Brás de Pina fica na Zona
da Leopoldina do Rio de Janeiro e faz divisa com a Penha Circular, Vila da
Penha, Cordovil, Vista Alegre e Irajá. Até a construção da Avenida Brasil, na
década de 1940, suas terras alcançavam a Baía de Guanabara.
O nome do bairro é em
homenagem ao antigo proprietário de suas terras, Brás de Pina, que tinha um engenho
de açúcar no século XVIII, estando ligado também a pesca das baleias. A fazenda
se estendia até às margens da baía da Guanabara.
Atualmente o bairro é
dividido pela linha férrea, que foi inaugurada em 1886, e é cercado por muitas
favelas.
Vemos a Av. Arapogi, em
26/03/65, em Brás de Pina, com o rio do mesmo nome. Esquina com a Rua Iricume. A disputa por espaço entre o lotação e ônibus se devia a uma outra ponte, então interditada.
O símbolo do IV
Centenário no vidro traseiro do lotação data a foto. O cano de descarga elevado
é outra característica da época. E o que dizer do olhar perplexo do pedestre
vendo a próxima colisão do lotação e do ônibus?
Já este lotação ignora a proibição e utiliza a ponte que estava interditada. É bem verdade que não aparecia, pelo menos na foto, nenhuma indicação da interdição.Em outra ocasião o Mauroxará escreveu que
"o lotação é um carro agregado à V.A.L.S.A., Viação Amigos Leopoldinenses
S.A. Durante um breve periodo, esse carro "recolhia", isto é, ficava
guardado no Posto "Bravo". Não sei se pertencia ao Sr. Bravo, dono do
posto e fundador da Caprichosa. A linha era Vigário Geral-Bonsucesso. Neste
canal sempre tinha um carro com sede que ia lá em baixo se
"refrescar"."
Um grupo de rapazes usa a ponte interditada para atravessar o rio.
Os pedestres não se preocupavam com a interdição da ponte.
O bairro, como nesta foto dos anos 60, tinha problemas de saneamento. Urubus no canal do rio Arapogi eram frequentes.
Aqui vemos a esquina da
Rua Arapogi com a Rua Francisco Enes. Nos anos 60 a situação na região era
difícil, pois havia ruas, como a Francisco Enes, em que era normal ver correr na
porta das casas as valas de esgoto a céu aberto com pontes de madeira para
pedestres.
Uma precária ponte de madeira também era usada para cortar caminho.Certa vez o Lino fez um comentário que dava uma ideia bem diferente do que vemos nas fotos: "O bairro
de bairro de Brás de Pina foi a urbanização de um grande engenho de açúcar,
pertencente ao Sr. Brás de Pina, que após o loteamento e urbanização deste
local, deu nome ao bairro, muito embora durante a fase de loteamento fosse chamado de Vila Guanabara.
A urbanização foi
efetuada pela Contrutora Kosmos, era chamada de "Princesinha da
Leopoldina", seguindo planejamento modelo de urbanização, com ruas
calçadas e arborizadas para amenizar o calor. O canal da Av. Aragogi era bem
arborizado com flamboyants.
Nos anos 60 e 70, neste
bairro moraram várias famílias portuguesas, inclusive o meu tio Antonio, que
morou na Rua Piriá."
Também um comentário do Andre Decourt destoa do que vemos nas fotos de hoje;
"Ao contrário de seus
bairros vizinhos como Cordovil e Penha, Brás de Pina foi um completo projeto de
loteamento, inspirado em bairros de Londres, com tecido urbano retorcido para
privilegiar o tráfego local, dado a apenas uma via. O único problema foi que
esse trecho do bairro ficou meio asfixiado pelos aterros ao longo da Av. Brasil
e, nas vezes que passei por ele, apesar de agradável, achei quente. Considero o
loteamento vizinho a Vila Panamericana, principalmente na região das ruas
Coimbra Cintra, Av. Lusitânia, muito mais agradável termicamente, talvez por
estarmos em uma colina bem arborizada. Se morasse no subúrbio da Leopoldina
seria o lugar para morar, não fosse a violência do Alemão impactar a região.
Tenho bons amigos lusos por aí.
As ruas nos anos 30 já
eram pavimentadas e arborizadas. A empresa construtora, da família Lobo tendo
como sócios a família Enes também fornecia, como em outros
loteamentos, projetos de casas a serem executadas caso o comprador do lote
assim desejasse, o que explica alguns imóveis repetidos na região. Havia vários
estilos disponíveis em voga nos anos 30 como o neo-colonial bem simples que
tanto vemos nessa região suburbana, e outros menos cotados com um art-déco bem
utilitarista, já bem desfigurado em quase todas as construções.
Essa parte do bairro,
além linha férrea, pelo seu urbanismo e qualidade das contruções em comparação
aos bairros vizinhos, quase vazios ou muito precários, tinha o apelido de
Princesinha de Leopoldina. Muita gente da Zona Sul comprou propriedades nessa
região nos anos 40 e 50, crentes da sua valorização pela proximidade com as
saídas para Petrópolis e São Paulo e também por ser perto do término da Linha
Verde, que ligaria a Gávea à Via Dutra, que seria pela Av. Meriti na fronteira
com Cordovil, além do mercado São Sebastião. A região hoje é meio morta e
decadente além da linha férrea onde o comércio, o cinema e as indústrias foram
embora, mas essa parte aí tem o clima do subúrbio do passado, meio pichado e
sujo de poeira de diesel, mas ainda com bucolismo."
Imagem da Av. Arapogi obtida no Google Maps. A região parece bem mais cuidada.