Foto de Malta. Coleção
Brascan. Acervo Instituto Moreira Sales. O Leblon em 1919. A praia do Leblon
foi assim batizada em memória do nobre francês Emmanuel Hippolyte Charles
Toussiant le Blon de Meyrach, conhecido como Carlos Leblon, proprietário de uma
grande área na região entre o canal da Visconde de Albuquerque, Avenida Ataulfo
de Paiva, Rua General Urquiza e o mar. A Praia do Leblon fica entre o canal do
Jardim de Alá e o início da Avenida Niemeyer.
No final da década de
1910, coincidindo com as obras de Paulo de Frontin e Carlos Sampaio na Lagoa,
surgiu a Companhia Industrial da Gávea, dos engenheiros Adolfo del Vecchio,
José Ludolf e Miguel Braga, que abriu a Praça Dr. Frontin (hoje Praça Antero de
Quental), modernizada pelo Prefeito Dodsworth anos depois, e a Av. Ataulfo de
Paiva. Esta avenida começa na Av. Epitácio Pessoa e termina na Praça Professor
Azevedo Sodré. Decreto 1380, de 25/7/1919.
Até cerca de 1940 os
edifícios de lojas e apartamentos eram raros no Leblon. Os católicos só tinham
a igreja de N.S. da Paz, em Ipanema, quando, como veremos adiante, chegaram os
padres agostinhos e ergueram a igreja de Santa Mônica, tendo ao lado o Colégio
Santo Agostinho.
Não havia ligação entre o
Leblon e Ipanema, separadas pela barra da Lagoa. Só a partir de 1918, quando
foi construída a ponte sobre o canal do Jardim de Alá, é que o acesso se abriu,
ligando as avenidas Vieira Souto e Delfim Moreira. O bonde da linha Jardim
Botânico passou então a incluir Ipanema no trajeto, depois de passar por Gávea
e Leblon, chegando ao Bar 20, em Ipanema.
Foto (talvez) de José Medeiros. Acredito que a foto é dos anos 40, pois a ponte entre a Ataulfo de Paiva e a Visconde de Pirajá, construída em 1938, já está lá.Raríssimos prédios no Leblon, vendo-se bem a Av. Ataulfo de Paiva.
Esta fotografia mostra a
antiga igreja de Santa Mônica, no Leblon, na Rua José Linhares, hoje
substituída por uma mais modernosa. A rua em primeiro plano, com os trilhos dos
bondes, é a Ataulfo de Paiva. A primeira igreja construída ficava na esquina da
Ataulfo de Paiva com José Linhares. Posteriormente, reconstruída, a sua entrada
frontal passou a ser pela José Linhares (o endereço atual é José Linhares nº
96). Na Ataulfo de Paiva há o prédio da Paróquia, usado para assuntos
paroquiais e para fins comerciais. Esse prédio tem como endereço Ataulfo de
Paiva nº 527.
Conta o Frei Enrique
González O.A.R. que na década de 1930 os Agostinianos Recoletos adquiriram uma
casa localizada na Rua Acaraí (atual Rua José Linhares), no Leblon, para ali
construírem sua capela. No dia 20 de junho de 1931 deu-se a inauguração solene,
com a celebração da primeira missa. Em 1942, face à necessidade de mais espaço
para as atividades que ali seriam desenvolvidas, se começa a construir uma nova
residência. Entretanto, mesmo com esta ampliação, a capela era pequena para um
Leblon que crescia cada vez mais. Assim, em 1º de abril de 1962 é colocada a
primeira pedra da nova igreja, numa cerimônia presidida pelo Cardeal Dom Jaime
de Barros Câmara.
A igreja foi construída
em duas etapas para que não fosse interrompido o funcionamento do culto. Em
meados de 1967 já se usava o presbitério e uma pequena parte do corpo da
igreja. Em 1969 era aberta a segunda parte: a igreja estava completa nas suas
dimensões planejadas, 46 metros de comprimento e 24 de largura.
O Cinema Leblon, na
Avenida Ataulfo de Paiva nº 391, foi inaugurado em 29/09/1951 e funcionou até
30/09/1975, quando foi substituído pelo Leblon 1 e Leblon 2. Hoje em dia,
retrofitado, abriga uma loja de artigos esportivos. Chegou a ter 1294 lugares,
em dois andares. Era um dos mais agradáveis cinemas da Zona Sul, sendo
excelente programa assistir a um filme e, depois, bebericar em algum dos
inúmeros bares da vizinhança.
Segundo o “Estado de Minas”,
o filme em preto e branco é de 1949 e se passa em uma Viena desfigurada pela
Segunda Guerra Mundial e se apoia na fama de Orson Welles, um dos nomes do
elenco.
"O Terceiro Homem" fez sucesso no
pós-guerra e recebeu a Palma de Ouro em Cannes, além do Oscar de fotografia. Em
poucos anos se tornou uma obra reverenciada pelos cinéfilos.
A trilha sonora do longa-metragem, composta pelo
vienense Anton Karas e quase integralmente interpretada com cítaras, vendeu
dois milhões de discos em todo o mundo.
Orson Welles interpreta
Harry Lime, um traficante perseguido pela polícia. Ele aparece apenas no fim do
filme, depois de uma complexa investigação feita por Holly Martins (o ator
americano Joseph Cotten), que viaja à Áustria para tentar encontrar o velho
amigo.
Vemos um bonde trafegando pela Av. Ataulfo de Paiva, em frente à Praça Antero de Quental.A foto, da Agência O Globo, foi conseguida na Internet. O curioso é o modo como o ciclista resolver tirar uma soneca sob o olhar da criança. O ciclista inventou um modelo bastante efetivo de tranca de bicicleta.
Vemos o supermercado Disco nº 2,
na esquina das ruas João Lira e Ataulfo de Paiva. O Disco nº 1 ficava na Rua Siqueira
Campos esquina com Silva Castro, em Copacabana. Inaugurado em 1954
Segundo um ilustre comentarista do "Saudades do Rio", presente na comemoração no "Degrau", antigo morador do Leblon, "A garotada da minha rua, a General Artigas, ia no Disco roubar
chocolates colocando-os dentro dos bolsos das bermudas, até que um dia um amigo
foi pego pelo segurança e nunca mais fizemos aquela arte."
O ano é 1969, atestado
pelo letreiro do Cinema Leblon, onde passava o filme “Se Meu Fusca
Falasse", sucesso naquele ano. Podemos ver que a rua não era mais
mão-dupla e que os trilhos do bonde e os paralelepípedos já haviam sido
cobertos com uma camada de asfalto.
Alguns prédios continuam até hoje no local, como o da esquina oposta ao cinema,
onde hoje reina o Bar Clipper, reduto dos boêmios de plantão. Rurais, fuscas,
corcéis, Zés do Caixão completam o cenário da época. Vale notar o belo mosaico
de pedras portuguesas.
Foto do acervo de
J.G. Pedrosa.
A foto é dos anos 70 quando o cinema Leblon estava sendo duplicado. Aparentemente o Leblon 1 foi inaugurado antes do Leblon 2. O filme em cartaz "A vingança de milady" tinha um elenco com muita gente conhecida como Charlton Heston, Raquel Welch, Cristopher Lee, Richard Chamberlain, Faye Dunaway, Geraldine Chaplin, Michael Yord, Oliver Reed, com direção de Richard Lester.
Nesta foto vemos um
aspecto a Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, em 1958. A ponte que une Ipanema
e Leblon, ligando a Avenida Ataulfo de Paiva à Rua Visconde de Pirajá, só foi
construída em 1938. Na época da foto o tráfego na Ataulfo era em mão-dupla, aí
incluído os bondes. Até o final da década de 60 havia pouco tráfego, a avenida
era calçada com paralelepípedos e havia pouca sombra. O trecho é o do
quarteirão do cinema Leblon.
Estacionado, enquanto o
seu proprietário foi comprar papel almaço sem pauta na Papelaria Leblon Ltda.,
vemos um belo Citroën modelo 11Bl, e ao fundo os prédios do Conjunto dos Jornalistas.
Paradoxalmente, as
mudanças até que não foram muitas, mas bem significativas. As construções
baixas na esquina da rua Almirante Guilhem deram lugar ao imenso Rio Design
Center, um dos maiores prédios do bairro, e no mesmo quarteirão vários outros grandes
prédios comerciais foram erguidos desde os anos 70.
O aspecto atual da rua
foi criado no Rio Cidade, que implementou as jardineiras.
Esta antiga foto da Av. Ataulfo de Paiva me parece ser da esquina da Cupertino Durão.
A foto, mais uma do
acervo do F. Patrício, mostra uma das fronteiras entre Ipanema e Leblon, no
Jardim de Alá, estando o fotógrafo na ponte que liga a Avenida Ataulfo de Paiva
com a Rua Visconde de Pirajá. Esta ponte é de 1938.
Bem à esquerda há um
Fusca, depois uma Brasília, um táxi “Zé do Caixão” e um Corcel. Ao fundo há um
caminhão das Casas da Banha. Para gáudio do Decourt duas luminárias Thompson
resistiam bravamente à modernização do local naquela época.
Os três grandes prédios,
com 15 andares cada e com 420 unidades formam o “Conjunto dos
Jornalistas”, na Avenida Ataulfo de Paiva nº 50, construído pelo IPASE (ou foi
pelo IAPC?) na década de 50 do século passado.
Durante muitos anos este conjunto, habitado por gente da classe média,
conviveu tranquilamente com os ex-favelados oriundos da Favela da Praia do
Pinto e que moravam na Cruzada São Sebastião, construída a seu lado. Em anos mais recentes, tal como aconteceu com
toda a cidade, a violência urbana levou à construção de grades, acabando com a
passagem de pedestres existentes na época da foto. Acabamos todos por viver
atrás das grades.
O terreno existente antes
da construção dos três prédios abrigava circos que faziam temporada no Rio e
servia também de abrigo para cavalos e bodes que divertiam as crianças no
Jardim de Alá. Em frente aos prédios ficava o Hotel Ipanema onde se hospedou o
nosso prezado Rouen ao chegar da França.
Sempre tive vontade de
publicar esta foto do acervo da Myrian Gewerc, garimpada pelo Decourt. Vemos o
Leblon nos anos 50. Como conta o Andre Decourt, "Estamos na Av. Ataulfo de
Paiva, praticamente em seu final, a primeira esquina que vemos é a da Rua
General Artigas. Podemos observar um bairro praticamente horizontal, tranquilo
e despretensioso, praticamente o final da cidade na época, quase uma cidade do
interior.
Seria impensável nos dias
de hoje a rua totalmente vazia, revestida de paralelepípedos, com calçadas
ainda na terra e com residências de grandes quintais, sobrados comerciais e
prédios espaçados e em grande parte com poucos pavimentos. O grande terreno ajardinado
deu lugar no meio dos anos 70 a um dos grandes prédios comerciais com galerias
do bairro, o Vitrine do Leblon. Já o pequeno sobrado comercial que vemos bem na
esquina sobrevive até hoje, sem seus ornamentos art-déco e revestido de
pastilhas, resultado de alguma reforma nos anos 60 ou 70.
O prédio de onde esta
foto foi tirada, ainda existe, sendo possivelmente o que fica ao lado da
Padaria Rio-Lisboa e que abriga o Talho Capixaba.
Mais à frente, após a
esquina da Rua Rainha Guilhermina, o grande prédio existe até hoje, um dos
pioneiros no bairro com a típica arquitetura dos bons prédios da década de 50,
que é o nº 1.165.”
Leonel Salgueiro confirma
a década da foto, “pois o prédio de número 1.165, foi uma incorporação feita
pelo meu Pai, Leonel Nunes Salgueiro, mais o seu irmão José e outros dois
sócios em 1949, sendo o 1° prédio de 8 andares do Leblon. Minha Mãe morou nele,
exatamente 60 anos, de 1951, quando ficou pronto, até 2011 quando foi vendido.
Acrescenta o Leonel que a casa na esquina da Rainha Guilhermina, era do
Dermatologista Antar Padilha Gonçalves, colonial amarela e branca ficando ao
lado da grande casa dos seus pais onde aparecem as árvores, o Sr. Manoel
Gonçalves e a Dona Celina Padilha, onde hoje é a Vitrine do Leblon. No primeiro
prédio de 2 andares, que ficava na esquina da General Artigas, era o da antiga
sede dos Correios do Leblon”.
Continua o Decourt:
“Vemos o típico urbanismo das avenidas onde passava o bonde durante as reformas
viárias de Henrique Dodsworth, luminárias pendentes no centro da via, no lugar
dos postes de iluminação nos canteiros centrais ou dos postes padrão Light junto
as calçadas, árvores que parecem ser cássias como as que arborizavam a Visconde
de Pirajá e a Av. Copacabana e que foram sendo dizimadas pela poluição dos
veículos a partir dos anos 50. Um detalhe interessante é que não vemos postes
de ferro fundido, todos na imagem são de concreto armado, o que atesta a
agressividade da maresia que, sem a barreira de prédios, penetrava
profundamente bairro a dentro.”
Depois da aula do
Decourt, um comentário meu: Este era o Leblon da minha adolescência. Por aí
passavam os bondes 12 (Leblon), 21 (Circular) e uma outra linha que ligava o
Leblon ao Jardim Botânico. Perto daí ficava o simpaticíssimo cinema Miramar
(inesquecível o final de cada sessão quando as portas se abriam para a Praia do
Leblon e seu fabuloso cenário). Nesta quadra, à direita, ficava o consultório
do Dr. Helio Mauricio, grande amigo do “velho”, cirurgião-geral e presidente do
Flamengo. Logo ali adiante o desaparecido Colégio St. Patrick´s (na esquina da
Rainha Guilhermina). Na outra esquina, a da Aristides Espínola, o triângulo da
boemia da época (anos 60) com o Real Astória, a Pizzaria Guanabara e o “nosso”
Portinho (Café e Bar Porto do Mar) que há tempos se sofisticou e virou o
Diagonal.
Esta foto do famoso Luna Bar serve para ilustrar a notável quantidade de bares e restaurantes do Leblon boêmio.Ainda hoje persiste esta fama tanto na Ataulfo de Paiva como, principalmente, na Dias Ferreira. Isto sem falar nas ruas perpendiculares à Ataulfo.
O da minha juventude era o "Café e Bar Porto do Mar", por nós carinhosamente chamado de "Portinho", onde tínhamos mesa cativa, sempre atendidos pelo saudoso Martinez. Era aquele garçon dos tempos antigos, que anotava nossos recados, informava quem já tinha vindo e ido embora, quem ainda era esperado. Chope e pizza, que dava de 10 x 0 no vizinho de esquina, a Pizzaria Guanabara.
Como em certa época o Real Astória, o "RA", passou a fazer muito sucesso, o "Portinho" mudou de nome para "Diagonal" e está lá até hoje, mas sem o charme daquela época.
No Real Astória havia, anexo, um barzinho chamado "Balacobar", onde o pianista Luís Reis, o "Cabeleira", se apresentava.
Os frequentadores do Leblon, comentaristas do "Saudades do Rio", poderão descrever seus casos e "causos" na Pizzaria Guanabara, no Diagonal, no Real Astória, no Clipper, no Jobi, no Luna, no Look (no 900), no Le Coin (no 658), no Mario´s, no Recreio do Leblon, no Degrau, no Manolo, no Antonino (que funcionou no nº 528), até no Garcia e Rodrigues (que tinha a melhor baguete do Rio) e em tantos outros (mas só vale se o endereço for Ataulfo de Paiva).