As fotos mostram diversas greves no setor de transportes no final da década de 50 e início da década de 60 no Rio.
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sábado, 15 de maio de 2021
GREVES
As fotos mostram diversas greves no setor de transportes no final da década de 50 e início da década de 60 no Rio.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
PRAIA DE D. MANOEL - CAIS PHAROUX
O prezado GMA, me enviou
imagens das litografias (e seus detalhes) da Praia de D. Manoel, de autoria de
Adolphe D´Hastrel. Militar de profissão, dedicou-se à
pintura de paisagens urbanas. Em 1840, passou pelo Rio de Janeiro. Publicou em
1847, em Paris, um conjunto de litografias, intitulado Rio de Janeiro ou
Souvenirs du Brésil (Rio de Janeiro ou Recordações do Brasil).
Esta praia de D. Manoel ficava entre a
Praça XV e a Praça Mauá e fazia parte da sesmaria de Manoel de Brito Lacerda,
cavaleiro e fidalgo da Casa del Rey, que chegou ao Rio junto a Estácio de Sá.
Imagino o que seria uma viagem através do Atlântico em meados do século XIX.
Outra de Adolphe D´Hastrel. A Rua Direita (atual
Primeiro de Março), no princípio era a Ribeira de Manoel
de Brito, um caminho longo, aberto por moradores numa via natural entre os
morros do Castelo e de São Bento.
Aproveitando o tema eis
uma imagem de autoria de Sebastien Auguste Sisson, em 1850. Vemos o Hotel
Pharoux, na Rua Fresca, depois Rua Clapp, hoje desaparecida. O hotel conquistou
grande prestígio e acabou emprestando seu nome ao desembarcadouro e ao cais em
frente à Praça XV, por onde chegavam muitos passageiros que ali se hospedavam.
Foi em frente a este hotel que, por volta de 1850, ficou ancorada uma grande
barcaça, uma piscina natural flutuante na qual os cariocas da época podiam
dar-se ao luxo de um banho de mar "de camarote". A barcaça, descreveu
José Maria da Silva Paranhos, pai do Barão do Rio Branco, era dividida em duas
galerias com 16 camarotes cada, sendo uma reservada aos homens e a outra ao
"belo sexo". Cada camarote contava com uma banheira com água do mar
corrente e condições para o banhista trocar de roupa, sentar e descansar. A
balsa era munida ainda de toaletes, um bar e até uma perfumaria para as damas.
CINEMA RIAN (2)
Um dos grandes sucessos do Rian
foi "Ao balanço das horas”. As fotos, do Arquivo Nacional, mostram o
tumulto que foi causado em 1957 com o lançamento deste filme "Rock around
the clock". Hordas de adolescentes absolutamente enlouquecidos com o novo
ritmo que chegava ao Rio, fenômeno que se repetiu poucos anos depois com o
filme “Help”, dos Beatles.
Vemos, em frente ao Rian, na
Praia de Copacabana, a tropa da PM pronta para manter a ordem, enquanto os
adolescentes fazem fila para entrar. Os relatos da época nos jornais foram
interessantes:
“Com o objetivo de mostrar que o
filme é inofensivo e que o rock'n'roll nada tem de enlouquecedor ou de mórbido,
razão por que o classificou somente como proibido para menores de 14 anos de
idade, o Chefe do Serviço de Censura de Diversões Públicas convidou o Chefe de
Polícia, o Ministro da Educação, o Juiz de Menores, críticos de cinema e
escritores para a exibição, às 18h de hoje, na cabine da Warner, do filme
"Ao balanço das horas", recentemente exibido em São Paulo, quando
provocou agitada reação de jovens.
Como medida preventiva para que
não sucedam nesta capital as cenas ocorridas nas principais cidades americanas
e europeias onde a película foi exibida - como aconteceu recentemente em São
Paulo - o Sr. Hyldon Rocha, Chefe do Serviço de Censura de Diversões Públicas,
solicitará ao Coronel Batista Teixeira policiamento especial para os cinemas
que exibirem o filme "Ao balanço das horas". Adiantou-nos o Sr. Rocha
que essa será a única medida possível para coibir a algazarra promovida pela
juventude, porque proibiu o filme para menores até 14 anos em virtude de nele
não ter observado detalhes que o levassem a limitá-la mais. E frisou: Logicamente,
a mocidade irá ver a película. Mas encontrará nos cinemas policiamento para
contê-los.”
Basicamente um filme musical, a
fita batizada com o nome do mega-hit de Bill Haley, “Rock around the clock”, trazia
o próprio cantor e outros intérpretes e personagens de sucesso, como The
Platters, Freddie Bell e o DJ Allan Freed, a quem se credita ter cunhado a
expressão “rock and roll”. O filme, na verdade, faturava o sucesso comercial da
música e de Bill Haley e amplificava ainda mais a sua explosão inicial.
A situação de “descontrole” da juventude não
agradou às autoridades que, em muitos casos, pediram a proibição do filme –
entre elas, o governador de São Paulo, Jânio Quadros, segundo registra o livro
“Rock Brasileiro, 1955/1965 – Trajetórias, personagens e discografia”, de
Albert Pavão.
Em seus famosos bilhetinhos, Jânio ordenou ao
Secretário de Segurança que “determinasse à polícia deter, sumariamente,
colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes; e, se forem
menores, entregá-los ao honrado juiz”. Na sequência, o Juiz de Menores, Aldo de
Assis Dias, baixou uma portaria proibindo o filme para menores de 18 anos,
argumentando (com uma irônica precisão) que “o novo ritmo é excitante,
frenético, alucinante e mesmo provocante, de estranha sensação e de trejeitos
exageradamente imorais”.
Proibidos de dançar, os jovens
gritavam, xingavam e soltavam bombinhas.
Outros tempos!
Luiz Fernando Goulart foi um dos que estiveram lá neste dia: “Eu tinha pouco mais de 14 e adorava cinema e rádio. Começava a me influenciar por ideias nacionalistas e iniciava a minha paixão pela música brasileira. Por outro lado, a imprensa noticiava as confusões que aconteciam nos cinemas do mundo todo por onde o filme passasse. Em São Paulo houve uma grande pancadaria, diziam e mostravam fotos.
Nesse clima, mesmo desgostando da música americana, resolvi acompanhar amigos ao Rian, na primeira sessão do filme. Por um engano, pois eu estava apenas assistindo ao filme, acabei preso. Me colocaram em um grande camburão às 15h e lá fiquei, junto com outros que chegavam a cada momento, até às 22:00, quando o camburão se encheu. Fomos levados à delegacia e depois de muita foto e bronca, entregues às famílias.
No dia seguinte, o jornal O DIA, salvo engano, estampava, na primeira página, embaixo de uma foto minha, carregado por um policial: UM MENOR QUANDO ERA RETIRADO DO CINEMA AINDA SOB A ALUCINAÇÀO DO ROCK AND ROLL. Mas o pior veio depois. Onde eu fosse, era aclamado como roqueiro e as moças me pediam para ensinar-lhes o que eu jamais soubera e que tanto desprezava. Ficou a lembrança daquele dia e o retrato, na minha memória, dos meus companheiros de prisão com camisas de Elvis Presley enquanto eu fui preso com uma camisa de linho branca, com meu nome bordado por uma tia, em ponto de cruz. Foi o que mais me envergonhou.”
quarta-feira, 12 de maio de 2021
CINEMA RIAN
Foto de J. Medeiros mostrando a
Praia de Copacabana e o Cinema Rian. O filme em cartaz é "O
espadachim" - The Gallant Blade, com Larry Parks, Marguerite Chapman,
Victor Jory e George Macready, direção de Henry Levin. Como o filme é de 1948,
a foto deve ser de 1948 ou 1949.
O Cinema Rian, um dos mais
simpáticos de Copacabana, situado na Avenida Atlântica nº 2964, entre as ruas
Constante Ramos e Barão de Ipanema, foi inaugurado em 28.11.1942 e demolido em
16.12.1983. Quando de sua inauguração tinha 1130 lugares. Foi palco do Festival
Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, na década de 1960. Tempos depois entrou em obras, mas foi reaberto. Foto enviada pelo Lino.
Vemos o programa distribuído na
ocasião da inauguração do Cinema Rian, em 28 de novembro de 1942, na Praia de
Copacabana. Estes programas eram um diferencial dos cinemas de Severiano
Ribeiro. A cada semana mostravam os próximos filmes a estrear, além de, na
última página, constar a programação da semana nos outros cinemas da cadeia. Acervo
do GMA.
As duas bilheterias ficavam na
calçada da Avenida Atlântica. Por duas entradas, ao lado das bilheterias,
chegava-se a este saguão onde ficava o porteiro. Após entregar a entrada, que
era depositada naquela urna ali da foto, e pegar o folheto com a programação da
semana, chegava-se a um espaçoso "hall" atapetado, onde havia
bebedouro de água gelada, sofás e uma "bombonnière". Duas portas
davam acesso à sala de projeção, no nível da platéia. Do fundo da platéia, uma
escada que se bifurcava em duas, dava acesso ao balcão, meu lugar predileto
para assistir aos filmes. Foto do excelente "Palácios e Poeiras", de Alice Gonzaga.
Aspecto da plateia do cinema Rian,
com sua solene cortina. Enquanto a entrada do cinema era pela Av. Atlântica, a
saída era pelo lado da tela, na Rua Domingos Ferreira. Pertinho do Bob´s e da
famosa pizzaria Caravelle. Colorização do Conde di Lido.
Esta foto, do 2º andar do Cinema Rian, é para matar as saudades da "velha-guarda". Quantos namoros, quantos grandes filmes, quantos momentos agradáveis foram passados no balcão do Cinema Rian. Inaugurado em 1942, ficava na Avenida Atlântica, entre as ruas Constante Ramos e Barão de Ipanema. O nome era homenagem à caricaturista Rian, anagrama de Nair de Teffé. Atingido por um incêndio em 1975, reabriu dois anos depois totalmente remodelado para, finalmente, ser fechado em 1983.
O Rian perto do seu final. Em seu lugar foi construído o Hotel Pestana.
O Rian em seus últimos dias. Carlos
Drummond de Andrade assim escreveu à época do fim do Rian: "Esse Rio de Janeiro!
O homem passou em frente ao Cinema Rian, na Avenida Atlântica, e não viu o
Cinema Rian. Em seu lugar havia um canteiro de obras. Na Avenida Copacabana, no
Posto 6, o homem passou pela Cinema Caruso. Não havia Caruso. Havia um negro
buraco, à espera do canteiro de obras. Aí alguém lhe disse: "O banco
comprou". Assim, pois, desaparecem os cinemas, depois de terem
desaparecido, ou quase, os frequentadores de cinema. Estes ficaram em casa,
vendo figuras pela televisão, primeiro porque é mais seguro, evita assaltos;
segundo porque é mais barato, e terceiro, porque o cinema convencional saiu de
moda (...)".
terça-feira, 11 de maio de 2021
PRAIA DE SANTA LUZIA
As fotos de hoje mostram a Praia de Santa Luzia e adjacências. Notar a proximidade entre o mar e a Igreja de Santa Luzia - hoje, por conta dos aterros, algumas centenas de metros separam a igreja do mar e a praia de Santa Luzia desapareceu.
A Praia de Santa Luzia,
anteriormente, fazia parte da chamada Praia da Piaçaba, que incluía a Praia de
D. Manoel, a Ponta do Calabouço, o Boqueirão do Passeio e a própria Santa
Luzia.
Santa Luzia, protetora dos olhos,
tinha muitos fiéis. Seu dia, 13 de dezembro, era comemorado com romaria imensa
de devotos. Costumava-se ornar a praia de bandeiras e galhardetes, e palmeiras
eram plantadas de véspera. Os sinos tocavam e, vez ou outra, havia foguetório.
segunda-feira, 10 de maio de 2021
LARGO DOS LEÕES
Com imagens enviadas pelo prezado
Carlos Paiva vemos mais um curioso projeto do arquiteto Ricardo Wreidt, dos
anos 1930. Segundo ele parece mais um estabelecimento tipo Pensionato ou
Alojamento de Internos.
O prédio, em estilo Neo Colonial
ou Missões, seria implantado em um grande terreno no Largo dos Leões. Esse
terreno acabou se transformando em um condomínio de casas com a abertura de uma
rua, a Tarumã, hoje Rua Mario de Andrade.
Nesta última foto o Decourt mostra a região e chama a atenção para o contraste entre a verticalização do bairro e áreas totalmente
vazias, como é o caso das ruas Mário de Andrade e Mário Pederneiras onde a
ausência de dois grandes condomínios, um horizontal aparentemente construído
ainda nos anos 50 e outro vertical construído nos anos 60 geram grandes
terrenos vagos.
A foto também nos mostra no canto
esquerdo um pequeno pedaço da garagem de bondes da Light, hoje ocupada pela
Cobal. Vemos, na direita inferior da imagem, que o prédio do Instituto Estadual
de Cardiologia Aloysio de Castro se mostrava novinho em folha e ao seu lado o
alto prédio, que penetra dentro da mata, em um estilo próximo ao déco,
respeitando possivelmente um PA ainda do Plano Agache, que determinada grandes
prédios somente junto as encostas para não atrapalhar a insolação e ventilação
dos bairros.
A região das ruas Visconde de
Caravelas, Visconde Silva, General Dionísio e Desembargador Burle era
totalmente horizontal só com construções baixas. Junto a Rua Macedo Sobrinho
temos a favela e as primeiras lajes do alto prédio que se situa no
entroncamento com o prolongamento da Rua Visconde Silva, ainda não traçado.
Possivelmente o prédio ficou nas estruturas por toda a década de 50, só sendo
concluído, juntamente com construções vizinhas mais baixas pela Construtora
EME, que participou do último estágio do boon imobiliário em Copacabana nos
anos 60, dando a todos os seus prédios o nome de “Chateau”.
Por fim vemos nesse ângulo que a
favela tinha duas áreas, uma que partia do topo da Rua Macedo Sobrinho até o
paredão rochoso do Morro da Saudade e outra que partia diretamente das ruínas
do Forte da Piaçaba na Rua Humaitá, indo terminar também no paredão rochoso.
domingo, 9 de maio de 2021
DIA DAS MÃES
Homenageio a todas as mães no dia de hoje com esta foto de uma das mulheres mais extraordinárias que já conheci: minha bisavó.
Com ela convivi fantásticos 31 anos. Muito à frente de seu tempo foi uma mulher extremamente culta, lúcida até o último dia de sua longeva vida, líder da família e exemplo para todos.
Sua única queixa era ter perdido parentes queridos de várias gerações posteriores, como meu avô, meu pai e meu irmão. Suas histórias sobre Copacabana desde o início do século XX eram incríveis. Pena que, na época, eu não tenha perguntado mais.
Parabéns às mães de todos os comentaristas e visitantes do "Saudades do Rio".