A manhã do dia 25 era o dia em que
as crianças iam para a rua para brincar com seus presentes de Papai Noel. Antigamente era assim com
presentes como bicicletas, patinetes, patins, bolas, carrinhos de boneca, velocípedes,
etc, bem diferente de hoje quando a maioria fica trancada em casa com seus jogos
para computador, iPad, DVDs, PS4, etc.
A primeira foto mostra um presente de Natal que me deixou muito
contente, já adolescente: uma Monark, vista estacionada na
calçada da Avenida Epitácio Pessoa, perto do Corte do Cantagalo, na Lagoa, nos
primeiros anos da década de 60. Era uma das "tops" da época - superconfortável,
sem marchas, com os acessórios clássicos: espelho retrovisor, buzina a pilha,
selim acolchoado com o escudo do time preferido (com franjinhas!). Não tinha
farol, nem aqueles enfeites nos aros das rodas.
Com amigos, nas saudosas e longas
férias de verão, fazíamos "O CIRCUITO", em muitas tardes. Saindo da
Lagoa, subíamos a Rua Montenegro (atual Vinicius de Morais) até a Praia de
Ipanema. Ali, pela calçada deserta (não havia a febre de caminhar como hoje),
até o final do Leblon. Dobrávamos na Avenida Visconde de Albuquerque, circulávamos
por dentro do Jardim Pernambuco (a cidade era diferente, o local não estava todo
cercado com cancelas e vigilantes – o que, aliás, é um absurdo, na minha
opinião), indo até o Jockey Clube (não havia a avenida que margeia a Lagoa,
entre o Jardim de Alá e o Piraquê). Começávamos a voltar pela Rua Jardim
Botânico, costeando o muro do Jockey, até a Rua General Garzon. Ali dobrávamos
à direita para pegar a Lagoa até a Igreja de Santa Margarida Maria. Virávamos
para o Humaitá, descíamos por Botafogo até a Rua Real Grandeza, passávamos ao
lado do cemitério e atravessávamos o Túnel Velho (ainda com uma só galeria, mão
e contramão). Neste trecho às vezes dava para "pegar uma carona" no
bonde (logo, logo, o condutor vinha nos expulsar, pois aquela manobra era
perigosa). Vinha, então, a melhor parte do circuito, que era descer a ladeira
da Rua Santa Clara. Como ainda não havia sido feito o Túnel Major Rubens Vaz,
dobrávamos na Rua Cinco de Julho, depois na Pompeu Loureiro, até a Praça
Eugênio Jardim. Subíamos o Corte do Cantagalo e voltávamos ao ponto inicial na
Lagoa. Dava para fazer tudo isso numa hora e meia.
A segunda foto mostra minha amiga Beth, com quem irei almoçar
hoje, em 25/12/1948, toda feliz com o presente que Papai Noel deixou. Segundo
ela conta, a foto é da casa onde morava, na Rua Alberto de Campos, entre as
ruas Gorceix e Farme de Amoedo. De chamar a atenção o caprichado vestido, feito
por sua mãe. Mas bom mesmo devia ser morar na Alberto de Campos em 1948,
naquela Ipanema dos bons tempos.
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