As
fotos de hoje mostram o Largo de São Francisco, no Centro, no final da década
de 50, com destaque, na primeira foto, para o prédio da Escola Politécnica
(onde funcionou a Escola Nacional de
Engenharia da Universidade do Brasil a partir de 1948 e, depois, o IFICS -
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro) e para o ponto de bondes, nas
esquinas das Ruas Luís de Camões e Andradas.
À
direita ficava a saudosa casa Lutz Ferrando, onde o JBAN devorava com os olhos,
quando moleque, lupas, microscópios, binóculos, jogos (Poliopticon, Engenheiro
Eletrônico da Philips), tripa de mico (tubo de látex amarelo usado para
experiências químicas. Vinham em vários diâmetros e eram vendidos a metro. Eram
ótimos para fazer estilingue e eram usados também como torniquete no braço
quando se ia tirar sangue ou tomar injeção na veia, segundo o JBAN, e válvula
de câmera de bicicleta, segundo o FlavioM), tubos de ensaio, beckers, filmes,
máquinas fotográficas. Mas se esbaldava mesmo era no Bob´s da calçada oposta à
Lutz Ferrando, com as salsichas da Manon Ouvidor ou tomando mate no copo de
papel com base de aluminio na Casa Flora, na Ramalho Ortigão com Rua da
Carioca.
No
Largo de São Francisco a Ana Lucia comprava material para as aulas de religião,
santinhos, véus, terços, e outras maravilhas exigidas pelas catequistas. E
também se abastecia, numa casa de produtos nordestinos confiáveis, dos
ingredientes para fazer o vatapá de acordo com a receita original nordestina
(que é diferente da baiana), além de, nas lojas das ruas que afluíam ao Largo comprar
de tudo: louças finas e cristais, tecidos, chapéus e luvas e nem sei mais o
que.
Já
o Celsão era freguês da Casa Cruz, Lutz Ferrando, Casa Mattos, Lojas Americanas
ali pertinho, com seu mezanino-lanchonete com cachorro-quente, batatinhas
fritas e guaraná caçula.
Enquanto
isso o Derani pegava muito bonde aí nessa esquina e frequentava, além da Lutz
Ferrando, uma leiteria que colocava na vitrine uma porção de mingaus coloridos
já prontos, o café Palheta com seu balcão de mármore e alumínio, A Colegial (onde
comprava uniformes para a escola). Também observava, desde menino, A Bandeira
Vermelha, que talvez ele explique o que era...
O
trajeto dos bondes era da Av. Passos, Rua Luiz de Camões e dobravam na Rua dos
Andradas. O outro sentido era Sete de Setembro ou Rua do Teatro, contornando o
Largo e dobrando na Rua dos Andradas.
Este
tipo de estação de bonde era colocado normalmente em junção de linhas, onde
havia um grande número de passageiros para fazer baldeação. Tínhamos na Rua do
Passeio, da Lapa, no Largo de São Francisco, na Praça da Bandeira, São
Cristóvão. Isso fora as grandes paradas acopladas a comércio e garagens,
algumas até com hotéis e restaurantes, como Copacabana, Ipanema, Largo do
Machado, Praia de Botafogo, Triagem, Madureira, Largo dos Leões, etc...
Havia
aí o grande armarinho da Casa Artur, onde se podia comprar botões para fazer
time de botão (era um tipo de botão de roupa para mulher, onde depois,
pacientemente, se fazia a borda de botão por botão, com a inclinação de cada
botão de acordo com a sua posição - os botões de finalização, para chutes a
gol, tinham um ângulo de inclinação, já os que conduziam a bola tinham outro
ângulo). Este trabalho artesanal era feito com vidro de lâmpada fluorescente
quebrada. Era a solução para quem não tinha dinheiro para comprar os botões de
madrepérola, que eram vendidos no Bazar Francês que era ali perto na Rua da
Carioca.
Podemos
lembrar ainda da Drogaria Sul Americana, das Casas Arthur e Guimarães, do Café
Camões, da Papelaria Mário e, na esquina com a Av. Passos, a Seda Moderna. Na
Rua do Teatro, a Casa K.
Enfim,
para quem leu até aqui, a recompensa final: creme e rosquinha na Bols, um
salgadinho na Manon ou, então, um sanduíche "vitória "nas Lojas
Americanas, com dupla entrada (Ouvidor/Uruguaiana).
Quanto
aos automóveis podemos dizer: começando da Kombi 1953 Deluxe Bicolor para
baixo.A o lado da Kombi temos um automóvel USA sem identificação.Ao lado do
Automóvel USA temos um automóvel que lembra muito um Hillman Minx 1950/51
inglês. Ao lado do Hillman temos um Ford Mercury 1949. Ao lado do Mercury temos
um Citroen Legère 1946/54. Ao lado do Citroen temos um Chevrolet 1949/52. Ao
lado Chevrolet temos mais um Citroen Legère 1946/54. Ao lado do Citroen temos
um provável Plymouth Canbrook 1953. Lá na curva, contornando o monumento, da
esquerda para a direita temos um Plymouth 1938 ou um Chevrolet 1938. Defronte
do monumento temos um Chevrolet 1949/51. Na frente do Chevrolet de teto branco
temos um provável Chevrolet 1940 (o farol dianteiro pega metade do paralamas
dianteiro). No centro da foto tem um JEEP capota de aço. Está muito estreito
para ser um CJ5. Aposto no CJ3A 1951/52/53. Ao lado do JEEP temos um automóvel
Made in USA, talvez um Chevrolet Belair 1958. Na parte inferior da foto temos
um Jeep Toyota Land Cruiser 1958. Na parte inferior direita da foto temos uma
provável picape Chevrolet 1947/54 ou uma picape GMC 1947/54, na frente da
picape temos uma Rural Willys 1958, provavelmente nacional, pois em 1958 foi o
ano do lançamento da Rural no Brasil. Atrás do Hillman tem um automóvel que
lembra muito um Volkswagen Sedan 1200. Vale uma mariola para quem identificar o
autor deste último parágrafo...
A
segunda foto, de Hans Mann, mostra o bonde Uruguai-Engenho Novo. E fica a
pergunta: para onde iria esta coroa de flores?
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