Segundo
o “site” Memória da Administração Pública Brasileira, em meados do século XIX o
governo imperial fez um contrato com John F. Russell e Joaquim P. V. Lima
Junior, para serviço de limpeza das casas e do esgoto das águas pluviais da
cidade do Rio de Janeiro, que deu origem à Companhia Rio de Janeiro City
Improvements.
A
cidade do Rio de Janeiro foi uma das primeiras do mundo a receber um sistema de
esgotamento. Antes disso, os dejetos sanitários domésticos eram levados em
barris para despejo em valas ou praias, o que agravava a condição sanitária da
capital do Império, que sofria com a precariedade do abastecimento de água e
outros problemas ligados à limpeza urbana.
Em 1864, a Estação Elevatória e de Tratamento do Distrito
da Glória foi inaugurada, contemplando 1.200 casas. Os trabalhos
empreendidos pela Companhia Rio de Janeiro City
Improvements logo apresentaram
problemas, provocando muitas reclamações e conflitos com as autoridades, sendo então criado um órgão governamental para fiscalizar a
empresa.
Vista panorâmica do
aterramento da Praia do Russel. Rio de Janeiro, 1905. Em destaque o Largo da
Glória e a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. À esquerda, a chaminé
da Cia. City de Esgotos da cidade; à direita, trilhos, bondes, postes de
iluminação. No centro. o relógio de sete e meio metros de altura, com quatro
mostradores iluminados à noite.
O Rio de Janeiro, ao lado
de Hamburgo, Londres e Brooklyn, N.Y., foi um dos primeiros lugares do mundo a
ter serviço de esgoto. As primeiras experiências foram realizadas na Casa de
Detenção, em 1855, por John Russel. Dois anos depois um Decreto Imperial
concedeu-lhe o privilégio exclusivo por 90 anos para "construir e estender
todas as obras necessárias para o estabelecimento de um sistema completo de
despejos e esgotos das habitações". Em 1862 a concessão foi para a “The
Rio de Janeiro City Improvements Co. Ltda.” (a City), que iniciou as obras e
inaugurou a primeira etapa do serviço em 1864.
Foto de Marc Ferrez,
Coleção Gilberto Ferrez, Acervo Instituto Moreira Salles. Vê-se o belíssimo
Largo da Glória e a Avenida Beira-Mar, em 1906.
Obra do Prefeito Pereira
Passos, a Avenida Beira-Mar ía do Passeio Público até o final da Praia de
Botafogo. Pereira Passos imaginou-a à moda da "Promenade des Anglais",
de Nice.
Podemos ver a muralha junto à praia, antes do Aterro do Flamengo que
nasceria décadas depois. À direita, junto do bonde, o relógio da Glória. A
chaminé da City, a Igreja do Outeiro da Glória e o Morro do Pão de Açúcar, ao
fundo, ainda sem o bondinho, cuja estação foi construída poucos anos depois
desta foto.
A Praia do Russel seria a área de abrangência do palacete do inglês
John F. Russel, que fez a estação de tratamento de esgoto neste local, no final
do século XIX. A foto mostra ainda os belos jardins, praças amplas, a estátua
de Pedro Alvares Cabral, pouquíssimo movimento de veículos.
Esta belíssima fotografia
de Leuzinger, da Coleção George Ermakoff, mostra um panorama da região da
Glória, em 1865. Veem-se as instalações da City Improvements, com sua enorme
chaminé. A elevatória era movida a
vapor, queimava-se carvão para mover as caldeiras. A chaminé era da fornalha
das caldeiras. Nos anos 10 ou 20 o maquinário passou para elétrico e logo a
chaminé foi demolida. Mas a usina ainda continua lá, com várias das máquinas da
elevatória preservadas. Hoje a velha construção de pedra é a sede da SEARJ e é
aberta nos dias de semana a visitação pública.
À esquerda pode-se ver o
prédio do Hotel Grand Chalet. À direita, o prédio, concluído em 1858, onde
funcionou o Mercado da Glória. No centro, no alto, a Igreja de N.S. da Glória
do Outeiro. O gradil era do terraço do Passeio Público, ponto dos mais nobres
da velha cidade.
A foto mostra, segundo
conta o Decourt, o velho Caminho da Glória, espremido entre as encostas de
Santa Teresa e as águas da Baia da Guanabara. O caminho, surgido de forma
espontânea acompanhando a areia da Praia das Areias da Espanha, era a única via
de acesso da cidade as regiões do Catete e Botafogo, e também o caminho
obrigatório para quem quisesse obter água fresca antes do aqueduto ser
construído, nos dois desagues do Rio da Carioca.
O caminho era precário, e
constantemente varrido pelo mar, o que originou a criação de uma estreitíssima
via cortada nos barrancos da encosta que ao menos assegurava uma travessia
menos sujeita aos humores do mar.
Mas a cidade crescia e o
caminho, da largura de uma via férrea, era um obstáculo, batido pelas ondas e, às
vezes, até desbarrancado pela força do mar. Então o Marquês do Lavradio
resolveu melhorar os acessos aos arrabaldes do Sul na década de 70 do século
XVIII, sendo o caminho alargado e ganhado uma grossa amurada de pedras que o
mantinha resistente à força do mar. Além disso o Marquês saneou o fim do
caminho, onde hoje é o Largo da Glória, lamacento e pantanoso, certamente
vestígios do braço do Rio da Carioca que existia no local e que dava seus
últimos suspiros, canalizando inclusive um pequeno córrego, certamente o
Carioca. Para arrematar os trabalhos na região o Vice-Rei levantou nas encostas
de Santa Teresa, em 1772, um chafariz, que, através de tubulação e caixa d’água
exclusiva, pegava a água diretamente da tubulação do aqueduto ainda nos altos
do bairro para dar água aos moradores da região da Glória e aos viajantes que
se dirigiam para o sul da cidade.
Esta imagem foi obtida a partir do
terraço de alguma casa da Rua Santo Amaro. O grande prédio visto quase ao
centro da foto é o Hospital da Beneficência Portuguesa. Mais ao fundo a Igreja
da Glória e a Chaminé da City. É um autocromo da Coleção Archive de la Planéte,
atribuído a Auguste Léon, pertencente ao Museu Albert Khan, de Paris.