Conta Dunlop que no final do século
XIX a Cia. Jardim Botânico conseguiu autorização para o prolongamento da linha
de bondes até a antiga Escola Militar, na Praia Vermelha.
O primeiro bonde “Praia Vermelha”
trafegou em 26/06/1890. Os trilhos assentados foram obtidos da Cia. de São
Cristóvão, pois não os havia nos depósitos da Jardim Botânico.
No dia da inauguração partiram da Rua
Gonçalves Dias diversos carros da Cia. Jardim Botânico, conduzindo o
Generalíssimo Deodoro da Fonseca e o General Benjamin Constant, acompanhados de
suas famílias e diretores da Jardim Botânico.
Precediam este cortejo dois carros
conduzindo bandas de música, que tocavam alternadamente durante o trajeto. Ao
passar o bonde do Generalíssimo em frente à estação central, no Largo do
Machado, subiu aos ares uma grande girândola de foguetes.
O cortejo prosseguiu pelas ruas da
Passagem e General Severiano e chegou às 13:30h na Escola Militar. O 22º
Batalhão de Infantaria, com a respectiva banda de música, dava a guarda de
honra, formado em frente ao edifício.
Às 14:30 realizou-se a cerimônia da colocação
da pedra fundamental da estação da Praia Vermelha, a poucos passos da Escola
Militar. Dez anos mais tarde, obteve a Cia. Jardim Botânico o uso e gozo deste
terreno. Em 1908 a estação foi demolida e o terreno ocupado, provisoriamente,
pela Exposição Nacional. Após este evento, em 1910, o prédio voltou para o
antigo terreno cedido pelo Ministério da Fazenda.
Nesta mesma noite o diretor da Jardim
Botânico, que estava em seu escritório na estação do Largo do Machado, foi
surpreendido pelos alunos da Escola Militar que “conspiraram” e “prenderam” uma
a um os bondes da Praia Vermelha que iam chegando ao ponto final. Quando
conseguiram bondes em quantidade razoável, foram até o escritório do Largo do
Machado para cumprimenta-lo. O motivo: caminhavam, até então, diariamente,
debaixo de sol ou chuva, desde a Praia de Botafogo até aquele ponto, vasto
areal, onde aparecia, isolado, o edifício da Escola Militar.
Nesta foto do acervo do Silva, disponibilizadas pelo Francisco
Patricio, vemos os trilhos do bonde em direção à Praia Vermelha. Ao fundo o prédio da Faculdade Nacional de Medicina. À esquerda, a Av. Portugal
e duas casas geminadas construídas em 1929.
Aqui vemos a Av. Pasteur, com os trilhos junto da calçada da Faculdade Nacional de Medicina. Os outros veículos trafegavam pela pista da esquerda.
O bonde 4, Praia Vermelha. Este é o de nº 1772,
com anúncio do Sapólio Radium na dianteira. Notar o estilo do reboque.
O bonde está parado na circular que existia em frente à estação
do bondinho do Pão de Açúcar.
A foto do bonde 4 - Praia Vermelha em frente ao atual Museu da Ciência dá uma ilusão de ótica de só haveria um par de trilhos de bonde, o que não é verdade.
A foto é de 1953. Considerando que o trajeto desta linha, segundo o Helio, era Tabuleiro da Baiana, Senador Dantas, Luís de Vasconcelos, Augusto Severo, Largo da Glória, Catete, Marquês de Abrantes, Praia de Botafogo, Rua da Passagem, General Severiano, Venceslau Brás, Pasteur, Praça General Tibúrcio, onde ele estaria?
A mesma pergunta: onde está o bonde 4?
Vemos o bonde de registro 184, "Praia
Vermelha", na Praça Marechal Floriano. O desvio para a direita, na foto, é
para a Rua Evaristo da Veiga. À esquerda, na direção do poste com a faixa
branca indicativa de "parada", a Biblioteca Nacional, concluída em
1910. O prédio do Supremo Tribunal Federal está encoberto pelo bonde. Ao fundo,
as cúpulas do Clube Militar e do Edifício Lafond, que foram demolidos.
Nesta bela foto colorizada pelo Nickolas vemos o bonde 4 - Praia Vermelha no Tabuleiro da Baiana.
Chovia e os cariocas de então enfrentavam a chuva com guarda-chuvas, galochas (lembram delas) e capas de chuva de gabardine. Vemos ainda faixas de propaganda política dos candidatos Mario Martins e Afonso Arinos. O anúncio do Mistura Fina era outro habitual na frente dos bondes.
Foto colorizada (acho que pelo Conde di Lido) do bonde 4 na Praia Vermelha. É de setembro de 1962, por ocasião da última viagem deste bonde.
Na opinião do Helio a série 2500 era esteticamente feia. Foi
fabricada a partir de 1941 nas oficinas da Cidade Light, em Triagem. Era um
tipo de bataclã ligeiramente alterado em relação ao modelo antigo, da série
2000, do qual diferia por ter 5 vidraças na frente e na traseira (ao invés das
3 do modelo tradicional) e uma curvatura mais acentuada nas extremidades e
menos acentuada no telhado.
Eles circulavam principalmente na Zona Sul e na Seção da Penha (linhas 93 e
94). Havia também vários exemplares na Seção Barão de Drummond, uns gatos
pingados na Seção Méier e na Seção Presidente Vargas apenas o 2514 e o 2516.