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sábado, 12 de junho de 2021

DO FUNDO DO BAÚ - BOATES


Deve ter sido muito boa esta época de boates dos anos 50. A maioria lugares pequenos, com pocket-shows, para drinques ou jantar, grandes artistas, ouvir ou dançar sambas-canção de rosto colado, bebericar um uísque. 

Pelos cartazes acima havia muitas opções. De Yves Montand no Copa a Dick Farney no Hotel Vogue. Silvio Caldas, Dalva de Oliveira, Caymmi, Orfeu da Conceição. 

E gostaria de ter conhecido a Montecarlo, que funcionou na Marquês de São Vicente, no alto da Gávea. Era uma grande casa de um banqueiro que convidou o Carlos Machado para adaptá-la para se transformar numa grande casa de espetáculos com vários ambientes luxuosos. Restaurante, bar, boate, um pequeno cassino clandestino e, contam, alguns poucos quartos para “descanso”.

Machado contratava moças belíssimas para animar o local. Entretanto não era para prostituição. Muitas se transformaram em atrizes de sucesso. 

O estacionamento era na área vizinha ao Jóquei e um convênio com os taxistas da praça levava os clientes ate a Montecarlo. Os que iam com os próprios carros e se excediam na bebida eram levados de táxi para casa e seus automóveis eram entregues na casa dos clientes no dia seguinte por funcionários da Montecarlo.  

A noite do Rio de então era fervilhante e elegante. 

sexta-feira, 11 de junho de 2021

OUTEIRO E IGREJA DA GLÓRIA

As duas primeiras fotos, ambas do AGCRJ, mostram o Outeiro da Glória e Igreja de Nossa Senhora da Glória. É curioso observar o Outeiro liso na pedra.

Este prédio eu acho que já não existe. Deve ter sido demolido quando da construção do novo acesso à igreja. 

Nesta colorização do Nickolas vemos o coreto e a igreja da Glória. Segundo M. Teixeira, a igreja é em estilo barroco borromínico, calcada na Igreja de São Pedro dos Clérigos, do Porto, em Portugal. O início das obras deu-se em 1714 e o término em 1738. A igreja foi descaracterizada no século XIX e restaurada em 1938, tendo os arquitetos Lucio Costa e José da Souza Reis desenhado a atual rampa de acesso em pedra. O ascensor elétrico e o museu da irmandade são obras de 1939.

Antonio Caminha esculpiu em madeira uma impressionante imagem de N.S. da Glória, quase em tamanho natural, e, para abrigá-la, ergueu uma ermida no alto do morro. A tradicional igreja de N.S. da Glória do Outeiro, além da devoção popular dos cariocas, teve a assídua frequência da família imperial desde os tempos de D. Pedro I. Ali o futuro Dom Pedro II recebeu o batismo, com todas as devidas honras. Mais tarde, ele mesmo conferiu à igreja o título de Imperial.

O Outeiro da Glória foi propriedade de Julião Rangel de Macedo, que recebeu as terras em virtude de sesmaria. Com o seu falecimento as terras f oram adquiridas pela família Rocha Freire que posteriormente as vendeu ao Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, este por escritura datada de 20 de janeiro de 1699 fez doação à Irmandade de Nossa Senhora da Glória, constando a seguinte condição : “Para nele edificar-se uma ermida que fosse permanente e não sendo assim ficaria revogada a doação e c om a condição de que na referida ermida lhe daria sepultura a ele doador e a todos os seus descendentes e a quem lhes parecesse".

No dia 5 de agosto realiza-se a mudança das vestes de Nossa Senhora da Glória. A imagem é retirada do trono e do altar-mór por irmãos graduados e numa sala contígua às tribunas, a porta fechada, é feita a troca das vestes num silêncio respeitoso. Nessa ocasião, troca-se a roupa da Santa. O templo foi tombado pelo SPHAN em 1938 e cuidadosamente restaurado, removendo-se as pinturas modernas dos altares e sendo construído atrás o Museu da Imperial Irmandade, em prédio estilo neocolonial adaptado. É o museu muito rico e possui joias, imagens, móveis e pinturas de grande valor. Quando da festa da padroeira, a 15 de agosto, ganha iluminação especial. 

 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

MERCADO DAS FLORES - BOTAFOGO

Esta fotografia mostra o Mercado das Flores na Rua General Polidoro, na esquina da Rua Sorocaba, em Botafogo. Sempre me impressionaram aquelas coroas de flores, caríssimas, feitas para os enterros. Não resta dúvida que homenageiam os mortos, mas, na minha opinião, são um grande desperdício de dinheiro. Servem mais à ostentação de quem as envia do que para homenagear o falecido. 

Este mercado era um belo exemplar de construção em estrutura metálica do final do século 19 ou início do 20. Ú uma pena todas essas construções pré-moldadas de “fer-forgé” terem sido derretidas, imaginem o charmoso conjunto de bares e restaurantes que ela poderia abrigar hoje. Este mercado foi demolido, se não me falha a memória, na década de 60.

Para quem se interessar por este tipo de construção há o livro “Arquitetura do Ferro no Brasil”, de Geraldo Gomes da Silva – Editora Nobel. Curiosamente na esquina da General Polidoro com Sorocaba existe atualmente uma floricultura.

Esta foto, onde aparece uma coroa de flores sendo transportada na bicicleta mostra o encontro das ruas General Polidoro e Real Grandeza. As construções ao fundo foram demolidas e em seu lugar existe um posto de gasolina, na esquina com a Rua Pinheiro Guimarães. Mas nas vizinhanças resisstem ainda algumas construções semelhantes.

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

SAUDADES DO RIO

O “Saudades do Rio” completa hoje 16 anos da primeira publicação no provedor Terra e as fotos lembram aquela primeira publicação. Anteriormente o “Saudades do Rio” já havia passado pelo “Multiply” e pelo “Fotolog.Net”. Após o Terra, que encerrou as atividades em 2013 (com perda do conteúdo de dezenas de “fotologs” do Rio Antigo), o SDR esteve no provedor UOL, que terminou em 2016, quando começou no endereço atual.

Somando todo este tempo, com as três de hoje, chegamos a 8227 fotos publicadas.

Não é fácil manter um “fotolog” diário, seja pela busca de fotos interessantes e pesquisa dos textos, seja pelo controle que ele exige. Mas o saldo, considero, é altamente positivo. Fiz muito bons amigos por aqui, alguns apenas virtuais. Os “não virtuais”, já nos encontramos, no Belmonte, no Alcazar, no Lagoa, no antigo Barril, no Garota da Urca, no Amarelinho, no Clipper, etc. E muitos comentaristas apareceram nestes chopes, sem conhecer ninguém, e se integraram ao grupo.

Um encontro memorável, aberto a todos os que quiseram participar e que reuniu umas 30 pessoas, foi no encerramento do 1º Concurso Sherlock Holmes, com uma noite de chope no Degrau, onde se deu a premiação. Embora vários nunca tivessem se visto, por conta da participação diária nos comentários foi como se fossem velhos amigos – inesquecível. Agradecimento especial ao Helio Ribeiro que foi o grande responsável pelo concurso, que em tempos anteriores ao Google Maps, fez um grande sucesso.

Quantos encontros surpreendentes se deram neste espaço. O mundo é pequeno. Quantos pedidos de ajuda para teses, quantas coincidências aconteceram.

A se destacar, também, os estupendos almoços periódicos do grupo do S.E.M.P.R.E. na sede do Alto da Boa Vista, que somente foram interrompidos pela pandemia.

E quanta coisa aprendi nestes anos todos!  Vi que, do Rio, pouco sabia. E como me diverti com alguns comentaristas que aqui são sempre citados, como o Professor Pintáfona, o General Miranda e seu irmão Eleutério (Teco), Eusebius Sophronius, Finólia Piaberelina, Frei Henrique Boaventura, o Anão Duarte, o Comandante JBandeiradeMello, Josafá Pederneiras, Giseli Loira e tantos outros.

A lamentar a perda de grandes colaboradores como o Richard, o Etiel, o AG, o Belletti.

Seria impossível citar todos os que colaboraram com o “Saudades do Rio”, mas aqui fica meu agradecimento a cada um de vocês. 

A primeira foto do "Saudades do Rio" no provedor Terra em 09/06/2005.

O primeiro texto.

Os primeiros comentários: do prezado Conde di Lido e do Roberto. 

O Conde e o Dr. Celsão foram os grandes incentivadores para migrar o "Saudades do Rio" para o Terra. Eles tinham razão, pois de 2005 a 2013 neste provedor foram 9.798.127 acessos, 129.626 comentários e 3528 postagens.


 

terça-feira, 8 de junho de 2021

BURACO DO LUME




Uma história complicada esta do “Buraco do Lume”, situado no Centro, perto da Rio Branco, São José e Nilo Peçanha.

O Decourt fez um ótimo texto sobre o assunto, do qual copio boa parte hoje aqui.

 Buraco do Lume, hoje conhecido como praças Melvin Jones e Mário Lago foi uma das últimas áreas antes ocupadas pelo Morro do Castelo a ser urbanizada, em pleno anos 70.

A razão para isso foi a confusa história fundiária do local. Com a demolição do morro e os planos urbanísticos para a Esplanada do Castelo, a pequena área atrás do lado ímpar da Rua de São José, entre a Rua da Quitanda e Rua da Ajuda, renomeada à época de Rua Chile, foi confusa, principalmente porque os terrenos de alguns sobrados avançavam sobre as fraldas do morro. Esta indecisão provocou uma curiosa situação: enquanto novas avenidas eram abertas, como a Erasmo Braga, Graça Aranha e Nilo Peçanha, o trecho da São José permanecia ali nos anos 50.

A situação começou a mudar quando no final da década de 50, a nebulosa Lume Empresarial comprou vários imóveis no lado ímpar da São José para levantar sua imponente sede, um arranha-céu de mais de 20 pavimentos que daria frente tanto para a Rua São José quanto para Av. Nilo Peçanha. Mas a Lume (que deixou pouquíssimos registros de sua história) faliu e as obras de sua projetada sede se resumiram então aos tapumes abandonados ocupando uma área nobre.  Restou um enorme buraco escavado para as fundações e garagem do prédio.
O povo logo apelidou o canteiro de obras abandonado de Buraco do Lume, que convivia com a moderna e valorizada Esplanada do Castelo e restos da cidade colonial, que ali permanecia nos velhos sobrados da Rua de São José, formando um enclave numa zona que se modernizava.

A construção do Ed. De Paoli no final dos anos 60, que obedecia a um novo PA da Rua de São José, entre a Rio Branco e o Largo da Carioca, na realidade um prolongamento da Av. Nilo Peçanha, era a solução para aquela área. Os poucos imóveis que sobravam no lado ímpar da São José foram desapropriados, o terreno da futura sede da Lume foi expropriado pelo Estado.

No início da década de 70 uma nova praça surgia no Centro, substituindo a praça da Av. Erasmo Braga tomada anos antes para um terminal de ônibus e nessa época já pela construção do Ed. Menezes Cortes e promovendo a integração da velha cidade com a Esplanada do Castelo.

O “Jornal do Brasil”, em 1975, cobrava uma atitude do Governador Faria Lima para devolver à cidade a praça que o Estado deu ao BEG para aumentar seu capital e este, anos depois, a colocou à venda. O Grupo Lume, que comprou o espaço, faliu e só conseguiu pagar uma parte do que devia.

O mesmo “Jornal do Brasil” relatava que no local onde estava o buraco havia uma praça chamada Henrique Laje. Quando começaram as obras do edifício do BEG a área foi transformada em canteiro de obras. Terminado o prédio o local do buraco virou estacionamento clandestino. Aí o Governo do Estado resolve incorporar o terreno ao patrimônio do BEG. Segundo o Jornal do Brasil isto provocou, além de ofensa à moralidade urbanística, sensível alta das ações do BEG. Ou seja: uma praça foi dada a um banco estatal. O banco, porém, não quis ficar com ela e vendeu-a pelo pitoresco número de Cr$ 111.111.111,11 ao Grupo Lume. O Grupo Lume empenhou a praça ao Grupo Halles que acabou sendo empenhado pelo Governo Federal e despejado goela abaixo pelos meandros do BEG. Como o Grupo Lume também foi empenhado pelo Governo, discute na Justiça com o falecido Halles, de quem é a praça.

Enfim, um “imbróglio” e tanto.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

IGREJA DE SANTA MARGARIDA MARIA


As primeiras fotos de hoje, do AGCRJ, mostram aspectos da construção da igreja de Santa Margarida Maria, na Lagoa.

Sua história teve início na segunda metade do século passado. Naquela região existia na época a Capela da Congregação dos Sagrados Corações, situada na Rua Almeida Godinho, uma transversal da Rua Fonte da Saudade. Em 16 de junho de 1939 foi fundada, por decreto do Cardeal Leme da Silveira Cintra, a Paróquia Santa Margarida Maria da Lagoa, sem que houvesse ainda uma igreja para sua sede. A nova Paróquia foi fundada no dia consagrado ao Coração de Jesus tendo a sua instalação ocorrida no dia 18 de junho na capela da referida congregação, sendo confiados a seus religiosos a administração espiritual da mesma. Seu território foi desmembrado das Paróquias de Nossa Senhora da Conceição da Gávea e de São João Batista da Lagoa. 

A pedra fundamental da nova igreja foi lançada no dia 8 de novembro de 1942. No dia 28 de abril de 1944 a igreja em construção foi designada como sede da paróquia, tendo sua obra sido concluída em 1956, ficando o dia 16 de outubro dedicado a padroeira da igreja, Santa Margarida Maria. A construção foi realizada pela firma F.I. Lemos, Arquitetura e Construções, de propriedade de Fernando Iehly de Lemos, arquiteto que fez o seu projeto.

Em 1948, o Pe. Euzébio Van Den Aardweg, tomou posse como pároco e deu início às campanhas de arrecadação de recursos para impulsionar as obras. Os sete primeiros párocos da Paróquia Santa Margarida Maria pertenceram à Congregação dos Sagrados Corações, sendo todos eles holandeses, tendo sido o último o Pe. Teodósio Grondhuis que foi pároco de 1982 a 1993, quando voltou para a Holanda.

Vemos a área no entorno da Igreja de Santa Margarida Maria, na Lagoa, em meados da década de 60, quando estava prestes a acontecer a abertura do Túnel Rebouças. Ali perto daquele grupo de árvores ficava a Praça Alcio Souto. Já vemos o primeiro grande prédio deste trecho da Avenida Epitácio Pessoa, logo após o prédio menor da Obra do Berço. Havia na Lagoa e na Fonte da Saudade uma série de casas muito bonitas que, depois, foram substituídas por prédios de apartamentos. Bem aqui à direita, a casa da professora Heloísa, mestre de inglês de tantos alunos. As aulas eram numa sala sobre a garagem da casa dela, em pequenas turmas de cinco alunos. Era famosa a missa às 18 horas dos domingos nesta igreja. Havia uma profusão de moças bonitas, como a Tininha, a Regina, a Helia, a Magali, a Rita, a Lucia, a Sonia, a Zenir, e tantas outras. A missa era um pretexto para paquerar as meninas.