A Sede Social, dependência
mais antiga do Clube, funcionou em diversos pontos no Centro do Rio de Janeiro,
antes de ser instalada definitivamente na esquina da Avenida Rio Branco com
Avenida Almirante Barroso, em prédio erigido especialmente com tal finalidade.
Foi inaugurada no ano de 1910,
e compõe, juntamente com o Teatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional, o principal núcleo
cultural da cidade.
Nos anos de 1940 e 1983, foram inauguradas, respectivamente, as Sedes Esportiva (Piraquê), na Lagoa Rodrigo de Freitas, e Náutica, no bairro de Charitas, na simpática vizinha cidade de Niterói.
Foi o prefeito Carlos Sampaio que, em 1921, realizou o
projeto do engenheiro Saturnino de Brito, abrindo os canais do Jardim de Alah e
da Avenida Visconde de Albuquerque, permitindo a troca de águas entre o mar e a
lagoa. A areia retirada para a construção deu origem às ilhas Caiçaras e Piraquê.
A Seção Esportiva do Clube Naval foi criada em 1936
e em 1937 foram eleitos os seus primeiros dirigentes: Presidente Joaquim Novais
Castelo Branco, Secretário Benvindo Taques Horta e Tesoureiro Levy Araujo de
Paiva Meira.
Em 1937, o presidente encaminhou um Memorial ao
Presidente da República: “Accentuando-se cada vez mais a necessidade de prover
a Marinha de Guerra do Brasil de um centro de cultura physica e sports (…) e após
longo trabalho na escolha do local, foi ventilada a ideia de ser aproveitada a
ilha existente na Lagôa Rodrigo de Freitas, conhecida com o nome de “Piraquê”.
Este local offerece a grande vantagem de poder reunir as installações dos
sports terrestres e nauticos.”
Observem o tamanho da ilha de Piraquê na época.
Foto de Malta.Em 1938 foi concedido ao Clube Naval o aforamento da Ilha do Piraquê. A adaptação dessa ilha viria concorrer de modo indiscutível para incentivar o esporte náutico na Lagoa. O terreno, junto à embocadura do Rio dos Macacos, já nesta ocasião tinha sido aumentado com um aterro.
As obras foram orçadas em
cerca de 1.200 contos de réis. Foram eleitos para o bienio 1939-41 o Presidente
Joaquim Novais Castelo Branco, o Secretário Francisco Vicente Bulcão Vianna e o
Tesoureiro Adalberto de Barros Nunes.
Já vemos a ponte que hoje é a entrada social do Piraquê.
Foto do ano de 1940, da Aviação Naval.
O “Jornal do Brasil” de 07/07/1940 noticiou a visita do
Presidente Vargas à “Ilha de Piraquê”:
“O Clube Naval, com o auxílio do Governo Federal,
construiu, na Ilha de Piraquê, as suas dependências esportivas, com magníficas
praças de esportes, de todos os gêneros. Como se sabe, esse local, à margem da
Lagoa Rodrigo de Freitas, possui um notável panorama. O Clube pretende
realizar, ali, uma série de campeoatos esportivos, corridas de lanchas, etc.
A sede do clube apresentava um grande movimento, vendo-se
nas dependências figuras do maior destaque social.
Quando Sua Excelência ali chegou foi alvo de grande
manifestação de todos os sócios e suas famílias. Depois de percorrer as
instalações do clube, o Presidente Getulio Vargas, ao som do Hino Nacional,
içou, no mastro principal da praça de esportes, o Pavilhão Nacional.
O clube resolveu inaugurar o busto do Sr. Getulio Vargas
em reconhecimento aos seus serviços àquela instituição.
O Almirante Alvaro Vasconceos, presidente do Clube Naval,
proferiu, nessa ocasião, o seguinte discurso:
“Na sede esportiva do Clube Naval está de novo Vossa
Excelência em contato com a oficialidade da Marinha de Guerra; aqui,
entretanto, sem as restrições que o protocolo impõe nas esferas da alta
administração e compensada, esperamos, a falta dos atrativos que o ambiente
puramente profissional sempre oferece, pelo maior calor com que nos é possível
demonstrar a invariável estima com que no seio dela e Vossa Excelência
recebido.
(...)
Desejamos que a visita constate que não foi perdido ou
sequer mal aplicado o auxílio que o Clube Naval mereceu do preclaro Chefe do
Estado Novo para a construção de sua sede esportiva e de educação física.
A instalação da sede não está nem poderia estar completa.
Mas podemos mostrar o muito que já foi feito na Ilha que o eminente Prefeito
Henrique Dodsworth, cujo nome Vossa Excelência permitirá seja relembrado nesta
homenagem concedeu por aforamento ao Clube Naval.
(...)
Estiveram presentes ao ato, entre outros, o Ministro
Aristides Guilhem, o Interventor Amaral Peixoto, o Prefeito Henrique Dodsworth,
Comandante Angelo Nolasco, assim como outras altas autoridades, civis e
militares. Após provas esportivas foi servido um cocktail.”
O Jornal do Brasil, em outra reportagem dos anos 40, conta que “A
Ilha de Piraquê é um pequeno trato de terra encravado na Lagoa Rodrigo de
Freitas. Antes de sua cessão pela Prefeitura do DF ao Clube Naval, havia ali
apenas alguns exemplares de eucaliptos.
Os dirigentes do Clube Naval viram que a ilha se
prestaria à instalação de um campo de esportes. Esse projeto se tornou
realidade. Ali se pode praticar basketball, volleyball, tennis, etc.
Completando há um parque infantil e um cais para o lançamento de embarcações.
Em foto do acervo do Museu Aeroespacial vemos a Lagoa e o
Jardim Botânico em 1945. Destaque para a sede esportiva do Clube Naval
(Piraquê), já bem maior do que era quando da inauguração cinco anos antes.
Bem no meio da foto, lá no fundo, há o mastro da bandeira
na borda da Lagoa. Este mastro existe
até hoje e fica antes da piscina semiolímpica e quem conhece o clube sabe
quanto mais ainda há hoje em dia por trás dele, tais como instalações da outra
piscina e um campo oficial de futebol, fora os outros aterros laterais, que
comportam instalações como um ginásio poliesportivo e um local para churrascos.
O "logo" na asa esquerda do avião indica que
ele pertenceria ao grupo de aviação do Exército, da antiga Base dos Afonsos e
não da Aviação Naval , com base no Galeão, unificadas em 1941 com a criação do
Ministério da Aeronáutica.
Aterros mais radicais ocorreram na década de 60, com
aproveitamento de material retirado para a abertura do Túnel Rebouças e
facilitados pelo regime da época.
Esta foto mostra algo inconcebível aos olhos de hoje. Vemos
as dependências do Piraquê, na Lagoa, na década de 50. Podemos notar que a
piscina acabava praticamente às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas e tinha um
escorrega que, tempos depois, foi demolido.
Muita coisa foi construída após esta piscina, em sucessivos aterros.
Além de comportadíssimos trajes de banho, vemos uma brincadeira para crianças, totalmente incorreta por culpa dos adultos, que consistia em ver quem conseguia agarrar um pato jogado dentro da piscina. O pato devia ficar estressadíssimo e provavelmente devia contaminar a piscina que teria que ser interditada para limpeza...
A foto de alguns anos atrás mostra o tanto que a ilha foi aterrada. Vários pavilhões construídos, um campo de futebol gramado em terreno conquistado à Lagoa, o "novo" ginásio depois das quadras de tênis (são seis), uma quadra poliesportiva, à direita, com telhado mais elevado, um cinema para centenas de espectadores, restaurantes, terraços, boate, ginásio, até um colégio, de no Popeye, para crianças pequenas.
O mastro. Inicialmente era o final do clube como podemos ver nas primeiras fotos. Hoje deve estar mais ou menos no meio do clube, ou seja, aterros duplicaram o terreno.