O GMA, um dos grandes colaboradores do "Saudades do Rio", me enviou estas fotos bem antigas. Não sei a fonte.
FOTO 1 - LAGOA
FOTO 2 - Onde estaria o fotógrafo?
FOTO 4 - A legenda diz "Praia do Flamengo"...
O GMA, um dos grandes colaboradores do "Saudades do Rio", me enviou estas fotos bem antigas. Não sei a fonte.
FOTO 1 - LAGOA
FOTO 2 - Onde estaria o fotógrafo?
FOTO 4 - A legenda diz "Praia do Flamengo"...
Fotos de João Martins Torres, da Coleção Álvaro de Frontin Werneck, encontradas no livro "Rio-Buenos Aires".
FOTO 1: Vemos o "Escritório do
Primeiro Districto da Avenida Central", no início do século XX. Este
escritório da Comissão Construtora da Avenida Central ficava na Rua da Prainha,
atual Rua do Acre. Uma linha de bondes (vemos na foto o destino "Santa Luzia")
foi instalada provisoriamente no traçado onde seria construída a Avenida,
ligando os dois extremos da obra. Aquele último prédio é o Trapiche Mauá e à
direita, aquele pedaço do Morro de São Bento foi cortado e ali foi erguida a
Casa Mauá.
FOTO 2: A Ladeira do
Seminário em 1904. Vemos os primeiros sobrados a serem destruídos para a
abertura da Avenida Central, na subida do Morro do Castelo, enfeitados com
guirlandas para a solenidade de inauguração dos trabalhos de demolição. O
início oficial das obras, a 8 de março de 1904, contando com a presença do
Presidente da República, prefeito, ministros e outras autoridades, foi marcado
pelo gesto presidencial de acionamento de uma corrente elétrica, colocando em
funcionamento um equipamento de perfuração.
Essa vertente do Castelo foi a primeira a ser
derrubada, uns 15 anos antes do restante do morro, para a abertura da Avenida
Central. O fotógrafo estava no Largo da Mãe do Bispo, mais ou menos em frente
ao atual Theatro Municipal (que só ficaria pronto cinco anos depois).
A rua que cruza é a antiga Rua da Ajuda ou Rua
Chile, a ladeira sobe na direção de onde está a Biblioteca Nacional.
Esta obra, segundo o Jornal do Brasil de
08/03/1904, "é a causa do Rio de Janeiro, que quer ser saneado, é a causa
de todos que aqui desejam exercer a sua actividade, sem a ameaça de serem
victimas da febre amarella, da peste bubonica, da variola e dos demais morbus
que apregôam a nossa insalubridade; é a causa do Brasil, cujos braços sempre
abertos para acolher os que demandam as suas plagas, não se importa de ser
julgado pela sua capital, comtanto que esta seja limpa, saneada, digna
delle".
A Gazeta de Notícias do mesmo dia, descrevia:
"Dirigiram-se todos para o fundo do terreno da Rua da Prainha, onde havia
um tropheo de bandeiras de todas as nações e uma placa com os seguintes
dizeres: 8 de março de 1904. Sob este tropheo estava a lage de granito em que
atacado o serviço de abertura da Avenida Central. A cerimonia consistiu no
seguinte: o Sr. Presidente da Republica commutou a corrente eletrica de um
motor Watson que acionara um perfurador, fazendo assim funccionar o martello, e
o Sr. Dr. Lauro Muller segurou a broca, trabalhando o aparelho por alguns
instantes".
FOTO 3: Vemos os escombros da casas típicas do Rio de antigamente, no local onde seria erguido o Teatro Municipal. Na reforma ocorrida no Governo Rodrigues Alves, comandada pelo Prefeito Pereira Passos, as obras para substituir a velha cidade colonial, anti-higiênica e de ruas estreitas, geraram muita polêmica. Foram demolidos cerca de 600 imóveis que abrigavam casas comerciais, depósitos, oficinas e habitações coletivas, para dar lugar à Avenida Central, por exemplo. Isto gerou, por um lado, um agravamento da situação habitacional da população mais pobre mas, por outro lado, a melhora das condições sanitárias ajudou a combater a temível febre amarela (que, após um século, volta a assustar em grande parte do Brasil).
Apesar das polêmicas, dos processos, dos escândalos envolvendo
muito dos envolvidos nas obras, a inauguração da Avenida Central e dos belos
prédios da área da atual Cinelândia causou um impacto muito grande e, com
outras obras como a Av. Beira-Mar, o Rio se transformou.
FOTO 4: As obras de demolição no local onde seria realizada a construção do novo edifício da Biblioteca Nacional.
O Convento da Ajuda (à direita), erguido no século XVIII, conservado inicialmente, acabou sendo demolido em 1911 para dar maior visibilidade à Avenida Central e seus edifícios monumentais.
E assim, como diz
Giovanna Del Brenna, "como num passe de mágica, por obra de um punhado de
personalidades heróicas e decididas, escolhidas pelo Presidente Rodrigues Alves
(Pereira Passos, Lauro Müller, Paulo de Frontin, Oswaldo Cruz), uma vetusta
cidade colonial de angustos becos e anti-higiênicos casarões sem beleza e sem
arte some a golpes de picareta para ressurgir em poucos anos transformada,
moderna, ventilada e salubre, pronta para ocupar o lugar a que tem direito
entre as grandes capitais da América".
Ontem, nos comentários, este assunto foi mencionado. Como grande parte dos comentaristas nascidos no século passado também fiz a Primeira Comunhão. Desconheço a razão dela ter acontecido na capela do Colégio Sion, haja vista que morávamos em Copacabana. Este foi o "diploma" concedido na ocasião.
O curioso é que, geralmente, era feita antes dos dez anos de idade, época em que nada se entendia de Religião e se obedecia ao que os pais mandavam.
Nunca entrei na igreja da “Paróquia Matriz de Nossa Senhora da Glória”, somente passei defronte a ela. O texto de hoje, então, é em sua maior parte o disponível pelo Sindegtur. Sei que há um livro com muitas informações sobre ela: “O Rio de Janeiro: sua história, seus monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades”, de Moreira Azevedo. Também há muitas notas no “site” da própria igreja.
A freguesia de Nossa
Senhora da Glória foi criada pelo Decreto da Assembleia-Geral nº 13, de 09 de
agosto de 1834, e desmembrado na mesma data o seu território da de São José. A
igreja Matriz, ereta no Largo do Machado, está sob a invocação da padroeira da paróquia.
A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Nossa Senhora da Glória foi fundada em
26 de janeiro de 1835, aceitando a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres como Matriz
provisória. Esta capela pertencia a Antônio Joaquim Pereira Velasco, na rua das
Laranjeiras.
Em 04 de abril de 1835 foi
comprada pela quantia de 5:187$686, inclusive despesas de transmissão de
propriedade, a capela de Antônio José de Castro, construída em 1720, próxima ao
Largo do Machado e reconstruída em 1818, pela Rainha Carlota Joaquina. Nessa capela
esteve a Matriz de 1835 a 1837, quando a mesma foi vendida ao Comendador José Batista
Martins de Souza Castelões, que a demoliu e aí construiu uma bela residência,
então na Rua das Laranjeiras nº 9.
O terreno para a nova Matriz
foi cedido por Domingos Carvalho de Sá, com frente para o Largo do Machado,
entre a Rua das Laranjeiras e Gago Coutinho (antiga Carvalho de Sá).
Em 18 de julho de 1842
teve lugar a cerimônia da colocação da pedra fundamental da Matriz.
O projeto geral do
templo, em estilo neoclássico, bastante inspirado na Igreja da Madalena em Paris,
foi elaborado pelos arquitetos Júlio Frederico Koeler e Charles Philippe Garçon
Riviére.
Em 1844, os alicerces de madeira queimada estavam colocados, e começou-se então a obra pela capela-mor. A 27 de abril de 1851 o projeto foi alterado pela Mesa “para se corrigir os seus defeitos”. Dois anos depois, começava-se a obra da frente da igreja. A capela-mor já deveria estar pronta, pois em 1855, o escultor Honorato Manuel de Lima era contratado para a obra dos estuques artísticos da capela-mor. Deveria existir um primitivo altar-mor, tirado da velha capela, pois este é citado no ano seguinte, quando um irmão anônimo ofereceu a pia batismal e o douramento do nicho da padroeira no altar-mor.
Em 12 de junho de 1864, passou a dirigir as obras o arquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, que nesse ano orçou o madeiramento do templo e começou a assentar as colunas da fachada. Depois de uma curta interrupção dos trabalhos, as obras recomeçaram em 1865, sem interrupções. Nesse ano, em novembro, cuidavam-se dos capitéis de pedra das colunas da fachada. Em 1866 o templo foi finalmente coberto. Em 26 de maio de 1867, trabalhava-se já na base da torre sineira. Em 11 de agosto seguinte, terminam todas as obras das paredes. Passava-se agora à decoração interna.
Em 18 de novembro de 1868, foi aceita pela Mesa a proposta de Etienne Bernarchut Sobrinho para modificação do coro da igreja. No dia 08 de agosto de 1869 assinou-se contrato com o escultor Manoel Chaves Pinheiro para a execução do painel do arco-cruzeiro. A 22 de agosto do mesmo ano, a Mesa aprovou a maquete da decoração interna, de autoria de Chaves Pinheiro, para as obras do coro, o alargamento da porta principal, a construção de seis janelas na fachada, as obras da abóbada superior, cujo contrato de execução foi entregue ao arrematante Bernarchut Sobrinho. Tudo seria executado com material do país, à exceção do coro, feito com madeiras vindas da França.
No mesmo contrato, acertou-se a fatura dos seis altares do templo com Antônio Jacy Monteiro. A 25 de outubro de 1870, Bernarchut Sobrinho arrematou as obras do coro e tribunas. O escultor Antônio do Couto Vale arrematou a cantaria para a cimalha da fachada e empenas. O assentamento das pedras foi arrematado por Bernarchut Sobrinho. No mesmo ano foram colocados os capitéis dos pilares internos, por Salgueiro & Irmão.
Foi comprado pela
Mesa na França um lustre de 49 luzes, para a nave-mór e encomendados na Europa
pisos, estátuas de mármore para os nichos do arco-cruzeiro e imagens para os
altares. Pagou-se o entalhador Antônio Jacy Monteiro pela execução do altar-mor
definitivnco altares colaterais. Em 03 de setembro de 1871, a Mesa resolveu encomendar
na França o emblema em pedra da ordem, para o frontispício, bem como a obra dos
púlpitos. Ainda no mesmo ano chegou o lustre de cristal, mas não todas as
imagens.
Antiquíssima e bela foto
de Auguste Stahl, feita em 1863, no Largo do Machado. Ao fundo a igreja neoclássica ainda sem a torre sineira. Dois
operários estão assentando "pedras portuguesas" na alameda central da
praça.
Vemos a entrada da missa das 10 horas, em torno de 1900, na Igreja Matriz de N. S. da Glória.
Tempos da missa em latim, começando com:
Padre: Introibo ad altare Dei.
Coroinha: Ad deum qui laetificat juventutem meam.
Padre: Judica me Deus, et discerne causam meam de gente non sancta: ab homine iniquo et doloso erue me.
Coroinha: Quia tu es Deus fortitudo mea: quare me repulisti, et quare tristis incedo, dum affligit me inimicus?
Os "coroinhas", habitualmente crianças entre 8 e 12 anos, decoravam todas as respostas e as repetiam com um som aproximado, como papagaios. Os fiéis realmente "assistiam à missa" pois também não compreendiam as palavras (pelo menos o sermão era feito em português).
Até a década de 60 não era permitido às mulheres entrar nas igrejas católicas com blusas sem mangas ou comungar sem véu.
Consta que algumas comentaristas deste
espaço foram "Filhas de Maria", com seus vestidos brancos e fita azul
no pescoço ou membros do "Apostolado da Oração", com suas fitas
vermelhas. Alguns poucos comentaristas pertenceram à "Congregação
Mariana". A maioria, entretanto, imaculadamente vestida de branco, fez a
"Primeira Comunhão", empunhando a vela, o terço, o livro de madrepérola.
Vemos um evento militar em frente à igreja. Ocorria ali pois o Largo do Machado chamava-se na ocasião Praça Duque de Caxias e havia um monumento em homenagem a Caxias no meio da praça. Hoje ele está na Praça da República.
Nos primórdios da cidade, o “Largo do Machado” era ocupado por uma lagoa, formada pelo Rio Catete, braço menor do Rio Carioca. Um tal Francisco Machado ou Antonio Vilela Machado (há citações com esses dois nomes) tornou-se dono do largo por volta de 1700. Casou-se com uma menina de menos de 15 anos, com a qual teve 13 filhos. Conta-se que um neto abriu um açougue (onde era o Cinema São Luiz) e colocou um machado na fachada, daí ou do nome de família vindo o nome do Largo, mas não há nenhum documento histórico com este registro.
Durante algum tempo
chamou-se “Campo das Pitangueiras”, “Campo das Laranjeiras”, “Praça da Glória”.
Em 1869 virou “Praça Duque de Caxias”, retornando a “Largo do Machado” em 1949.
Em 1810 adquire
residência próximo ao “Largo do Machado” a Rainha D. Carlota Joaquina, na Rua
das Laranjeiras, bem em frente à chácara de seu amante, Comendador José
Fernando Carneiro Leão. Ali, em 1813, foi assassinada D. Gertrudes Angélica,
esposa do diretor do Banco do Brasil, Fernando Carneiro Leão, amante da Rainha
Carlota Joaquina. Consta que, por ciúmes, a rainha contratou o bandido
"Orelha" para praticar o homicídio.
Em 1810, às expensas da
Rainha, foi o Largo cordeado, ganhando as dimensões atuais. Em 1821, quando a
Família Real deixa o Brasil, era o local já disputado pela nobreza,
O “Largo do Machado” foi
ajardinado em 1869 com figueiras e palmeiras reais pelo paisagista francês Auguste
Marie François Glaziou, tendo colocado grades em volta e chafariz central, substituído
em 1897 pela estátua equestre de Duque de Caxias, obra de Bernardelli, por sua
vez removida em 1949 para a frente do Palácio Duque de Caxias, no Campo de
Santana. Hoje lá está um chafariz de cimento e mármore, encimado pela estátua
da Virgem da Conceição, em mármore italiano, obra valorosíssima de Antônio
Canoa, doada à Arquidiocese do Rio pelo Vaticano em 1955.
Esta belíssima foto
garimpada pela Conceição Araujo no acervo da Light mostra a estação de bondes,
tema de hoje.
O lado do “Largo do
Machado” que ia em seguimento à Rua do Catete foi em grande parte adquirido pelo
americano Charles B. Greenough no final do século XIX, que ali construiu a
primeira estação de bondes da linha pela Zona Sul. A estação da “Botanical
Garden Rail Road Company”, depois “Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico”,
foi inaugurada em outubro de 1868 com a presença do Imperador D. Pedro II e
ministros.
A “CFCJB”, em 06/10/1868,
publicou o seguinte aviso na Imprensa: “Tendo S.M. o Imperador se dignado
honrar com sua augusta presença o ato de inauguração desta empresa e designado
o dia 9 do corrente, às 10 horas da manhã, para esse fim, a Companhia faz
ciente ao ilustrado público que o tráfego usual da mesma, entre a Rua do
Ouvidor e o Largo do Machado, principiará no dia seguinte.”
E ainda publicou que “A Companhia
não se responsabiliza por qualquer acidente que possa acontecer por violação de
qualquer das seguintes regras:
- Os Srs. Passageiros entrarão
e sairão dos carros pela plataforma traseira durante a viagem, e nos lugares
onde há duas vias, o farão do lado oposto às mesmas; se se apearem, quando o
carro estiver em movimento, devem o fazer com a frente virada à direção em que
o carro estiver andando.
- É-lhes proibido fazê-lo
pela plataforma da frente, quando o carro estiver em movimento.
- É proibido por a cabeça
ou os braços de fora das janelas.
- É proibido tocar a
campainha, por ser o condutor obrigado a tocá-la logo que for avisado.
- É proibido mexer nos
lampiões.
- É proibido
expressamente fumar dentro do carro.
A garagem está indicada
pela seta vermelha. Ficava entre as ruas Machado de Assis e Dois de Dezembro,
com entradas pelo Largo do Machado e também pela Machado de Assis. A área foi
bastante ampliada em relação a esse mapa, ia de uma rua à outra. Na Machado de
Assis ainda pode ser visto o muro original e um portão por onde saíam os
bondes.
A garagem com parte de
sua estrutura original é hoje o Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB, ao
lado do Centro Cultural Oi Futuro. O IAB ocupa somente uma parte
do terreno das instalações da CCFJB, assim como o prédio da Oi, que era a usina
de força movida a vapor. A garagem chegou a ocupar praticamente todo quarteirão
entre as duas ruas.
Nesta amplicação da foto vemos que os anúncios nas grades que protegem as árvores da ilha são da loja "Au Parc Royal", o magazine mais "chic" do Rio no início do século XX. A ilha é a famosa "Ilha dos Prontos", tão falada por Luiz Edmundo, que surpreendentemente sobreviveu no meio dos automóveis até os anos 50, talvez por ficar desalinhada com a Rua do Catete.
O local, na realidade, era um canteiro central que tinha a função de segmentar o tráfego, separando os bondes que saíam ou aguardavam a entrada na garagem do resto dos veículos que seguiam pela Rua do Catete.
Este nome de "Ilha dos Prontos" teria sido dado pela turma de gozadores do Lamas por estar sempre cheia de desocupados "duros", que ali ficavam observando a grande movimentação sem obstruir a frente de alguma loja.
O interessante é perceber que os trilhos ficavam todos concentrados de um dos lados da "ilha" sendo o outro lado da Rua do Catete completamente livre deles.
A estupenda foto de Mortimer mostra neste detalhe a casa ao lado da estação de bondes. O portão de entrada é muito bonito. À esquerda, cavalheiros elegantíssimos na porta do "Lamas".
Fontes: Foto do acervo da
Light, Helio Ribeiro, Sindegtur, Brasil Gerson, Carlos Ponce de Leon e Charles Dunlop.
A Rua da Assembleia começa na Praça XV (antigamente começava na Rua da Misericórdia) e acaba no Largo da Carioca. Já teve inúmeras denominações tais como “Rua Direita que vai para Santo Antonio”, “Caminho de São Francisco”, “Travessa de Manuel Ribeiro”, Rua do Padre Vicente de Leão”, “Rua do Licenciado Rui Vaz”, “Rua Pedro Luis Ferreira”, “Rua do Padre Bento Cardoso”, “Rua da Cadeia” e “Rua República do Peru”.
Conta Paulo Berger:
“Cordeada na metade do século XVI, atingia nos fins desse século o Convento de
Santo Antonio. Teve o nome de vários moradores, citados acima. Com a construção
da cadeia na várzea da cidade, em meados do século XVII, passou a se chamar
“Rua da Cadeia”.
O prédio da Cadeia Velha
serviu de abrigo a várias instituições como o Senado da Câmara, a Relação, a
criadagem do Paço após a chegada de D. João VI, a Assembleia Constituinte, a Câmara
dos Deputados. Em épocas mais recentes hospedou o Correio, a Tipografia
Nacional, a Caixa Econômica, a Inspetoria de Higiene.
Desde 1848 passou a se
chamar “Rua da Assembleia”, embora em 1921 tenha havido a tentativa de mudar o
nome para República do Peru, mas o nome de “Rua da Assembleia” foi
restabelecido em 1937.
Desde 1926 o local está
ocupado pelo Palácio Tiradentes.
FOTO 1: Esta fotografia, colorizada pelo Marcelo Fradim, mostra a esquina de Av. Rio Branco com Rua da Assembleia na década de 1920. À esquerda vemos a “Casa Vieira Nunes”, que tinha como endereço a Av. Rio Branco nº 142. Era um ponto de venda de ingressos para várias atividades como assistir às regatas da Praia do Flamengo a bordo de um barco ou para presenciar espetáculos de declamação no Instituto Nacional de Música. A loja era especializada na venda de roupas para banho de mar para “homens, senhoras e crianças”, com preços mínimos.”
FOTO 2: Postal da Maison Chic, da
Coleção de meu amigo Klerman Lopes. No
final do século XIX instalava-se na Rua da Assembleia o mais famoso, então, dos
hotéis italianos do Rio, o "Hotel Universo”. Era anunciado desta forma:
Neste hotel instalou-se o
“Restaurante Roma”, das preferências dos deputados da República Velha. Ficava
na Rua da Assembleia nº 58 e 60, inaugurado em junho de 1925, sendo propriedade
de Gallo&Pitta, que “comemorando a inauguração offereceram lauto banquete
aos representantes da Imprensa e cavalheiros e famílias. Durante o banquete
fez-se ouvir o “jazz-band” do maestro Cicero e ao champagne trocaram brindes
calorosos pela prosperidade do “Roma” cuja festa inaugural esteve deveras
magnifica.”
Na FOTO 2 pode-se ver a
loja "Alfaiataria do Povo", onde se encontravam "atelieres de
roupas feitas sob medida".
Vemos o encontro da Rua
da Assembleia, com Uruguaiana e Rua da Carioca. À esquerda temos a Uruguaiana,
à direita o Largo da Carioca, e atrás a Rua da Carioca.
Segundo o Silva, ora
morando em Lisboa, o bonde em primeiro plano na imagem tinha o nº 125 e seu
destino final era a Tijuca. Ao lado da “Alfaiataria
do Povo” (Largo da Carioca nº 24), no mesmo edifício tinha a tradicional loja “Torre
de Belém”. Ambas tinham o mesmo ramo de atividade e seu proprietário era o
mesmo.
À direita, a loja com o
toldo colorizado com riscas vermelhas, era o lendário “Café Paris” já em seus últimos
anos. Segundo Danilo Gomes em seu “Antigos Cafés do Rio de Janeiro”, o endereço
era Largo da Carioca nº 20. O “Jornal do Commercio” de 02/03/1890 dizia: “Estabelecimento
recentemente inaugurado, onde o respeitável público encontra sempre grande
sortimento de iguarias e bebidas de qualidade. Cozinha de primeira ordem,
serviço esmerado, promptidão e preços razoaveis. N.B. – Hoje, sopa de
tartaruga.”
FOTO 5: Além da "Alfaiataria do Povo" e da "Torre de Belém", podemos ver, à direita, o "Café Paris".
FOTO 6: Era também da Rua da Assembleia que “As alumnas do Collegio
do Sacré Coeur na Tijuca, esperavam com suas famílias os bonds especiaes para voltarem aos estudos depois da sahida mensal." A tia Nalu sempre procurava perder este bonde...
FOTO 7: Esta belíssima fotografia
da esquina da Rua da Assembleia com Avenida Central mostra como era bonito o
centro do Rio. Podemos observar o canteiro central que dividia as pistas da
bela avenida, todos os homens (muitos) com paletó e chapéu, as senhoras (poucas
- naquela época não saíam muito, acho eu) com vestidos caprichados e também com
chapéus.
Vemos ainda o bonde de registro "388", com reboque, parado junto ao poste com a marca branca indicativa da parada de bondes. Um elegante automóvel com pneus brancos entra na Rua da Assembleia. Segundo o Gustavo Lemos, naquela época ainda não existiam pneus de banda branca. Os pneus eram pretos ou brancos, dependendo do espessante utilizado na borracha, que podia ser caulim (branco) ou negro de fumo (fuligem). Mais adiante um tílburi ainda circulava pelo centro da cidade.
FOTO 8: Este detalhe da foto anterior mostra o Cinema Avenida, que ficava no nº 153 da Avenida Central e que foi inaugurado em 1907. Tinha cerca de 200 lugares e dois salões de projeção.
Alice Gonzaga conta uma curiosidade daquela época: o público suportava bem espetáculos de até uma hora, mesmo no verão e com aquela roupa toda. Mas tinha dificuldade para permanecer por duas horas ou mais em espaços pequenos, mal ventilados e insalubres nos meses de dezembro a março.
Inúmeros artifícios
foram usados tais como cortar algumas cenas dos filmes, diminuindo-lhes o
tamanho e encurtando a projeção. Programava-se mais adiante uma rápida exibição
da versão integral: "O grande film venceu a etapa de um programma commum.
Agora vae continuar a sua róta de applausos tal qual elle é. Tal qual o diretor
produziu. 20 scenas novas para o Rio. Quadros admiraveis que antes não puderam
ser exhibidos. Dizeres, letreiros e tudo o mais de accordo com a verdadeira
obra do grande escriptor".
Outras vezes dividia-se o
filme em dois quando tinha mais de duas horas. A solução mais corriqueira,
continua Alice Gonzaga, era o "desbarajuste": consistia na aceleração
da projeção, às vezes a ponto de a máquina guinchar, tamanha a velocidade
imprimida. Exibia-se um filme de 90 minutos em cerca de 40. Vem daí a impressão
de que no cinema mudo tudo se dava às pressas."
Alguns cinemas possuíam
artifícios, como claraboias móveis para abrir o teto do cinema, principalmente
nas projeções noturnas, ventiladores em caixas de gelo, exaustão mecânica etc.,
o que não era o caso do Avenida, mais antigo.