Hoje
é um dia de luto para o “Saudades do Rio” e para todos os que amam esta cidade.
Perdemos ontem, como resultado de décadas de omissões, incompetências,
desídias, má-fé, escolhas erradas, o Museu Nacional. Não há palavras para
descrever a tragédia que se abateu sobre todos nós.
Aproveito
hoje para mostrar um “post” importante sobre o Copacabana Palace feito pelo
prezado Maximiliano Zierer, que aqui resumo. Seria, obviamente em escala muito
menor, outra tragédia para o Rio se tivesse ido adiante.
“O
projeto de demolição do Copacabana Palace para a construção de cinco espigões.”
Escreveu
o Zierer: “Imaginem o Hotel Copacabana Palace, símbolo de Copacabana e da
cidade do Rio de Janeiro, substituído por um complexo formado por cinco novos
espigões? Quem em sã consciência pensaria em construir cinco prédios no lugar
de um icônico Hotel? Como ignorar o impacto dessas novas construções naquele
local e a descaracterização arquitetônica da Avenida Atlântica? O lucro está
acima de tudo?
No
início dos anos 80 os proprietários argumentavam que o velho prédio do Hotel
Copacabana Palace era inviável comercialmente e que, numa época em que já não
havia terrenos disponíveis na orla de Copacabana, era necessário, em nome do
progresso e da modernidade hoteleira carioca, botar no chão o velho, decadente
e ultrapassado Hotel.
O
projeto do arquiteto Paulo Casé, encomendado pela família Guinle e apresentado
em 1980, previa a demolição do Hotel Copacabana Palace para a construção de
cinco prédios que abrigariam um novo hotel, um shopping center, escritórios,
apartamentos e duas áreas de lazer públicas: uma ao ar livre, ocupando o espaço
atualmente ocupado pela piscina e pérgula do hotel. A outra área de lazer seria
fechada por uma claraboia e serviria como acesso aos prédios, que teriam elevadores
panorâmicos em torres de vidro.
No
mais alto dos espigões, com 37 andares, ficaria um centro empresarial com
grandes escritórios. Outras duas torres
de 25 andares cada abrigariam um hotel com 450 apartamentos no total - o dobro
da capacidade atual – e um shopping center. Haveria ainda um prédio com 20
andares com 250 pequenos apartamentos (um pombal!) e outro prédio de 12
andares, com escritórios.
A
polêmica da demolição do Hotel Copacabana Palace movimentou várias entidades,
as quais se posicionaram contrárias ao projeto, como o Conselho Estadual de
Cultura e a Federação das Associações de Defesa do Meio Ambiente. Essa última
encabeçou, em 1982, uma ação popular na Justiça Federal que pedia o tombamento
do hotel como medida necessária ao resguardo do patrimônio público. A ação
trazia 20 mil assinaturas de moradores de Copacabana, incluindo a do arquiteto
Oscar Niemeyer. Para a alegria dos moradores de Copacabana e do Rio de Janeiro,
essa história teve um final feliz: o absurdo projeto do arquiteto Paulo Casé
divulgado em 1980 com os seus cinco espigões não foi adiante. Após a pressão de
vários setores da sociedade, o Copacabana Palace tornou-se patrimônio
histórico, sendo tombado nas esferas federais (IPHAN), estadual (INEPAC) e
municipal (SEDREPAHC).
Em
1989, a família Guinle, na pessoa de José Eduardo Guinle, vendeu-o ao grupo
Orient Express, hoje Belmond, que reabilitou o Hotel Copacabana Palace,
modernizando as antigas instalações sem descaracterizá-las. Assim, o Hotel
Copacabana Palace, marco histórico do Rio, foi preservado e se encaminha para
comemorar o seu centenário, daqui a 5 anos. O projeto do hotel, inaugurado em
1923, é de autoria do arquiteto francês Joseph Gire e foi encomendado pelo
empresário Octávio Guinle. A inspiração veio de dois hotéis famosos na Riviera
Francesa: o Negresco, em Nice, e o Carlton, em Cannes. Suas linhas clássicas em
simetria e equilíbrio remetem a luxo e glamour, além de tornar o monumento
singular e expressivo em meio ao conjunto linear de edificações residenciais na
Avenida Atlântica.
A
primeira foto é o anúncio da inauguração do Hotel em agosto de 1923, publicada
na edição da revista Fon Fon de 18-8-1923.
A
segunda foto é de 1922 e mostra o Hotel ainda em suas obras de conclusão e
acabamento, foto de autor desconhecido.
A
terceira foto, também de autor desconhecido, mostra os efeitos da forte ressaca
de 1923 que destruiu a pista da Avenida Atlântica na altura do Hotel.
A
quarta foto, de autor desconhecido, é de 2018 e mostra o Belmond Copacabana
Palace (seu nome atual) muito bem preservado, com os seus 95 anos de idade.
As
duas últimas fotos são reproduções de páginas do JB sobre o assunto.”
Parabéns
ao Zierer pela pesquisa para este brilhante “post”!
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