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segunda-feira, 7 de abril de 2025

PRAÇA FLORIANO

Como conta Paulo Berger a Praça Floriano está ssituada na Av. Rio Branco, entre a Av. Treze de Maio, a Rua Evaristo da Veiga e a Praça Mahatma Gandhi.

Já foi Largo da Mãe do Bispo, Largo da Ajuda, Praça São José e Praça Ferreira Viana.

Na esquina das antigas ruas do Barbonos (Evaristo da Veiga) e da Guarda Velha (Treze de Maio) morava D. Ana Teodora Ramos de Mascarenhas, mãe do sexto bispo do Rio de Janeiro, D. José Joaquim Justiniano de Mascarenhas Castelo Branco, que foi elevado à cátedra episcopal em 1774.

A partir de 1871, por breve período, teve o nome de Praça São José, quando em terreno cedido pelas freiras do Convento da Ajuda foi construída a Escola São José. Neste prédio, em 1895, instalou-se a Câmara Municipal.

Em 1922, demolido o prédio, inaugurou-se no local o Palácio Legislativo chamado "Gaiola de Ouro". 

Passou a se chamar Praça Floriano em 1910.

Vemos hoje algumas fotos da região da praça que já foi, décadas atrás, um dos locais mais importantes da cidade. Ali se realizaram inúmeras manifestações políticas, além de ter sido um notável centro de diversão com seus inúmeros cinemas.


FOTO 1: A Praça Floriano nos anos 50, em período carnavalesco. Ao fundo, o Palácio Monroe. Era comum se pegar um bonde e ir até o Tabuleiro da Baiana para ver o carnaval.


FOTO 2: O centro do Rio em meados dos anos 60 em foto de Marcel Gautherot. A foto faz parte de um líndíssimo livro "Rio de Janeiro", "printed in Germany" em 1965, por Wilhelm Andermann Verlag, Munich.

FOTO 3: Enviada pelo GMA vemos os cariocas caminhando tranquilamente em frente à Perfumaria Carneiro. No cartaz podemos ler: "Quer almoçar bem? Por 28,00 num ambiente agradável vá no Restaurante Rex na Rua Alvaro Alvim 37."

FOTO 4: Em frente à "Gaiola de Ouro" um PM com o antigo uniforme coordena o trânsito.

FOTO 5: Postal da "Foto-Postal Colombo", do acervo de Marcos C. Silva. À esquerda, a antiga sede do Supremo Tribunal Federal, o Clube Militar e o edifício Lafond.  À direita, o edifício do Bar Amarelinho, os cinemas Capitólio, Pathé-Palace e Glória, o edifício Heydenreich e os cinemas Império e Odeon. Ao fundo, uma parte da fachada do Palácio Monroe. 

FOTO 6: Icônica foto de Evandro Teixeira, de 1968, quando os estudantes faziam constantes protestos contra o AI-5. 

sábado, 5 de abril de 2025

DO FUNDO DO BAÚ

Num primeiro momento, ao ver a foto, não soube dizer o que era. A explicação está abaixo, em comentário do desaparecido e prezado amigo Derani.


 É um isqueiro de mesa !

Segundo ele, "antes do costume de fumar se tornar um hábito nocivo, execrável e seus praticantes encerrados em campos de concentração, tal objeto existia em 9 entre 10 casas que eu conheci, geralmente colocado sobre a mesinha de centro da sala."

Gira-se a hélice e a parte preta (cockpit) abre e aparece a chama. 


Aparelho de Barbear Gillette Mono TECH do MIJAO - Museu Interativo JBAN de Artefatos Obsoletos.

Numa só peça ! Não precisa armar !

"Feito especialmente para o homem prático e moderno, Gillette Mono-TECH é o mais aperfeiçoado aparelho de barbear, para ser usado com as famosas lâminas Gillette Azul - de pacotinho ou do MUNIDOR."

Comprado numa feira de antigüidades e outros badulaques, está em estado de zero-quilômetro. Dentro do belo estojo de imitação de couro, vieram o aparelho, um munidor com lâminas novas e o folheto de instruções. Era a evolução dos aparelhos mais antigos, que tinham que ser desarmado para colocação da lâmina.

Meu pai teve um desses e eu adorava brincar de abrir e fechar o receptáculo da lâmina imaginando um mecanismo de foguete espacial ou coisa que o valha.



O "seu" Agostinho, do salão que ficava na Rua Santa Clara, entre a Rua Barata Ribeiro e Av. N. S. de Copacabana, lado ímpar, bem ao lado do depósito da Kibon, cortava meu cabelo com um desses.

Outro barbeiro que o usava era o Geraldo Fedulo de Queiróz.

Lá pela década de 50 o Geraldo devia ter os seus quarenta e poucos anos e todo mês ia na nossa casa na Rua Barata Ribeiro para cortar o cabelo de meu avô. Chegava sempre de terno, com muitas histórias para contar, trazendo sua maleta com pente, tesouras, navalha e uma máquina manual igual a esta da foto.

Subia as escadas até ao terraço do 3º andar, onde ficavam os passarinhos de meu avô, ajeitava uma cadeira e começava o trabalho numa sessão que demorava muito. Falava sem parar. Eu e meu irmão adorávamos ouvir as histórias do Geraldo.

Não sei bem o que o ele fazia na vida, mas só cortava cabelos de uns poucos, entre eles o do meu avô e o do poeta Augusto Frederico Schmidt. Torcia pelo Fluminense e sempre se envolvia em animadas discussões sobre os últimos jogos de futebol.

Dissertava sobre sua paixão, a política - mais de uma vez o Geraldo se candidatou a vereador e cheguei a distribuir "santinhos" com o seu nome. Morava na Rua Real Grandeza, perto da Rua General Polidoro.

No enterro do Schmidt, logo após o Sobral Pinto discursar, "pediu a palavra" e emocionou a todos. Fez o mesmo na inauguração de Brasília, quando falou em nome dos candangos, diante do Presidente da República.

Era gente muito boa! Outros tempos, quando o fato de ter uma ocupação menos "nobre" não isentava a pessoa de ter cultura, educação e conhecimento.


Outro item do "MIJAO": Escovas de engraxar.

A Clark ("Clark, o calçado que dura o dobro”), tradicional sapataria no Centro da Cidade, ficava na esquina da Rua do Ouvidor com Travessa do Ouvidor.

Uma escova é para sapatos marrons e a outra para sapatos pretos. A Clark era uma das poucas sapatarias que tinha meio ponto e meia altura na grade de numeração.


MAIS DO QUE CONHECIDO!

Ele é a sentinela de milhões de lares em todo o Brasil.

Insuperável na sua fórmula concentrada.

Insubstituível na desinsetização doméstica.

Prolongados efeitos imunizantes.

Exija o único e legítimo FLIT.

A marca que o tempo consagrou.

 Nas décadas de 50 e 60 o FLIT reinou absoluto nos lares do Rio.


Era uma época em que havia uma quantidade enorme de moscas e o arsenal doméstico incluía mata-moscas de cabo de madeira e extremidade de plástico; uns papéis com cola onde as moscas ficavam grudadas; uma armadilha de vidro que tinha uma isca e da qual as moscas não conseguiam escapar.

Mas a bombinha de FLIT era insuperável no combate às moscas.

Comprava-se a bomba e, periodicamente, se enchia o reservatório com o conteúdo das latas.



Banido e sumido dos balcões por uma série de exigências sanitárias, a
 sina desses açucareiros sempre foi levarem uns tapas por baixo. Neste da foto falta a parte emborrachada de baixo.

Alguns engraçadinhos colocavam sal de fruta dentro dele para desespero do dono do bar. Ou desatarraxavam a tampa para sair uma quantidade maior.

Como viviam entupindo era necessário dar uma pancada mais forte na base. Aí saía muito açúcar e sempre se ouvia um "PQP!".

Muitos desses produtos da UFE - União Fabril Exportadora,  tinham presença no ‘armário de limpeza’ de nossas casas: Sabão de Côco para ‘bater’ roupa no tanque, Sabão Português para as roupas coloridas e mais brutas como jeans Far-West, Cera Cristal para colocar no reservatóriozinho da enceradeira Electrolux ou com o esfregão, o sabão BIG no banheiro das visitas, o pacote de velas, o removedor Zás-Trás para a limpeza da bicicleta.

Lembram daquela bolinha rosa que aparece bem na parte de baixo? Era um 
sabonete que ficava pendurado por uma correntinha de metal que passava pelo furinho. Era muito usado em banheiros de bares e botequins.


sexta-feira, 4 de abril de 2025

DE NOVO O CINEMA MIRAMAR

 


Vemos uma foto tirada pelo meu sogro em 22/07/1951. Notar o prédio do Cinema Miramar e o gabarito baixo de quase todos os prédios do Leblon, o que permite visão até da pedreira da Lagoa, perto do Corte do Cantagalo. 

Havia retornos para automóveis em frente a todas as ruas. De assinalar o volume de tráfego na pista da praia, sentido Ipanema. Na esquina da Rua General Artigas já se vê o final da construção do Cinema Miramar, que seria inaugurado em 10/11/1951, com 1259 lugares. Foi um dos mais agradáveis cinemas da Zona Sul (fechado em 1973). Na época de sua inauguração era vizinho do Bar Columbia, que ficava na mesma esquina.

No Leblon, além do Miramar havia o Cinema Leblon, na esquina da Ataulfo de Paiva com Carlos Goes.

O Cinema Miramar ficava na Rua General Artigas nº 14, esquina com a Avenida Delfim Moreira. O ano da foto deve ser 1971, pois o filme em cartaz é “Trafic”, dirigido por Jacques Tati. Neste filme ele interpreta Mr. Hulot como um designer de automóveis que viaja até Amsterdam para um “salão do automóvel”. A viagem é uma comédia.


Nesta foto, provavelmente de 1951, vemos em cartaz no Miramar o filme "A Bela Carlota" ("Golden Girl"), com Dale Robertson e Mitzi Gaynor. É um musical ambientado no período da Guerra Civil americana. 

Era uma maravilha ir neste cinema e se deslumbrar com a vista da praia quando as portas de saída eram abertas ao final da sessão. E, como se pode ver no cartaz, era um tempo em que os horários eram 2-4-6-8-10 ou, quando o filme era menor, 2-3,40-5,20-7-9,40, e não como hoje, com múltiplos horários e filmes na mesma sala.

Assistir a uma sessão no Miramar e depois tomar um chope no Degrau, no Diagonal (que então se chamava Café e Bar Porto do Mar - "Portinho" para os íntimos), no Real Astória ou na Pizzaria Guanabara, era um programaço.


A foto é de 1973, um pouco antes da demolição. Não há filme em cartaz e o cinema já está sem portas e janelas. Vendo o letreiro sem letras lembrei da história que um dos mais veteranos comentaristas do "Saudades do Rio"contou: a turma dele, de vez em quando, subia na marquise de madrugada e trocava as letras do filme em cartaz usando as muitas letras que ficavam sobre a marquise .

O infrator era o Candeias, que participou da mudança de "Caçada Humana" para "Cagada Humana" e, também retirou as três últimas letras do cartaz do fim "O Cupim".  


Inédita no "Saudades do Rio", vemos foto do Miramar feita por Brian Paren.

Em cartaz "Candelabro Italiano", filme de grande sucesso do início dos anos 60, com o galã Troy Donahue, a belíssima Suzanne Pleshette, Angie Dickson e Rossano Brazzi. O tema musical era "Al Di Là", cantado por Emilio Pericoli. Era o tempo das maravilhosas músicas italianas, presentes em todas as "festinhas".


segunda-feira, 31 de março de 2025

CHURRASCARIAS


Inaugurada em 1967, ficava na Rua Visconde de Pirajá nº 451, em Ipanema. Hoje, neste local, funciona uma agência do Banco Itaú. A "Carreta" fez enorme sucesso nas décadas de 60 e 70 e "todo mundo" ía lá. Servia uma carne maravilhosa, tendo rodízio apenas de maminhas. E não vinham em espetos, mas já cortadas em fatias bem finas, numa bandeja de metal, duas ou três fatias de cada vez. Além da linguiça de entrada, faziam sucesso o espeto misto (que já vinha servido da cozinha, com filé mignon, galinha e porco) e o "T-bone". Um destaque era o molho vinagrete, não existia melhor. 

Na entrada havia um corredor com as jóias expostas na vitrine da Doarel. Entrar e encontrar o Teixeirinha e seu fiel escudeiro Márcio. Entre os garçons pontificavam o Pepe, o Mão Branca e o Zé Paraíba. , conhecidos otafoguenses. Depois disso, saborear uma maminha mal-passada, com uma farofa só de ovos (será que já se chamava Dolabela?), servidas pelo Pepe, pelo Mão Branca ou pelo Zé Paraíba. 


No início dos anos 70 a Churrascaria Costa do Sol publicava este anúncio no Guia Rex. Dizia: "Churrascaria Costa do Sol, no melhor clima do Rio. Carne estabulada. Salões independentes para festividades, com capacidade para 1500 pessoas. O melhor churrasco do Rio - Música ao vivo. Av. Edson Passos 4517 - Alto da Boa Vista - Tel: 268-8357 (Estacionamento próprio). 

Tempos depois virou o "Pub" Robin Hood. Hoje abriga uma casa de eventos chamada "Vale do Alto".



A churrasqueira da Churrascaria Gaúcha nos anos 70. Localizada na Rua das Laranjeiras nº 114, fazia um enorme sucesso. Fechou há uns 4 anos. Antigamente o churrasco servido era apenas de maminha, lombo de porco e linguiça. Segundo o JBAN, o comentarista e grande colecionador de postais do Rio Antigo, meu amigo Klerman Wanderley era o pianista da casa. Maldade do JBAN, é claro.


Outra churrascaria de sucesso era a Parque Recreio, na Marquês de Abrantes.


Canecas que recordam a famosa Churrascaria Parque Recreio.


A Parque Recreio podia fazer sucesso, mas nosso prezado Menezes não abria mão, nunca, de ir na Churrascaria Majórica, na Rua Senador Vergueiro.


A Churrascaria Palace, na Rua Rodolfo Dantas nº 16, ao lado do Copacabana Palace, desde 1951 faz sucesso. É uma das preferidas dos turistas endinheirados que se hospedam no hotel vizinho. O Conde di Lido, embora resida aí perto, prefere prestigiar o "Carretão" da Rua Siqueira Campos nº 23


Este cartão foi enviado pelo prezado Roland, que nós conhecemos no "Degrau". Foi de uma comemoração, acho que do aniversário dele, na Churrascaria Jardim, na Rua República do Peru nº 225. O curioso é que o "selo" com o nome da Churrascaria Jardim aparenta ser colado sobre o nome de outra churrascaria, talvez "Passo Fundo".



Vemos a então "Churrascaria Adegão Português" nos anos 1960. Localizada no tradicional bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro desde 1946, a casa funciona ainda hoje, como referência em comida portuguesa. Os bacalhaus de lá são caros e excepcionais. Durante uma época fui colega no Hospital Souza Aguiar do filho de um dos donos, excelente oftalmologista, o Dr. Franco. 


Aspecto do interior da Churrascaria Tem Tudo, em Madureira.


Na entrada do Túnel do Pasmado vemos, à direita, a Churrascaria Botafogo. Me lembro de frequentar este local, mas o nome, salvo engano, era Churrascaria Estrela do Sul, que tinha, também, uma ótima filial no Maracanã.


Fundada em 1979 a Churrascaria Plataforma se transformou em local icônico da Zona Sul. Tom Jobim era amigo do dono, Alberico Campana, e fazia muita propaganda do local. Ali também se realizavam muitos "shows" de mulatas, que os turistas adoravam.

Há muito o que falar sobre churrascarias que, ao lado das pizzarias, dominam o setor gastronômico carioca. Só para lembrar mais algumas temos a "Las Brasas" na Rua Humaitá nº 110, a "Roda Viva" na Rua Pasteur nº 520, o "Rincão Gaúcho" na Rua Marquês de Valença nº 83, a "Camponesa" na Praia de Botafogo nº 400, o antigo "Porcão" da Barão da Torre, o "Braseiro" da Gávea, a "Oásis" de São Conrado, a "Mariu´s" da Avenida Paris" e muitas outras que começaram há mais de três décadas.

sexta-feira, 28 de março de 2025

BELVEDERE DO GRINFO

Recordamos hoje uma das paixões do nosso caro amigo Rouen, o "arqueólogo do Rio": o Belvedere do Grinfo, na Rio-Petrópolis.


FOTO 1: De autoria do Rouen que conta que no início dos anos 60 estava passeando com os pais e "paramos de tarde no Belvedere, situado na BR-040, no entroncamento atual da subida com a descida, para comprar amanteigados e tomar chocolate. Achei a construção do prédio do restaurante tão futurística e tipo disco voador, muito em moda na época, que resolvi fotografá-la com a máquina do meu pai. 

Hoje em dia este tipo de arquitetura é chamada de "Pé Palito", também presente no mobiliário e objetos feitos naquela época. Infelizmente o carro do meu pai não está na foto, era um Peugeot 203 conversível, porém podemos ver o tradicional Fusca, um Simca Chambord, um dos primeiros DKW Vemaguete e um Chevrolet Belair 1951. Podemos observar as pessoas apreciando a vista, que em primeiro plano apresenta a área de Xerém. 



FOTO 2: A Variant seria dos anos 70. O outro carro parece um Chevrolet, dos anos 40 ou 50. Ou seria um Dodge. Ou nenhum dos dois?


FOTO 3: A família alugou uma Kombi Táxi e foi passear. Ao lado um belo Aero Willys 1961.


FOTO 4: Acervo da família Leite. Foto de 1959, mostrando um passeio do famoso obstetra carioca Laercio S. Leite. Esta foto é "figurinha fácil" na Internet, habitualmente sem os créditos.


FOTO 5: Parada obrigatória para quem passasse pela Rio-Petrópolis, o Belvedere sempre recebia muita gente. vemos um DKW Fissore, um Volkswagen Sedan e mais ao fundo um Aero-Willys 2600 modelo 63 e uma VW Kombi.


FOTO 6: Vemos o famoso e premiadíssimo Puma de M. Rouen. As más línguas (e como as há) dizem que é cor de rosa...


FOTO 7: Monsieur Jason V:                                                        "Un hommage particulier à l´obsession de M. Rouen".



FOTO 8: Acervo do Jason. Para Obiscoitomolhado dar uma aula.

PS: Construído no fim dos anos 1950 e inaugurado na década seguinte, o Belvedere do Grinfo está há muito abandonado.

Há uma discussão sobre a autoria do projeto. Alguns dizem que é de Philuvio Cerqueira Rodrigues, mas não há certeza.

Contam que Oscar Niemeyer se inspirou nele para o projeto do MAC-Museu de Arte Contemporânea, em Niterói.

O Belvedere foi construído no fim dos anos 50 e inaugurado na década de 60.

quarta-feira, 26 de março de 2025

DEZ FIGURAS DE IPANEMA

 

FOTO 1: Esta fotografia da Praia de Ipanema na década de 70 mostra uma situação que, hoje em dia, raramente se vê ali. Embora comum na Praia de Copacabana, este tipo de prostituição desapareceu de Ipanema há alguns anos. Nos anos 60, após uma sessão de cinema no Miramar, no Leblon, voltávamos a pé para casa e, eventualmente, trocávamos umas palavras com as "moças". Eram simpáticas.


FOTO 2: Esta performance tipo "Lady Godiva" chamou a atenção. O ciclomotor seria marca Leonette, usando motor Jawa de 3 marchas. O carro fica a cargo de Obiscoitomolhado.


FOTO 3: Este cavaleiro passeia pelo canteiro central, entre as pistas. Eram outros tempos.


 
FOTO 4: Uma amazona, com um belo animal, nas dunas de Ipanema. 


FOTO 5: Foto de Vinicius de Moraes, na década de 1960, atravessando a Av. Vieira Souto, em Ipanema, perto do Colégio São Paulo. Estaria a caminho do bar Castelinho? 

Ao fundo, sobre a calçada, um DKW e um fusca, já posicionados para a "corrida de submarinos" que diariamente acontecia naquele local (era só escurecer, que muitos casais de namorados ali estacionavam seus carros e ficavam namorando toda a noite, "vendo" os submarinos passarem. Não havia assaltos e a "ética" dos eventuais passantes não lhes permitia olhar para dentro dos carros - até porque nada veriam pois, com o "exercício" ali dentro realizado, os vidros ficavam embaçados). 


FOTO 6: As antigas garotas de Ipanema já embelezavam a praia.


FOTO 7: O menino é o Zsolt, antigo comentarista do "Saudades do Rio". A fotoas foi tirada por seu pai, Ferenc Németh, com uma Leica de 35mm. A família é da Hungria e emigrou para o Brasil em 1949. Os Németh, após a quarentena na Ilha das Flores (hoje área restrita da Marinha), moraram no Castelinho até 1951. 

O Castelinho foi construído em 1904 pelo cônsul sueco Johan Edward Jansson, com os materiais mais nobres disponíveis para o acabamento da residência. Ficava na Avenida Vieira Souto, perto da Rua Joaquim Nabuco.

Consta que em 1919 a propriedade foi comprada por Tonico Machado que, em seguida, a revendeu à família Catão. O Castelinho foi demolido em 1965. Nesta foto da família na praia, de 1950, aparece, além o Zsolt, sua irmã Suzana.  Muitas outras fotos do interior do Castelinho já foram publicadas no "Saudades do Rio".


FOTO 8: Esta fotografia foi publicada n´O Globo e mostra o escritor Lúcio Cardoso no "Veloso", na Rua Montenegro. 

Ao lado do Zeppelin, do Jangadeiros, do Castelinho, do Lagoa, do Bofetada, do Barril, do Varanda e tantos outros, era ponto de parada obrigatória na volta da praia ou para o chopinho de fim de tarde, que se estendia até de madrugada. Infelizmente, a modernidade pegou carona na música "Garota de Ipanema" e o bar mudou de nome, atraiu um montão de gente de fora e a Ipanema dos anos dourados se perdeu. 

Nesta época da foto o "Veloso" tinha até uma "bombonière" e talvez o Arlindo já trabalhasse como garçon. Destaque na foto para a placa indicando "Rua Montenegro", tal como é conhecida até hoje pela Diretoria dos FRA - Fotologs do Rio Antigo. 

E o que era a Montenegro? A Montenegro era uma rua sem nenhum sinal de trânsito, onde o ônibus elétrico chegava pela Alberto de Campos, vindo da Farme de Amoedo e se dirigia para a Lagoa.

Era onde a Duda passava todo dia no trajeto entre a praia e a casa dela, ali no edifício Lombardia, na Epitácio Pessoa. E se você perguntar "que Duda?", é porque está mesmo por fora.

Era onde se comprava refrigerante e cerveja, no único bar perto da Lagoa, o "Mosca", que em 1970 passou a se chamar "Tricopa".

Era onde ficava a primeira loja, bem pequena, do Honório, quase na esquina da Nascimento Silva. Mais tarde ele se mudou para a loja perto da Barão da Torre, onde está lá até hoje vendendo artigos fotográficos.

A Montenegro era onde o Nelson abriu uma delicatessen bem na esquina da Barão, depois fez a sorveteria Alex para o filho dele, e mais tarde ainda vendeu sua primeira loja e ficou com uma menor, quase ao lado do Honorio.

A Montenegro era onde havia "A Futurista", loja de "lingerie", cujas vitrines chamavam a atenção na esquina com a Visconde de Pirajá desde 1939. Fechou há poucos anos dando lugar a uma farmácia.

A Montenegro era onde ficava o Pizzaiolo, que teve dois endereços ali, onde pela primeira vez se fez a calçada da fama de Ipanema. Era onde se comia no Braseiro, mais barato que a Carreta, mas que também fazia sucesso.

Na Montenegro era o Veloso, parada obrigatória pós-praia, e após muito jogo de volei na rede do Dr. Sertã - se você fosse amigo do Franklin sempre conseguiria vaga.

A Montenegro era onde aconteciam festas no famoso apartamento de cobertura do Dr. Romano, bem na esquina da praia, ou no elegante apartamento, no mesmo prédio, do Dr. Simões Lopes.

A Montenegro era a casa de minha tia-avó, irmã de James Darcy, uma das pessoas com mais bom-humor que conheci e onde sua empregada da vida toda, a Dulce, fazia os melhores bolos que jamais comi.

A Montenegro era repleta de casas e de pequenos prédios como o que morava a Ana Maria, a "moça de branco", filha do Luiz de Carvalho, quase em frente à Barão de Jaguaripe.

A Montenegro era a melhor estrada do Rio, ligando a Praia de Ipanema à Lagoa.

Virou Vinicius de Moraes em 1980.


FOTO 9: Erasmo Carlos, o "Tremendão", um dos grandes artistas brasileiros, às vezes subestimado, escolheu a esquina da Montenegro com a Vieira Souto para a foto de capa de seu LP.


FOTO 10: Em foto colorizada pelo Conde di Lido vemos o famoso e modesto fotógrafo ipanemense Luiz D´ no final dos anos 60, na Pedra do Arpoador, colhendo fotos com sua Leica. Com dons premonitórios, Luiz D´ já preparava o acervo que seria publicado décadas depois no blog "Saudades do Rio".