Luiz Sá foi um caricaturista que fez muito sucesso na metade do século XX. Travei conhecimento do personagem “Bolão” ainda criança, pois vinha sempre uma figurinha dele dentro da embalagem do chiclete Ping-Pong, como vemos na foto acima. Também fazia sucesso na revista “O Tico-Tico” junto com Reco-Reco e Azeitona.
Recentemente circulou na Internet uma série de caricaturas de Luiz Sá tendo como tema os clubes do Rio, o que me despertou velhas lembranças da infância.
Desde pequeno sempre acompanhei o Flamengo. Meu primeiro jogo "clássico" no Maracanã foi uma espetacular vitória sobre o Fluminense por 6x1, em 1955. A rotina dos domingos era assistir o "juvenil" às 9 horas, os "aspirantes" às 13h15 e aos "profissionais" às 15h15 (o sol devia ser mais brando ou os jogadores mais fortes, pois o horário era este mesmo. Só anos depois passou-se a jogar o jogo principal às 17h).
O hoje quase desaparecido América já fez muito sucesso. Assisti o time ser campeão em 1960, tendo sido pivô de uma grande briga na arquibancada. Sentei um degrau abaixo de meu pai, que tinha a seu lado meu irmão mais velho e um grande amigo, um delegado de Polícia bom de briga (tinha mais de 1,95cm, o que era raro naquela época). O estádio encheu e quase no início do jogo chegaram 4 caras. Espreme daqui e dali, 3 conseguiram sentar. Não havia mais lugar para ninguém e o que sobrou ameaçou me empurrar. Meu pai alertou-o para não tocar em mim. O cara não levou em consideração e me empurrou. Levou um soco de meu pai e caiu. Levantou-se e vieram os 4 para brigar. Meu irmão tinha uns 15 anos e estava com um binóculo. Deu no nariz de um, meu pai se atracou com outro e o delegado com os dois restantes. Como estavam em degrau acima ficou mais fácil para eles. Abriu-se aquele clarão, vieram os PMs, o delegado se identificou e mandou levar os quatro...
Não esqueço da vitória do Botafogo sobre o Fluminense por 6x2 na final de 1957, com 5 gols do Paulinho Valentim. Fui com meu avô, que era um grande botafoguense. Nem o 3x0 no Flamengo na final de 62, com o Garrincha arrebentando.
Do São Cristóvão lembro das tardes escaldantes sentado na pequena arquibancada do campo da Rua Figueira de Melo torcendo pelo Flamengo. Os jogos nos campos pequenos eram sempre difíceis.
Ir a Bangu era uma viagem. Lembro de um jogo do juvenil do Flamengo, no dia da final da Copa da Suécia, em 1958. O jogo era às 9 horas e fomos no Chevrolet de meu pai. Em Moça Bonita encontramos com um amigo dele. No final do jogo dissemos que voltaríamos para casa rapidamente para ouvir o jogo do Brasil. O amigo de meu pai disse que não tinha coração para aguentar outra final, pois ficara traumatizado com o "Maracanazo" de 1950 e que pegaria uma estrada qualquer para ficar rodando até acabar o jogo. Nem ligaria o rádio do carro...
Outro campinho complicado de vencer era o da Rua Teixeira de Castro. Ali vi jogar o Barizon, que viria a ser meu colega de trabalho no Hospital de Bonsucesso. Boa gente.
Quem dava as dicas para ir na Rua Bariri era a então babá lá de casa (ficou conosco mais de 50 anos). Morava nas vizinhanças do estádio. O grande jogo que assisti lá foi Fla 1x0 Olaria, gol do meu ídolo Evaristo.
O único estádio que nunca fui era o da Portuguesa. Nem no antigo, nem no novo. Mas lembro bem da Portuguesa jogando no Maracanã na época do ótimo trio atacante formado por Tião Macalé, Lua e Foguete.
Também era muito longe, na época, ir até Conselheiro Galvão. Lembro do jogo Fla 1x0 Madureira, quando chegamos, devido a um engarrafamento, com o jogo já começado. Chovia muito. O gol do Flamengo foi do Dida.