BRINQUEDOS,
por Helio Ribeiro
Hoje vamos voltar no
tempo e relembrar alguns das dezenas de brinquedos existentes na nossa
infância. Como a maioria dos visitantes do SDR é do sexo masculino, a
predominância de brinquedos será referente a esse sexo ou àqueles que podiam
ser usados indistintamente por meninos ou meninas. Apenas um ou outro se refere
exclusivamente a meninas. Também não vou colocar fotos de carrinhos de
brinquedo, dada a imensa variedade deles. Eram os meus preferidos.
Lembrando que na nossa infância
dispúnhamos de espaço para os folguedos, fosse por morarmos em casas com
quintal, fosse por podermos brincar na rua ou, eventualmente, em alguma praça
próxima. Muitos dos brinquedos antigos não poderiam ser usados atualmente, eis
que a moradia padrão é um "apertamento" e é totalmente proibitivo
brincar na rua, seja por causa do trânsito, seja por falta absoluta de
segurança.
Antes que alguém reclame,
esclareço que esta postagem é só sobre brinquedos passíveis de serem usados por
uma criança isoladamente.
Voltemos agora ao
passado. Peço desculpas pelo tom pessoal que costumo sempre dar a meus relatos.
Era um dos meus
favoritos. Para quem não o teve, funcionava assim: a criança colocava os pés na
barra das rodas dianteiras, as mãos na barra de madeira (na foto) e empurrando
e puxando essa barra o rema-rema se movia. Os pés eram usados para mudar a
direção do movimento, bastando empurrar com um deles a barra dianteira das
rodas. Era um bom exercício.
2) Velocípede e tico-tico
Também eram meus
favoritos. O tico-tico se destinava a crianças pequenas e o velocípede a um
pouco maiores, dadas as dimensões dos brinquedos. Além disso o velocípede
costumava ter uma plataforma entre as rodas traseiras, de modo que dava para
transportar outra criança ali, a título de carona. Muitas vezes as crianças
pequenas não conseguiaam acionar os pedais do tico-tico e o movimentavam
andando com os pés no chão.
Luiz: na foto abaixo vemos meu primeiro velocípede.
3) Kit de cozinha
As pobres meninas não tinham praticamente nenhuma variedade de brinquedos a escolher. Um dos mais famosos era o kit de cozinha, apresentado em diferentes versões, com mais ou menos componentes.
4) Servicentro Esso
Esse era um clássico. Havia alguns em versões mais simples e menores.
Luiz: tive um desses, em madeira. Tinha até um "box" para lubrificação. Aquele elevador de carro subia por meio da rotação de uma roldana.
5) Jipe e trator
Eram o sonho de muitas crianças, porém só as de família rica podiam usufruir deles. Não era o meu caso.
O jipe tinha
muito mais saída do que o trator, pelo menos nas cidades. Talvez no interior o
trator fosse o preferido.
Luiz: não tive jipe ou trator, mas tive uma querida "baratinha", que vemos na foto abaixo, colorizada pelo Conde di Lido. A foto ficou boa, mas, na realidade, a cor original era cinza.
6) Disco voador
Esse brinquedo me deixou lembrança triste e eterna. Num Natal, meu tio-avô Cravinho (o nome dele era Arlindo, e não sei por quais cargas d'água tinha esse apelido) me deu um brinquedo desses de presente. Havia dois discos no kit. Fui para o quintal, coloquei um disco na base, puxei o cordel e lá se foi o disco subindo, subindo, subindo... e caiu em cima do telhado do vizinho, uma casa de dois andares muito alta. Com menos de um minuto de brincadeira, perdi um dos discos. Sobrou o outro, e fiquei com muito medo de perdê-lo também. Praticamente encostei o brinquedo.
7) Bonecas
Selecionei as três bonecas da foto: Amiguinha, Beijoca e Meu Sonho. É pouco provável que as visitantes deste SDR tenham brincado com uma delas, em virtude da infinidade de modelos existentes.
8) Cinturão com dois
revólveres
Sem nenhuma sombra de dúvida, esse foi sempre o brinquedo que mais vezes pedi. Ganhei várias versões, porém nunca a de dois revólveres, porque era cara. Sempre ganhei a de um único revólver. Como quem não tem cão caça com gato, eu peguei dois cinturões de um revólver, soltei o coldre de um e o coloquei no outro, fazendo assim um cinturão com dois revólveres. O problema é que esse segundo coldre ficava ao contrário e o revólver não encaixava direito nele. Mas quebrava o galho.
Na vida há coisas
estranhas: quando criança, eu lia o tempo todo gibis de faroeste, como os do
Roy Rogers, Hopalong Cassidy, Gene Autry, e outros. E sempre pedia um cinturão
com revólver no Natal. Uma vez crescido, seria de se supor que essa preferência
iria se manifestar. Porém, tal não aconteceu: um dos tipos de filme que não me
atrai nem um pouco é justamente o de faroeste.
Luiz: ao contrário do Helio, sou fã de filmes de faroeste. Dia sim, dia não, vou no Youube e me delicio com os clássicos estrelados por James Stewart, John Wayne, Henry Fonda, Kirk Douglas, Glenn Ford, Gary Cooper, Marlon Brando e tantos outros (alguns menos votados como o Ronald Reagan). E não posso deixar de lembrar dos rolos, cor de rosa, das espoletas, comprados nas Lojas Americanas. Encaixavam dentro do revólver, no lugar das balas.
9) Pequeno Engenheiro
Brinquedo também muito famoso, mas que não conseguia manter o interesse da criança por muito tempo. Foi o meu caso, pelo menos.
Luiz: lembro das peças, mas não me lembrava do nome do jogo.
10) Laboratório de
química
Brinquedo interessante,
mas que me deixava frustrado porque algumas das substâncias químicas se
esgotavam rapidamente e não havia como substituí-las, limitando as
experiências.
Luiz: gostava deste laboratório, mas era como o Helio descreveu. A graça acabava logo.
11) Kits da Revell
Brinquedo muito interessante e bem fabricado. Exigia cuidado e paciência para montagem. Havia muitos modelos de aeronaves e navios à disposição. Eu me lembro de ter ganho um Boeing 707, um B-24 Liberator, um navio de guerra (não lembro qual), uma caravela e um avião caça (também não lembro qual).
Luiz: Também gostava muito. Comprei o kit de tintas e de decalques. Dava prazer, após a montagem, fazer o acabamento do modelo. O último que montei foi o navio S.S. Brasil.
12) Bambolê
Era mais usado por meninas. Possui uma história interessante, narrada abaixo.
Acredita-se que o bambolê tenha surgido há pelo menos três mil anos no
Egito. Confeccionados com fios de parreira secos, eram utilizados pelas
crianças que queriam imitar artistas de rua que faziam apresentações de dança
com os bambolês. Entretanto, o brinquedo, tal como o conhecemos hoje, surgiu
apenas em 1958, nos Estados Unidos. A ideia veio de uma viagem à Austrália,
onde os americanos Richard Knerr e Arthur Melin, sócios em uma fábrica de
brinquedos, viram crianças brincando com círculos feitos de bambu. O projeto do
bambolê foi batizado com o nome de “hula hoop” e em menos de quatro meses após
o seu lançamento já havia vendido cerca de 25 milhões de unidades.
O bambolê chegou ao Brasil através da marca
Estrela, no mesmo ano do lançamento nos Estados Unidos. Aqui, finalmente
recebeu o nome Bambolê, devido a uma associação com a palavra “bambolear”, que
significa gingar, rebolar. Vários outros países se renderam à moda do brinquedo.
Porém, em países como a Inglaterra, por exemplo, o bambolê era feito de madeira
ou de metal, o que o tornava perigoso, chegando a ser conhecido como aro
mortal.
Posteriormente o uso do bambolê foi desaconselhado pelos ortopedistas.
Não sei o quanto de verdade há nisso.
13) Polipticon
Não me lembro se já existia na minha época de criança. Mas é um brinquedo muito instrutivo para quem se interessa por microscópios e telescópios.
Eu sempre me interessei
por Astronomia, desde colecionar figurinhas de álbuns a esse respeito até a ler
livros sobre o assunto, já adulto. Depois de II Guerra Mundial, é o meu tema
favorito. Tenho 17 livros a respeito.
Por volta de 1963, a irmã
de um vizinho possuía uma luneta e ele ma emprestou durante alguns meses. Eu
passava tempos no quintal, olhando para as estrelas. Durante o dia, olhava a
encosta do Sumaré, na época ainda visível do quintal lá de casa por não haver
prédios nas imediações. Gostava de ver as torres de TV e a casa do bispo, além
de alguns poucos barracos. Se bem me lembro, só a TV Rio e depois a Excelsior
tinham torres no Sumaré, nessa época. Hoje aquilo é um paliteiro.
Luiz: o meu, tenho até hoje, embora algo desfalcado, como se pode ver na foto abaixo:
14) Pião
Havia dois tipos, como mostrado nas fotos acima. Eu tive o do lado esquerdo. Nunca me atraiu o do lado direito.
15) Ioiô
Não era dos meus preferidos.
16) Forte apache /
Soldadinhos de chumbo
Fazia muito sucesso entre a meninada. Na época a TV exibia a série Rin-Tin-Tin, que servia de emulação para o brinquedo.
No caso dos soldadinhos
de chumbo, meu irmão e eu os separávamos em dois grupos (um para ele e outro
para mim), colocávamo-los distantes um do outro no corredor lá de casa, e
usávamos bolas de gude para derrubarmos os soldadinhos um do outro.
Luiz: ainda faz sucesso. Meu neto organiza "batalhas épicas" perto do forte, com soldados e índios, mas acrescenta figuras de super-heróis e dinossauros...
17) Carrinho de rolimã
Não era tão comum assim, mas sem dúvida era divertido. E fonte de muitas escoriações. Nunca brinquei num desses.
18) Cavalinho de pau
Bastante comum entre as crianças. Acho que tive um, mas não estou certo. O mais comum era meu irmão e eu pegarmos vassouras, amarrarmos barbante no rebaixo do cabo delas, a título de rédeas, e sairmos galopando no quintal, com cinturões de revólver na cintura.
Na casa vizinha à nossa
havia um caminho de grama e terra entre o portão de veículos e a garagem. Eu
gostava de pegar uma vassoura de pelo e cavalgar nesse caminho, vendo a terra
levantar poeira, tal como nos filmes de faroeste.
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BÔNUS -------------
Nessa parte da postagem
descreverei sucintamente alguns "brinquedos" inventados por mim e por
meu irmão e que não fazem parte de nenhum rol, e portanto não há fotos deles.
Espero que os visitantes também façam o mesmo e descrevam os seus.
1) Volante de tampa de
panela
Pegávamos as maiores
tampas de panela e as usávamos como se fossem o volante de ônibus. Corríamos
pelo quintal dirigindo o "pesado veículo", evitando trombar com os
bambus que serviam para subir e descer os varais de roupa lavadas por minha mãe.
2) Rodo a título de
ônibus
Os rodos antigos eram
totalmente de madeira e a parte onde havia a borracha era inclinada em relação
ao cabo. Então, fazíamos de conta que essa parte era o parabrisa do ônibus.
Colocávamos o rodo na horizontal, apoiado no ombro direito, e
"olhando" pelo parabrisa conduzíamos nosso ônibus entre os bambus já
citados acima, tomando cuidado para não arranhar a "lataria" neles.
3) Pilotando nave
espacial
Na época da corrida
espacial, eu me divertia sozinho assim: pegava um pedaço de tábua, colocava-a
em cima da mesa e punha na tábua uns controles de rádio amador que meu tio
guardava em casa (aqueles redondos e graduados, destinados a mudar a
frequência), colocava fones de ouvido também de rádio amador, botava na cabeça
um boné estilo militar (aqueles que se compra no Carnaval) e lá ia eu pilotando
minha nave espacial pelo Universo afora.
--------------- FIM
DA POSTAGEM -------------
Mais uma vez agradeço ao Helio Ribeiro pela colaboração.