O
concurso de fantasias, categorias luxo e originalidade, faziam grande sucesso.
Desconheço
o nome destas fantasias, mas aí vão possíveis descrições:
NA
primeira foto vemos Clovis Bornay, com fantasia que poderia denominar-se
"Esplendor multicromático de um imperador oriental num dia qualquer".
Aproveita a dispersão, refração, reflexão, interferência e absorção da luz,
abusa do multicolorido etéreo, com traços fluidos e melífluos, integrando a
incerteza do amanhecer com a pujança de um entardecer dourado.
A
combinação do vermelho-sangue e do verde-piscina produz um amarelo volúvel que
obrigou a um fundo escuro, sufocante e ameaçador, entremeado de lantejoulas
lançadas ao léu. Um esparso bronze, como lascas de árvore morta, alterna-se com
o branco, alvo como um giz, para formar delicadas figuras assimétricas. Sutis
penas de pavão, criado em cativeiro, com amor e carinho, inspiraram o leque que
remete a ociosas tardes em varandas de "haciendas" da América do
Norte, sempre sacudidas pelo sopro oriundo de uma manhã perdida. O
toque final é dado por um anel de lápis-lazúli.
Na
segunda foto vemos as fantasias de Evandro Castro Lima e Marlene Paiva.
Ele,
com a fantasia "Glória, Glória, Aleluia a um imperador bizantino",
cuja magnificência exprimia a essência de um impulso íntimo, como se deixasse
fluir uma imagem interior advinda da alma, canal condutor da infinita plenitude
criadora e original. Representa a reconquista de Antioquia pelas forças orientais
do Imperador Bizantino Emmanuel Gemnenus, que insistiu no esplendor do Trono de
Antioquia como um retorno aos tempos primitivos. Notar o minarete estilizado
que agrega um suave acabamento ao conjunto, lembrando as vielas e os mistérios
da antiga Constantinopla.
Ela,
com a fantasia "Perua pavoneante bailando em Versalhes", evoca o
ambiente da corte de Luiz XIV, com suas plumas esvoaçantes de rabo de pavão
imperial. O vestido, com canutilhos multicoloridos com predominância de azul
(tipo azul-real lavável da Quinck), tendo uma base em lamê sobre milhares de
sóis de Plutão. O corpete, bordado em chiffon, apresenta um decote, suave e
casto, digno de uma das 11000 virgens. Acompanha uma máscara em vidrilhos
verde-piscina, toda em veludo cotelê, simbolizando a saudade eterna de Paris.
A
terceira foto mostra Clovis Bornay em sua fantasia “Esplendor e Glória de Marte,
Deus da Guerra”. Representa o filho de Juno e Bellona, pai de Rômulo e Remo,
destemido, forte, corajoso e sensual. A fantasia exalta o tom avermelhado do
planeta Marte, lembrando o sangue despejado por jovens guerreiros durante as
batalhas. Marte representa ainda a ação impulsiva, a vingança, a raiva, a
impaciência, a paixão e a virilidade. Os adereços de mão simbolizam as duas
luas de Marte, Fobos e Deimos. A fantasia, com tecidos importados da China,
colorido artificialmente com óxido ferroso em tom vermelho rutilante, uma cor
Yang, que gera sentimentos extremamente fortes, remete ao impacto de noites de
luxúria e prazer nas ilhas do Caribe, à paixão enlouquecedora de um bacanal, ao
desvario delirante de um amor proibido.
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