Aproveitando a ideia do
Helio Ribeiro de ver as coisas antigas que se tem em casa, aí vão alguns itens:
Década de 1940: Medalhão que enfeitava a
cabeceira do berço e depois da cama por alguns anos. Hoje repousa no
fundo de uma caixa. Segundo minha mãe representa o meu “Anjo da Guarda”, que me acompanharia por toda a vida.
Década de 1940: Caderneta da Caixa
Econômica aberta por minha madrinha em meu nome. Ela
todo mês colocava um dinheirinho na conta. Pois bem: já adolescente fui ver que a
fortuna que eu imaginava se resumia a uns poucos centavos. O dinheiro desvalorizou
de tal forma que virou pó.
Década de 1950: o "POLIOPTICON" foi um excelente presente. Comprado na loja Lutz
Ferrando da Av. N.S. de Copacabana uma caixa com um conjunto de lentes e tubos que, através de
roscas, se atarraxavam, permitindo fazer lunetas, binóculos, lupas,
microscópios, etc. As peças vinham acondicionadas nesta caixa de cor cinza e
cada uma delas tinha um número gravado. Um manual, que acompanhava o produto,
descrevia as peças que tinham que ser utilizadas para a montagem de cada
aparelho. Era possível, então, ver as estrelas, estudar as formigas, olhar a
lua, observar a vizinha através da janela...
Década de 1950: A festa de encerramento do ano letivo, chamada de "Solene
Distribuição de Prêmios" do Colégio Santo Inácio, a abertura da sessão
solene, começava assim: "Para maior glória de Deus, proveito
das letras e para fausta e honrosa memória, proclamam-se os nomes dos alunos do
Colégio Santo Inácio que no ano de mil novecentos e (...), por seu bom
comportamento e aplicação, ou por seu progresso literário mereceram prêmio ou
menção". E aí começava a distribuição de medalhas. A cor de cada fita tinha um significado: verde-amarelo, prêmio
por comportamento: vermelho com faixa dourada, prêmio em matéria de língua
estrangeira; amarelo-branco, frequência integral à missa obrigatória, aos
domingos pela manhã, na igreja do colégio; vermelho-branco, prêmio em alguma
matéria da grade curricular; branco-amarelo com a medalha arredondada, prêmio
na matéria Religião; verde-amarelo com símbolo de esporte, prêmio de campeão em
alguma modalidade esportiva. A mais cobiçãda, com fita azul-claro, faixa dourada e escudo colorido, a medalha do Prêmio de Excelência, dada ao melhor aluno entre os 160 de cada série, nunca ganhei.
Década de 1960: um exemplar da revista
MAD, da qual eu era fã. Suas gozações eram antológicas haja vista o próprio
"slogan": "Written and illustrated by the usual gang of
idiots". Seu "editor", Alfred E. Newman, que aparece na foto,
tinha sempre um pensamento tipo: "An electronic computer and a bikini swim
suit are very much alike...they both eliminate a great deal of guesswork!"
Seus desenhistas eram famosos e faziam sátiras de filmes, de personagens da
política, dos problemas do mundo. As tiras de "Spy vs. Spy" tinham
cenas fantásticas. A seção "The lighter side of ..." era um dos
grandes sucessos da revista. O personagem do desenhista Don Martin era um dos
que mais me divertia. E na última página, o "Mad fold-in" onde se via
um desenho que ao se dobrar a página no sentido vertical conforme marcado, se transformava
num novo desenho totalmente inesperado. E ainda se treinava o inglês. Era fã.
Década de 1960: meu ampliador velho de
guerra, um "Federal of Brooklyn", modelo 315, nº de série F-25579,
fabricado pela Federal Manufacturing and Engineering Corp. - Brooklyn - N.Y.
Resiste bravamente aqui, apesar de ter um medo pavoroso de Mme. D', que sempre
ameaça jogar fora "este traste imprestável, que só ocupa espaço". Mas
ele sabe que tem um fã ardoroso, defensor de sua permanência "ad
eternum", como um dos símbolos de outros tempos. Tempos de ir ao Centro, no J. Alencar, no Edifício Darke, no 19º andar,
comprar os produtos para fazer o revelador e o fixador. Tempos de ter 3 bacias
para fotos 18x24 (para revelador, água e fixador) e outras 3, muito maiores,
para fazer "posters". Tempos de revelar os filmes de 35mm numa
"cumbuquinha" de plástico, num improvisado quarto escuro, e dizer
muitos palavrões quando o rolo de filme prendia dentro da
"cumbuquinha". Tempos de conhecer novos fornecedores, como a Pan
Photo na Rua Buenos Aires ou o Honório na Rua Montenegro, de comprar pinças com
ponta de borracha, de descobrir que se podia usar uma lâmpada vermelha comum,
muito mais barata que a lâmpada própria para quarto escuro. Tempos de fazer
grande sucesso com as meninas por conta das fotos ampliadas, de levar broncas
terríveis em casa devido às manchas causadas pelos respingos do revelador na
pintura da parede do quarto, de usar a banheira cheia de água para lavar as
fotos depois de fixadas e de usar todas as paredes do banheiro para secar as
fotos.