando os amigos apreciadores de carros antigos:

o primeiro PUMA do Rouen.


Contam que o Karman-Ghia era do Conde di Lido, mas acho que é intriga da oposição.


O "bode velho" Dodge do JBAN e o Chevrolet do Jason em reunião na sede campestre do S.E.M.P.R.E.


Não quero complicar o Nickolas, mas contam que foi ele que escolheu a cor deste carro.


O motorista do Ford Eifel 1938, um produto da Ford de Colônia, Alemanha, ou Ford Köln, era o Conde di Lido. O Menezes jura que o identificou pelo cheiro do Lancaster.


quinta-feira, 2 de março de 2023

CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS

                     CONCESSIONÁRIAS DE VEÍCULOS,

 por Helio Ribeiro:

Esta postagem é sobre algumas das dezenas de concessionárias de veículos existentes no Rio de Janeiro em décadas passadas. Obviamente, não é uma relação completa. Faltam muitas delas, como Besouro, Auto Industrial, Ótima Veículos, Sedan, Mesbla, Tianá, Reiguá, Borgauto e muitas outras.

Algumas concessionárias tiveram vários endereços, fosse por mudança, fosse por terem filiais. Não me preocupei em levantar todos, para não tomar espaço com informação irrelevante. Mas alguns endereços eu citarei, por terem alguma importância no texto.

Foi difícil determinar o motivo e a data de encerramento das atividades de quase todas. Quando tive sucesso, estará citado.

As marcas representadas pelas concessionárias da postagem são as seguintes.


1) CHINDLER ADLER (originalmente CHINDLER & ADLER)

Concessionária Chevrolet

A referência mais antiga que encontrei dessa concessionária foi no jornal Diário Carioca, edição de 12/02/1933, com o endereço rua Figueira de Mello, 313, como na foto abaixo. Houve uma certa confusão nessa pesquisa, porque havia uma alfaiataria e uma concessionária com esse mesmo nome em Salvador.


O carro do anúncio acima tinha incríveis 60 HP de potência. Ei-lo abaixo:


O mesmo jornal, em 15/01/1937, anunciou a inauguração de nova filial da Chindler & Adler na rua Salvador Correa (atual avenida Princesa Isabel) número 88, no Leme. Na ocasião, foi apresentado do público o Chevrolet Master 1937, mostrado abaixo.


Para minha total surpresa, em 11/02/1937 o mesmo jornal publicou um anúncio da concessionária do qual constava o endereço de uma sub-agência na Praça do Engenho Novo, 26. Aqui perto de casa. Quem diria!! Atualmente é um posto de gasolina. Mas a partir da edição de 24/01/1938 esse endereço já não constou mais. Teve vida curta.

Em 05 de outubro de 1955 a sede da empresa passou a ser rua São João Batista, número 64, em Botafogo, como mostra o grande anúncio abaixo.


O anúncio abaixo já indica o novo endereço.


Em 1971 a Chindler Adler comprou a concessionária Amendoeira, cujo endereço era rua General Polidoro 316, e ali se instalou. Quando conheci a Chindler Adler, em 1974, ela ficava exatamente nesse endereço, bem em frente ao cemitério São João Batista, perto da esquina com a rua Real Grandeza. Foi lá que comprei meu primeiro carro, um Chevette ano 1974. Na época havia filas e pagamento de pedágio para se conseguir um carro zero km. Aí li na Quatro Rodas uma pessoa comentando que havia conseguido comprar um carro na Chindler Adler, sem pagamento de pedágio. Fui até lá e fiz o pedido. Demorou algumas semanas, mas não tive de pagar nada por fora.

Hoje o local é ocupado pela concessionária Renault do grupo Leauto. Não consegui uma boa foto da mesma.

 

2) GASTAL.

Concessionária Willys Overland

OBS 1: Boa parte do texto desse item foi obtido no site www.rioquepassou.com.br.

OBS 2: Desisti de pesquisar na Biblioteca Nacional pelo nome "Gastal S.A" porque o mecanismo de busca selecionava tudo que tivesse as palavras "gastar" ou "Gastão". Vinham milhares de páginas de jornais. Apenas de vez em quando aparecia algo ligado à empresa e não àquelas palavras.

A Gastal S.A. foi uma concessionária de grande importância no início da indústria automotiva brasileira. Primeiro porque desde o início dos anos cinquenta ela foi a responsável pela importação dos Jeep's ao Brasil, chegando até mesmo a colocar em prática uma linha de montagem dos componentes que chegavam em partes, no modelo de importação CKD. Segundo porque, com a implantação efetiva da Willys Overland do Brasil, a Gastal S.A. prestou sua colaboração, dedicando-se a partir de então a revender os produtos da WOB.

A referência mais antiga encontrada foi no jornal Correio da Manhã, edição de 16/04/1944, com endereço de rua Mariz e Barros 821-B, na Tijuca, e nome Gastal & Cia. Ltda como oficina mecânica. Seria a futura concessionária Gastal S.A.?

Abaixo, propaganda da empresa no Correio da Manhã de 19/02/1950.


Já no jornal  Última Hora de 12/06/1951 ela constou com o nome Gastal S.A., endereço rua Mayrinck Veiga 31, esquina com Largo de Santa Rita. Tratava-se de um anúncio de jipes.

Outros endereços foram encontrados para a concessionária, como Avenida Brasil, número 2298, e rua Voluntários da Pátria número 48. Abaixo, a instalação de Botafogo em data não especificada.


O prédio da Avenida Brasil 2298, projetado por Paulo Antunes Ribeiro em 1952, ganhou inúmeros prêmios por sua concepção moderna de uma concessionária de veículos, dividindo muito bem o espaço, escondendo as oficinas e captando a atenção dos passantes pelo grande desenho em V ou em W, como muitos dizem, principalmente por ser uma concessionária Willys. Com tons entre o bege, o bronze e o verde também chamavam a atenção pela harmonia, conseguiu-se fazer um prédio bonito e racional em um terreno irregular. Foto abaixo.

Estranhei o o anúncio abaixo, publicado em 13/11/1959 no Correio da Manhã, por se referir a um carro da Renault.


Abaixo uma foto do salão de exposição da Gastal, em 1961, obtida do site antigosverdeamarelo.blogspot.com.  

Em algum momento da década de 1970 ou 1980 a Gastal encerrou as atividades. Nos anos 1980 o prédio abrigou uma loja da DPaschoal de pneus. No fim dos anos 1990 esse prédio ainda foi usado pela concessionária Renault de nome La Rochelle, que não durou muito tempo. O prédio abandonado foi então invadido e os invasores praticamente colocaram a construção abaixo e fizeram mais barracos por trás do edifício. No domingo, 20 de junho de 2004, o prédio foi implodido pela prefeitura para construir um viaduto de acesso à Linha Vermelha pela Avenida Brasil.

 3) SIMCAUTO

Concessionária Chevrolet

Iniciou as atividade em 1969, no bairro de Del Castilho, como uma oficina autorizada. Abaixo, anúncio publicado na revista do Automóvel Club do Brasil, em 1972.


A partir de 19 de setembro de 1975 passou a ser concessionária Chevrolet, com loja no mesmo endereço do anúncio acima mas com sede na Estrada Adhemar Bebiano 177 (antiga Estrada Velha da Pavuna), onde se localiza atualmente. Fotos do endereço antigo e do atual.



Em 2003 foi inaugurada a segunda loja, em Cascadura; em 2005, em Botafogo; em 2011, Barra da Tijuca e em 2018, Nova Iguaçu.

Simcauto ainda existe. Não se limita apenas à venda de veículos, oferecendo produtos e serviços. A sede em Del Castilho conquistou 18 vezes o título de "Concessionária A", o mais importante prêmio outorgado pela General Motors (GM) em reconhecimento à qualidade dos serviços oferecidos. 

4) GUANAUTO VEÍCULOS S.A.

Concessionária VW

OBS: O texto e as fotos a seguir são um resumo do publicado no site www.autoentusiastas.com.br, em junho de 2020. É o texto mais longo desta postagem, por haver ótima documentação da empresa na Internet.

A empresa iniciou as atividades em 16/06/1960, com o nome Cia. Guanabara de Automóveis - Guanauto. O endereço era Avenida Brasil, 2153, bairro do Caju, hoje um posto de combustíveis. Foi uma das mais modernas e maiores da América Latina e contribuiu bastante para a divulgação da marca Volkswagen no Brasil.

Anúncio publicado no jornal Correio da Manhã, em 04/09/1960.


Abaixo, raro plástico decorativo da empresa.


Em 1962 mudou de donos e de razão social, renomeada para Guanauto Veículos S.A. Em janeiro de 1963 mudou-se para a rua Bela 1223-D. Foto abaixo.


Em 1965 as concessionárias Auto Industrial, Auto Modelo e Guanauto criaram a União dos Revendedores e lançaram o "Consórcio Facilidade", destinado à compra de carros novos, depois estendida para motocicletas e trailers. Anúncio abaixo.


Em julho do mesmo ano foi inaugurada a nova e luxuosa sede na Avenida Brasil 1304, ficando o prédio da rua Bela como oficinas. Foto abaixo, publicada no Diário de Notícias de 04/07/1965. Hoje o local é um terreno desocupado.


Para facilitar a vida dos clientes que trabalhavam no centro da cidade, a Guanauto oferecia condução grátis para sua sede e oficina. Anúncio abaixo publicado no Jornal do Brasil em 14/05/1967.


Não satisfeita, a administração da Guanauto, prevendo um crescimento ainda maior para o início dos anos 1970, adquiriu um terreno de mais de 7.000 mno Campo de São Cristóvão, número 87, onde pretendia construir o que seria a mais moderna instalação de um revendedor Volkswagen na Guanabara e quiçá no Brasil. Na grande área adquirida estavam sendo construídos dois blocos de edifícios, um deles com oito andares mais uma cobertura. Esta instalação abrigaria todos os departamentos em um só lugar, diminuindo a perda de tempo com deslocamentos e proporcionando mais conforto para clientes e funcionários. A inauguração estava prevista para o início dos anos 1970.

Construída essa nova sede, em junho de 1971 começou a transferência para ela, inaugurada oficialmente em 05/08/1971.


Nos anos seguintes a expansão da Guanauto continuou: em 1974 abriu uma filial em Niterói; em 1979 passou a vender motos Honda, tendo construído até uma pista de testes e treinamento; em 1989 inaugurou uma pequena filial na Barra da Tijuca. Foi a primeira concessionária a abrir uma filial no bairro, a chamada Guanauto Barra, situada na Avenida das Américas, 2550. Também ao longo do tempo diversificou os tipos de veículos atendidos, inclusive atendendo outras marcas.

A década de 1990 foi conturbada economicamente para o Brasil, e a abertura do mercado para carros importados afetou profundamente o negócio da Guanauto e das outras grandes concessionárias.

Os anúncios da Guanauto rarearam e em 1998 ela fechou a filial da Barra da Tijuca. No ano seguinte fechou a de Niterói, restando apenas a sede no Campo de São Cristóvão.

Em 08 de julho de 2002 ela encerrou as atividades. O edifício-sede foi comprado pela Caçula, uma empresa do ramo de papelaria, armarinho e confecção.

5) AUTO MODELO S.A.

Concessionária VW

Tal como a Guanauto, citada acima, chegou a ser uma das maiores concessionárias da América Latina. A primeira referência que encontrei sobre a Auto Modelo foi a abaixo mostrada, na edição de 15 de julho de 1948 do jornal Correio da Manhã, comunicando a inauguração, para dois dias depois, da loja do Largo do Machado número 23 (na época chamado de Praça Duque de Caxias).


Abaixo, foto sem data da filial do Largo do Machado.


O referido anúncio de inauguração dizia que a empresa venderia automóveis novos da marca Renault, mas também compraria e venderia usados de qualquer outra marca. E realmente, encontrei uma infinidade de anúncios de carros usados Hudson, Chevrolet, Packard, etc.


Na edição do Correio da Manhã de 13 de abril de 1952 li a primeira referência da Auto Modelo como concessionária VW.

A primeira referência ao endereço rua Haddock Lobo número 40 encontrei numa edição do jornal do Automóvel Clube de junho de 1960, citando que as novas instalações seriam as maiores da América Latina, com 10.800 metros quadrados e podendo atender a 300 veículos diariamente. Previsão de inauguração para o início do ano de 1961.

O Correio da Manhã de 16 de maio de 1961 já mostrava anúncio com aquele endereço.

Em 12 de novembro de 1962 foi inaugurada a filial da Avenida Suburbana 7570, na época pertencente à subsidiária Abolição Veículos, na qual a Auto Modelo tinha participação majoritária.

Como já citado antes, em 1965 as concessionárias Auto Industrial, Auto Modelo e Guanauto criaram a União dos Revendedores e lançaram o "Consórcio Facilidade", destinado à compra de carros novos, depois estendida para motocicletas e trailers.

Em 29 de dezembro de 1967 o imóvel da subsidiária Abolição Veículos foi incorporado ao ativo imobilizado da Auto Modelo.

Em 01 de março de 1996 a Auto Modelo teve deferido pela 8a. Vara de Falências e Concordatas um pedido de concordata preventiva. Em 1997 o banco Bozano Simonsen comprou a Auto Modelo, então em dificuldades financeiras.

Não consegui descobrir qual o desfecho do caso.

O prédio onde se situava a concessionária na rua Haddock Lobo hoje é uma filial da American Pet. Foto abaixo.


6) ABOLIÇÃO VEÍCULOS S.A.

Concessionária VW

A primeira referência que localizei a essa empresa foi na edição de 10 de setembro de 1967 do jornal Correio da Manhã. Na época, a Abolição Veículos estava situada na Avenida Suburbana, 7570 e estranhamente era uma subsidiária da Auto Modelo S.A., como citei mais acima. A instalação tinha 3.300 metros quadrados, sendo 1.700 cobertos.

Em 29 de dezembro de 1967 esse imóvel foi incorporado ao ativo imobilizado da Auto Modelo.

Para não fugir da moda, a Abolição Veículos também fazia parte do chamado Consórcio-Cooperativa do Automóvel Club do Brasil. Vide abaixo.


Em 1988 o grupo Abolição possuía sete revendas de automóveis e caminhões, uma incorporadora e administradora de imóveis, uma distribuidora de valores e uma agência de viagens, espalhadas pelo Rio, Minas e Bahia.

Não consegui descobrir se a Abolição ficou vinculada à Auto Modelo até o fim desta ou se em algum momento ela se tornou empresa à parte. Mas hoje a Abolição faz parte do grupo AB.

Em dezembro de 1993, a situação das revendedoras estava tão a perigo que várias delas ofereciam viagens a quem comprasse um carro. Vide abaixo as promoções da Abolição.


Em julho de 1996 a empresa lançou sua home page, www.abolicao.com.br, saindo na frente das demais autorizadas. E em início de novembro foi iniciado o envio de mala direta para os emails de quem havia consultado o site da empresa.

Com o passar dos anos, montadoras de automóveis, de caminhões e de motocicletas convidaram a Abolição a representá-las e hoje ela oferece a seus clientes várias marcas de automóveis, caminhões, ônibus e motos presentes no mercado brasileiro, como Volkswagen, Honda, Nissan, Volvo, Harley-Davidson, Mercedes-Benz e MAN/Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Hoje a Abolição possui várias filiais, inclusive em Niterói e Duque de Caxias.

Abaixo, foto atual das belíssimas instalações da empresa na antiga Avenida Suburbana 7570.

-------------  FIM  DA  POSTAGEM -------------

 

quarta-feira, 1 de março de 2023

BICICLETAS 2


Nesta fotografia, das Edições Melhoramentos, a moça pedala sua bicicleta na Avenida Atlântica, na década de 1950. Junto à calçada estreita, parcialmente encoberta, uma carrocinha de sorvetes Kibon, estacionada em plena rua de mão-dupla. A moça, com sandálias tipo plataforma, usava um "short" ou uma saia de "pois", e um grande chapéu. Notar a bicicleta feminina, com proteção na roda traseira, sem marchas e sem barra.


Nesta fotografia, vemos uma menina enchendo o pneu de sua bicicleta no posto de gasolina. Não me parece que seja no "Postinho", no Jardim de Alá, mas sim em um posto de gasolina que ficava já no Leblon, lá pelos lados da Cupertino Durão.  
Com a especulação imobiliária desapareceram os postos de gasolina da orla de Ipanema e do Leblon.


Manobra de alto risco faz este rapaz ao pegar uma carona no bonde com sua bicicleta.


Esta foto que mostra um empregado de tinturaria em sua bicicleta em plena Avenida Atlântica, provavelmente na década de 50.

Saudade deste tempo mais tranquilo, pois hoje em dia o que vemos é um cenário complicado, com motos, motonetas e bicicletas elétricas circulando por todo lado em alta velocidade, às vezes sobre as calçadas e até na contramão, sem nenhum controle das autoridade de trânsito.

Antigamente, em meados do século passado, até as bicicletas tinham placas na traseira. Era um modo de controlar. Mas nem isto adiantaria, pois não há quem multe no Rio, de maneira geral.

PS: o Helio Ribeiro solicitou que os comentários ficassem sem moderação.
Vamos tentar desta maneira. 
A ver.


PS: com relação ao comentário do Helio Ribeiro de 08h35 aí vão imagens do que seriam placas de bicicletas no Rio. Não tenho certeza se são mesmo de bicicletas, pois não me lembro delas no Rio. Lembro, sim, em Petrópolis, pois minha bicicleta que ficava lá tinha placa.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

BICICLETAS

O tema hoje foi escolhido para lembrar como eram boas as bicicletas de antigamente. Para comparação, posso dizer que há 17 dias comprei uma nova bicicleta Caloi, que ontem me deixou a pé por ter se soltado a central do pedal.

Como está na garantia deixei na loja para conserto, mas sem prazo de entrega. O vendedor não sabe explicar a razão do defeito.

Minha saudosa Monark, em foto de 1962, bastante exigida, me acompanhou por mais de dez anos, sem nunca ter dado defeito.

Aqui vemos um batalhão de PMs ciclistas. Além de não poluir o ambiente, o exercício contribuía para a manutenção da forma física dos policiais. Atualmente vejo integrantes do "Segurança Presente" pedalando na orla da Lagoa.

OBS: como era simpática esta casa da Rua Hilário de Gouveia, em Copacabana, em 1954.

O ano é 1954, época de muitas construções em Copacabana, como atesta aquela obra ali no fundo. Não havia quarteirão em que não houvesse uma ou mais obras em andamento. Acompanhei, dos fundos de casa, a obra do 2º edifício da Dias da Rocha, quase esquina da Barata Ribeiro, entre o prédio da esquina (nº 60) e o edifício Mirindiba, obra esta que ficou alguns anos parado num "esqueleto" de quatro andares.

Ali havia um vigia com sua família, que eram auxiliados por minha mãe. Eram um cinco filhos, sendo o Geraldo mais ou menos de minha idade - de vez em quando ele vinha jogar bola conosco.

As obras de Copacabana começavam com o caminhão de mudança em frente a uma casa, a gente via sair toda a mobília e demais trastes. Depois colocavam uma primeira fachada de madeira e logo as marretas entravam em ação. Quando as casas demolidas estavam coladas em algum prédio ficava aquele "desenho" na parede algum tempo.

Na fachada da obra havia uma porta grande para a entrada (parcial) dos caminhões e uma porta menor, com uma maçaneta de madeira improvisada, para entrada das pessoas. Afixada junto a porta o aviso de "há vagas" ou "não há vagas". 

No começo eram poucos operários, mas o turno de trabalho era bem definido: às 7 horas tocava um "sino" (na maioria das vezes era um pedaço de ferro pendurado no teto) e trabalhava-se até às 11 horas. Almoço e descanso de uma hora. A seguir, novo período das 12h às 16h, que geralmente se estendia até às 17h.

As obras iniciavam-se com o barulho do bate-estacas fincando as estruturas (depois passaram a usar um outro tipo de base (sapatas?) que nossos comentaristas engenheiros poderão explicar). 

Os operários, sem nenhum equipamento de segurança, de tamancos, sandálias de dedo ou sapatos velhos com o calcanhar dobrado, chapéus improvisados, colocavam baldes nas roldanas, "viravam" cimento na calçada, empurravam carrinhos de mão, acionavam a serra elétrica (e se machucavam muito), descarregavam com pás ou "na mão" inúmeros caminhões de areia, pedrinhas, madeira, ferros e sacos de cimento. 

Uma atividade que me deixava espantado era ver os operários descarregando os tijolos de um caminhão, em fila indiana, jogando um par de tijolos para outro operário, sem cair um no chão. A impressão era que iam voando em câmera-lentaEstes materiais entravam por "janelas" abertas na fachada, ao nível do térreo.

Eu gostava de ver o trabalho dos soldadores. E de ver o elevador de carga, de madeira e montado precariamente, levando material para cima e para baixo o dia inteiro.

Moravam, como pode se ver na foto, na frente da obra, em dormitórios precários e sem conforto, num 2º andar, junto à calçada.

A obra de um edifício levava de 2 a 3 anos. No final da obra era definido o tipo de revestimento (se fosse de pastilhas quadradas, elas vinha grudadas num papel grosso).

À noite e nos finais de semana ficavam sentados em bancos na calçada, fumando e ouvindo rádios de pilha. Eventualmente algum dedilhava um violão. Comiam em pratos de metal ou marmitas. A maioria fumava. A Praça Serzedelo Correa, aos domingos, era uma atração para eles.

Terminada a obra, um ou outro conseguia emprego de porteiro ou faxineiro do prédio. Os outros seguiam adiante. Não faltava este tipo de emprego.

Certa ocasião nosso prezado Menezes comentou que, quando jovem Engenheiro, exerceu a profissão nessas obras. Disse que, ao começar o dia, sempre passava pelo refeitório da obra onde via um amontoado de latas de leite condensado vazias espalhadas pelas mesas, que serviam de copo para o café. Migalhas espalhavam-se pelo chão e papel jornal de embrulhar pão fechava o cenário.

Mais tarde um pouco, após a inspeção, o cheiro do feijão já na panela anunciava que o almoço estava sendo feito. Panela no chão com pequenas madeiras em brasa e estava feito o "fogão. Ali viviam seus conterrâneos sempre com a expressão no rosto da saudade da terrinha. "Um dia eu volto..." 

PS: 70 anos depois do relato das condições dos operários dessas obras, temos a notícia vindo do Rio Grande do Sul e suas vinícolas. Realmente...