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sábado, 20 de novembro de 2021

AVENIDA DE LIGAÇÃO (AV. OSWALDO CRUZ)

As fotos de hoje são do acervo do Gustavo Lemos, a quem o "Saudades do Rio" agradece. Vemos a belíssima casa de Custódio de Almeida Magalhães, na antiga Avenida de Ligação, atual Oswaldo Cruz, com uma magnífica vista para a Baía de Guanabara, por volta de 1912. Custódio era o tio-avô do Gustavo.

Quando o Prefeito Pereira Passos construiu a Avenida Beira-Mar, em 1904/1906, preferiu ligar as praias do Flamengo e Botafogo através da "Avenida de Ligação", hoje Avenida Oswaldo Cruz. Anos depois, em 1921, o Prefeito Carlos Sampaio construiu a "Avenida do Contorno", hoje Avenida Rui Barbosa, contornando o Morro da Viúva. 


Conta o Decourt: “A grande residência, de estilo eclético, foi construída por  Custódio de Almeida Magalhães, banqueiro, dono do Banco Almeida Magalhães. Com o falecimento do tio-avô do Gustavo, a casa foi vendida para o Comendador Martinelli, que contratou o arquiteto Antônio Virzi, para a reforma da mesma.
Virzi como de costume, alterou profundamente a casa criando uma surrealista casa "art-noveau", que a transformou em uma das mais surpreendentes da cidade.
Infelizmente a casa não resistiu à especulação imobiliária, tendo sido demolida às pressas por receio de seu tombamento, que era requerido por vários arquitetos. Em seu lugar foi construído mais um feio espigão com o tradicional estilo do final dos anos 70.”


Conta o Gustavo: “Estas fotos estavam no fundo do baú da minha prima Olívia Bergier, que também é sobrinha-neta do Custódio de Almeida Magalhães, que não deixou filhos. Elas fazem parte de uma série de 38 fotos da casa. Estou preparando uma apresentação das fotos com informações históricas detalhadas, incluindo a descrição do rico mobiliário. Custódio era irmão do meu avô e faleceu em 1917. A casa foi vendida para o Martinelli em 1918.” Ao fundo vemos o prédio da Escola Barth.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

AVENIDA RIO BRANCO

Vemos, em foto garimpada pelo Nickolas, a Av. Rio Branco com a mão de direção em sentido oposto ao dos dias de hoje. Segundo o Rafa o prédio mais próximo é o Generalli (que ainda é o mesmo, muito modificado) e, na outra esquina, o inconfundível Bozano,Simonsen. Vemos ainda ao fundo o Edifício Avenida Central em construção (foi inaugurado em 1961) e parte do Teatro Municipal ao fundo.

O desaparecido FlavioM aumentou a foto e notou o decalque com a letra N, no vidro dianteiro do táxi Chevrolet 38. Era indicativo de “Zona Norte”. Naquele tempo a cidade era dividida em  “zonas” e ao passar de uma para outra era permitido ao motorista colocar “Bandeira 2” no taxímetro “Capelinha”.

Foto de M. Ackley, garimpada pelo Nickolas,  mostrando o Rio em 1954, desta vez na esquina da Av. Rio Branco com Rua do Ouvidor, com a loja d´A Exposição (no interior um cartaz "Artigo do dia"). 

Reparem o simpático caminhão de mudanças da "Móveis Cruz", ou seria "Guarda-Móveis Cruz", telefone 25-4708, estacionado à esquerda. 

Era uma época de mais cuidado no vestir e de obediência às leis, haja vista o "burro-sem-rabo" parado no sinal, esperando a luz verde. Os postes, as luminárias, a banca de jornal, a indicação de "PARE - SIGA" para os pedestres, os tachões no asfalto, tudo nos remete a outros tempos.


Acho que esta foto é do acervo da Última Hora. Vemos o final da Av. Rio Branco, perto do Palácio Monroe. Foi colorizada pelo Nickolas ou pelo Conde di Lido. 

Por falar no Conde di Lido: Rufam os tambores, tocam os clarins, luzes se acendem, fogos espocam, sai da toca a Anta Copacabanensis (aquela que só é anestesiada por dardos embebidos em JWBL), flores coloridas enfeitam toda a República do Lido.

Isto porque hoje é aniversário do ilustríssimo Conde di Lido, grande figura. Humor fino (exceto quanto o botão do super-ego está em "OFF"), amigo de seus amigos, ex-mago da colorização, é um dos melhores "causeurs" do planeta com suas histórias dos tempos em que foi vizinho da Catherine Deneuve, do Peter Sellers e da Elke Sommer, "penetra" do Teatro Municipal, amigo do Ahmad (primo do Xá da Pérsia), conhecido do Jacky Ickx (com quem deu uma volta pela pista da prova “24 horas de Le Mans”), testemunha de um xixi no poste feito de madrugada pelo John Lennon ao descer de um táxi em Trafalgar Square, "attaché" do Piazzola quando da visita dele ao Rio, inquilino do Copacabana Palace, sobrinho do Cardeal Bertoni (ex-chanceler do Vaticano), protagonista principal da peça "O Rei da Abissínia e os escravos núbios", ex-secretário-geral da seção da América Latina da Sociedade Internacional de Ufologia, usuário do perfume Lancaster, estudioso da 2ª Guerra Mundial e pensionista do Min. da Saúde onde recebe “seis paus” por mês (um milionário). Enfim, uma pessoa simples.

Face à pandemia não haverá o tradicional jantar no Copacabana Palace. Aqui vão os parabéns do SDR.

 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

BONDES

Vemos um bonde em frente ao Colégio Militar, num dia tranquilo do século passado. Em 1889, oito meses antes da República, foi instalado o primeiro Colégio Militar brasileiro, no Rio, dedicado sobretudo à educação dos filhos dos oficiais do Exército. Em 09 de março de 1889, Sua Majestade, o Imperador Dom Pedro II, dispôs-se a assinar o importante Decreto de nº 10.202 que aprovou para o Imperial Colégio Militar o seu primeiro regulamento. A ânsia do Ministro da Guerra, Thomaz Coelho, de colocar em funcionamento o Colégio, levou-o a fazer, em 07 de abril de 1889, sua primeira visita oficial ao Palacete da Baronesa de Itacurussá, cujo terreno fazia esquina com as ruas São Francisco Xavier e Barão de Mesquita, e se prestava a servir de sede do Colégio Militar. Em 29 de abril de 1889, foi lavrada a escritura de compra e venda do Palacete da Babilônia. Por fim, no começo de maio de 1889, dois avisos importantes do Ministério da Guerra: o do dia 02, concedia licença aos candidatos inscritos para serem matriculados e o do dia 04 determinava que a abertura das aulas se realizasse dois dias depois.

Conforme conta Milton Teixeira, a linha de bondes que passava por aí era a da antiga Companhia São Cristóvão, herdeira da primeira linha de bondes que funcionou na América Latina, em 1859, numa concessão feita pelo Governo Imperial em março de 1856 ao cidadão tijucano Thomas Cochrane. A Companhia dos Bondes da Tijuca teve grande sucesso inicial, mas em 1868 faliu quando estava sendo dirigida pelo notável Barão de Mauá. Em 1870 retornou a circular já em mãos estrangeiras e com o nome de Companhia São Cristóvão. Foi encampada pela Light no início do século XX e finalmente estadualizada em dezembro de 1963, depois de longa queda-de-braço entre o Governador Carlos Lacerda e a Light. A linha foi extinta afinal em 20 de janeiro de 1968. 

Vemos o bonde "PÇA. 15 NOVEMBRO", com seus dois reboques, cheio de passageiros. Diversos funcionários da Light supervisionam o embarque/desembarque e orientam o motorneiro. No bonde, no segundo banco, uma senhora lê o jornal e dezenas de passageiros portam chapéus "Palheta”. Estamos quase na Praça da República, entre o Campo de Santana, Ministério da Guerra (Quartel-General) e a antiga estação da E.F. Central do Brasil, aliás belíssima.

Foto do Arquivo Nacional / Fundo Correio da Manhã, mostrando bonde em circulação na Praça Tiradentes, na década de 1940. É de impressionar a elegância da vestimenta de todos os retratados, inclusive menores. Poses de "malandro", chapéus e paletós generalizados. 

Esta linha, que recebeu o número 25, tinha o seguinte itinerário: IDA: Praça Tiradentes - Constituição - Gomes Freire - Resende - André Cavalcanti. VOLTA: André Cavalcanti – Riachuelo – Resende – Visconde de Rio Branco – Praça Tiradentes.



O Helio talvez saiba dar informações sobre este bonde. O que sei é que a fotografia é de 1963. Seria relacionada com as últimas viagens dos bondes? O bonde, bastante avariado, tem número de ordem inciado por "2".

Os bondes começaram a assim ser chamados devido à dificuldade de troco para as passagens de 200 réis. A Botanical Garden Rail Road Company, já com o nome Companhia Ferro Carril Jardim Botânico, optou pela venda de cupons - nos Estados Unidos chamados BONDS - que agrupavam, de uma só vez, cinco passagens. Desta forma, a venda de bilhetes para cinco viagens não necessitaria de troco, visto que as notas de 1000 réis circulavam em grande quantidade.
Com o correr o tempo e por terem estes cupons a foto impressa dos veículos da companhia, o povo passou a chamá-los de BONDES, apelido que ultrapassou as fronteiras do Rio, designando este transporte em todo o Brasil.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

LAGOA RODRIGO DE FREITAS

Vemos hoje aspectos das grandes mortandades de peixes que aconteciam na Lagoa Rodrigo de Freitas e que, felizmente, são cada vez mais raras.

Originalmente a Lagoa era uma lagoa mesmo ou laguna?

Se tivesse comunicação com o mar, seria uma laguna com água salobra; se não tivesse, seria uma lagoa de água doce. Em geomorfologia lagoa e laguna são conceitos diferentes. Nos dias atuais, tecnicamente a nossa lagoa é uma laguna, já que possui água salobra e se comunica com o mar através de canais.


A Lagoa passava a maior parte do tempo com a água com pouca quantidade de sal, principalmente no verão, época de mar calmo e muita chuva, que aumentavam consideravelmente a vazão das bacias, principalmente dos Macacos. Mas no inverno a situação se invertia, as ressacas reabriam a comunicação do mar com a lagoa e a vazão dos rios diminuía muito. Saturnino de Brito, com sua obra saneadora regularizou o regime do inverno para o ano todo, com os canais e as comportas mantendo a lagoa sempre com um teor de sal maior. Assim se diminuía o lodo, se evitava os mosquitos e também a mortandade dos peixes, o que acontecia sempre no verão desde os primórdios da cidade.


Este  trecho me deixou em dúvida onde exatamente é. Parece-me ser a área próxima ao Túnel Rebouças.

Segundo o livro LAGOA, trata-se de uma laguna. No "Plano da Lagoa Rodrigo de Freitas", de Carlos José de Reis e Gama, Tenente-Coronel Coni e Capitão Marques Augusto, de 1809, vê-se com clareza o cordão arenoso, ainda estreito e sem aterros, que interrompeu as trocas entre águas do mar e da laguna. Continua o texto do livro: A laguna aos pés do Corcovado, tendo em sua retaguarda o Maciço da Tijuca exercendo função estrutural, ela também foi sendo fechada à medida que a ação geológica do mar construía uma restinga frontal apoiada nas pontas do Arpoador e do Vidigal. Inicialmente, o extenso cordão arenoso que hoje tem as denominações Arpoador, Ipanema e Leblon, era apenas interrompido quando, submetido à força das marés, via romper uma barra que, uma vez aberta, deixava penetrar o mar no interior da laguna, renovando suas águas. A natureza, no entanto, seguia seu curso. Os rios desciam as encostas do maciço e continuavam despejando sedimentos, argilas, seixos e blocos de rocha nas margens e nos fundos da laguna. As ondas prosseguiam na consolidação do cordão de areia, até que chegou um momento em que a ligação com o mar foi finalmente interrompida.

Este  é o trecho perto do Corte do Cnntagalo, antes de 1960, pelos prédios ali existentes. O prédio onde morei ainda não havia sido construído. Nos primeiros anos na nova moradia lembro que o cheiro era insuportável, mesmo com todas as janelas fechadas. Todas as molduras e peças prateadas de casa ficavam negras, por conta do gás sulfídrico (H2S), gás que se desprendia da lagoa. Este gás reage com metais produzindo sulfetos que quase sempre são pretos. Dezenas de garis, num trabalho lento, recolhiam os peixes mortos. A mortandade de peixes tinha um principal vilão, além do esgoto in natura despejado: a proliferação das algas pelo aumento de água doce no espelho d´água, o que acontece quando o canal do Jardim de Alá está assoreado e as comportas da Gal. Garzon e do final do Leblon não funcionam direito. As algas se fixam no lodo e quando o vento provoca movimentação da água, elas se soltam liberando gás sulfídrico. 


Atualmente, as mortandades são mais raras. Com a grande ajuda do Mario Moscatelli que recuperou a vegetação  em volta da Lagoa, atraindo numerosos animais, como muitos pássaros e até a famosa capivara, a situação melhorou muito. Também a ação da Prefeitura, com melhor vigilância sobre os despejos na lagoa e com frequentes retiradas de lixo das águas, foi importante.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

REDE LAGOSTA

No Posto 8, em Ipanema, em frente ao nº 226 da Av. Vieira Souto ficava a Rede Lagosta, onde de 1962 até 2005 uma grande turma se reunia, chovesse ou fizesse sol, todo final de semana, para jogar vôlei.

Frequentei-a a partir de 1966, convidado pela turma de BNDE que tinha a rede, para completar algum time. Pouco tempo depois deixei de ser convidado, passando a “SÓCIO" (pagávamos uma pequena mensalidade para pagar o "seu" Luís, que armava a rede, para comprar bolas novas, marcações, a própria rede).

Foto: Revista Manchete


O "dono" da rede era o Celso, que morava bem em frente. Por volta das nove e pouco pegávamos as estacas na garagem do prédio dele e começávamos a montar a rede (estacas fixas e poço para bombear água foram só muito tempo depois). Era uma época em que ainda tínhamos que buscar não sei quantos regadores com água do mar, uma tarefa e tanto para molhar a areia que ficava fervendo.

 No par ou ímpar, dirigido pelo Celso, era uma vantagem escolher o Nilo,  o melhor levantador do grupo, além dos melhores “cortadores”. Depois, o time era completado pelo Carlos, pelo Café, pelo Aldyr, pelo Norton. Restou uma saudade imensa, mas todos já partiram. Também já nos deixaram ou estão desaparecidos o Ivo, o Fred Cafuringa, o Laranja, o Gonzaga, o João Batista, a Beth, o Adalberto, o Michel, o Paraíso, o Walter (da "esta red es conocida en España como la hacedora de puntos"), o Paulo Monte, o Antenor, o Osvaldo, o Getúlio, o Coronel Guido. O Arlindo vejo sempre por Ipanema, o Márcus também (o Edinho, irmão dele, que começou jogando conosco, foi vice-campeão em dupla com o Bernard num campeonato mundial), o Dominguinhos (que ia a todos os jogos do Flamengo comigo) sumiu. E do Gabriel Roberto, do Alvaro, de muitos que iam se agregando através dos anos.

Foto: site da Escola Americana.

E a turma que armava a rede na época da faculdade, nos meses de férias ficando o dia inteiro na praia? Um timaço de meninas bonitas como a Carmen, Verinha, Téia, Aninha, Virginia, Regina, Monica, Marli, Hélia, Sandra, Rita, Lucia, Beth, Maria, Vanda, Tininha, Regina, Sonia, Angela e tantas outras.

A turma da Medicina com o Augusto, o Claudio, o Renato, o Flavio, o Charles, o Tibira, o Ricardo, o Odone (e sua inesquecível prima, belíssima), só perdeu um deles. O grupo da Engenharia com o Luiz, o Ota, o Renato, o Alex, o Rogerio, o Oscar, estão todos por aí. O pessoal do Direito com o Alberto, o Lilico, o Afonso, o Adolfo (o A.A.A., pois todos seus nomes começavam por A).

Lembrança do Joel (do Sírio-Libanês), do Arafat, do Nelson, do Nico, do Paulo, do Asmie, do Julio, do Osvaldo ("Aranha", pelo número de vezes que fazia "mão na rede"), do Carlinhos, do Eduardo, do Flavinho, da Teresa, Verinha, Carminha, Raimundo, André, Marcelo, do Minhoca, do Serginho, do César, caramba, é muita gente.

Foto de Piotr Ilowiecki. 

Foto de um desses dias em que ficávamos de manhã à tarde jogando. Teia, Montera, Maria, Sonia, Márcus, alguém de costas levantando, Claudio e Charles, em ação.

Foto: acervo Luiz D´.


Claudio em ação.  

O Posto 8, numa reforma qualquer, mudou de lugar. O Bocaiúva, guarda-vidas que tanto agitou aquele trecho de Ipanema, já deve ter morrido. Durante a construção do "PIER" a rede ficou um tempo ocupada por um canteiro de obras. Por esta época a praia em frente à Farme virou reduto "gay". Monique Evans fazia sucesso com o "topless".

E o tempo foi passando, nasceram os filhos que brincavam na rede e se tornaram mascotes. 

Finalmente, como tudo na vida, a rede foi acabando. Quantas e quantas histórias em mais de 40 anos. E quantas amizades de vida inteira.