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sábado, 24 de abril de 2021
sexta-feira, 23 de abril de 2021
PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (3)
Em 1952, a Light & Powers, empresa parceira do Clube e detentora da sede na Siqueira Campos, precisou do espaço e mais uma vez o Paissandu ficou sem casa fixa. Finalmente, conseguiu uma área doada pela Prefeitura, no Leblon, junto à Lagoa, área aterrada que a Prefeitura disponibilizou. A "Pedra do Baiano", atrás do atual Teatro Scala, ficava quase dentro d´água. Com o tempo, os projetos de urbanização do então Distrito Federal foram se valendo de aterros, em sua maioria destinados "à construção de sedes e praças de esportes de entidades desportivas de primeira categoria", como previu a Lei 770. O terreno, na realidade, mal podia ser chamado de terreno, tal a quantidade de água que precisava ser aterrada. Havia lixo, lodo e brejo. Pelo lado da Lagoa havia a Favela da Ilha das Dragas, pelo lado da Rua Humberto de Campos, a Favela da Praia do Pinto. De resto, era um imenso alagado que tinha como referência a arquibancada do Flamengo.
Em
primeiro plano o terreno onde seria construída a sede do Paissandu, nas
vizinhanças da Av. Afranio de Melo Franco, após um longo período para aterramento do alagado e nivelamento do terreno. Logo após vemos a Pedra do Baiano e,
mais ao fundo, o Conjunto dos Jornalistas, na Avenida Ataulfo de Paiva, no
Leblon, sendo construído. Foto da década de 1950.
Vemos o terreno do
Clube Paissandu, marcado com amarelo, ao lado do Flamengo e da Favela da Praia
do Pinto, em foto do final dos anos 50.
Nesta foto, da década de 1960, vê-se, começando à esquerda, o final da Av. Epitácio Pessoa e o começo da Av. Borges de Medeiros, logo após a ponte do Jardim de Alá. À direita, a favela da Ilha das Dragas. Após a ponte, à esquerda, o Clube Monte Líbano e o Clube AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), na própria Borges de Medeiros. Atrás da AABB o Paissandu Atlético Clube. Na mesma direção, no alto da foto, a Favela da Praia do Pinto ainda não removida, que daria lugar aos prédios da "Selva de Pedra", conjunto de edifícios para a classe média e média-alta, no Leblon. No canto direito, no alto, o terreno do Flamengo, já com a rua Gilberto Cardoso asfaltada, ligando a Av. Borges de Medeiros ao Leblon. Notar que o campo de futebol do Flamengo foi remanejado em algumas dezenas de metros em direção ao Leblon (vê-se que a antiga arquibancada, que tinha o seu meio bem no centro do campo, agora ficou deslocada para um dos lados, com o seu meio na altura da intermediária de uma metade do campo). Isto foi feito para permitir a abertura da rua Mário Ribeiro, importante artéria de ligação entre a Lagoa e a Barra da Tijuca, via de acesso ao túnel Dois Irmãos. O terreno do Flamengo, que era contíguo ao do Jockey, passou a ser separado por esta rua. A Av. Borges de Medeiros também tomou uma parte do terreno do Flamengo, junto à Lagoa. Foi então construída pelo Governo, uma nova garagem de barcos, subterrânea, que pode ser vista à direita na foto, com a avenida passando por cima da garagem.
A foto
mostra a sede provisória inaugurada em 1956. Somente em 1963 o clube inaugurou
sua nova sede social projetada por Rolf Hütner e inspirada nas formas de Oscar
Niemeyer. O terreno de 20 mil metros quadrados teve origem na Lei nº 770 de
24/04/1953, assinada pelo prefeito Dulcídio Cardoso, a qual estabelecia que "as
áreas marginais da Lagoa Rodrigo de Freitas provenientes de aterro seriam
destinadas exclusivamente à construção de sedes de esportes de entidades
desportivas de primeira categoria."
Pesquisa: livro "Paissandu" de A. Iorio e P. Iorio + postagens antigas do "Saudades do Rio".
quinta-feira, 22 de abril de 2021
PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (2)
Em 1931 acabou o
aluguel do espaço em Laranjeiras onde o clube estava instalado. Os Guinle não
renovaram o contrato. O Paissandu conseguiu então o direito de uso de um
terreno em Copacabana, na Rua Siqueira Campos nº 143, de propriedade da Light,
onde hoje funciona o “Shopping dos Antiquários”.
Em 1932 houve a
mudança para este terreno de propriedade da Cia. Ferro-Carril do Jardim
Botânico. Por estar completamente devoluto e se achar abaixo do nível da rua foi
necessário aterrá-lo em diversas partes. Com a mudança, o clube perdeu o campo
de futebol e o campo de "cricket". Com isso, os sócios tiveram que se
contentar apenas com o tênis e o "bowls" (um jogo parecido com a
bocha, jogado sobre uma grama especial). Na foto vê-se o campo de "bowls", tendo ao fundo os prédios da
Rua Siqueira Campos e, mais além, a encosta da Ladeira dos Tabajaras, em
Copacabana.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento de Copacabana o clube foi ficando cercado por grandes construções. O número máximo de sócios era de 500, a maioria ligados a empresas estrangeiras como a Shell, a Souza Cruz, a Light, a Leopoldina Railwa. Segundo V. Iorio e P. Iorio a construção era despojada. Tinha 5 quadras de tênis e uma de "bowls". Era considerado um "clube de adultos", pois as crianças, seguindo a cultura inglesa herdada da era vitoriana, "children are to be seen, not to be heard", às crianças só era permitido frequentar o "playground".
A foto mostra um grupo de senhoras repousando enquanto assistem ao jogo dos maridos. Estes tinham privilégios como um bar só para eles porque "não seria gentil tomar um "drink" depois do jogo, suados e de "short", junto às "ladies", nem sujeitá-las a ouvir suas piadas e as discussões sobre os mínimos detalhes do jogo."
Em 31/10/1952 foram entregues as chaves do terreno. Após funcionar por 20 anos em Copacabana, o Clube Paissandu mudou-se para suas atuais instalações no Leblon, com veremos amanhã.
quarta-feira, 21 de abril de 2021
PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (1)
Com informações de
V. Iorio e P. Iorio vamos falar do Paissandu Atlético Clube, hoje localizado no
Leblon, na Av. Afranio de Melo Franco. Nesta foto, datada de 1911, de dentro do
Paço Isabel, vemos a Rua Paissandu com suas palmeiras imperiais e, à direita, o
"ground" de "cricket" do Paissandu Atlético Clube.
Este clube foi fundado em 1872, com o nome de Rio Cricket Club. Estabeleceu-se na Rua Berquó, hoje Rua General Polidoro, esquina de 19 de Fevereiro, em Botafogo. O Rio Cricket Club foi a primeira agremiação destinada à prática de esportes terrestres no Rio de Janeiro. Hoje é, também, o terceiro mais antigo clube social em atividade nesta cidade, superado apenas pela Sociedade Germânia, fundada em 1821, e pelo Real Sociedade Clube Ginástico Português, fundado em 1868. Só em 1880 o Rio Cricket Club saiu de Botafogo, indo para o terreno alugado da Rua Paissandu. Este terreno era propriedade do Conde D´Eu e ficava em frente ao Paço Isabel, residência da herdeira do trono do Brasil, a Princesa Isabel. Hoje, esta casa é o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Em 1875 houve uma cisão entre os fundadores do Rio Cricket Club resultando na nova agremiação sob o nome de Paysandu Cricket Club, que veio a se tornar o Paissandu Atlético Clube.
Uma panorâmica que
mostra a posição das quadras, em 1902, ao lado do campo de "cricket"
do Paysandu Cricket Club. Nos terrenos
deste clube realizavam-se os BAAS (British Amateur Athletic Sports), uma série
de competições esportivas, principalmente entre a colônia britânica do Rio de
Janeiro. Com a queda do Império, em 1889, o clube passou a viver momentos de
incerteza, pois foi proposta a desapropriação do Palácio Isabel e dos terrenos
vizinhos.
Em 1906 o clube participou do primeiro Campeonato Carioca de Futebol (LMSA) e em 1912 foi campeão. Em 1914 abandona a prática oficial do futebol.
As belas palmeiras da região davam um charme ao local. O Rio Cricket, após a separação do Paissandu, mudou-se para Niterói. Ambos os clubes disputavam partidas no chamado "Clássico dos Ingleses".
Foto do campo de "cricket" junto à pedreira. A história continua amanhã com a mudança do clube para instalações na Rua Siqueira Campos, em Copacabana.
terça-feira, 20 de abril de 2021
FRESCOBOL
Flagrante da apreensão pela PM de raquetes de frescobol na praia, em 1969. Foi uma época em que o jogo acabava de ser banido do país. O frescobol teria aparecido por volta de 1948, em frente ao Copacabana Palace, derivado da peteca, então um esporte muito popular nas areias cariocas. E a PM era muito rígida em aplicar esta lei. Tínhamos que manter um olho na bola e outro na eventual presença da PM. Ao se ver um policial todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum tempo.
Nesta foto de Indalecio Wanderlei, publicada n´O Cruzeiro, enviada por Cristina Pedroso, vemos sua mãe Gilda preparando-se para jogar frescobol na Praia de Copacabana, na década de 50. Minha turma começou a jogá-lo no início dos anos 60, em Ipanema. Pegávamos bolinhas de tênis, que eram cuidadosamente descascadas, pois as bolas à venda para frescobol não eram boas como as de hoje. Não tínhamos noção do desconforto que causávamos aos banhistas.
Esta tropa da PM,
por conta de seus uniformes, era conhecida como “azulões”.
Segundo reportagens
do início dos anos 60 o frescobol só poderia ser praticado depois da 14h e os
que descumprissem esta ordem seriam “autuados por desrespeito à Lei e levados à
Justiça”. Depois de algum tempo a proibição foi aumentada, proibindo o jogo
durante todo o fim de semana. Os membros da PM que apreendessem mais raquetes
receberiam um prêmio. A maior queixa dos PMs era com relação ao “sabe com quem
está falando?”, chave de galão que levavam dos praticantes.
O “Correio da Manhã”
de 16/01/1968 noticiou que a Secretaria de Segurança expediu duas notas
enquadrando as punições para aqueles que não cumprirem a determinação. A
primeira alerta do perigo que o esporte representa à integridade física dos
banhistas, principalmente das crianças. A segunda dizia respeito ao tipo de
infração em que incorriam e as consequências da desobediência.”
Naquela época a PM
era muito rígida em aplicar esta lei e todos que jogávamos frescobol tínhamos
que manter um olho na bola e outro na eventual presença dos policiais
militares. Ao vê-los todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes
sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum
tempo. E chegou a ser criada a profissão de “olheiro do frescobol” – por alguns
trocados tinha gente que ficava vigiando a chegada dos PMs.
Ainda o “Correio da
Manhã” de janeiro de 1968 noticiou que o coronel Elias de Morais, comandante do
2º Batalhão da PMEG, afirma ter “um plano secreto para combater o frescobol nas
praias”. Também o tenente Romulo Rodrigues treinou a equipe de “azulões” em
judô, para enfrentar a turma “barra pesada” que afrontava a polícia.
O pior veio em
1969, conforme conta o “Correio da Manhã” de 18/01/69: todos os presos por
jogar frescobol irão para a Ilha Grande, enquadrados no AI-5.
Foi uma “guerra”
que durou anos e ocupou páginas e páginas dos jornais.
Com o passar do
tempo a fiscalização foi afrouxando e, atualmente há algumas regras, limitando
o horário e local para esta prática, embora as transgressões ainda sejam
frequentes.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
ESCOLA DE CHAUFFEURS INTERNACIONAL
As fotos de hoje mostram a "Escola de Chauffeurs Internacional", de Urvalina Oliveira da Fonseca, ua Rua Evaristo da Veiga nº 147, telefone 42-2513. Foi neste local que o avô e o pai do JBAN aprenderam a dirigir e conseguiram as respectivas "cartas de condução". O luminoso sobre a porta da escola se destacava.
Nesta foto, colorizada pelo Nickolas, já publicada no "Saudades do Rio", vemos o jipe de aprendizagem em frente à escola. Obiscoitomolhado já identificou os automóveis como, além do jipe, um Chevrolet 51 Fleetline,
de praça, um Chevrolet 1956 (não é Bel-Air, mas é um 210 com motor V-8, como
demonstra o V no capô) e outro Chevrolet 1951, sedã De Luxe, o mais comum.
Logo ali ao
fundo, subindo a Ladeira de Santa Teresa, se chega à
"Portinha", que era o primeiro ponto dos bondes, de Santa Teresa,
depois dos Arcos da Lapa, para quem vinha do centro da cidade.
Vendo a escola pelo ângulo oposto temos uma visão da Rua Evaristo da Veiga com inúmeros automóveis interessantes, para serem identificados.
A Rua Evaristo da Veiga já teve os nomes de Rua dos Barbonos, Caminho dos Arcos Velhos da Carioca e Caminho do Desterro. Foi aberta em fins do século XVII, uma estreita vereda em terrenos da chácara de N.S. da Ajuda para o Morro do Desterro.
Com a construção do primitivo aqueduto da Carioca passou a ser conhecida como Caminho ou Rua dos Arcos Velhos da Carioca. Em 1735, os padres da Terra Santa, esmoleres dos Santos Lugares, ou do Santo Sepulcro, ergueram um pequeno eremitério em terrenos próprios de uma chácara no Caminho da Ajuda, que veio a ser conhecido como o Hospício de Jerusalém de N.S. de Oliveira.
Desde que, em 1742, ali se instalaram os missionários barbadinhos italianos ou barbônios, a rua começou a ser denominada Rua dos Barbonos, nome que conservou até 1870, quando foi alterada para Rua Evaristo da Veiga.
Eis a foto anterior um pouco mais ampliada.
domingo, 18 de abril de 2021
IGREJA DE SANTA MÔNICA - LEBLON
Estas fotografias mostram a antiga igreja de Santa Mônica, no Leblon, na Rua José Linhares, hoje substituída por uma mais modernosa. A rua em primeiro plano, com os trilhos dos bondes, é a Ataulfo de Paiva. A primeira igreja a ser construída ficava na esquina da Ataulfo de Paiva com José Linhares (localização da foto de hoje). Posteriormente, reconstruída, a sua entrada frontal passou a ser pela José Linhares (o endereço atual é José Linhares nº 96). Na Ataulfo de Paiva há o prédio da Paróquia, usado para assuntos paroquiais e para fins comerciais. Esse prédio tem como endereço Ataulfo de Paiva nº 527.
Conta o Frei
Enrique González O.A.R. que na década de 1930 os Agostinianos Recoletos adquiriram
uma casa localizada na Rua Acaraí (atual Rua José Linhares), no Leblon, para
ali construírem sua capela. No dia 20 de junho de 1931 deu-se a inauguração
solene, com a celebração da primeira missa. Em 1942, face à necessidade de mais
espaço para as atividades que ali seriam desenvolvidas, se começa a construir
uma nova residência. Entretanto, mesmo com esta ampliação, a capela era pequena
para um Leblon que crescia cada vez mais. Assim, em 1º de abril de 1962 é
colocada a primeira pedra da nova igreja, numa cerimônia presidida pelo Cardeal
Dom Jaime de Barros Câmara.
A igreja foi
construída em duas etapas para que não fosse interrompido o funcionamento do
culto. Em meados de 1967 já se usava o presbitério e uma pequena parte do corpo
da igreja. Em 1969 era aberta a segunda parte: a igreja estava completa nas
suas dimensões planejadas, 46 metros de comprimento e 24 de largura.