Antigamente
havia uma homenagem a Iemanjá, cerimônia tradicional nas praias do Rio de
Janeiro, na noite de passagem do ano. Como era tranquila a festa em Copacabana
até os anos 70. Era quase uma brincadeira ir até o mar, molhar os pés, pular 7
ondas e observar os que levavam oferendas. Alguns dormiam tranquilamente na
areia para esperar o nascer do sol.
Hoje em dia estes rituais tiveram que ser
adiados ou antecipados devido à transformação da festa do dia 31 num
"mega-show", principalmente na Praia de Copacabana. Os hotéis e a
Prefeitura agora organizam (?) este evento que atrai milhões de pessoas.
Para
isto, desde hoje cedo a praia já estará tomada pelos camelôs, flanelinhas, tendas
grandes e pequenas, aparelhagem de som, equipes de reportagem, isopores gigantes. Mais uma vez,
para desespero dos moradores, haverá um caos. Os acessos aos hospitais do
bairro estarão inacessíveis, ir a uma festa em outro bairro exigirá que só se
volte para casa na manhã do dia 1º de Janeiro. As ruas ficarão imundas e o
cheiro de urina será insuportável, já que não há banheiros públicos suficientes
e o “alívio” será nas calçadas.
A
queima de fogos costuma ser bonita, mas o preço a pagar é bastante caro: risco
de “arrastões”, empurra-empurra, furtos, muitos bêbados, uma total falta de
civilidade.
Os
otimistas dirão que vale a pena: milhares de "ohs!" ecoarão, todos
ficarão boquiabertos diante do espetáculo, as luzes refletidas no espelho
d'água ficarão indelevelmente gravadas nas retinas da multidão.
Os
pessimistas não podem deixar de perder...
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